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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 TERAPIA COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA ......................................... 4

3 FUNDAMENTOS DA TCC NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS ............... 7

4 AVALIAÇÃO DA TCC NA INFÂNCIA ........................................................ 10

5 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS ......................................................... 14

5.1 Técnicas para identificação de pensamentos e sentimentos ............. 14

5.2 Técnicas para psicoeducação ............................................................ 16

5.3 Técnicas para solução de problemas ................................................. 17

5.4 Técnicas comportamentais................................................................. 19

5.5 Técnicas cognitivas ............................................................................ 21

5.6 O papel da família e dos pais ............................................................. 22

6 TRABALHANDO COM OS PAIS .............................................................. 25

6.1 Treino de pais..................................................................................... 26

7 TRABALHANDO COM A CRIANÇA ......................................................... 29

7.1 Indicações e contraindicações da TCC .............................................. 32

8 LUDOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA


39

8.1 O processo de psicodiagnóstico infantil ............................................. 46

8.2 A hora do jogo diagnóstica ................................................................. 47

9 Referências bibliografias ........................................................................... 49

10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 TERAPIA COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA

Fonte: posgraduacao.br

A Terapia Infantil é a psicoterapia dirigida ao atendimento a crianças. Ela conta


com recursos lúdicos a fim de abordar o mundo infantil, considerando as necessidades
particulares e os aspectos especiais das crianças. Tem-se como referencial o
sofrimento da criança e como objetivo ajudá-la a encontrar caminhos para sentir-se
melhor. São inúmeras as razões que levam pais ou responsáveis a procurar terapia
para suas crianças.
A constatação de que a criança com dificuldades psicológicas está tentando
resolver um problema no meio onde ela está inserida difere da visão simplista de que
ela estaria criando outro (s) problema (s) e conduz a um importante ponto da
Psicoterapia Comportamental Infantil, o modelo triádico de atendimento. Trata-se do
envolvimento dos pais no processo terapêutico do filho, através de sessões de
orientação.
Em tais encontros, os pais aprendem formas alternativas de ajudar o filho, bem
como passam a entender o que ocorre no contexto familiar e o que poderia estar
gerando ou mantendo o problema.

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Percebe - se, neste modelo, que todo ambiente no qual a criança interage deve
ser considerado e também ser foco de intervenção. Neste sentido, pode-se orientar,
inclusive, outros familiares e a escola.

A principal diferença entre a terapia de adulto e a infantil talvez esteja na


busca constante do terapeuta comportamental infantil por procedimentos
alternativos ao relato verbal, para obter informações sobre as variáveis que
controlam o comportamento da criança. Enquanto na terapia de adultos os
clientes podem descrever seus comportamentos e relatar seus sentimentos,
na terapia infantil o repertório verbal da criança para descrever seus
sentimentos e falar de suas lembranças pode ser restrito e dificultar o
caminho do terapeuta no estabelecimento do contato da criança com as
variáveis que interferem em seus comportamentos e sentimentos
(Kohlenberg & Tsai, 2001 apud Gadelha Y 2004).

O terapeuta, através de sua relação genuína com a criança, inicia um processo


de mudança comportamental dentro do consultório com o intuito de que estes
progressos generalizem para os ambientes naturais da criança. Assim ela conseguirá
se comportar de forma a se sentir bem em todas as esferas de sua vida.
Nem sempre infância significa um período livre de preocupações e sofrimento.
Não raramente os pequenos chegam aos consultórios de psicologia quando
apresentam problemas que ultrapassam o entendimento dos pais e da escola. Sabe-
se que dificuldades são desafios inerentes ao crescimento, mas é necessária atenção
aos sinais que indicam que os problemas podem estar prejudicando o
desenvolvimento normal.
Muitas vezes a morte de um familiar querido, a separação dos pais, mudança
de cidade, chegada do irmãozinho, são suficientes para provocar sofrimento na
criança. Brigas constantes, desobediência e agressividade podem corroer as relações
entre pais e filhos e criar um círculo vicioso de agressão e culpa. Dentro deste
contexto, muitos pais procuram a Terapia Comportamental Infantil.
A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental Infantil visa desenvolver, na criança,
meios para que ela possa lidar com o mundo a sua volta de forma saudável. Com o
compromisso de ajudar a família a interagir e a participar de todos os processos de
aprendizagem pelos qual a criança passará e promover o bom relacionamento entre
pais e filhos.
Geralmente, os encaminhamentos são feitos por pais, professores e familiares
quando estes observam alta frequência de comportamentos disfuncionais tais como
morder, gritar, chorar, destruir objetos, chutar e empurrar pessoas, mentir ou roubar.

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Outras crianças chegam porque têm dificuldades para fazer amigos, são muito
quietas, tímidas, ansiosas, muito tristes ou agitadas. Crianças que adoecem muito,
que não obedecem aos pais, que desenvolveram obesidade, que têm enurese
noturna, aquelas que têm dificuldades de aprendizagem ou de atenção também
podem ser ajudadas pela psicoterapia cognitivo-comportamental infantil.

Fonte:casulepsicologia.com

Durante a terapia o atendimento é feito de maneira delicada e lúdica onde a


criança pode sentir-se à vontade com atividades adaptadas para sua faixa etária tais
como pinturas, desenhos, jogos e histórias, com o objetivo de criar uma relação de
afeto e confiança entre a criança e o terapeuta. As sessões são oportunidades para
que ela fale de seus medos, seus desejos, pensamentos e sentimentos, assim como
torna possível que o terapeuta observe seus comportamentos e desenvolva na criança
novas habilidades comportamentais. O trabalho do terapeuta na psicoterapia
cognitivo-comportamental infantil estende-se aos familiares e à escola.
As relações que a criança estabelece com as pessoas próximas em sua vida
são extremamente importantes no processo de aprendizagem. Isto significa que para
haver mudanças comportamentais na criança, a família e as pessoas que a cercam
também precisam mudar.
Durante este processo os pais fazem parte do foco de intervenção e é sua
tarefa observar as circunstâncias nas quais os comportamentos dos filhos ocorrem e
as consequências dos mesmos, tentando fazer relações funcionais que serão

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discutidas com o terapeuta, assim como observar seu próprio comportamento e
entender de que forma os pais podem estar contribuindo para a manutenção do
problema.
Uma infância saudável é essencial para o desenvolvimento pleno do adulto.
Perante tantas mudanças sociais e familiares que temos enfrentado atualmente, é
essencial que o adulto esteja atento às necessidades psicológicas das crianças.
Diante das dificuldades, o processo terapêutico pode ser um grande aliado no resgate
da saúde mental das crianças e das relações de afeto entre pais e filhos.

3 FUNDAMENTOS DA TCC NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS

A psicoterapia com crianças é uma área que vem sendo foco de interesse nos
últimos anos, especialmente no âmbito de promoção e prevenção. De fato,
recentemente o tratamento psicológico de crianças e adolescentes têm sido
considerados não apenas como uma medida terapêutica, mas principalmente como
uma forma de prevenção de doenças mentais e de promoção de saúde. Soma-se
também a esses fatos o movimento em defesa e de valorização de diagnósticos
precoces na infância visando a tratamentos mais eficazes e prevenção de
psicopatologias na vida adulta.
Uma das abordagens teóricas atuais que tem apresentado propostas
terapêuticas no que se refere ao atendimento de crianças e adolescentes é a Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC). No contexto das psicoterapias, a TCC é uma
abordagem teórica que pode ser considerada recente, desenvolvida nos anos 60 por
Aaron Beck a partir do pressuposto de que o modo como o paciente processa e
interpreta as situações é o que gera o sofrimento.
O objetivo da Terapia Cognitivo-Comportamental é atingir a flexibilidade e
ressignificação dos modos patológicos de processamento da informação, uma vez
que se postula que os indivíduos não sofrem pelos fatos e situações em si, mas pelas
interpretações distorcidas e rígidas que fazem dos mesmos. Já é possível encontrar
na literatura evidências científicas de que essa modalidade de tratamento é eficaz
para um grande número de patologias psiquiátricas e demandas psicológicas.

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Essa abordagem teórica orientada para a clínica foi primordialmente
direcionada para o atendimento de adultos, uma vez que algumas das técnicas
inicialmente utilizadas requerem certo grau de maturação cognitiva.
Entretanto, observa-se que, a partir da década de 1980, os trabalhos
relacionados à Psicoterapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes
começam a crescer e apresentar maior consistência, o que pode estar relacionado
aos modelos construtivistas dentro da abordagem cognitivo comportamental, que
enfatizam o papel proativo e dinâmico dos indivíduos em suas experiências. Essas
abordagens retomam a importância das intervenções focadas nas emoções e do
caráter interpessoal de construção do conhecimento.

Fonte: rbtc.org.br

A chamada terceira onda em Terapia Cognitivo-Comportamental, que propõe


intervenções que enfocam o papel adaptativo das emoções, possibilitou uma
ampliação de visão e aprimoramento dos tratamentos em TCC com crianças e
adolescentes.
Nessa mesma linha de raciocínio, observam-se, no senso comum, algumas
crenças equivocadas que sustentam que a abordagem cognitivo-comportamental não
possa embasar a psicoterapia com crianças e adolescentes.
Essa dificuldade em vislumbrar a aplicabilidade da TCC na infância acabou
gerando diversos "mitos" acerca de sua realização, o que muitas vezes dificulta a
divulgação e o acesso à psicoterapia infantil e adolescente nessa abordagem teórica
e também pode estar relacionado a esta ser uma área que ainda necessita de

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desenvolvimento e investimento. Os principais mitos sobre a TCC na infância e
adolescência podem ser identificados abaixo.

