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• Mesmo que a vítima tenha consentido com o ato, se a vítima for menor de 14 anos ocorre o crime de
ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
• Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
• As crianças e os adolescentes ainda não são desenvolvidos do ponto de vista moral, cognitivo e
emocional. Não estão habilitados para consentir uma relação sexual em qualquer contexto. É preciso
compreender que a criança desenvolve o físico antes do mental e do emocional, então o corpo
parece de adulto, mas ela ainda NÃO É adulta.
O ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 APONTA:
• O ser humano foi criado para vincular, conectar e pertencer. As necessidades emocionais básicas dela são:
amor, aceitação, atenção, reconhecimento, valorização e legitimação. Então, grande parte dos abusos sexuais
implica em uma lavagem cerebral sutil, onde o perpetrador faz a criança acreditar que ela é especial e a
recompensa com mais amor e atenção ou a suborna para mantê-la em silêncio. Os abusadores se aproveitam
dessas necessidades emocionais da vítima para obter prazer sexual.
• A crueldade está exatamente aí: a vítima passa a confundir violência com amor. A mente da criança ou
adolescente não consegue identificar o abuso sexual como totalmente ruim já que o crime vem misturado com
elementos que são extremamente importantes para elas, como afeto, atenção, carinho, presentes. Assim a
vítima pode achar que ser cuidada e amada também envolve ser abusada sexualmente, que a violência está
intimamente ligada ao amor e, pior, que isso é normal (o que contribui ainda mais para a manutenção do
abuso sexual e para que o crime não seja revelado).
A O RG A N IZ A ÇÃ O MU ND I AL D E SA Ú DE ( OMS) D EFI NE
MA U S -T RATO S S EX UA I S CO MO :
• As atividades de caráter sexual exercida por uma pessoa mais velha contra a
criança, com fins de prazer sexual. São classificados como abusos sensoriais
(pornografia, exibicionismo, linguagem sexualizada), estimulação sexual
(carícias inapropriadas em partes consideradas íntimas, masturbação) e ato sexual
propriamente dito (realização ou tentativa de violação ou penetração oral, anal ou
genital).
• Pode-se acrescentar outros comportamentos que podem ser
considerados sexualmente abusivos: tirar fotografias com fins
pornográficos, observar as vítimas quando estiverem se despindo ou
utilizando o banheiro, relação sexual manifesta na frente da criança ou
adolescente, entre outros. Outro fator importante é que o perpetrador
da violência tem que ser mais velho ou maior, em que haja diferença
de idade, de tamanho, poder, autoridade ou status; pode ser qualquer
pessoa dentro do ambiente da família ou fora dela, que abuse de sua
posição de poder e confiança, já que a vítima é totalmente incapaz de
dar um consentimento consciente, por conta do desequilíbrio de poder
ou de qualquer incapacidade mental ou física.
• Como é um fenômeno encoberto, velado e alimentado pelo silêncio, é complicado ter
uma noção clara e real da incidência do abuso e da exploração sexual na sociedade.
• Em 2018 foram registrados 32 mil casos – o maior índice de notificação pelo Ministério
da Saúde. Já em 2020 (ano de pandemia, Covid-19 e isolamento social), somente no
primeiro semestre o número de denúncias de violações registradas pela Ouvidoria
Nacional dos Direitos Humanos – Disque 100 chegou a quase 10 mil (entre abuso e
exploração sexual), refletindo a gravidade da situação deflagrada pelo isolamento social.
• https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/painel-de-dados
• https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/disque
-100/relatorio-2019_disque-100.pdf
• Os dados relacionados ao abuso sexual mostram que o local de ocorrência dos crimes, em primeiro lugar, é a
residência da vítima ou do suspeito (73%) e, em segundo lugar, a escola. O agressor é próximo e quase sempre
tem vínculo familiar com a criança ou adolescente. 25% é amigo/conhecido; 40% pai/padrasto. Esses são dados
assustadores, que revelam que grande parte dos abusos são cometidos dentro de casa e por alguém próximo da
família, desmistificando a ideia de que a maior preocupação deve ser com pessoas estranhas.
• Quase 90% dos registros revelam que os agressores suspeitos são do sexo masculino. Desses, 62% tem idade
entre 25 e 40 anos. Sobre as vítimas, os dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos de 2020 revelam:
entre crianças, a incidência maior está entre 5 a 11 anos (25%) e, entre adolescentes, na idade entre 12 e 17 anos
(48%). A maioria das violências são praticadas mais de uma vez.
