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Anamnese na Orientação de Pais 

Por: Manuella Bayma


A Orientação de Pais entrou de forma efetiva em minha

atuação profissional após alguns anos de prática clínica. Hoje

a percebo como uma excelente ferramenta preventiva, através

da qual as informações concedidas e as propostas de ação se

tornam alicerces para que os pais repensem o vínculo com sua

criança, as estratégias educacionais e os demais manejos

diante do desenvolvimento. Mesmo as famílias que já estão

realizando os processos terapêuticos de seus filhos, também

requisitam esse tipo de atendimento para verificar como

podem estar melhorando a sua parentalidade, uma vez que

isso contribui enormemente para o andamento da psicoterapia

da criança.

Quem é o público que costuma procurar


sessões de Orientação?
Em minha prática, a grande maioria são pais

de crianças que estão na primeira infância e

possuem questionamentos sobre como lidar

com alguns comportamentos apresentados

por elas, como:

Mudanças abruptas Como falar:


Tempestade
de comportamento Separações, mortes
Emocional

Medos
Dúvidas sobre Dentre outros..
desenvolvimento repentinos

infantil

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Assim como, dúvidas específicas sobre o educar:

Melhores Rotina Cooperação da

estratégias criança, vínculo..

etc...

Essas demandas podem ser diferentes conforme

o eixo clínico de vocês, pois na medida que as

pessoas conhecem os seus trabalhos, sabem que

você oferta esse tipo de serviço, elas lhe

buscarão para retirar dúvidas daquilo que

acreditam que você possui conhecimento e

experiência para agregar.

As sessões de Orientação de Pais não possuem um número fixo e podem ser

pontuais em alguns casos, já em outros duradouras, principalmente quando

elas ocorrem com os pais de nossos pacientes/clientes. Sugiro que

disponibilizem sempre mais de uma hora para essa modalidade de

atendimento. Com o advento do Instagram e as demais redes sociais, a

população passou a conhecer melhor as possibilidades do nosso trabalho, por

isso é importante constantemente passarmos essa mensagem e levantar a

bandeira de que a família é parte nodal do processo de terapêutico de uma

criança. Coloquem isso no  Contrato Terapêutico de vocês para, desde cedo,

já gerar essa conscientização.

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A Anamnese na Orientação de Pais

Na  Orientação de Pais a anamnese se mistura um

pouco com o processo de avaliação,

intervenção e devolutiva, pois é naquele

momento que você possui com os pais que irá

avaliar as demandas deles e fornecer uma

orientação. Claro que vocês podem ir marcando

outras sessões, apenas é importante que saibam

que a OP por si só é um processo muito

dinâmico e o terapeuta não fica apenas na

função de ouvinte.

A minha recomendação é que

você faça uma versão mais

enxuta da entrevista inicial que

você utiliza com as famílias que

procuram terapia, mostrarei

detalhes de como faço nas

próximas páginas; mas antes

disso, uma pergunta que

aparece bastante:

Próxima página...

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Como eu sei que a família que liga para marcar uma
consulta seria o caso de uma Orientação de Pais ou de
uma Psicoterapia?
Como falei anteriormente, a maioria das famílias que me

procura para  OP são pais de crianças mais novas,

primeiríssima infância, então sempre pergunto qual a idade

da criança, quando eles falam x meses, 1 ano e pouco, 2

anos, eu já começo a me questionar se seria ou não um caso

de orientação, tendo em vista que nesta idade a criança não

costuma realizar psicoterapia sozinha em sala, a não ser em

algumas demandas específicas como neurodesenvolvimento,

por exemplo. Então, ainda em ligação eu peço que muito

brevemente eles me expliquem o que motivou a busca por

atendimento e é nesta hora que defino melhor o tipo de

serviço que posso oferecer.

Sem problema! Afirmo aos pais

que diante das demandas que


Mas Manu, e se você achar que é

um caso de OP e no meio da eles estão me apresentando,

sessão com os pais você percebo uma questão mais


perceber que não é, que é caso
complexa e estruturada, que
de psicoterapia?
demandará mais sessões e

averiguaremos a possibilidade

de uma psicoterapia.

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Eixos investigativos na
Anamnese em Orientação de Pais

Sempre inicio qualquer

tipo de atendimento

pelos dados pessoais!

1.  Nome completo do

paciente

2.  Filiação

3.  Ocupação dos pais

4.  Endereço e Contato

5.  Genograma

6.  Escola e série

7.  Data que iniciaram

atendimento

*Aqui vocês podem adicionar outros

dados conforme as demandas de

vocês, para mim, os de cima já

bastam.