Fonte: rbp.celg.org.br

Ao contrário do que muitas vezes é imaginado acerca da TCC com crianças e


adolescentes, existem diversas semelhanças no que se refere a essa abordagem de
atendimento com a abordagem utilizada com adultos. Principalmente, destaca-se, por
exemplo, o foco no presente, o objetivo de mudança comportamental e cognitiva, a
utilização de sessões estruturadas, entre outros. Todavia, a abordagem com crianças
e adolescentes difere-se no que tange ao tipo de intervenção realizada, que terá como
base a criação de linguagens (muitas vezes não verbais) para acessar o
funcionamento cognitivo da criança e adolescente.
Além disso, o tratamento com crianças também tem outros pontos diferenciais,
como a intervenção com os pais, que muitas vezes consiste em uma grande, e às
vezes até maior, parte do tratamento. Assim sendo, o foco das intervenções em TCC

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com crianças e adolescentes, além de centrar na ativação e entendimento das
emoções - as quais os jovens têm dificuldade de diferenciar dos pensamentos,
também deve trabalhar em termos de pensamentos adaptativos e não adaptativos
("que ajudam e não ajudam").
Atualmente ainda são poucos os profissionais da psicologia que têm
conhecimento e realizam atendimentos com crianças e adolescentes na abordagem
cognitivo-comportamental.
Ainda existem muitas crenças distorcidas que complicam a interlocução entre
diferentes linhas teóricas, dificultando, muitas vezes, a discussão de casos e o
encaminhamento de pacientes.
O desconhecimento de como é possível de realizar TCC com crianças e
adolescentes é reforçado pela crença distorcida de que a TCC com jovens seria uma
transposição direta das técnicas utilizadas com adultos, o que certamente não tornaria
esse campo de intervenção efetivo. Há ainda escassa divulgação de estudos
científicos sobre efetividade de técnicas específicas para crianças e adolescentes,
assim como protocolos de intervenção cientificamente desenvolvidos e testados,
também favorece esse desconhecimento e as dificuldades de encaminhamento dos
jovens para a clínica em TCC.

4 AVALIAÇÃO DA TCC NA INFÂNCIA

Fonte:psicologavalinhos.com

Problemas emocionais e comportamentais, que podem acarretar prejuízos para


a sua qualidade de vida e desenvolvimento subsequente. Nesse sentido, é
fundamental que os terapeutas procurem obter uma compreensão global do
funcionamento da criança nos seus diversos contextos e consigam identificar os
aspectos e/ou sintomas que dificultam sua adaptação na rotina diária, assim como o
papel que os aspectos cognitivos exercem na etiologia desses problemas e

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transtornos. Ressalta-se também o caráter focal e diretivo da TCC, que demanda uma
avaliação diagnóstica devidamente conduzida
Normalmente, os porta-vozes das queixas e sintomas são os pais e/ou
cuidadores. Torna-se importante a realização de uma completa entrevista de
anamnese, pois é através desse processo que se obtém uma melhor compreensão
de aspectos emocionais (vínculos estabelecidos, humor prevalente, como reage às
diversas situações vivenciadas), psicossociais (relacionamento familiar, interpessoal,
acadêmico) e que são planejadas e direcionadas futuras condutas.

As crianças frequentemente precisam de outras formas para expressar seus


sentimentos que não a verbal, para obter os ganhos que essa expressão
significa para o desenvolvimento da terapia. Essas outras formas de
expressão incluem desenhar ou contar histórias, fantasiar, imaginar e
interpretar situações, usar bonecos e jogos, pinturas, colagens, argila, massa
plástica de modelagem, música, entre outros instrumentos que caracterizam
uma situação natural para a criança e um ambiente livre de censura para a
exposição de seus sentimentos. O uso desses instrumentos depende de um
esforço do terapeuta infantil em identificar quais deles são úteis para
proporcionar a identificação de importantes variáveis de controle sobre o
comportamento da criança (Regra, 2000 apud Gadelha Y, 2004).

A prática clínica da TCC demonstra que, quanto mais completa for a anamnese
a respeito da criança e do adolescente, melhor será o planejamento e a condução do
caso. Essa etapa da avaliação infantil permite a utilização de escalas e questionários
a serem respondidos pelos pais e, muitas vezes, pela própria criança, professor ou
outro profissional específico que tenha contato direto com a mesma.
Mais especificamente, na realização de uma avaliação infantil no atendimento
da TCC, devem-se investigar os dados relativos à história pregressa da criança -
gestação, parto puerpério, doenças maternas e outras intercorrências -, assim como
as condições do seu desenvolvimento - desenvolvimento neuromotor e linguagem,
alimentação, hábitos desenvolvidos pela criança e história familiar (condições de
saúde, econômica, ocupacional, religião e outros). Além disso, compreender como a
criança se relaciona com seus pais, irmãos e outros membros da família é
extremamente útil para a construção das hipóteses diagnósticas do caso.
A vida escolar (no caso de a criança já frequentar maternal ou escola regular)
também deve constar num trabalho de avaliação infantil, pois o desempenho
acadêmico e o relacionamento com pares fornecem dados que podem contribuir de
maneira específica nesse processo.

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Fonte: Fonte: tudosobrexanxere.com

Como a criança se comporta na sala de aula, como é sua relação com figuras
de autoridade e como ela se adapta às normas específicas da instituição escolar são
dados valiosos no processo investigativo dos aspectos cognitivos e comportamentais
das crianças e adolescentes. É fundamental que essa anamnese busque a
identificação dos primeiros sintomas e da evolução das dificuldades cognitivas e
comportamentais apresentadas pela criança.
A investigação da história pregressa contribui de forma significativa para a
caracterização do surgimento dos sintomas e dificuldades comportamentais
apresentadas pela criança.
A partir da realização da anamnese, o próximo passo do tratamento consiste
na conceitualização cognitiva do caso. Na TCC esse processo é fundamental para um
perfeito entendimento e planejamento das práticas terapêuticas a serem trabalhadas
com o paciente. A conceitualização cognitiva na TCC da infância e adolescência
denota alguns aspectos diferenciados no que se refere ao mesmo processo na TCC
para pacientes adultos, pois devem ser consideradas, sempre, as características da
criança, assim como a etapa do desenvolvimento em que esta se encontra e o
contexto em que está inserida.

Fonte: psicoterapiacomportamentalinfantil.com
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Como a TCC tem como foco o papel que os aspectos cognitivos exercem na
etiologia das dificuldades e/ou transtornos emocionais e comportamentais nas
crianças, é comum a utilização de protocolos específicos no processo de
conceitualização cognitiva. De modo geral, esses protocolos procuram abarcar,
principalmente, as seguintes demandas:
 Identificação das dificuldades atuais da criança;
 Fatores importantes da infância;
 A percepção que a criança tem de si e dos outros, assim como a
percepção que a família tem da criança, sempre procurando identificar
as principais emoções, pensamentos e comportamentos relativos à
criança e seus familiares, assim como as crenças relacionadas, as
estratégias compensatórias e as consequências de cada situação.

Além de permitir que as crianças informem sobre seus sentimentos e


descrevam comportamentos e eventos importantes, as brincadeiras dirigidas
permitem que elas aprendam respostas alternativas a seus comportamentos
disfuncionais ou indesejáveis como bater, gritar, xingar, chorar e tremer. O
brinquedo é um instrumento do processo de aprendizagem e brincar é uma
possibilidade de aprender a se comportar adequadamente frente a
determinados estímulos. Por meio da brincadeira, a criança analisa seu
próprio comportamento, ficando ciente das contingências que o determinam
e, a partir daí, pode alterar sua relação com o ambiente. O uso da fantasia e
da brincadeira leva a criança a encontrar alternativas de comportamentos,
inicialmente para os personagens de suas brincadeiras e depois para as
situações de sua vida (Guerrelhas, Bueno & Silvares, 2000 apud Gadelha Y,
2004).

Os protocolos de conceitualização cognitiva infantil devem ser revisados e


reavaliados durante todo o processo de atendimento psicoterápico, já que a TCC de
crianças e adolescentes é um processo dinâmico e sofre alterações constantes, mais
rápidas às vezes do que no atendimento de adultos, o que é mais um ponto que
reforça a importância da psicoterapia com jovens nessa abordagem teórica.
Alguns autores ressaltam modelos de conceitualização cognitiva que enfatizam
o enfoque nas diferentes intensidades emocionais específicas de cada situação,
assim como a capacidade para a resolução de problemas nas diferentes situações
conflitivas. Nessa investigação, deve-se ter como foco central os pensamentos
relacionados aos problemas atuais da criança e quais as dificuldades no
processamento das informações relativas aos comportamentos disfuncionais da
criança.

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Esse processo de realização da conceitualização cognitiva é fundamental para
a realização do diagnóstico na TCC infantil, assim como para o planejamento
terapêutico a ser implementado.
No caso da TCC infantil, algumas técnicas e recursos podem ser utilizados no
processo de conceitualização e diagnóstico, como desenhos, brinquedos, jogos e
outros. Deve-se levar em conta qual a forma de acesso cognitivo é mais eficaz com
determinado paciente. Um recurso bem interessante e disponível para os terapeutas
cognitivos da infância e adolescência vem a ser os Baralhos das Emoções,
Pensamentos e Comportamentos, instrumentos que facilitam ao terapeuta o acesso
aos conteúdos cognitivos da criança.

5 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS

5.1 Técnicas para identificação de pensamentos e sentimentos

É durante a primeira infância que as emoções humanas começam a se


desenvolver, formando um padrão característico e atuando na formação da
personalidade. Independentemente do diagnóstico da criança, é importante que ela
saiba identificar suas emoções e as dos outros, pois isso interferirá nos tipos de
relacionamento que serão estabelecidos ao longo da vida. As emoções são um misto
de sensações subjetivas e de estados fisiológicos os quais todas as pessoas
vivenciam e expressam de diferentes maneiras e, ainda que as emoções sejam
respostas subjetivas do indivíduo, elas são praticamente as mesmas em todas as
culturas do mundo.