• Falamos, há pouco, que 73% das vítimas são do sexo feminino. Mas é preciso ter bastante cuidado ao
interpretar esses dados. O homem é encorajado a sentir raiva, porém sentir tristeza e medo é considerado
fraqueza. Eles precisam ser fortes para suportarem tudo. Não podem reclamar e nem sofrer. Quanto à
sexualidade, espera-se que sejam capazes de se proteger dos abusos e de serem iniciadores sexuais. Então,
diante desse panorama, comunicar ou denunciar que foram vítimas de violência sexual pode gerar muita culpa,
vergonha e constrangimento. Isso os impede de falar e pode influenciar diretamente nos dados que temos hoje.
Estima-se, por exemplo, que a cada 4 meninas abusadas, 1 denuncia. Já os meninos, pasmem, calcula-se que a
cada 100 abusados, 1 denuncia.
• É importante ressaltar que, além do silêncio e do medo das consequências da denúncia
(ameaças, culpa e vergonha), uma grande parte das vítimas ainda não consegue se
comunicar perfeitamente através da fala para delatar o abuso ou não consegue identificar
que essa experiência é violência. Isso pode ser explicado porque lhes disseram que esse é
um comportamento “normal” e faz parte de um relacionamento “especial” (recheado de
recompensa e atenção, como já vimos). Isso tudo significa que, infelizmente, os números
não revelam a realidade, que é, espantosamente, pior.
CASO PRÁTICO:
• O pai de Luiza, de 8 anos, abandonou a criança e sua mãe há 4 anos. Essa situação foi
muito difícil para a menina, já que era apegada ao pai. Dois anos após o abandono, sua
mãe começa a se relacionar com Pedro e, pouco tempo depois, ele já estava morando em
sua casa. Brincalhão e atencioso, Pedro logo ganhou o amor de Luiza. Eles brincavam de
tudo, incluindo de “modelo” (que a menina sonhava em ser quando crescesse). No início,
ele a incentivava a fazer poses engraçadas, mas, depois, passou a querer que ela fizesse
poses sensuais e, muitas vezes, até sem roupa. Ele mostrava fotos de modelos famosas para
que Luiza se sentisse mais à vontade.
• Analisando o caso acima, mesmo sem o padrasto ter tocado em Luiza, sua atitude
pode ser considerada abuso sexual?
• Toda e qualquer atividade de natureza sexual, realizada por uma
pessoa mais velha, com poder ou autoridade, visando prazer sexual,
é considerada abuso. Isso inclui: tirar fotos de crianças/adolescentes
com fins pornográficos: apresentar pornografia; observar a criança
desnuda no banheiro ou se trocando; e masturbar-se ou fazer sexo
na frente dela. Tudo isso não envolve contato físico, mas, são
considerados, sim, abuso sexual.
• Contamos com a Lei nº 8.069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente para defender e proteger os
direitos das crianças e adolescentes de toda e qualquer estimulação sexual, por parte de pessoas mais
velhas, que tenham posição de autoridade ou poder e que possam manipular ou coagir essas vítimas
oferecendo atenção, afeto ou ameaça, para conseguir ter prazer sexual.
• Esse é um panorama triste e assustador: os abusadores são, em geral, pessoas próximas das vítimas, do
sexo masculino, que preferem as meninas para perpetrarem a agressão. Só que esses são dados que não
revelam toda a realidade, já que se acredita que apenas 10% deles são denunciados.
• Além disso, também é necessário abordar a questão da pedofilia. O pedófilo é a pessoa que sente atração sexual por
crianças e adolescentes. Quando dá vazão ao seu desejo, e consome pornografia infantil, toca de forma inapropriada
ou tem relações sexuais com as vítimas, comete um crime que tem consequências trágicas e permanentes na vida das
vítimas.
• VIOLÊNCIA SEXUAL
• Crianças e adolescentes em vulnerabilidade emocional e social são alvos fáceis para exploração sexual. Têm,
geralmente, histórico de fuga domiciliar, de contribuição para o sustento da família entre outros aspectos que
aumentam sua exposição. A mercantilização do corpo e a troca de favores ou objetos por sexo tem como
consequências diretas: DST’s, vícios em drogas ou álcool e gravidez sem nenhuma estrutura. Além desse ciclo
vicioso que perpetua a pobreza, existe também o ciclo que perpetua a vulnerabilidade nas famílias, onde a
exploração sexual entra nas casas através da internet, atingindo também que tem maior poder aquisitivo. Essa é
uma situação grave dado o alcance que a tecnologia proporciona, aumentando consideravelmente o número de
vítimas.
