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Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC-IV

Treinamento para Aplicação, Correção e Análise: Enfoque Neuropsicológico


Docentes:
Camila Luisi Rodrigues
Melanie Mendoza
Teorias sobre inteligência
Charles Spearman (1927) - a partir de estudos com analise
fatorial, criou a teoria dos dois fatores da inteligência:
geral (g) e o específico (s)

O desempenho em qualquer medida de inteligência estaria


relacionado ao nível de inteligência geral do indivíduo e as
habilidades específicas exigidas na tarefa. O fator g está presente,
ainda que em diferentes graus, em todas as atividades intelectuais.
Teorias sobre inteligência
Cattell (1998) - fator g como inteligência fluida e cristalizada.

A inteligência fluida está associada a componentes não-


verbais, pouco dependentes de conhecimentos previamente
adquiridos e da influência de aspectos culturais. Opera em tarefas
que exigem: a formação e o reconhecimento de conceitos, a
identificação de relações complexas, a compreensão de
implicações e a realização de inferências (Carroll, 1993; Cattell,
1987).
Teorias sobre inteligência

A inteligência fluida está associada:


- ao raciocínio e à resolução de problemas novos, isto é, à
capacidade de formar relações entre ideais (desde
concretas às mais abstratas) e
- a organizar a informação nova (o que se aproxima do
próprio fator g) e mais estreitamente dependente de fatores
de índole biológica (maturação, envelhecimento, etc..).
Teorias sobre inteligência
Inteligência cristalizada - tipos de capacidades exigidas na
solução da maioria dos complexos problemas cotidianos, sendo
conhecida como “inteligência social” ou “senso comum” (Horn, 1991).

Desenvolvida a partir de experiências culturais e educacionais,


estando presente na maioria das atividades escolares. Daí decorre o
fato das capacidades cristalizadas serem demonstradas, por exemplo,
em tarefas de reconhecimento do significado das palavras (Cronbach,
1996).
Teorias sobre inteligência

Inteligência fluida (Gf) - processos mais gerais influentes


na aprendizagem de novos conteúdos independentemente de
seu conteúdo,

Inteligência cristalizada (Gc) - associado ao conteúdo das


tarefas e informações adquiridas e estariam em níveis mais
baixos de generalização e sofrendo a influência dos primeiros.
Teoria – WISC-III
A inteligência - capacidade do indivíduo em raciocinar, lidar
e operar com propósito, racionalmente e efetivamente com o seu
meio ambiente.
Por esta razão, os subtestes foram selecionados com o
objetivo de investigar muitas capacidades mentais diferentes,
mas que juntas, ofereciam uma estimativa da capacidade
intelectual geral da criança.
A visão de Inteligência de Wechsler
O que nós medimos com testes não é o que os testes em
si medem – não é a informação, ou percepção espacial, ou
habilidade de raciocínio. Estes são apenas meios para um fim.

O que os testes de inteligência medem, ou o que


esperamos que eles meçam, é algo muito mais importante: a
capacidade de um indivíduo de compreender o
mundo à sua volta e seus recursos para lidar com os
desafios deste mundo.
A visão de Inteligência de Wechsler
Em 1939 ele definiu dois tipos de inteligência:
verbal e não verbal.

Apresentou dois testes para avaliação da inteligência:


1 - Adultos, conhecido por WAIS (Wechsler Adult Intelligence
Scale) e

2 - Crianças, o WISC (Wechsler Intelligence Scale for


Children).
WISC-III
6 VERBAIS

13 SUBTESTES

7 EXECUÇÃO
RESULTADOS WISC III

1. Os quocientes intelectuais:
• QIT: Quociente Intelectual Total
• QIV: Quociente Intelectual Verbal
• QIE: Quociente Intelectual de Execução

2. Os índices fatoriais específicos:


• CV: Compreensão Verbal
• OP: Organização Perceptual
• RD: Resistência à Distração
• VP: Velocidade de Processamento
Motivo das alterações
WISC e o WAIS - recebem críticas por não
avaliarem a inteligência sob as novas concepções. A
inteligência deve ser considerada como um fenômeno
multidimensional.
Ao comparar o WISC com algumas teorias
observou que QI Total da WISC-III refletia principalmente
três fatores amplos: inteligência cristalizada,
processamento visual e velocidade de processamento.
WISC-IV
Raciocínio Fluido
Atividades que requerem habilidade ligada a:

- manipulação de abstrações,
- regras,
- generalizações e
- relacionamentos lógicos.
Memória de trabalho
Habilidade de manter-se consciente de uma
informação recebida, desenvolver uma atividade, saber
manipulá-la e, a partir dela, produzir um resultado.
É um componente essencial para a organização
perceptual e para outros processos cognitivos
relevantes, assim como está relacionada ao aprendizado
e às realizações.
Velocidade de processamento
Relacionada à capacidade mental, ao
desempenho e ao desenvolvimento em leitura, ao
raciocínio, contando com recursos armazenados,
assim como ao uso eficiente da memória de trabalho
para tarefas mais complexas.

Sensível as condições neurológicas e


aprendizado.
WISC-IV Modelo de 5 fatores (Weiss et al., 2013)
Semelhanças

Vocabulário

Compreensão
Compreensão
Informação
Verbal
Raciocínio com
Palavras

Cubos
Visuoespacial Completar Figuras

Rac. Matricial

Conc. Figurativos
Escala Raciocínio
Aritmética
Fluido
Total
Dígitos
Memória
Seq. Nºs Letras
Operacional

Código

Procurar Símbolos
Velocidade de
Processamento Cancelamento
Considerações
Capacidade ??

Expectativas parentais, por si só, explicam mais variância


na capacidade cognitiva de uma criança que a educação parental
e a renda juntas.

Ambientes cognitivamente empobrecidos inibem o


desenvolvimento intelectual e os estimulantes fortalecem o
desenvolvimento intelectual.
Capacidade Cognitiva e Ambiente
As pessoas não nascem com um QI específico, mas com uma
faixa de potencial intelectual.

O cérebro deve receber a estimulação adequada para atingir


seu potencial pleno.

O nível atingido dentro deste potencial intelectual depende do


ambiente.
Pontos para lembrar

A inteligência não é predeterminada no nascimento.

O cérebro pode continuar a se desenvolver ao longo da


infância, adolescência e início da vida adulta.

O conceito de neuroplasticidade.

Treinamento de desempenho cognitivo.


ÍNDICES FATORIAIS – IF
Surgem como tentativa de realizar análises fatoriais das
escalas para isolar fatores que melhor explicariam os resultados.

Servem como auxiliares na compreensão do desempenho do


sujeito, à medida que se refere a determinados aspectos da
habilidade cognitiva.

Sua análise é considerada por Wechsler (1991) como mais


fidedigna do que a interpretação individual dos subtestes, uma
vez que engloba mais do que um subteste e pode fornecer
informações de interesse clínico e educacional.
COMPREENSÃO VERBAL – CV

Índice mais fidedigno para avaliar as habilidades verbais dos sujeitos, já


que indica facilidade de expressão verbal e percepção de diferenças sutis
diante de conceitos verbais, independente da distratibilidade.

Este índice envolve capacidade de:


- abstração verbal (Semelhanças),
- compreensão verbal, memória e atenção (Compreensão),
- conhecimento semântico (Vocabulário) e a
- extensão do conhecimento adquirido (Informação).
ORGANIZAÇÃO PERCEPTUAL – OP

Índice mais fidedigno para avaliar as habilidades perceptivo-


motoras, uma vez que indica facilidade visomotora e capacidade de
avaliar informações visuo-espaciais, independente da rapidez de
raciocínio.

Subtestes para avaliar OP:


✓ Completar Figuras
✓ Arranjo de Figuras
✓ Cubos
✓ Armar Objetos
RESISTÊNCIA A DISTRAÇÃO – RD

Esta dentro do domínio verbal e depende de memória auditiva e


processamento seqüencial.

Apresenta grande correlação com habilidade matemática (Aritmética)


e, além de atenção, avalia concentração e memória imediata (Dígitos).
Para Roid e colegas (1993), o mais correto é chamar de Memória de
Trabalho (Working Memory).

Pode receber influência negativa de ansiedade, carência de


estratégias mentais e pobreza de automonitorização.
VELOCIDADE DE PROCESSAMENTO – VP

Avalia a velocidade psicomotora (Código) e a velocidade mental


(Procurar Símbolos) para resolver problemas não-verbais. Avalia a
capacidade de planejar, organizar e desenvolver estratégias.