A literatura ressalta a importância de incorporar no tratamento psicoterápico


os protocolos baseados em evidências, sempre com flexibilidade,
respeitando os problemas específicos de cada criança e suas famílias.
Destaca-se a importância de junto com a ciência haver espaço para a arte do
encontro humano, com empatia e disposição (PETERSEN, WAINER, 2011
apud Silva A; 20017).

Para ajudar as crianças a conhecer e identificar as emoções, Caminha e


Caminha (2011) desenvolveram o Baralho das Emoções. Esse baralho é formado por
24 cartas, cada uma contendo a expressão de uma emoção. Entre elas estão incluídas
seis cartas com as emoções básicas, ou seja, as primeiras emoções sentidas desde

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muito pequeno, que são o amor, a tristeza, a alegria, a raiva, o medo e o nojo. Essas
emoções vão se estendendo para emoções mais complexas ao longo do
desenvolvimento da criança.
Outra maneira que pode ser utilizada para ajudar as crianças a identificarem
suas emoções e também seus pensamentos é a técnica chamada de Relógio dos
Pensamentos-Sentimentos. Esse relógio é feito durante a sessão juntamente com o
paciente, e no lugar dos números o paciente vai desenhar pequenos rostos
representando as emoções. A ideia é ajudar a criança a perceber e entender seus
sentimentos e mostrar a ela que as emoções mudam e passam assim como mudam
as horas. Através dos ponteiros, a criança pode indicar o que está sentindo naquele
momento, e o terapeuta pode ajudá-la a identificar que pensamentos a estão levando
a sentir-se assim.

Fonte: mariadocarmo.psc.br

Quando se trabalha com crianças, deve-se levar em consideração a idade em


que se encontra e a etapa do seu desenvolvimento para a escolha da técnica ou
intervenção mais adequada. Crianças pequenas costumam não corresponder bem a
perguntas ou assuntos diretivos. Por isso, para essas crianças conseguirem identificar
suas emoções, podem-se utilizar Técnicas de Elaboração de Histórias. Essas histórias
devem ser parecidas com a situação vivenciada pela criança e que está gerando
determinadas emoções no seu cotidiano. Os personagens podem ser animais ou
qualquer personagem que não se remeta diretamente ao paciente.
Dessa forma, a criança consegue se identificar com a situação e o personagem,
podendo dizer, mesmo que indiretamente, o que está sentindo ou mesmo pensando.

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5.2 Técnicas para psicoeducação

A psicoeducação tem a importante função de orientar o paciente quanto a seu


funcionamento, diagnóstico, sintomas e sobre o próprio tratamento, facilitando o
processo de mudança.
Na psicoterapia infantil, a técnica da psicoeducação costuma ser feita tanto com
os pais quanto com a própria criança, mas a forma como será feita deverá respeitar a
idade e o grau de desenvolvimento em que o paciente se encontra. Com crianças
menores, pode-se fazer uso de uma Psicoeducação Indireta, ou seja, através
metáforas, de histórias ou de personagens que não se refiram diretamente a elas.
Para comportamentos agressivos, por exemplo, pode-se trabalhar com a
Metáfora do Super-Herói Incrível Hulk, por exemplo, identificando, juntamente com a
criança, o sentimento de raiva, como aparece no corpo e o que ele faz quando se
sente assim. Também se pode utilizar a Metáfora do Vulcão, que representa o corpo
humano, e a lava como sendo a raiva, pois o vulcão começa a esquentar até que entra
em erupção e de dentro dele sai a lava.

Fonte: revistacrescer.globo.com

O contato com histórias é comum na infância, o que faz com que as crianças
se sintam à vontade lidando e conversando sobre histórias e contos. As histórias “De
minha boca saem cobras e lagartos", por exemplo, fala sobre um menino que vai
sendo dominado por cobras e lagartos que saem de sua boca a todo instante, e assim
as outras pessoas começam a se afastar dele.

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Através dessa história, pode ser feita a psicoeducação da agressividade, dos
sentimentos do menino e da repercussão que seus comportamentos têm diante de
outras crianças.
Uma Psicoeducação Diretiva também pode ser bastante útil com crianças,
contanto que mantenha o caráter lúdico da infância. Para psicoeducar como os
sentimentos aparecem no corpo, a criança pode, por exemplo, desenhar o formato do
corpo ou desenhar um menino ou menina, escolher uma cor que represente as
emoções mais frequentes e pintar onde elas aparecem no corpo, o tamanho em que
aparecem e o formato com que a representam.

A psicoeducação é uma intervenção psicoterapêutica a qual tem como


objetivo enfocar mais as satisfações e ambições relacionadas aos objetivos
almejados pelo paciente do que uma técnica voltada para curar determinada
doença (Authier, 1977). Segundo o autor, a psicoeducação propiciou uma
maneira de auxiliar o tratamento das doenças mentais a partir das mudanças
comportamentais, sociais e emocionais cujo trabalho permite a prevenção na
saúde. Dessa forma, a psicoterapia iniciou um processo de ter um caráter
também educativo tanto para o paciente quanto para seus cuidadores cujo
objetivo é ensiná-los sobre o seu tratamento psicoterápico para que possam
ter consciência e preparo para lidar com as mudanças a partir de estratégias
de enfrentamento, fortalecimento da comunicação e da adaptação
(Bhattacharjee et al., 2011). Assim, a maneira mais efetiva para auxiliar as
pessoas é ensiná-las a se ajudarem, propiciando conscientização e
autonomia (Authier, 1977 apud Lemes C; 2016).

Fonte: Fonte: slideplayer.com

5.3 Técnicas para solução de problemas

Uma técnica comumente utilizada na TCC com adultos é a Técnica de


Resolução de Problemas, que consiste em especificar um problema, de modo a

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projetar soluções viáveis e dessa foram selecionar uma solução, seguida da
implementação e avaliação de sua efetividade. Essa técnica pode ser adaptada para
a utilização com as crianças, tendo em vista que nessa fase do desenvolvimento elas
estão começando a aprender a resolver problemas de diferentes complexidades, e
muitas vezes costumam apresentar dificuldades de solução desses problemas.

Fonte: pt.depositphotos.com

Entre as técnicas adaptadas para crianças, existe a Máscara do Herói, na qual


o paciente escolhe um herói, podendo ser personagens, pessoas famosas ou mesmo
pais e professores, e cola a figura desse herói em uma máscara. Ao usar a máscara
e "transformar-se" no herói, a criança passa a ver o problema sobre outra perspectiva
e pode sentir-se empoderada. Ela é incentivada pelo terapeuta a explorar todas as
alternativas para seu problema e selecionar a melhor opção para resolvê-lo. Sendo
um herói, a criança consegue questionar crenças disfuncionais e reconhecer recursos
que possui para lidar com a situação, gerando autoconfiança.

O Sistema Reflexivo compromete-se a uma série de operações cognitivas a


fim de analisar, expandir, comparar e avaliar o conteúdo da consciência. A
título exemplificativo, podem-se referir as sequências de pensamentos, o
autoquestionamento persistente, a análise lógica e resolução de problemas.
Em particular, o autoquestionamento persistente parece ser fulcral para o
processo de reflexão (Bennett-Levy, 2003 cit in Bennett-Levy, 2006 apud
Portela C. 2008).

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5.4 Técnicas comportamentais

As técnicas comportamentais são muito utilizadas no tratamento com crianças


e adolescentes, pois, dependendo da idade e da demanda da criança, esta pode
apresentar mais dificuldades em prestar atenção em suas cognições e monitorá-las
do que os adultos, sendo preferível a utilização de intervenções comportamentais.
Nesse sentido, as técnicas comportamentais reduzem a intensidade e frequência dos
comportamentos disfuncionais e aumentam os comportamentos desejados.

Fonte: apc-coimbra.org.pt

Dentre as técnicas comportamentais, as Técnicas de Relaxamento são


bastante úteis a pacientes com diferentes demandas, mas principalmente em
pacientes ansiosos, pois, além dos processos psicológicos, essas técnicas
influenciam em respostas fisiológicas que atuam sobre os sintomas físicos da
ansiedade.
O relaxamento muscular progressivo amplamente utilizado em adultos também
é utilizado em crianças de uma maneira adaptada. É uma técnica em que os pacientes
são levados a tensionar e relaxar diferentes músculos por vez. Para ser utilizada com
crianças, essa técnica deve ser adaptada para que se obtenha uma maior adesão do
paciente.
Existem algumas adaptações como imaginar o corpo rígido como um robô,
depois mole como um boneco de pano e em seguida pedir que a criança descreva
como se sentiu em cada uma das vezes.
Outra técnica importante é o Treino de Respiração Diafragmática, que também
ajuda no relaxamento. Para isso, é indicado que o paciente inspire e expire de forma
lenta e profunda. Com as crianças, podem ser utilizadas bolhas de sabão, pois, para

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que as bolhas se formem, deve-se assoprar de forma lenta, o que ajuda na
regularização da respiração e distração dos sintomas físicos ocasionados pela
ansiedade. As bolhas de sabão também podem ser utilizadas com crianças que
tenham dificuldade de tolerar frustrações, o que gera irritação e raiva.

