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Tenho um monstro no
meu quarto...
...e é maravilhoso!
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Brincar é o melhor método para o nosso cérebro aprender!
Palavras soltas – Rita Reis
Terapia da Linguagem, Desenvolvimento cognitivo e Terapia inclusiva
Não há nada mais assustador do que a ideia de existir um monstro no nosso quarto.
Na maioria das vezes, a única coisa que vive debaixo da nossa
cama é mesmo pó e meias perdidas.
Nem todas as crianças têm a sorte de ter um monstro só delas.
Mas, se fores um desses sortudos. È importante saber que
existem várias categorias de monstros.
*O monstro que vive no meio do mato, sozinho com fome e
sede de companhia. Só não sabemos se essa fome é mesmo
daquelas que dá dor de barriga e depois come tudo à frente ou
se é apenas daquelas fomes que dá às pessoas sozinhas que
brincam pouco.
Se for a hipótese 1 fujam gesticulando o mais possível e
gritando:
-‘Ahhhh! O monstro quer comer-me’
Se for a hipótese 2 é lá com vocês. Podem jogar às damas com
ele ou mesmo fugir gesticulando o mais possível e gritando:
-‘Ahhhh! O monstro quer comer-me’.
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A Glória era uma menina magricela, de cabelos loiros encaracolados sempre amarrados por uma fita
verde.
Era conhecida no mundo dos adultos por manter sempre os seus olhos atentos ao chão. Todos achavam que a
Glória era uma criança calma e pouco dada às tradicionais brincadeiras infantis. O que ninguém sabia é que ela
mantinha os olhos no chão porque acreditava piamente que um dia encontraria
uma lâmpada mágica igual à do Aladino.
O único problema é que o génio provavelmente só saberia falar árabe, e ela ficava
angustiada pensando em como conseguiria fazer-se entender. Aliás, ela tinha na
ponta da língua o seu pedido “quero que o senhor génio me conceda 2 pedidos. O poder
de curar as doenças do mundo e uma bicicleta!“. A Glória sempre foi uma criança um
pouco diferente das restantes
Vivia numa cidade movimentada. Morava num daqueles prédios altos, tão altos
que nunca subira até ao último andar, pois tinha receio de se perder nas nuvens.
Tinha 5 anos quando pela primeira vez ouviu o seu monstro tossir, nessa época
vivia apenas com o pai, a mãe tinha acabado de partir e estava a agora a olhar por
eles no céu estrelado. Às vezes pensava que tinha sido a mãe, antes de partir, a
convidar o monstro para viver no seu quarto, para nunca se sentir sozinha.
Durante algum tempo, a Glória evitou o seu quarto dormindo com o pai. Mas, não é assim que crescemos. E teve
de enfrentar o seu medo.
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Nessa noite, a Glória preparou-se como um soldado se prepara para uma batalha. Bebeu um copo de leite,
lavou os dentes e vestiu o seu melhor pijama. Era um pijama com superpoderes. A Glória vestia-o nos momentos
mais importantes da sua vida.
Era um pijama com o Batman, porque o
Batman não é só para meninos. Ao vesti-lo
a Glória sentia-se uma heroína, ou melhor
uma super-heroina. Estava preparada para
tudo.
A Glória sentou-se na sua cama com luz
apagada à espera, à espera daquele ruido
assustador, apenas tinha na mão uma
pequena lanterna e o coração cheio de
ansiedade.
Tinha planeado, na sua cabeça, toda uma
conversa de modo a acalmar o terrível
monstro. Seria qualquer deste género:
- Boa noite, senhor monstro. Gostaria de um copinho de leite e uma bolachinha? Por sua vez, o
monstro responderia que já tinha lavado os dentes e declinava educadamente a sua oferta. A Glória estava
confiante que ia conseguir acalmar o monstro ameaçador com um copo de leitinho morno.
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A noite já ia a meio, estava cada vez mais difícil manter-se acordada. Foi então que o cansaço a venceu e
fechou os olhos, e quando voltou a si, nem queria acreditar no que via. Teve de esfregar os olhos por duas vezes
para ter a certeza de que não se tratava de um sonho.
Ora, não é que o monstro estava sentado à frente da cama, na cadeira
da secretária, enrolado na manta preferida da Glória a tossir e a
espirrar.
O monstro ameaçador estava com gripe. Gripe! Não estava a grunhir,
nem a fazer poses assustadoras, estava com ar cansado e febril.
-“ Impossível! Os monstros não ficam doentes “ – Disse a Glória.
Nem pensou duas vezes e atirou-lhe um pacote de lenços de papel
que tinha na sua mesa-de-cabeceira.
- “Humm! Obrigado “ – disse o monstro com um tom fanhoso.
Em seguida assoou-se com tanta força que a Glória sentiu a cama
estremecer.
Durante uns minutos ninguém falou. A Glória nunca tinha visto um monstro tão de perto, não sabia o que dizer,
nem o que perguntar. Até que foi o monstro que quebrou o gelo ao dizer:
- “ Já estava na hora de nos conhecermos. Desculpa, ser nestas condições. Mas deixaste a janela aberta
durante o dia e acabei por me constipar. “ – Disse com ar meio aborrecido.
A Glória estranhou o comentário e apenas disse – “Desculpa! “
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Parecia uma conversa daquelas de elevador entre dois vizinhos que nada têm em comum, eram dois
estranhos, mas dois estranhos muitíssimo educados.