Processamento implica cognição e velocidade e tem componentes


comportamentais e cognitivos.

Escores baixos em VP indicam pobreza no controle motor, falta de


reflexão ou compulsividade.
Mudanças do WISC-III para o WISC-IV
• QI Verbal e QI de Execução foram removidos

• Nomes dos Índices modificados

• Menor tempo de aplicação

• Mais escores suplementares

• Escores de processo adicionados


Mudanças do WISC-III para o WISC-IV

5 novos subtestes:

– Conceito figurativo - execução


– Sequencia de número e letra – memória operacional
– Raciocínio Matricial - execução
– Cancelamento - velocidade de processamento
– Raciocínio de Palavras - verbal
Raciocínio fluido
WISC-III x WISC-IV
Verbal Execução
RESULTADOS WISC IV

1. Os quocientes intelectuais:
QIT: Quociente Intelectual Total

2. Os índices fatoriais específicos:


• CV: Compreensão Verbal
• OP: Organização Perceptual
• MO: Memória Operacional
• VP: Velocidade de Processamento
Subtestes WISC –IV
Principais Suplementares

São 10 subtestes principais, que Ampliam o leque de habilidades


podem ser substituídos pelos cognitivas avaliadas, fornecem
suplementares. informações clínicas adicionais
e auxiliam o aplicador na
Troca obrigatório se um subteste complementação da análise de
for invalidado. discordância.

Apenas duas substituições no


total.
RAPPORT

Apresentar o teste ao sujeito.


Evitar usar a palavra “inteligência” a fim de não
gerar ansiedade.
Atividades para dimensionar suas facilidades e suas
dificuldades.
Regras Gerais
Para garantir uma ampla cobertura das habilidades
cognitivas: desde as crianças de 6 anos, com limitações
intelectuais moderadas, até as susperdotadas com 16 anos.
Foram incorporados itens mais simples ou mais complexos aos
subtestes existentes.

Sempre que houver suspeita de prejuízo intelectual,


começar pelo item 1 de todos os subtestes.
Regras Gerais
Se a criança se negar a responder a algum subteste, o
aplicador poder pula-lo, temporariamente, e passar para o
seguinte, voltando quando a criança estiver mais envolvida –
buscando um melhor desempenho.
Sugere-se fazer a aplicação em um único dia.
Alguns subtetes não permitem repetição como: dígitos e
sequencia de número e letra.
O que as Escalas Wechsler de Inteligência medem?

Tarefas desenvolvidas (subtestes) envolvem várias


funções cognitivas distintas que, em conjunto, refletem a
capacidade global do indivíduo.

Ideia de construto primário e secundário avaliado em cada


subteste

Déficit em uma habilidade cognitiva em particular pode


afetar o desempenho em mais de um subteste, mas em
diferentes níveis;
• QIT: medida global que resume o desempenho em múltiplas habilidades cognitivas em
um único escore.
QIT = 105 QIT = 105

ICV = 110 ICV = 91 Importância dos


IOP = 116 IOP = 104 índices na
IMO = 103 IMO = 97 interpretação
IVP = 77 IVP = 100

Dispersão: Indivíduos expressam habilidades de diferentes formas, não


necessariamente uniformes

Ênfase no QIT recomendável especialmente quando os escores obtidos nos


índices ou subtestes são homogêneos
COMO CORRIGIR ?

Para uma correta correlação do desempenho da criança ou


adolescente com um índice específico (QI’s ou IF’s), devemos
sempre seguir os passos indicados abaixo:

1) Corrigir os subtestes, pontuando como indicado na “Apostila de


Instruções para Aplicação e Avaliação do Teste” e obtendo-se,
assim, o Escore Bruto.

2) Utilizar a tabela – por idade – para transformar o Escore Bruto em


Escore Ponderado.
COMO CORRIGIR?

3) Somar os Escores Ponderados obtidos nos subtestes que


compõem o cálculo do quociente de inteligência: QIT.