Fonte: terapiaempauta.blogspot.com.br

A Exposição Graduada, técnica muito utilizada com adultos ansiosos que


objetivam atingir uma meta, mas não se sentem capazes3, é fundamental no
tratamento de crianças com diferentes tipos de ansiedade. O uso de metáforas nesse
caso também ajuda a criança a se engajar na técnica.
Em primeiro lugar se define a meta, depois divide-se a meta em um "passo a
passo", explicando-se para criança que será, por exemplo, como uma escadaria em
que ela subirá degrau por degrau até atingir o topo, ou mesmo como um jogo
de videogame que ela terá que vencer cada fase, como um desafio. Juntamente com
o paciente, estabelece-se uma hierarquia quanto ao grau de dificuldade. A cada etapa
alcançada, o terapeuta deve reforçar o paciente, incentivando-o a continuar.
Outra técnica comportamental muito útil no tratamento infantil é a Economia de
Fichas. Ela serve para ajudar as crianças a aumentarem os comportamentos
adequados através de uma atenção positiva dos pais para esses comportamentos.
A técnica funciona como um sistema de pontos e recompensas, em que
primeiro selecionam-se os comportamentos desejados. Deve-se iniciar com poucos
comportamentos, de um a três, dependendo da idade, então se estabelece um
número de pontos para cada comportamento. Cada vez que a criança emitir o
comportamento desejado, ela recebe fichas com os pontos relativos.

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O terapeuta irá definir quantos pontos mínimos ela deve juntar semanalmente
para poder trocar por recompensas preestabelecidas. Cada recompensa também tem
valores diferentes; então, quanto mais fichas ela juntar, melhores serão as
recompensas. É sempre importante lembrar que não é recomendado que as
recompensas sejam alimentos, dinheiro ou qualquer bem material de alto valor
financeiro. O ideal é que sejam atividades de lazer e de preferência junto à família.

Fonte: psiterapeutico.com

5.5 Técnicas cognitivas

As técnicas cognitivas têm sido cada vez mais desenvolvidas e adaptadas para
a terapia infantil. Existem diferentes técnicas cognitivas utilizadas com crianças, entre
elas a Analogia do Semáforo, que foi desenvolvida através do Programa FRIENDS.
Essa técnica ensina a criança a identificar e classificar os diferentes tipos de
pensamentos em: "pensamentos vermelhos”, aqueles improdutivos, negativos e que
impedem o bem-estar; "pensamentos amarelos", que servem para refletir; e os
"pensamentos verdes", que são produtivos e que incentivam o bem-estar

Técnicas cognitivas- comportamentais para Guimarães ( 2001), o terapeuta


e o paciente trabalham juntos para identificar crenças que a pessoa tem de si
e utilizam técnicas que incluem: identificar pensamentos cognições
disfuncionais, automonitoração de pensamentos negativos, identificação da
relação entre pensamentos e crenças e sentimentos subjacentes, identificar
e aprender padrões de pensamentos funcionais e adaptativos, teste de
realidade dos pressupostos básicos mantidos pela pessoa sobre si mesma,
o mundo e o futuro. Segue as principais técnicas utilizadas sob enfoque
integrado comportamental cognitivo (Guimarães 2001, apud Portal Educação
2012).

Para ajudar as crianças a compreenderem e transformarem pensamentos


disfuncionais em pensamentos funcionais, pode também ser utilizada a Analogia da
Lagarta. Nesse caso a lagarta, que são os pensamentos negativos, vai se
21
transformando em uma borboleta, que são os pensamentos positivos42. A proposta
dessa técnica é ensiná-las a classificar os pensamentos como aqueles que nos
ajudam e aqueles que nos atrapalham, sempre de uma forma ilustrativa e concreta.

Fonte: revistacrescer.globo.com

A Balança das Vantagens e Desvantagens, técnica utilizada para tomada de


decisões, é importante no tratamento infantil. Para essa técnica, o terapeuta pode
recortar uma pequena balança de papel, deixando os dois braços móveis para a
pesagem. Em um dos lados o paciente escreve as vantagens e do outro as
desvantagens. Cada item ou argumento escrito nela faz a balança pender para baixo,
estando no final mais voltada para o lado que tem mais argumentos, auxiliando, assim,
na decisão a ser tomada.

5.6 O papel da família e dos pais

Os pais costumam buscar tratamento para seus filhos frequentemente para


pedir orientação sobre como podem ajudá-los a superarem seus problemas ou medos.
Os pais são modelos de comportamento muito importantes na vida das crianças. Pais
com pensamentos e crenças adaptativos e que estimulam o filho a enfrentar as
situações difíceis de uma forma positiva e funcional, ajudam muito na redução dos
sintomas de ansiedade deste.
O contexto interpessoal e social da criança, incluindo pares e familiares, é
importante de se considerar no design e desfecho da terapia e devem fazer parte do
tratamento. Os problemas na relação pais-filhos têm um impacto na apresentação e
manutenção do comportamento desadaptativo da criança, portanto, o envolvimento
dos pais no tratamento é um componente lógico que não deve ser minimizado.
22
O elo comum entre todas as estratégias da TCC na infância e adolescência é
que estas são baseadas em teorias da aprendizagem. Princípios de condicionamento
clássico, condicionamento operante, teoria da aprendizagem cognitiva e teoria da
aprendizagem social constituem a base dos procedimentos utilizados no tratamento
de diferentes transtornos nessa faixa etária. A ênfase em estratégias de aprendizagem
deriva da noção de que a criança que tem seus problemas resolvidos por outros não
obterá nenhum benefício ao longo de sua vida.
A solução efetiva decorre de esforço e tempo para poder surgir o uso ativo do
pensamento. Por isso a importância de trabalhar com a família e pais, pois estes são
o primeiro modelo de aprendizagem da criança.
Realizar psicoterapia infantil é impossível sem se trabalhar com os adultos, pois
os problemas das crianças ocorrem muito mais frequentemente fora da terapia do que
na sessão. Para modificar o ambiente de uma criança, os pais devem estar associados
ao terapeuta. Se os pais e terapeuta não estiverem trabalhando no mesmo “plano de
jogo”, a criança receberá sinais confusos e a efetividade da intervenção diminui.
Os pais podem ser consultores, colaboradores ou “copacientes” na terapia de
seus filhos. Como consultores, eles trazem informações passadas e atuais, além de
poderem fornecer diversas respostas importantes durante o tratamento.
Como colaboradores, são envolvidos no tratamento de forma a cooperar na sua
condução e nas atividades relacionadas a este. Já como “copacientes”, os pais
participam do tratamento de seus filhos como em sessões de terapia familiar, bem
como em algumas intervenções específicas (como o treinamento de pais) sobre como
lidar com a sintomatologia apresentada pelo filho.
A primeira estratégia de trabalho com os pais na TCC com crianças e
adolescentes é a psicoeducação, que é feita através de discussões e leituras sobre o
tratamento e sobre desenvolvimento infantil. São dadas oportunidades aos pais para
discutirem preocupações sobre seus filhos e prover a eles informações úteis sobre o
transtorno ou problema e o tratamento.
Além disso, o terapeuta orienta e oferece formas específicas pelas quais os
pais podem ajudar as crianças a superarem seus problemas. Os problemas
apresentados são definidos em termos que podem ser entendidos tanto pela criança
quanto pelos pais, proporcionando a ela esperança e senso de controle.

23
O paciente aprende habilidades de auto mudança: identificar e decidir sobre
um comportamento particular a ser alterado; avaliar seu nível atual de funcionamento
naquela área e identificar desencadeadores e consequências potenciais de seus
comportamentos.
A TCC baseia – se também no uso e contratos verbais ou escritos através dos
quais o paciente e seus familiares concordam em tentar certos cursos de ação entre
as sessões do tratamento. Baseia – se também na crença de que as atividades da
criança fora da sessão são tão importantes quanto as interações na sessão.
Portanto, mudanças nos pensamentos, sentimentos e comportamentos são
vistas como ocorrendo primeiramente na medida em que a criança é capaz de
experimentar novas formas de ser e comportar –se em situações da vida real e não
simplesmente na sessão.
Consequentemente, a TCC envolve confiança excessiva nas tarefas de casa e
na prática entre as sessões, na qual o paciente testa as habilidades aprendidas. Essas
práticas extras sessões permitem que o paciente obtenha informações sobre suas
crenças e comportamentos e experimente diferentes formas de se comportar e de
interpretar acontecimentos.
Frequentemente, os pais esperam demais ou muito pouco de seus filhos, o que
gera conflitos, muitas das queixas de alguns pais estão relacionadas a expectativas
irrealistas, pois eles confundem comportamento desejável com comportamento
esperado.
Por exemplo, é desejável que irmãos brinquem durante horas sem discutir,
ficarão frustrados por tentar constantemente impo – lás e fracassar. Através da
avaliação de frequência, da intensidade e da duração do problema, o terapeuta é
capaz de discernir se as expectativas parentais são realísticas ou não.
Uma das funções do terapeuta é ver o quanto as percepções subjetivas dos
pais correspondem aos dados objetivos. Feita essa avaliação, são ensinadas aos pais
técnicas para aumentar comportamentos desejáveis de seus filhos, ensinando – os,
dessa forma, a cativá- lós, comportamento – se adequadamente. Pelo fato de muitos
pais queixarem – se que passam ser ensinadas aos pais estratégias mais efetivas
para dar instruções, aumentando a taxa de obediência das crianças.

24
O comportamento das crianças é intencional para obter consequências
positivas ou para evitar situações indesejáveis, por isso noções de reforçamento e
punição e quando utiliza – lós, devem ser passadas aos pais.

6 TRABALHANDO COM OS PAIS

As intervenções com pais na TCC de crianças e adolescentes podem ocorrer


de diferentes formas e em diferentes momentos do tratamento, de acordo com a
demanda. De um modo geral, com crianças de 0 a 6 anos o trabalho com os pais é
indispensável, muitas vezes constituindo a grande ou maior parte do tratamento. A
partir dessa idade, com crianças mais velhas e com adolescentes, esse trabalho é
considerado desejável, sendo um fator de fortalecimento e de sucesso do tratamento.