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Após os dados pessoais, pergunto:

á-los?”
po sso ajud
“Como
do?”
á a contecen
es t
“O que a
em um
e p e nsaram
“Por qu
ga?”
psicólo

A partir daí se segue a DESCRIÇÃO DA


QUEIXA e é diante dela que as perguntas
subsequentes irão girar em torno. Por
exemplo:

o
riçã
e sc
D
eixa
a qu
d
1. Quando começou?

2. Relacionam o sintoma/comportamento

com algum fenômeno? A criança mudou

após alguma situação específica ou ela

sempre apresentou tal questão, tendo

apenas ocorrido um agravamento da

mesma?

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Importante observar!
Como se comportam os responsáveis.

Como eles se manifestam sobre a criança.

Quais palavras eles utilizam para descrever

seu jeito de ser e seus comportamentos.

Como eles se comunicam entre si, se estiver

apenas um presente, como eles falam sobre os

outros envolvidos nos cuidados e na educação

da criança.

Se discordam ou concordam quanto ao

problema apresentado.

Verificar os modelos educacionais e

vivências gerais dos pais, para compreender

suas perspectivas e como estão entendendo

o problema que está ocorrendo.

Quais são as consequências da queixa para

a vida da criança.

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História de vida e aspectos
gestacionais
*Como a maioria das orientações de pais que

conduzo são de crianças na primeira infância,

então é bem comum dedicarmos um tempo na

sessão para trabalharmos em cima disso.

1.Falar como foi o período pré-gestacional,

incluindo a história dos pais enquanto casal.

2.Falar da gestação em si (Como foi,


Sugestões
aspectos psicológicos e fisiológicos,
de Perguntas
condições emocionais, traumáticas), se

adotado, em quais circunstâncias.

3.Pós-nascimento (complicações?), Parto,

Sono, Amamentação, Primeiros cuidados, se

a mãe teve depressão pós-parto,

desenvolvimento (atrasos linguagem, motor

etc?).

4.Histórico de doenças e

psicossomatizações (É uma criança que

adoece com frequência?)

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Na anamnese em OP

Gosto também de perguntar quais

comportamentos a criança possui e que são

similares aos de seus pais. Essa pergunta dá

abertura para a família começar a observar

de forma mais diretiva as consequências de

suas influências na criança.

Rotina
da
criança

Peço uma descrição completa do dia-a-dia da

criança para perceber em quais momentos os

sintomas/comportamentos aparecem mais, quais

seus contextos e possíveis gatilhos. Assim como

para perceber quem passa mais tempo com a

criança, quem tem mais influência sobre ela,

aspectos lúdicos, afazeres, participação na rotina

da casa etc.

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Na anamnese em OP

Aspectos Traumáticos
Esse é um ponto que a família costuma

trazer naturalmente, porém, há uma pergunta

que considero sucinta e que de repente pode

facilitar a lembrança de algo que possa ter

escapado:

“Existe alguma situação que vocês

julgam ter sido traumática ou

estressante para a criança?”

Contexto Escolar

1.Questionar sobre o comportamento na escola, se

eles já trouxeram alguma queixa.

2.Perguntar sobre os relacionamentos com os pares,

se passou por algum tipo de problema com eles.

3.Prejuízos na aprendizagem?

4.Atentar-se se os comportamentos/sintomas

persistem na escola ou só em casa.

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Considerações Finais

Acima estão alguns dos pontos que costumo perguntar

às famílias que atendo para Orientação de Pais. Essas

questões podem ir mudando conforme o tipo de

queixa apresentada. É importante que o terapeuta

saiba sintetizar as informações que a família trouxer, e

antes de iniciar a parte de avaliação/intervenção,

traduza em palavras o que ele acredita ser a queixa ou

demanda principal.

Lembrem-se que a OP costuma ser mais focal.

Procurem reduzir a ansiedade de querer colher todas

as informações possíveis e passem a se adaptar a

interpretar a informação de forma mais dinâmica e já

ir dando um retorno aos pais, quando observar que já

há algo a acrescentar sobre o que eles estão dizendo.

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Por fim..
Gosto de passar a mensagem da
importância da leveza e de estarmos
com atenção plena na Orientação de Pais
Costumam ser sessões mais
intensas, por isso é preciso ter
escuta ativa para alcançar os
resultados desejados!

Indicações de Leitura

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