Foi então que a Glória olhou para o seu pijama e encheu-se de coragem. Coragem para conhecer o monstro.
Lembram-se dos passos que referi anteriormente?
Passo 1 : Como é o monstro?
A Glória levantou-se da cama,
ajeitou o seu super-pijama,
como que em sinal de
confiança, pegou na sua
lanterna e deu dois passos.
Sim, apenas dois, porque
temos de manter a distância de
segurança quando fazemos
amizade com monstros
desconhecidos. Aproximou-se
cuidadosamente do monstro e tirou-lhe as medidas, literalmente. Tirou a fita métrica do bolso do pijama - prova
que o pijama tinha superpoderes, quem é que dorme com uma fita métrica no bolso? Mas, a verdade é que
quando foi necessário, esta apareceu. - e começou a tirar as medidas aos monstro e a apontar no seu caderninho
de argolas.
O monstro estava debilitado demais para reagir.
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apenas curioso por que motivo ela andava de um lado para o outro àquela hora da noite. Foi então que no
meio de vários espirros o monstro perguntou: - “ Desculpa, mas perdeste alguma coisa? Queres ajuda? “
- “ Humm! Se perdi, foi o juízo porque estou a conversar com um monstro assustador, em vez de fugir
a sete pés! “ - Exclamou para si – “Estou a tentar
descobrir onde dormes, não me incomodes.” – Disse
Glória enquanto continuava procurando.
- “Bom, vamos lá acabar com isto de uma
vez! “ – Disse o monstro com um ar zangado
enquanto se levantava compondo o seu belo e
lustroso pêlo da cor de uma laranja sumarenta. –
“Nós somos ambos civilizados por isso apresentemo-
nos como manda a etiqueta. “
Glória estranhou a atitude, mas sempre ouvira dizer
que não se deve contrariar os mais velhos. E aquele
monstro parecia ser pelo menos 20 anos mais velho
que ela. Glória afastou-se e esperou que o monstro
tomasse a iniciativa.
- “Ora então, boa noite, pequena Glória. Eu sou o Sebastião. “
- “Sebastião? Sebastião não é nome de monstro. Então, não devias chamar-te Fúria noturna? Ou melhor,
Frankmonstro. Sim, Frankmonstro seria perfeito. “
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- “Não, Sebastião. Sou o Sebastião. Sou monstro desde que tenho memória, o meu pai é um
monstro, a minha mãe é uma monstra, os meus avós monstros são. Os meus irmãos são monstros, os meus
primos são monstros, os meus tios são…
“
- “Monstros…“ Interrompe a
Glória, monstrando o seu ar…Ups!
Mostrando o seu ar de aborrecida. -
Depois de tantos monstros, até eu fiquei
baralhada. -
Mas o Monstro não parece ouvir Gloria,
ou se ouviu não lhe ligou nenhuma –
Agora, Gloria já sabe como o seu pai se
sente quando ela o ignora. Não é bonito,
não! – e continuou tagarelando sem parar.
- “Neste momento, encontro-me
a viver debaixo da tua cama. E deixa-me que te diga que precisas de aspirar mais vezes. Adoro comer peúgas
quanto mais velhas melhores, também aprecio um ou outro collant velho, mas as peúgas…ai, as peúgas, são um
pitéu! Já provaste peúgas? Peúgas, peúgas! Só de dizer peúgas, ou pensar em péugas fico com uma fominha? “
-“ O que é que são peúgas? “– Pergunta a Glória com ar de estranheza.
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-“ Meias, peúgas são meias…meias deliciosas, meias suculentas, nham nham, meias para a
barriguinha… “
- “És o monstro das meias? “ – Pergunta Glória
- “Monstro das meias? Porquê monstro das meias? Porque gosto de comer meias? Também comes
pizzas e não és a Glória das pizzas. “
- “Pronto, desculpa. Então diz-me lá
Sebastião, estás confortável debaixo da minha
cama? Tens frio, calor? “
- “Se tivesse confortável, não estaria
constipado, ora, realmente! “ – Diz o monstro
enquanto funga e tenta limpar o pingo do nariz
ao seu braço direito.
Parece que os monstros constipados perdem as
boas maneiras, também pode ser da febre. –
Pensa a Glória para si. - A bem da verdade,
costumava fazer o mesmo quando ficava doente.
Com receio que o Sebastião ficasse pior da
constipação e como a Glória não queria que ele
tivesse de tomar aquele xarope amargo que o pai
dela lhe dava, foi antes buscar um cachecol de lã
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feito pela sua mãe. A Glória só usava aquele cachecol em ocasiões especiais, era um lindo cachecol de lã
azul com cerejas bordadas e pompons verdes.
Aquele momento pareceu ser extremamente especial e assim o Sebastião ficou quentinho e muito bonito.
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particular. E o Sebastião cumpriu o seu propósito, estava na hora da menina magricela loira enfrentar o
mundo sozinha e deixar o seu monstro partir.
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O teu medo
tem uma
cor?
Desenha nas
bolinhas
abaixo.
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Cara de medo
Cor do medo
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Notas: As tarefas deste caderno de intervenção foram desenvolvidas para que os pais possam participar no processo
terapêutico, auxiliando a criança na leitura e na realização dos exercicios.
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