Fonte: psiconexe.com
Os pais e cuidadores, ao participarem do atendimento da criança ou do
adolescente, podem desempenhar diferentes papéis no tratamento: facilitadores -a
intervenção é predominantemente focada na criança, e os pais são envolvidos apenas
para tomarem consciência das intervenções que estão sendo realizadas com as
crianças; coclínicos -o papel dos pais é mais ativo no tratamento, com a finalidade de
entender a intervenção, acompanhar e fiscalizar o uso de estratégias clínicas e auxiliar
na realização do atendimento; clientes o foco do tratamento será direto no
funcionamento cognitivo e comportamental dos pais, e estes serão ajudados a
reavaliar suas crenças sobre os filhos e mudar seus padrões comportamentais.

25
É fundamental ressaltar a importância do vínculo do terapeuta com os pais
como um fator fundamental e imprescindível de qualquer atendimento de TCC para
crianças e adolescentes. Nessa modalidade de atendimento, os pais serão a principal
fonte de dados do terapeuta, muitas vezes os principais agentes de mudança na vida
da criança, além de serem responsáveis de forma concreta (no que tange ao
comparecimento e pagamento) pelo tratamento, sendo o rompimento do vínculo com
os pais um dos principais fatores de risco para o abandono do atendimento.

Fonte:folha.uol.com.br

6.1 Treino de pais

Dentro dessa perspectiva acerca do trabalho com os pais na psicoterapia de


crianças e adolescentes, é comum a realização de programa de treino de pais (TP)
no tratamento cognitivo-comportamental de crianças de adolescentes. O TP possibilita
ao terapeuta investigar, focar e modificar aspectos cognitivos e comportamentais dos
pais no que se refere ao comportamento do seu filho. Na prática clínica, é possível
observar mudanças positivas, às vezes mais rápidas, no comportamento infantil
quando os pais conseguem compreender os sintomas e o funcionamento da criança
e atuar de forma positiva nesse processo, possibilitando mudanças nas ações e
atitudes dos seus filhos.
O TP na TCC da infância e adolescência vem a ser um programa de
psicoeducação e orientação dos pais e tem por meta ajudar e estimular os mesmos
26
no manejo e condução das crianças com dificuldades de comportamento que
apresentam prejuízos em seu funcionamento e qualidade de vida. Essa abordagem
instrumentaliza os pais para o aprendizado e o uso de técnicas e estratégias para o
manejo de situações específicas, favorecendo a aprendizagem de comportamentos
mais adaptativos para pais e crianças.
Na prática, pode-se perceber que os programas de TP trazem alguns
benefícios para a TCC infantil:
 Possibilitam aos pais uma melhor compreensão do papel dos mesmos
no tratamento do seu filho (a);
 Fornecem um espaço "adequado" para que eles possam trocar
informações e falar a respeito das dificuldades vivenciadas na criação e
educação das crianças;
 Propiciam a transferência do controle do terapeuta para os pais, pois,
com o aprendizado, estes acabam gerenciando de modo mais adequado
e eficaz as diversas situações envolvendo seus filhos.
De modo geral, os programas de TP vêm demonstrando eficácia no manejo de
situações específicas, como comportamentos disfuncionais (birras, intransigência,
comportamento opositor), e propiciam um melhor desenvolvimento.
De habilidades sociais em crianças com dificuldades de relacionamento
interpessoal e problemas comportamental. Além disso, podem ser aplicadas às mais
diversas condições clínicas, como: transtornos disruptivos, principalmente o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Desafiador
Opositor (TDO), transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, transtornos
globais do desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem e outros, estimulando e
promovendo o desenvolvimento de competências funcionais nessas famílias.

Fonte: eusemfronteiras.com.br

27
A prática clínica demonstra que os transtornos disruptivos são os quadros
clínicos que mais vêm sendo contemplados por programas de TP, pois essas
abordagens auxiliam os pais na aquisição de recursos importantes para o
relacionamento familiar, estimulando as capacidades de comunicação, assertividade
e civilidade. Esses transtornos costumam ocasionar prejuízos antissociais
importantes, gerando comprometimento nas áreas familiar, social e escolar, sendo
também uma das causas de evasão escolar para as crianças que apresentam tais
sintomas e comportamentos.
Devido à importância desse recurso na TCC de crianças e adolescentes, os
programas de treinamento parental podem apresentar modalidades diferenciadas,
dependendo do quadro clínico em tratamento. No que se refere à modalidade de
atendimento, o mais comum é a utilização de programas de atendimento grupais de
TP, porém esses treinamentos podem também ser realizados no modo individual,
abarcando somente a criança e seus pais.

Fonte: tudobemserdiferente.wordpress.com

Os protocolos de TP costumam seguir alguns pressupostos, como: avaliação


das características das crianças e suas famílias, apresentação do programa para os
pais, processo de psicoeducação parental a respeito das condições clínicas e
comportamentais das crianças, ensinamento de técnicas e manejos específicos para
cada situação ou quadro clínico, com o objetivo de estimular comportamentos mais
adaptativos e saudáveis nas crianças e seus pais. Por último, é realizada uma
avaliação geral do programa e seus efeitos na vida das famílias participantes.
28
Nesse processo, o terapeuta pode fazer uso de instrumentos diversos, como
escalas, questionários, inventários, entrevistas e outros, assim como protocolos
específicos podem ser desenvolvidos ou adaptados, sendo o mais utilizado o modelo
de Barkley (1997). Entre as temáticas mais trabalhadas nos programas de TP,
encontram-se as técnicas de Manejo de Contingências e o Treinamento de
Habilidades Sociais, assim como o processo de Psicoeducação Parental.
Porém, a escolha das técnicas específicas depende do quadro clínico em
questão e dos objetivos do programa, e muitos recursos encontram-se à disposição
do terapeuta, como estimulação de habilidades para Resolução de Problemas,
Monitoramento de Comportamentos (economia de fichas), Manejo de Ansiedade e
Estresse, entre outros.
Em geral, os programas de treinamento parental são desenvolvidos em um
período de tempo específico, sendo comum o total de 12 sessões, que ocorrem uma
vez por semana. Além disso, considerando se as novas configurações familiares
comuns na atualidade, é necessário comentar que esses treinamentos podem contar
com a participação de outros membros da família, como avós, tios e outra pessoa
diretamente ligada ao comportamento infantil, assim como a comunidade escolar, pois
a mudança de comportamento da criança no meio escolar pode ser um dos objetivos
na TCC.

Assim, os jogos de fantasia são úteis para identificação de variáveis das quais
um certo comportamento é função e as estratégias lúdicas são instrumentos
importantes para o sucesso da relação terapêutica com as crianças. Por meio
de uma atividade lúdica, a sessão terapêutica com a criança se constitui um
ambiente rico de aplicação de procedimentos comportamentais, como
reforçamento de comportamentos adequados, extinção de inadequados e
modelação (Guerrelhas, Bueno & Silvares, 2000 apud Gadelha Y; 2004).

7 TRABALHANDO COM A CRIANÇA

Fonte: janela-aberta-familia.org
29
O trabalho do terapeuta na TCC com crianças e adolescentes começa antes
da chegada do paciente, já na preparação da sala e na eleição dos brinquedos. A sala
deve contemplar alguns cuidados básicos (como a presença de um banheiro, por
exemplo), além de brinquedos variados, que possam auxiliar a criança em processos
de expressão (como, por exemplo, desenhos e argilas), processos de identificação
(como bonecos da família, animais e outros personagens), além de jogos estruturados
(tanto cooperativos quanto competitivos, que permitem a avaliação dos processos da
criança).
Além disso, pode ser interessante também a presença de brinquedos úteis para
metáforas no trabalho de reestruturação cognitiva (como lentes de aumento, óculos,
balanças, entre outros).
É importante, ao iniciar o atendimento, sempre verificar a preferência e história
da criança, de modo a adaptar os materiais e brinquedos antes da sessão. Ainda,
como a criança é capaz de entender a lógica das coisas, mas seu pensamento ainda
está em desenvolvimento, recursos para representação concreta dos conceitos
também são necessários.
É fundamental que, na primeira sessão com a criança, os pais sejam orientados
a explicar para ela o porquê de ela estar indo a um psicoterapeuta. É interessante
incluir toda a família no problema, de modo a eliminar o aspecto punitivo do
tratamento. A partir dessa primeira sessão, conforme a demanda e o diagnóstico da
criança, serão aplicadas as técnicas cognitivas e comportamentais.
A TCC baseia-se também no uso e contratos verbais ou escritos através dos
quais o paciente e seus familiares concordam em tentar certos cursos de ação entre
as sessões do tratamento. Baseia-se também na crença de que as atividades da
criança fora da sessão são tão importantes quanto as interações na sessão.
Portanto, mudanças nos pensamentos, sentimentos e comportamentos são
vistas como ocorrendo primariamente na medida em que a criança é capaz de
experimentar novas formas de ser e comportar-se em situações da vida real e não
simplesmente na sessão.
Consequentemente, a TCC envolve confiança excessiva nas tarefas de casa e
na prática entre as sessões, na qual o paciente testa as hipóteses levantadas na
sessão e treina as habilidades aprendidas.

30
Essas práticas extras sessões permitem que o paciente obtenha informações
sobre suas crenças e comportamentos e experimente diferentes formas de se
comportar e de interpretar acontecimentos.