• Essa forma de exploração sexual pode ser autônoma, ou seja, a própria vítima, sem intermédio de ninguém,
“negocia” com o cliente ou através das redes de exploração sexual, que mediam a transação entre a vítima e o
abusador. Quando não há mediador, ainda assim se configura como exploração: nesse caso o explorador é o
cliente. Quando há um agenciador ou organização intermediando a transação, são dois exploradores: quem
intermedia e o cliente. Outra faceta dessa esfera são as organizações criminosas, cada vez mais organizadas, que
favorecem o tráfico e o turismo sexual de crianças e adolescentes.
• Cada vez mais criminosos sexuais entram em contato com crianças
e adolescentes através das redes sociais, se disfarçando e
manipulando esse público afetiva e sutilmente para conseguirem
prazer sexual. Por exemplo, caso um usuário comece a conversar
com uma criança, na internet, com o objetivo de aliciar e assediá-la
para conseguir conteúdo pornográfico, isso já é um crime. Caso ele
consiga que a criança se exponha sexualmente através de foto ou
vídeo, é outro crime. Se ele salvar e armazenar esse material no seu
computador, está cometendo mais um ato criminoso. Por fim, ao
divulgar ou publicar, o indivíduo incorreu em mais um crime. Ou
seja, cometeu quatro delitos: aliciamento, produção, armazenamento
e divulgação.
VOCÊ SABE O QUE É A SÍNDROME DO SILÊNCIO?
• O que mantém a violência sexual é o silêncio da vítima. A criança ou adolescente precisa de alguém que confia para contar.
Mas existem muitos aspectos que as impedem, dentre eles:
• > Vergonha;
• > Medo de deixarem de gostar dela;
• > Não entristecer a mãe ou horrorizar o pai;
• > Medo da família acabar ou desestruturá-la;
• > Não desiludir ninguém;
• > Sofrer ameaças;
• > Evitar uma desgraça;
• > Ser retirada da família;
• > Ser punida e considerada culpada;
• > Não acreditarem nela;
• > Proteger o abusador.
• Há o profundo medo da vítima ao revelar a violência sexual: de ser desacreditada (já que a
maioria não deixa marcas físicas e visíveis), de ser considerada culpada, de destruir a
família, de não ter o suporte que precisa, de ter que se afastar do abusador (que ela também
ama e, muitas vezes, é o responsável pelos únicos momentos emocionalmente “gratificantes”
- apesar da violência), de que as ameaças do abusador se concretizem. Atemorizada e
sozinha, ela se cala. E esse silêncio é o maior trunfo do agressor para garantir sua
impunidade e a continuidade do abuso. Esse é o pacto de silêncio.
• Algo fundamental também é que quanto mais especializado for o ouvinte, melhor será a intervenção e os
encaminhamentos, além da condução da escuta ser mais terapêutica. Então só profissionais especializados devem
questioná-la sobre o crime. Caso haja despreparo nesse momento pode acontecer exatamente o que estamos tentando
evitar: a revitimização, traumatizando a vítima mais uma vez. Ao sistema de proteção cabe resguardar e proteger a
vítima e não a expor a mais um trauma, potencializando essa experiência de forte impacto emocional negativo.
ABUSO SEXUAL
• A agressão em geral começa de forma dissimulada, através de chantagem emocional, disfarçada de cuidado ou
brincadeiras, passando para carícias, toques e beijos, até que aconteça o ato sexual em si. Isso não acontece do
dia para a noite, leva tempo, o que revela toda uma trama organizada pelo abusador para conseguir seu
intento.
• Ricardo é um pedófilo e criminoso sexual, mesmo sem ter tocado em nenhuma das
vítimas.
• Se Ricardo tem conteúdo pornográfico infantil no seu computador, significa que ele
também já abusou de crianças.
RESOLUÇÃO DO CASO:
• 1 – Confiança traída;
• 3 – Impotência;
• A criança/adolescente ainda não está preparada para lidar com certos aspectos
relacionados ao mundo da sexualidade. Então, o abuso antecipa e dá o tom
inapropriado e disfuncional às experiências sexuais.
