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Neuroplasticidade:
Tem a ver com a ideia de que o sistema nervoso, aos níveis celular, metabólico ou
anatómico, se modificar através da experiência.
Esta capacidade varia ao longo do tempo, sabendo-se que é tanto maior quanto mais
nova a criança.
Para além da fase da vida, a qualidade do ambiente em que a criança vive a
disponibilidade das experiencias adequadas nos momentos certos do
desenvolvimento, podem ser cruciais na determinação da força ou fraqueza da função
e estruturas cerebrais.
Os primeiros 1001 dias:
Os primeiros dois anos de vida de uma criança constituem um período de sensibilidade
excecional às influências ambientais, designado como período crítico/sensível
Representa uma verdadeira janela de oportunidade para “aprender” e assume um
papel determinante na modelagem da estrutura e função do cérebro.
Etapa maturacional durante a qual algumas experiencias cruciais terão o seu máximo
efeito no desenvolvimento/aprendizagem de determinada competência/
comportamento.
O processo de criação de laços entre a criança e a família é facilitado com base em
interações carinhosas, estimulantes e consistentes.
Este processo de ligação- vinculação segura com os adultos próximos, geralmente os
pais- leva ao desenvolvimento de empatia, confiança e bem-estar.
Um ambiente empobrecido, negligente ou abusivo pode originar dificuldades no
desenvolvimento da empatia, na aprendizagem da regulação das emoções ou no
desenvolvimento de competências sociais.
Risco aumentado de problemas de saúde mental, dificuldades relacionais,
comportamento antissocial e agressividade.
O desenvolvimento da criança
O desenvolvimento de uma criança acontece por meio de um processo complexo, dinâmico e
auto-organizado:
Impulsionada pela maturação do sistema nervoso central
Experiência dependente
Sempre relacional (o desenvolvimento assenta na qualidade das relações)
Caracterizado por momentos previsíveis e periódicos de desorganização
(Touchpoints)
Tem uma trajetória única e individual devido à biologia, família, cultura e histórico
Modelo Touchpoints
Escala NBAS
Enquadramento conceptual
A NBAS assume que o recém-nascido é um organismo social, predisposto a
interagir com o seu cuidador desde o inicio e capaz de obter o cuidado
necessário para a sua sobrevivência e adaptação
A NBAS fornece um catálogo de competências do recém-nascido e ao longo
das primeiras quatro semanas de vida, permitindo-nos ver como os
comportamentos discretos do bebé são integrados em padrões coerentes de
comportamento.
Permite-nos identificar qual o papel que o cuidador pode desempenhar para
facilitar a adaptação e o desenvolvimento do bebé.
O objetivo da NBAS era identificar e descrever as diferenças individuais na
adaptação comportamental neonatal.
A NBAS pode ser descrita como uma escala de avaliação
neurocomportamental, projetada para descrever as respostas dos recém-
nascidos ao seu novo ambiente e documentar a contribuição dele para o
desenvolvimento do relacionamento entre pais e filhos.
A escala estende-se desde o nascimento até ao final dos 2 meses de vida, e
destina-se a descrever a adaptação e o desenvolvimento do bebé,
especificamente a capacidade de autorregulação.
A escala possui 53 itens e 4 domínios do funcionamento
neurocomportamental:
Regulação autonómica/fisiológica: os ajustes homeostáticos do SNC do
bebé, refletidos na mudança de cor, tremores e sustos;
Organização motora: a qualidade do movimento e do tónus, o nível de
atividade e o nível de movimentos motores integrados;
Organização e regulação do estado: excitação infantil e labilidade do
estado e a capacidade do bebé de regular o seu estado diante de
níveis crescentes de estimulação;
Através destes Touchpoints os pais sentem-se mais seguros e confortados por poderem
prever e antecipar os saltos e regressões dos seus filhos, e os profissionais podem
melhorar os cuidados prestados às crianças e famílias.
Teoria da vinculação
Laço específico, preferencial e duradouro do bebé com o cuidador (permite à criança
sentir-se protegida)
As crianças usam a sua figura de vinculação como uma “base segura” o que lhes
permite explorar o ambiente sem stress ou perigo
As crianças usam a sua figura de vinculação como um “porto seguro” quando se
sentem stressadas ou em perigo
Sistema comportamental de vinculação: as crianças aproximam-se dos seus cuidadores
(aproximam-se ou choram) à procura de conforto e manutenção de contacto.
Diferenças individuais na vinculação:
Preditores da vinculação
» Quando falamos de antecedentes da vinculação (preditores), referimo-nos às variáveis
(fatores) que influenciam a qualidade da vinculação.
Temperamento do bebé
» O temperamento é definido como diferenças individuais que surgem precocemente na
reatividade emocional, motora e atenciosa e na regulação da mesma.
» Existem três tipos gerais de temperamento nas crianças:
Fácil:
Crianças felizes e ativas desde o nascimento
Ajustam-se facilmente a novas situações e ambientes.
Lento para aquecer:
Bebés suaves e menos ativos desde o nascimento
Podem ter alguma dificuldade em adaptar-se a situações novas.