Fonte: danielaavila.com.br

Feita essa avaliação, são ensinadas aos pais técnicas para aumentar os
comportamentos desejáveis de seus filhos, ensinando-os, dessa forma, a cativá-los,
comportando-se adequadamente. Pelo fato de muitos pais queixarem-se que passam
uma grande quantidade de tempo dizendo a seus filhos o que fazer e o que não fazer,
também podem ser ensinadas aos pais estratégias mais efetivas para dar instruções,
aumentando a taxa de obediência das crianças.
O comportamento das crianças é intencional para obter consequências
positivas ou para evitar situações indesejáveis, por isso noções de reforçamento e
punição e quando utilizá-los, devem ser passadas aos pais.
Quando os pais mantêm expectativas irrealistas, ficarão frustrados por tentar
constantemente impô-las e fracassar. Através da avaliação de frequência, da
intensidade e da duração do problema, o terapeuta é capaz de discernir se as
expectativas parentais são realísticas ou não. Uma das funções do terapeuta é ver o
quanto as percepções subjetivas dos pais correspondem aos dados objetivos.
Feita essa avaliação, são ensinadas aos pais técnicas para aumentar os
comportamentos desejáveis de seus filhos, ensinando-os, dessa forma, a cativá-los,
comportando-se adequadamente.

31
Pelo fato de muitos pais queixarem-se que passam uma grande quantidade de
tempo dizendo a seus filhos o que fazer e o que não fazer, também podem ser
ensinadas aos pais estratégias mais efetivas para dar instruções, aumentando a taxa
de obediência das crianças.
O comportamento das crianças é intencional para obter consequências
positivas ou para evitar situações indesejáveis, por isso noções de reforçamento e
punição e quando utilizá-los, devem ser passadas aos pais.

Outra característica relevante na psicoterapia infantil é o papel dos adultos


no processo de tratamento. Se os pais ou responsáveis não estivem
alinhados com os objetivos do tratamento as crianças recebem sinais
confusos e a efetividade da intervenção diminui. A primeira estratégia no
trabalho com os pais é a Psicoeducação, é preciso assegurar-se de que eles
tenham informações básicas gerais sobre o desenvolvimento infantil, além da
aceitação e comprometimento com o trabalho que será desenvolvido, ou seja,
um entendimento compartilhado do processo de terapia (FRIDBERG,
MCCLURE, 2004; STALLARD, 2007; FRIDBERG, MCCLURE, GARCIA,
2011 Silva A.; 2017).

7.1 Indicações e contraindicações da TCC

A busca de evidências para a eficácia da TCC é um trabalho voltado, desde o


início, para testar suas aplicações através de ensaios clínicos. As terapias cognitivas
e comportamentais são, de longe, as psicoterapias sobre as quais se realizou o maior
número de avaliações. Adicionalmente, a TCC defende a avaliação contínua de um
transtorno ou problema para determinar a efetividade do tratamento e para permitir
modificações de estratégias de tratamento.
A TCC mostrou-se eficaz para crianças com desajustes sociais e
comportamentais, com efeitos considerados de moderados a grandes, sendo mais
intensos para os pré-adolescentes (11 a 13 anos) do que para os mais jovens.
Atualmente, os transtornos de ansiedade constituem um foco central para avaliação
da eficácia da TCC em crianças e adolescentes. Vários estudos contribuem para a
determinação de que a TCC seja um tratamento comprovado empiricamente para a
ansiedade em jovens.
A quantidade crescente de trabalhos que mostram a eficácia da TCC constitui
uma explicação para o fato de essa abordagem ser considerada a que mais obteve
popularidade nos últimos 20 anos.

32
Fonte: caentrenospsicologos.com

A quantidade crescente de trabalhos que mostram a eficácia da TCC constitui


uma explicação para o fato de essa abordagem ser considerada a que mais obteve
popularidade nos últimos 20 anos.
Existem estudos controlados randomizados sobre os efeitos da TCC com
crianças. Os resultados são geralmente positivos e sugerem que a TCC é efetiva em
uma variedade de problemas, especialmente dos transtornos internalizantes, entre os
quais: ansiedade generalizada, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo,
transtorno de estresse pós-traumático, fobia social e fobias específicas. As evidências
favoráveis ao uso da TCC no tratamento de transtornos externalizantes (como TDAH
e transtorno de conduta, por exemplo) são mais frágeis.
“A TCC foi a primeira abordagem psicoterápica a considerar os problemas
comportamentais e emocionais em jovens, baseando-se em uma teoria avaliada
segundo metodologias criteriosas. Poucas crianças vêm para a terapia por conta
própria. Elas são trazidas para tratamento em geral, pelos pais ou responsáveis,
devido a problemas que elas podem ou não admitir que têm.
Além disso, frequentemente as crianças são encaminhadas para terapia porque
suas dificuldades psicológicas criam problemas em algum sistema, geralmente na
família ou escola.
As crianças raramente iniciam ou terminam o tratamento. Podem gostar da
terapia e fazer progressos significativos, contudo, por várias razões, seus pais ou
responsáveis é que encerram o tratamento. Em outros casos, as crianças podem até

33
temer ou evitar o processo terapêutico, mas circunstâncias externas (como por
exemplo, determinação judicial, exigência da escola etc.) podem forçá-las a fazer. Em
nenhum caso, a criança controla o processo.
O foco da TCC com crianças e adolescentes está no tratamento no interior de
seu ambiente natural, seja este a família, escola ou grupo de iguais. Portanto, sem
considerar essas questões, o terapeuta fica “voando às cegas”. O envolvimento da
família e escola é crucial para o início, manutenção e a generalização bem-sucedida
de ganhos terapêuticos.

Fonte: outsidebrazil.com

Crianças e seus pais precisam de algum nível de consenso em relação aos


problemas a serem tratados na terapia. Geralmente, os pais ou professores são os
que identificam primeiro os problemas da criança. Mas é preciso conseguir a
participação da criança a fim de estabelecer um acordo sobre o problema a ser
trabalhado. Prosseguir com o tratamento antes que os objetivos sejam
cooperativamente definidos levará a bloqueios no processo terapêutico.
Uma vez que reconhecemos a existência de diferentes fatores determinantes
dos transtornos psicológicos, é correto que antes de se processar a intervenção
terapêutica, deve-se proceder cuidadosamente com a intervenção avaliativa. A razão
da avaliação comportamental é obter uma apreciação concreta de tais determinantes,
de modo a possibilitar a programação de uma estratégia de mudança, bem como dar
condições de se promover a avaliação da efetividade da intervenção.
Além disso, uma cuidadosa avaliação nos indica os fatores que contribuem
para as dificuldades comportamentais e emocionais da criança ou adolescente.
34
Essa avaliação deve incluir entrevistas para coleta de informações junto aos
pais e professores, observações sobre o comportamento da criança ou adolescente e
seus respectivos sintomas fisiológicos e cognitivos, além da avaliação familiar.
Para iniciar o tratamento, é necessário um bom diagnóstico, o qual inclui uma
ampla avaliação com informações de fontes diversas, como a família, a escola e caso
haja outros profissionais que atendam a criança ou adolescente (por exemplo,
pediatra, fonoaudiólogo).
Além de diversificar as fontes, também é importante verificar os métodos, os
quais abrangem entrevista com os pais, observação do paciente na sessão, em casa
e na escola, desenhos, textos, redações, aplicação de inventários e escalas e
monitoramento das atividades diárias. Considerando-se que o meio onde a criança ou
adolescente estão inseridos é tão importante na concepção comportamental de
distúrbio psicológico, pode-se antecipar que a intervenção será tanto mais efetiva
quanto maior for a alteração nos elementos negativos que atuam sobre estes
(familiares, institucionais etc.).
Consequentemente, a família e/ou escola apoiando o trabalho do psicólogo,
além da intervenção ser mais eficaz, poderá também ser mais efetiva, isto é, alcançar
mudanças mais duradouras.
Educar o paciente e seus pais ou responsáveis sobre o modelo de tratamento
é um passo fundamental para desmistificar o processo terapêutico e incentivar uma
atitude colaborativa com o tratamento. Precisa-se descrever o processo de forma
simples e compreensível para ambos.
A seguir, inicia-se com as intervenções determinadas a aumentar as
habilidades comportamentais na correção de cognições disfuncionais. As técnicas
utilizadas são muito semelhantes às da TCC com adultos, no entanto são adaptadas
de forma que sejam proporcionais à idade e habilidades da criança, para que ela
possa beneficiar-se dessas técnicas.
A forma como crianças e adolescentes interpretam suas experiências molda
profundamente seu funcionamento emocional”. Sua visão é o foco principal do
tratamento. Identificar sentimentos e pensamentos é uma tarefa de auto
monitoramento fundamental na TCC, sendo um dos primeiros passos a seguir.

35
Fonte: sites.google.com

Os adolescentes apresentam mais facilidade na identificação de sentimentos


do que as crianças pequenas, devido a sua maturidade emocional. O terapeuta deve
ensinar a considerar suas emoções e seu diálogo interno, portanto, essa prática tem
de ser tornada envolvente a fim de que as crianças e adolescentes aprendam a prestar
atenção nos seus sentimentos e pensamentos.
Embora a TCC deva ser adaptada para adequar-se as características
individuais das crianças e adolescentes, vários princípios originalmente estabelecidos
através do trabalho com adultos ainda se aplicam.
A estrutura da sessão pode ser flexivelmente aplicada com crianças, e tem um
formato de “contenção” para elas, pois fornece uma estrutura organizada para a
expressão e a modulação de seus pensamentos e sentimentos. “Aumentar o senso
de controle da criança e diminuir seu senso de imprevisibilidade pode levar a um maior
envolvimento e participação no tratamento”.
Como na TCC com adultos, o terapeuta aborda o paciente em uma atitude de
“empirismo colaborativo”, ou seja, orienta a criança ou adolescente em direção a
resolução independente de seus problemas, ao invés de fornecer soluções “prontas”.
Juntos, eles vão encontrar estratégias para que o paciente consiga lidar com suas
dificuldades.