• O processo repetido da invasão do corpo da criança ou adolescente sem a sua autorização, a deixa vulnerável a
outras invasões, já que as estratégias que ela utilizou não deram certo. Não lhe foi dado crédito e ela não se sente
capaz de se proteger e parar o abuso. Essa trama gera medo, ansiedade e impotência, que pode gerar duas
principais consequências:
• 1- Necessidade de exercer controle/poder sobre outras pessoas (para diminuir a sua sensação de impotência):
Intimidação, ataques explosivos, comportamento abusivo/agressivo ou até abuso sexual de crianças mais novas.
É tentar triunfar sobre o trauma. Essa vítima tem mais propensão à delinquência. Isso se refere
a comportamentos externalizantes (atitudes voltadas para fora, onde a agressividade, por exemplo, é destinada
às pessoas que estão próximas).
• II – Desamparo aprendida: A criança ou adolescente se vê uma vítima. Nada do que faça é capaz de interromper
o abuso, então ela se conforma e obedece. Se vê como ruim, culpada e indigna. Para lidar com emoções tão
esmagadoras, a criança ou adolescente congela suas emoções (dissociação/embotamento) para não as sentir,
tende a ter dependência emocional, refletindo um eu ausente, com confusão de identidade. Tudo isso refere-se
a comportamentos internalizantes (atitudes voltadas para dentro, onde a agressividade, por exemplo, é voltada
para si mesma).
• COMPORTAMENTOS INTERNALIZANTES COMPORTAMENTOS EXTERNALIZANTES
• > Dificuldade para controlar suas emoções; > Autopercepção muito negativa;
• Nessa dinâmica, o abusador inverte os papéis e faz a criança ou adolescente acreditar que
ela é culpada, distorcendo sua percepção de si mesma, fazendo-a se sentir envergonhada,
ruim, malvada e sem valor. São frases do tipo: “você me fez fazer isso”, “você me
provocou”, “garoto(a) malvado(a)”. Isso cria um senso de falta de valorização, não
merecimento e inferioridade, que é reforçado por ter que manter isso em segredo ou
quando a revelação do abuso não é acreditada.
• Elisabete fora abusada sexualmente pelo melhor amigo de seu pai por alguns anos, até revelar, sem
querer, o que acontecia para sua mãe. Isso teve um impacto imenso na família: a mãe da menina ficou
desesperada, porém o pai não conseguia acreditar que seu irmão de alma pudesse ter feito algo assim.
Com o pai recusando a acreditar, o amigo continuou frequentando a casa regularmente. A mãe vigiava
constantemente Elisabete, quando da visita do homem, então os abusos sexuais pararam de acontecer.
Mas a relação entre pai e filha ficou muito distante.
• Ele, o pai, afastou-se bastante da filha. Ela, por sua vez, achava que o pai estava zangado e que a culpava
pelo que tinha acontecido. Então, começou a achar que era realmente culpada, tanto pelo abuso sexual
sofrido, quanto por ter causado toda essa perturbação na família.
• Agora, tente responder:
•
• Ao ler esse caso, quais dinâmicas traumatológicas podem ser identificadas?
RESOLUÇÃO DO CASO:
• A vivência do abuso sexual leva à síndrome do segredo. Não revelar a um adulto o que
aconteceu ou está acontecendo é muito comum e, geralmente, vem de um panorama onde a
criança/adolescente continua convivendo com o abusador e, pior, sendo reincidentemente
violentada. Esse silenciamento impede que o ato seja descoberto e identificado, mas como
ele gera marcas, são essas que acabam comunicando o que a vítima não consegue verbalizar.
Essas marcas afetam todas as áreas da sua vida e podem ser observadas no físico, nas
emoções, nos comportamentos, na cognição, nas relações interpessoais e, também, na
sexualidade.
• No entanto, as vítimas podem tentar comunicar o que está acontecendo, seus medos e
ansiedades de forma indireta, sutil e não verbal, através do seu comportamento, expressão,
desenhos, corpo etc. Mas captar essa mensagem requer sensibilidade e atenção do adulto para
interpretá-la.