4) Somar os escores ponderados para obtenção dos IF’s –


índices fatoriais: CV, OP, MO e VP.
Modelo para treino
Pontos brutos
Total – soma dos pontos brutos de cada subteste.
Inclusive os que não precisaram ser aplicados.
Anotar no final de cada subteste – espaço em branco e
depois passar para tabela de conversão
Suplementares com ( )
CV –
semelhança +
vocabulário + OP – cubos +
compreensão conceitos figurativo
+ raciocínio
matricial

MO – Dígitos +
seq de num e letra

VP – Código +
Procurar símbolos
Resultado
Análises complementares
Permite verificar as discrepâncias entre os resultados
indicando facilidades e dificuldades em tarefas específicas.
Transferir as pontuações ponderadas da primeira página -
subtrair e anotar na coluna (indicar o sinal dessa conta + ou - ).
Decidir o nível de
significância:
0,05 ou 0,15
Detalhes
Nesse momento não se considera o sinal;
Compara a diferença encontrada com o valor crítico da tabela;
Exemplo – 19 e 10, 60 (de acordo com a idade) ou 10,67 (de acordo com a
amostra geral) – para nível 0,05
Se a diferença encontrada for igual ou maior que o valor crítico = sim – há
diferença significativa estatisticamente
Detalhes – Frequência acumulada
Caso a diferença seja significativa – olhar na tabela B2
Separada em amostra geral ou nível de habilidade (de acordo com
o QI)
Usar os sinais nessa tabela
Tendo assim a porcentagem de crianças que obtiveram a mesma
discrepância
Determinando facilidades e dificuldades
Análise intraindividual
Quando existem diferenças acentuadas entre CV e OP –
obtidas nos cálculos acima
Ou se um subteste estiver influenciando muito o QI total – ex
8 e 11 em 9 subtestes e 2 em procurar símbolos – utilizar as
médias de CV e OP
Decidir a média pela comparação
Média pode ser geral - soma dos 10 subteses
ou
Média dos dois índices CV e OP
Dividir a soma pelo número de subtestes
CUBOS
CONCEITOS
FIGURATIVOS
RACIOCÍNIO
MATRICIAL

SEMELHANÇAS
VOCABULÁRIO
COMPREENSÃO
CUBOS SEMELHANÇAS
- 10 -10
CONCEITOS VOCABULÁRIO
FIGURATIVOS – 10 -10
RACIOCÍNIO COMPREENSÃO
MATRICIAL - 15 -5

10 + 10 + 5 =
10 + 10 + 15 =
25
35
25 dividido por 3 =
35 dividido por 3 =
8,3333333
11,666666
CUBOS
CONCEITOS
FIGURATIVOS
RACIOCÍNIO MATRICIAL

Média – 11,7

SEMELHANÇAS
VOCABULÁRIO
COMPREENSÃO

Média - 8,3
10 – 11,7 =
-1,7

Decidir o nível de
significância:
0,05 ou 0,15
Se a diferença encontrada for
igual ou maior que o valor
crítico = sim – há diferença
significativa estatisticamente

1,7 menor
que 2,15 - não
Se a diferença for positiva – F – Facilidade
Se a diferença for negativa – D - Dificuldade
Tendo achado a facilidade ou dificuldade – tabela – faixa de porcentagem
– exemplo: 10 – 25 %- das crianças dentro da amostra padrão obtiveram
uma média de diferença
Outro
modelo
6 + 11 + 11 + 13 + 6 + 10 + 12 + 13 + 9 + 10 =
101

101 dividido por 10 = 10,1


Retomando o Modelo
Escores de processo
3 subtestes – Cubos, Dígitos e Cancelamento – apresentam
pontuações intermediárias ou complementares
CUSB – cubos sem tempo de bônus
DIOD – dígitos ordem direta / DIOI – dígitos ordem inversa
UDIOD – sequencia maior ordem direta / UDIOI – sequencia maior
ordem inversa
CCA – cancelamento aleatório / CAE – cancelamento estruturado
Escores de processo
Oferece informações sobre os processos cognitivos envolvidos na
realização das tarefas desses subtestes.
Comparações de discrepância
Usa-se os pontos brutos
Se a diferença encontrada for Caso sim – tabela
igual ou maior que o valor B 10
crítico = sim – há diferença Nessa se usa o sinal
significativa estatisticamente da diferença

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