36
Fonte:criancaeterapia.com.br

O aspecto colaborativo da TCC é baseado no pressuposto de que as pessoas


aprendem a mudar seus pensamentos mais facilmente se a razão para a mudança
partir de si próprio, não do terapeuta. Mantendo-se em uma postura de curiosidade, o
terapeuta modela e promove o pensamento flexível, que leva a examinar o problema
de muitos ângulos.
Terapeuta e paciente são verdadeiros parceiros na jornada terapêutica, mas,
colaboração não significa igualdade. Explica-se para a criança ou adolescente o
relacionamento terapêutico em termos de um “trabalho de equipe”. Esta abordagem
colaborativa, além de oferecer oportunidades de participação, também estimula a
responsabilidade.
A TCC com crianças baseia-se em uma abordagem empírica, de “aqui agora”.
Visto que as crianças são orientadas à ação, elas aprendem com facilidade fazendo.
A ação na terapia é estimulante, pois a motivação das crianças aumentará
quando elas estiverem se divertindo. Quanto mais as crianças estão envolvidas e
comprometidas com o processo, menos a terapia parece um trabalho. O reforço é uma
parte fundamental desse trabalho. As crianças são reforçadas a arrumar seus
brinquedos na sala de terapia, completar a tarefa de casa, revelar seus pensamentos
e sentimentos, e assim por diante.
As recompensas comunicam expectativas e correspondem a funções de
motivação, atenção e retenção, ou seja, envolvem as crianças, dirigem-nas ao que é
importante e ensinam a elas o que devem lembrar.
37
Fonte: youtube.com

A tarefa de casa é um elemento central nas TCCs, e no caso das crianças e


adolescentes pode parecer fácil, mas é uma atividade exigente para o terapeuta, pois
ela deve ser habilmente planejada para envolver a criança ou o adolescente, deve
estar associada com a queixa atual e deve ter claro seu objetivo terapêutico. Uma boa
tarefa de casa fundamenta o que foi trabalhado na sessão. Além disso, deve ser
desenvolvida colaborativamente, pois se torna “propriedade” do paciente,
aumentando, dessa forma, o nível de responsabilidade e a possibilidade de aderência
deste.
Finalmente, o uso bem-sucedido da tarefa de casa requer um foco terapêutico
claro, pois se o terapeuta não for claro na explicação da tarefa para a criança, ela
fatalmente ficará confusa e as chances de não realização aumentam enormemente.
Ainda, se o terapeuta considerar a tarefa de casa difícil ou tediosa, o paciente a verá
da mesma maneira.

38
8 LUDOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Fonte: memude.com.br

A ludoterapia provavelmente tenha se originado de tentativas de aplicar a


terapia psicanalítica a crianças. Porém, verificou – se que, diferentemente dos
adultos, a criança não tem a mesma capacidade de fazer associações livres,
e que os pequenos poderiam ocasionalmente fazer breves associações livres
para agradar o analista de quem gostasse (Dorfman, 1992). Ana Freud (1971)
modificou a técnica analítica clássica e, como estratégia para ganhar a
confiança da criança, ela, ás vezes, brincava com seus pequenos pacientes.
Desta forma, as brincadeiras, inicialmente, não eram centrais na terapia,
caracterizando – se apenas como procedimentos preliminares ao verdadeiro
trabalho de análise. O brincar era uma técnica para produzir um envolvimento
emocional positivo entre a criança e o analista, e assim, tornar possível a
terapia propriamente dita. (Ana Freud 1971 apud Colovani C. 2007).

A palavra ludoterapia é derivada da palavra inglesa play-therapy, podendo ser


literalmente traduzida como terapia pelo brincar. No entanto, este brincar é diferente
do brincar que a criança tem em casa ou com os amigos na creche. Podemos definir
a ludoterapia como “… Uma relação interpessoal dinâmica entre a criança e um
terapeuta treinado em ludoterapia que providencia a esta um conjunto variado de
brinquedos e uma relação terapêutica segura de forma que possa expressar e
explorar plenamente o seu self (sentimentos, pensamentos, experiências,
comportamentos) através do seu meio natural de comunicação: o brincar. ” (Landreth,
2002).

39
Em primeiro lugar a criança encontra-se com um ludoterapeuta que está
treinado para promover durante a sessão um ambiente de aceitação, empatia e
compreensão.
Depois, o brincar de que aqui falamos não é semelhante ao brincar em que
geralmente observamos as crianças, uma vez que a ludoterapia simplesmente se
apropria do brincar enquanto gesto natural da criança para exprimir as suas
preocupações em reação a situações de vida, utilizando objetos familiares à sua volta
para compreender situações de stress ou novas aprendizagens. Na sala de
ludoterapia, é a criança que conduz a brincadeira, quando quer e como quer,
escolhendo os brinquedos.
Não se parte do princípio de que se vai transformar a criança ou fazer coisas
para ela. O ludoterapeuta está com a criança plenamente, utilizando os seus
conhecimentos e técnicas para compreender a criança, através do seu próprio olhar.
Será como perguntar: “Como sente as coisas aquela criança? ” Não tentará resolver
os seus problemas, mas sim compreender a criança. Assim, podemos encarar a
ludoterapia para as crianças como a psicoterapia para os adultos.

Fonte: alinemoller.wordpress.com

As crianças poderão sentir dificuldades na expressão das suas emoções e em


compreender o impacto que estas têm na sua vida. É frequente não saberem o que
sentem nem como as controlar, uma vez que ainda não estão suficientemente
desenvolvidas ao nível emocional, cognitivo e linguístico.
No entanto, estando na presença de um adulto que as tenta compreender de
forma empática, proporcionando segurança e utilizando brinquedos selecionados e
que possibilitam a sua expressão emocional criativa, dá-se um passo para a

40
expressão e exploração do seu self – sentimentos, pensamentos, experiências,
comportamentos, dificuldades, que vão potenciar a mudança terapêutica.
Nesta exploração, a criança enfrenta os seus sentimentos de frustração,
agressividade, medo, insegurança, confusão, entre tantos outros, aprendendo a
controlá-los ou a abandoná-los, ao mesmo tempo que vai percebendo que é uma
pessoa autónoma e com direito a sentir todas essas emoções. Assim, o brincar é a
forma natural de a criança se expressar, tal como falar é a forma natural de o adulto
se expressar.
Na sala dos brinquedos, estes são usados como palavras e o brincar é a
linguagem da criança. Percebemos a importância do brincar para a criança, não só
pela sua utilização num contexto terapêutico, mas também pela importância da
brincadeira em todas as dimensões da vida da criança.
Mas em que consiste, de facto, o brincar? Uma ideia difundida popularmente
limita o ato de brincar a um simples passatempo, sem funções mais importantes que
entreter uma criança com atividades divertidas. Sabe-se atualmente que esta ideia
está completamente errada. Bergman (1998) afirma que o brincar é uma forma de
linguagem.

Fonte: instamamae.com

A maior parte das características desta linguagem pode ser constatada logo
nos primeiros contatos das crianças com os seus pais ou com aqueles que cuidam
delas. As mães ou as pessoas responsáveis pelos cuidados dos bebés ajudam-nos a
brincar, desde muito pequenos, quando interagem com eles. Através de uma atitude
e de uma linguagem segura, esses adultos estabelecem com os bebés laços de
confiança que possibilitam o início do brincar.

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Este é considerado como uma linguagem, uma vez que permite às crianças
comunicar com as outras pessoas e iniciar a compreensão, desde muito cedo, de que
podem suportar e representar a ausência temporária das pessoas que amam,
substituindo-as pelas primeiras brincadeiras. O processo do brincar é apreciado tal
como é pela criança e o produto final do brincar não é o mais importante desta
atividade.
A maioria dos adultos é capaz de expressar sob a forma verbal os seus
sentimentos, frustrações e angústias; no entanto, a criança, por ainda não ter
facilidade cognitiva e verbal, utiliza os brinquedos como palavras. Podemos mesmo
dizer que quando a criança brinca, o seu ser está totalmente presente.

Fonte: gnt.globo.com

Entende-se então que o brincar é realmente uma forma de atividade complexa,


que envolve a criança física, mental, social e emocionalmente, revelando os seus
sentimentos, experiências e reações a essas mesmas experiências (desejos, receios,
percepção de si própria, entre outros).
Através do brincar, a criança conhece o mundo, e com ele, conhece as
pessoas, as relações e regras sociais; pode imitar o adulto, expressando conflitos,
além de, ao brincar, serem transmitidos conhecimentos educacionais e este ser
igualmente um indicativo do desenvolvimento da criança: as brincadeiras duma
criança podem ser indicativas de alguma dificuldade ou desenvolvimento tardio em
determinado aspecto, visível aos pais e outros adultos que contatam diariamente com
a criança.

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Indo ao encontro de algumas questões que muitos pais nos colocam sobre
como a psicologia pode ajudar os seus filhos, descrevemos aqui a Ludoterapia que é
o processo adequado às crianças entendido como técnica de intervenção
psicoterapêutica.