• > Ansiedade;
• > Tristeza ou abatimento profundo;
• > Medo (de ficar sozinho, no escuro, de ficar próximo ao potencial agressor);
• > Raiva ou agressividade;
• > Sensação explícita de culpa, vergonha, humilhação e falta de valor (baixa autoestima);
• > Confusão;
• > Insegurança;
• > Desrespeito, falta de confiança por si mesmo;
• > Repulsa e rejeição ao próprio corpo (se sentir sujo);
• > Inferioridade, inadequação;
• > Ideias e tentativas de suicídio;
• > Automutilação machucar a si mesma;
• > Mudanças súbitas/oscilação de humor.
SINAIS COMPORTAMENTAIS
• Mudança no padrão natural interpessoal: antes, era extrovertida e aberta e passa a ser tímida e fechada;
• Não confiar em adultos, especialmente os que lhe são próximos;
• Evitar contato físico com adultos;
• Dificuldade de comunicação;
• Solidão, isolamento;
• Super agressivo (hostil) ou super dócil (sensível);
• Necessidade de esconder seu corpo (vestir roupas largas);
• Passividade e inibição;
• Dependência ou autossuficiência;
• Poucos amigos ou retração social;
• Comportamentos antissociais.
SINAIS SEXUAIS
• II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
• III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
• a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
• V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
• X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, §3º, inciso
II, da Constituição Federal;
• XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
• XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.
• Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os
motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família
• O diálogo com essas vítimas é bem delicado e requer alguns cuidados específicos, tanto em relação ao
comportamento do profissional responsável pela entrevista quanto à condução do mesmo, razão pela qual
deve ser conduzido apenas pelos órgãos competentes e profissionais devidamente habilitados. Tais
profissionais devem estar emocionalmente preparados para tratar sobre abuso sexual.
• É importante que todos tenham noção sobre o tema e sejam capazes de captar os indícios
comportamentais que sugerem a existência da violação. E, quando perceberem tais sinais, devem
estabelecer um clima tranquilo, afetivo, seguro, de cumplicidade e confiança, tanto com a vítima quanto
com sua família, procurando observar a maturidade, a linguagem e o nível de compreensão da
criança/adolescente. Partindo dessa observação, cada ator do Sistema de Garantia, dentro de seu escopo de
atuação, tomará as medidas cabíveis.
IMPORTANTE
• A não ser que você seja o profissional habilitado para tal, não faça
perguntas – diretas ou indiretas – sobre o assunto.
• A vítima tem liberdade para relatar a história e usar a linguagem que ela preferir, inclusive usando termos sexuais. O
entrevistador deve aproveitar essas deixas e utilizar linguagem semelhante para se aproximar e não ter medo de dizer
expressões do contexto da vítima (esse receio pode, como consequência, fazer com que a vítima também tenha receio em
empregar essas expressões). Mas, deve-se ter cuidado para não fazer colocações desnecessárias e abusivas.
• Ouvir a criança/adolescente atentamente e sem interrupções. Interromper constantemente pode sinalizar que o profissional
não quer ouvi-la e isso pode ser encarado como rejeição. Também evitar uso do celular ou atender ligações durante a
escuta. É importante oferecer atenção exclusiva à vítima.
• Utilizar palavras e frases simples e perguntas de fácil entendimento e somente o necessário, sem entrar diretamente nos
detalhes da violência sofrida. O profissional deve se certificar, com a vítima, se está compreendendo o que ela está
relatando.
• A criança/adolescente, para se sentir mais segura e confiante, deve ser informada do que pode acontecer posteriormente
àquela conversa: que, no caso de ela ter sido abusada, outras pessoas terão que saber do ocorrido e as possíveis ações dos
órgãos competentes. Ela deve saber que tudo isso está acontecendo para protegê-la.
CASO PRÁTICO
• É possível afirmar, com essa descrição, que Robson está sendo abusado
sexualmente?
• No caso de Robson percebemos que houve uma mudança significativa no
comportamento habitual dele. É possível identificar sinais físicos (dores
de cabeça e abdominais), sinais emocionais (irritação, agressividade e
choro), sinais comportamentais (voltou a fazer xixi na cama), sinais
cognitivos (diminuição das notas e não querer ir à escola) e sinais sociais
(retraimento). Mas, esses dados não são suficientes para afirmar que
houve violência sexual. Nesse caso, é indicado continuar observando e
entender a dinâmica familiar, já que essa mudança é um indicativo de que
algo está acontecendo com Robson.