Difícil:
Crianças com hábitos e rotinas irregulares (comer, dormir)
Têm dificuldade em adaptar-se a novas situações
Muitas vezes expressam humores negativos de forma muito intensa
São as mais difíceis para os cuidadores satisfazerem e manterem a energia e
alegria de cuidar diariamente.
Envolvimento social
» Elevada importância das interações/conexões para o bebé nos primeiros meses de
vida- procura do outro
» Recém-nascido:
o Predisposição para interagir/comunicar desde o nascimento (não dirigida);
o Mostra preferência por faces humanas, o cheiro e o sabor do outro é
reconfortante (leite materno) e tem preferência pelo som (voz) dos familiares.
» 3 meses:
o A predisposição inata evolui para formas mais complexas de procura do outro
o Envolvimento social do bebé (estado de alerta, sorriso, olhar) por isso
enriquecem as suas interações.
o Expectativas, pedidos e respostas, começa a desenvolver padrões de interação
(fundações dos relacionamentos)
» Quando há uma quebra na interação (desconexão), provoca stress no bebé (conexão)
e segue-se uma procura do bebé pela reconexão/reunião;
» “Dança mãe-bebé” - momentos de sincronia e assincronia, onde o importante é a
capacidade de se reencontrarem (reparação da interação);
» Esta reparação reflete a capacidade do bebé de se regular face ao stress face à
desconexão: regulação emocional do bebé
» 6 semanas-6meses:
o Os processos de envolvimento social e de regulação emocional complexificam-
se, acompanhando as outras áreas de desenvolvimento do bebé
o Os padrões de interação tornam-se organizados: os bebés distinguem as
pessoas, têm expectativas sobre o que a interação acarretará e preferem os
familiares que interagem com eles
» 12 meses:
o Formam-se “clear attachment patterns” à medida que o mundo social do bebé
cresce;
Paradigma Still Face
1º episódio- a mãe brinca com a criança (3 min)
2º episódio- a mãe fica sentada na cadeira séria (3 min)
3º episódio- a mãe volta a brincar com a criança (3min)
Regulação emocional do bebé (2º ep):
Evitar o olhar
Afastamento
Exploração visual
Olhos fechados
Mão/objeto na boca
Auto conforto
Agarrar objetos
Blocking
Envolvimento social do bebé (1º e 3º ep)
Estado de alerta
Iniciação de interação social
Vocalização
Olhar
Afeto positivo(sorriso)
Padrões de regulação emocional do bebé
SPO (Social Positive Oriented):
As crianças exibem comportamentos positivos prolongados no contexto de uma
interação reciproca no 1º episódio;
Há uma diminuição da afetividade positiva durante o Still face e uma recuperação
durante o 3º episódio.
SCO (Social-Comfort Oriented):
Nos 1º e 3º ep a criança evita contacto incluindo aversão ao olhar, tensão quando
tocada e desconforto geral;
Durante o 2º ep a criança apresenta comportamentos de auto conforto e exploração;
Algumas crianças parecem mais relaxadas durante o 2º ep do que nos outros.
DI (Inconsolável):
No 1º ep a criança altera entre períodos de interesse/atenção, afastar-se e protestar;
A criança reage ao Still face com um comportamento negativo evidente que persiste
ou aumenta durante o 3º ep. O stress da criança é tão intenso que o 3º ep acaba mais
rápido.
Padrões de regulação emocional e qualidade da vinculação
Padrão de regulação emocional SPO = Padrão de vinculação seguro (B)
Padrão de regulação emocional SCO = Parão de vinculação inseguro-evitante (A)
Padrão de regulação emocional DI = Padrão de vinculação inseguro-resistente (C)
Comportamento interativo materno
Sensibilidade materna:
o Revela quatro componentes essenciais: a tomada de consciência dos sinais enviados
pela criança, a capacidade de os interpretar corretamente, adequação das respostas
dadas (tendo em conta os estados emocionais do sujeito e o seu nível
desenvolvimental) e a prontidão dessas mesmas respostas.
o Comportamento interativo sensível = Padrão seguro (B)
o Comportamento interativo inconsistente= padrão inseguro ambivalente (C)
o Comportamento interativo com sinais de rejeição = padrão inseguro evitante (A)
o Comportamento interativo que mostra/provoca sinais de medo = padrão inconsolável
(D):
paradoxical injunction (situação sem solução):
O bebé procura a proximidade pela ativação do sistema de vinculação, mas essa
pessoa é também fonte de medo por isso, o bebé reage afastando-se (proximidade
x fuga).
Escala Care-Index
Tem como propósito avaliar o os padrões de interação mãe-filho em situação de
interação livre;
É composto por 6 aspetos do comportamento interativo. Para o adulto: sensibilidade,
impulsividade e passividade maternas;
Para a criança: cooperação, compulsividade e dificuldade;
Sensibilidade materna: sincronia da atividade do adulto relativamente às respostas da
criança
Intrusividade materna: podem-se manifestar em situações onde a mãe tem a
aparente intenção de aumentar o envolvimento da criança, mas só conseguem irritá-
la/diminuir a sua participação.
Passividade materna: ausência ativa do adulto na interação, que se manifesta através
de um retraimento e passividade face aos sinais da criança.