Fonte: colmagno.com.br

A Ludoterapia é um processo psicoterapêutico que tem como objetivo ajudar a


criança a vencer as suas dificuldades para que se desenvolva de forma saudável e
plena.
Na Ludoterapia a criança aprende a reparar as situações conflituantes,
inicialmente ao nível da fantasia, e posteriormente transpondo essa solução para o
mundo real. Este processo baseia-se no brincar, por ser esta uma atividade agradável
para a criança. Desta forma, a criança tem a oportunidade de ensaiar os seus
sentimentos e problemas “brincando”, tal como o adulto os ensaia na psicoterapia,
“falando”.
Este brincar facilita a expressão e a projeção de emoções e de sentimentos.
Assim, este brincar irá ter influência no desenvolvimento da criança, a vários níveis:
físico, intelectual, da linguagem social e emocional.
As crianças geralmente aderem tranquilamente ao tratamento, resultando na
melhoria das suas relações interpessoais, desenvolvendo e ampliando a sua
criatividade. Este tipo de tratamento pode ainda realizar avaliações do nível de
desenvolvimento, características da personalidade e avaliação cognitiva.

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A criança tem a oportunidade de se desenvolver, pois além de ter a curiosidade,
a autoconfiança e a autonomia estimuladas, ainda desenvolve a linguagem, a
concentração e a atenção. O brincar contribui para que a criança se torne um adulto
eficiente e equilibrado.

Fonte: badulake.com.br

Durante as brincadeiras, a criança se constrói, experimenta, pensa, aprende a


dominar a angústia, a conhecer o próprio corpo, a compor sua personalidade e é
nessa hora que ela exprime toda a sua criatividade.
Infelizmente, muitas escolas veem as atividades lúdicas apenas como um
passatempo para preencher as horas vagas, um período de descanso ou como a hora
de a criança gastar um pouco de energia, e não levam em consideração a importância
dessa hora.
Os jogos fazem parte do ato de educar, num compromisso consciente,
intencional e modificador da sociedade; educar ludicamente não é jogar lições
empacotadas para o educando consumir passivamente; antes disso é um ato
consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo.
Por meio das atividades lúdicas, se estimula a imaginação das crianças,
fazendo com que ideias e questionamentos sejam despertados. É preciso que o
terapeuta fique muito atento para que nenhuma criança seja autoritária com as outras,
e que todas tenham as mesmas oportunidades na brincadeira.

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O terapeuta deve estar atento também com a competição nos jogos, e deve
intervir quando necessário, para que as crianças saibam que os jogos são coletivos e
democráticos, e dão condições de vencer a todos os jogadores.
É muito importante lembrar que as crianças têm todo o seu aprendizado
baseado em imitações. Por isso, se quisermos que nossas crianças aprendam a
tolerância, o respeito pelo próximo, a justiça, a paz, a solidariedade, a aceitação e o
reconhecimento do valor das diferenças, é necessário darmos o exemplo, sendo um
modelo vivo do que queremos ensiná-los.

Fonte: revistacrescer.globo.com

Portanto, a brincadeira e as situações de jogos são fundamentais para a vida


saudável da criança e, por que não dizê-lo, para o adulto também. Pode-se em relação
a isto acrescentar que, envolvidos em brincadeiras com as crianças, os adultos
sentem-se igualmente divertidos, mais descontraídos e felizes, o que é benéfico para
o clima e ambiente na sala, onde deve existir cumplicidade e harmonia. E é igualmente
benéfico para os adultos como pessoas, se pensarmos no conceito de playfulness,
associado, entre outros, ao bom humor, capacidade lúdica e descontração. Algo que
deveríamos manter como seres humanos depois da infância.

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Como forma de conclusão, é importante salientar mais uma vez a importância
do brincar e do lúdico, que começam a ter cada vez mais relevância, apesar de ainda
haver um grande caminho a percorrer. Não só educadores e outros profissionais que
trabalham com crianças, mas também os pais ajudariam bastante os seus filhos ao
serem esclarecidos e orientados sobre a necessidade de brincar com as crianças.
Como educadores de infância, é importante contribuirmos para esta mudança,
alertando os pais e os outros profissionais sobre estas questões, começando a
construir um caminho para que, cada vez mais, as crianças possam ser
compreendidas da forma que elas melhor são capazes de se expressar: através do
brincar.

8.1 O processo de psicodiagnóstico infantil

No psicodiagnóstico infantil o brincar é a técnica de avaliação utilizada. Roza


(1999) apud Oliveira et al., (2012) destaca que a brincadeira é uma forma do
comportamento específico da própria infância, assim são projetadas no ato, a forma
de expressar seus sentimentos, pensamentos e conflitos.
Para avaliar a criança é necessário conhecer sua relação com sua família para
relacionar ao seu desenvolvimento biopsicossocial. Tsu (1984) decorre sobre a
questão de quem é o cliente do psicólogo no processo de psicodiagnóstico infantil, a
criança, família ou quem encaminhou.
Segundo a autora, deve considerar que as condições e características das
crianças na sociedade, a ajuda psicológica é procurada em função da criança, mas
que o problema deve ser visto além da individualidade, relacionado ao todo grupo
familiar e com outras pessoas ou grupos envolvidos.
“O sintoma da criança é emergente de um sistema intrapsíquico que está, por
sua vez, inserido no esquema familiar também doente” (ARZENO, 1995).

Oliveira et al., (2012) aborda o psicodiagnóstico como um estudo profundo da


personalidade do indivíduo. Não é apenas uma coleta de dados que através
da organização do entendimento clínico irá orientar o processo psicoterápico.
É uma prática delimitada, que tem a função de obter a descrição e
compreensão de modo global da personalidade do paciente ou também do
grupo familiar. Sendo assim, é possível percorrer sobre os aspectos do
passado, diagnóstico e prognóstico dessa personalidade (OCAMPO &
ARZENO, 1975 apud OLIVEIRA et al., 2012).

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8.2 A hora do jogo diagnóstica

A hora do jogo diagnóstica constitui um recurso ou instrumento técnico que o


psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico com a finalidade de conhecer a
realidade da criança que foi trazida à consulta. Trata – se, então, de instrumentalizar
suas possibilidades comunicacionais para depois conceituar a realidade de que nos
apresenta.
Numa avaliação psicodiagnóstica com uma criança, a hora de jogo diagnostica
vai orienta-la a expressar as vivências de sua vida diária. E isto ajudará o psicólogo a
levantar informações relevantes a respeito da queixa inicial e a respeito de qual teste
apropriado para confirmar tais informações.
Antes da criança entrar no ambiente para realizar a hora do jogo diagnóstica,
há algumas instruções a fazer. É preciso separar os brinquedos necessários à queixa
encaminhada e ás informações recebidas pela anamnese dos pais e do paciente. Por
exemplo, se a queixa for uma dificuldade de raciocínio, escolha um brinquedo que irá
trazer a informação de confirmar se a queixa é verdadeira ou não.
Prepara- se a sala com tais brinquedos, tira-os da caixa e deixe-os sobre a
mesa com fácil acesso para a criança pegar.
A sala tem de ser ampla sem impedir o brincar eficaz da criança. Quando ela
chegar, é preciso explicar as atividades que ela fará com os brinquedos e que tem um
tempo determinado para executar tais brincadeiras.
Os principais materiais utilizados podem ser:
 Fantoches;
 Fazendinha;
 O quadro negro;
 Lápis de cor;
 Giz de cera;
 Papel;
 Tesoura sem ponta;
 Bonequinhos;
 Massa de modelar entre outros.
Durante a sessão, é dada a orientação e é feita a observação de todo o
comportamento da criança, tudo é anotado para fins de hipóteses para o laudo.

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A maior dificuldade da “hora do jogo diagnóstico” está na sua avaliação. Por
ser um procedimento não estruturado, depende da experiência do psicólogo e da sua
capacidade de observação e interpretação.
Na análise, levam-se em conta os aspectos evolutivos (desenvolvimento da
criança, segundo a idade), desenvolvimento emocional, inibição/sociabilidade, bem
como os conteúdos inconscientes expressos nos jogos – defesas, fantasias,
ansiedades, agressividade e a capacidade adaptativa, criativa e simbólica da criança.
O campo da avaliação psicológica abarca hoje uma pluralidade de práticas
diagnósticas que podem ou não recorrer a instrumentos estruturados e padronizados,
como os testes psicológicos, e a outras técnicas e procedimentos menos estruturados,
como jogos, brinquedos, desenhos e estórias.
A flexibilidade na escolha de determinada estratégia (ou instrumentos) é
influenciada pela experiência do profissional, referencial teórico e objetivo. O contexto
e as novas demandas das Psicologias (Clínica, hospitalar, jurídica, institucional etc.)
também influenciam na escolha.

Quando adotados fora da clínica tradicional, mais restrita aos consultórios


particulares, os procedimentos clínicos de diagnóstico e avaliação psicológica
em geral carecem de adaptações para atender às peculiaridades de cada
caso. Sobre isso, ver estudos sobre o uso da avaliação psicológica nos
contextos da saúde (CAPITÃO; SCORTEGAGNA; BAPTISTA, 2005) e
institucional (GUIRADO, 2005, apud Psico.teor. prat. V9. N2. São Paulo
2007).

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10 BIBLIOGRAFIA

CIRCE SALCIDES PETERSEN RICARDO WAINER & COLABORADORES/ Livro:


Terapias Cognitivo – comportamentais para crianças e adolescentes/ Editado:
também como livro impresso em 2011/ ISBN: 978-85-363-2657-3 /Editora: Artmed;
Edição: 1º (4 de abril de 2011).

CAMILLA VOLPATO BROERING/ Ramon Murilo da Silva/ Livro: Meu primeiro dia na
psicóloga/ Editora: Juruá; Edição: 1º (1 de janeiro de 2018) / ISBN – 10: 8536275774
/ ISBN – 13: 978-8536275772.

ROBERTA NASCIMENTO E REGINA LOPES/ Livro: Terapia Infantil/ ISBN- 10:


8582305443 – ISBN-13: 978-8582305447/ Editora: Matrix (3 de junho de 2019).

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