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Universidade Lúrio

Faculdade de Ciências de Saúde


FCS

Licenciatura em Psicologia Clínica

Transtorno de Ansiedade de Separação

Docente: Arsénio Bambo


Nampula
2022
Adelaide Paula Teodósio da Trindade
Aliarina Jacinto Pascoal
Amina António Bacar Trego
Cerezo Rupavate

Transtorno de Ansiedade de Separação

O presente trabalho em grupo


é de caracter avaliativo e
enquadra-se no âmbito da
Cadeira de Psicopatologia da
Criança e Adolescente
lecionada pelo docente
Arsénio Bambo

Docente: Arsénio Bambo


Nampula
2022
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

Transtorno de Ansiedade de Separação ............................................................................ 5

Breve Histórico Sobre Ansiedade de Separação .............................................................. 6

Epidemiologia................................................................................................................... 8

Etiologia e Fatores de Risco ............................................................................................. 9

Classificações ................................................................................................................. 12

Manifestações Clinicas ................................................................................................... 14

Critérios de Diagnóstico CID-10 .................................................................................... 16

Comorbilidade ................................................................................................................ 17

Tratamento (Médico e Psicológico) ............................................................................... 18

Curso Clínico .................................................................................................................. 24

Prognóstico ..................................................................................................................... 25

Prevenção........................................................................................................................ 26

Áreas De Pesquisa Futuras ............................................................................................. 27

Conclusão ....................................................................................................................... 29

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 30


Introdução

Na antiguidade clássica, os estados afetivos hoje denominados de ansiedade, medo e


fobia, embora raramente bem diferenciados entre si, já eram abordados. Aristóteles (384
- 323 a.c.), filósofo grego, em Ética a Nicômaco, afirma que “quando alguém é, por
natureza, de tal maneira propenso a ter medo de tudo, até do chiar de um rato, diz-se que
é bestialmente covarde e que a sua covardia é bestial; aquele homem de quem se diz que
tinha medo de uma doninha era por doença”. Cícero (106-43 a.c.), filósofo estoico
romano, fez uma distinção entre ānxietās, que designava um estado contínuo de
ansiedade, ou ansiedade-traço, e angor, que se referia a uma ansiedade momentânea, ou
ansiedade-estado.

Os estados ansiosos eram entendidos como características morais dos indivíduos, mais
relacionados a defeitos ou vícios, do que como transtornos psíquicos, ainda que não fosse
incomum considerar-se medo ou ansiedade como aspetos de condições mentais
patológicas mais amplas, como melancolia e mania.

A ansiedade pode ser entendida como manifestação normal de um estado afetivo, como
um sintoma encontrado em vários transtornos e um termo utilizado para nomear um grupo
de transtornos mentais nos quais é uma característica clínica fundamental.

Como fenômeno afetivo natural, permite que o indivíduo fique atento a perigos e tome
medidas para sobreviver a ameaças ou se adaptar a circunstâncias desconhecidas.1 É um
sentimento vago e difuso de apreensão associado a expressões físicas autonômicas. A
ansiedade é definida na CID-11 como um estado de apreensão ou antecipação de perigos
ou eventos futuros desfavoráveis, acompanhado por um sentimento de preocupação,
desconforto, ou sintomas somáticos de tensão. Considera-se ansiedade patológica quando
resulta em sofrimento ou prejuízo funcional importantes.

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1. Transtorno de Ansiedade de Separação

O transtorno de ansiedade de separação caracteriza-se pela experimentação de ansiedade


excessiva em função do afastamento de casa ou de figuras de vinculação. A reação
emocional exagerada diante do afastamento dos pais também pode fazer parte do
funcionamento normal de crianças muito pequenas. Este comportamento pode ser
frequentemente observado em crianças até a idade pré-escolar, devido à insegurança
gerada pela ausência dos cuidadores. A ansiedade de separação se configura como um
transtorno quando se torna inadequada para o grau de desenvolvimento ou quando
interfere no funcionamento da vida diária do indivíduo (Suveg & cols., 2005).

Os transtornos de ansiedade são condições graves e de prejuízo socioeconómico


relevante. Podem acompanhar o indivíduo por boa parte de sua vida, tendo como seu
protótipo a ansiedade idiopática aliada a sintomas psicológicos e somáticos de curso
crônico. Apresentam baixas taxas de remissão a curto e médio prazo. Compartilham
características de medo e ansiedade excessivos. A ansiedade é um sintoma comum de
acompanhamento a vários outros transtornos psiquiátricos, mas nos transtornos de
ansiedade primários não há défices neuro-cognitivos, sintomas depressivos ou maníacos
ou psicose.

O medo e ansiedade fazem parte do sistema evolucionário útil. Porém, nos transtornos de
ansiedade há prejuízo social ao paciente, observando-se como um guia geral o critério
temporal (6 meses ou mais) com certa flexibilidade. Em crianças a duração pode ser mais
curta, como em casos de transtorno de ansiedade de separação ou mutismo seletivo.

O transtorno de ansiedade de separação envolve ansiedade persistente e intensa sobre se


estar longe de casa ou separado de pessoas com as quais a criança tem apego, em geral a
mãe. A maioria das crianças sente alguma ansiedade de separação, mas ela em geral
desaparece com a idade.

Transtorno de ansiedade de separação é o transtorno mais prevalente em crianças menores


de 12 anos. Caracterizado por medo / ansiedade quando há separação daqueles que tem
apego. Ocorre menos frequentemente na adolescência. Existem períodos de exacerbação
e remissão. Pode persistir na idade adulta (medo de morar sozinho, mudar de cidade para
fazer universidade).

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As manifestações diferem a depender da idade. Crianças mais jovens podem não querer
ir para escola.

Frequentemente se desenvolve depois de um estresse, como uma perda (de um parente,


um animal, mudança de escola, separação dos pais, mudança de casa, imigração).

2. Breve Histórico Sobre Ansiedade de Separação

A primeira descrição de ansiedade como uma disfunção da atividade mental data do início
do século XIX. Augustin-Jacob Landré-Beuvais (1772-1840), em 1813, descreveu a
ansiedade como uma síndrome composta por aspectos emocionais e por reações
fisiológicas. Em 1844, Jean Baptiste Félix Descurate (1795-1872) relacionou ansiedade
com as enfermidades em seu livro A medicina das paixões. Em 1850, foi descrito pela
primeira vez, por Otto Domrich, o que se denomina hoje transtorno de pânico. Em 1871,
Jacob Mendez da Costa (1833-1900) relatou novos casos de pânico, atribuindo-lhe o
nome de “síndrome do coração irritável”. Já em 1880, Karl Westphal (1833-1890)
descreveu os sintomas presentes em fobias específicas e no transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC). Entretanto, foi através dos trabalhos clínicos desenvolvidos por
Sigmund Freud (1836-1939) que os transtornos de ansiedade começaram a ser
classificados de forma mais sistemática. Freud descreveu de maneira objetiva quadros
clínicos que causavam disfunções relacionadas com a ansiedade, denominando-os crise
aguda de angústia, neurose de angústia e expectativa ansiosa – atualmente, estes quadros
recebem os nomes de ataque de pânico, transtorno de pânico e transtorno de ansiedade
generalizada, respetivamente. Todavia, em função do sistema de classificação
psicanalítico ser baseado em pressupostos teóricos que não se sustentam por dados
empíricos, tornou-se necessário o desenvolvimento de novos modelos de classificação
pautados no método científico (Landeira-Fernandez & Cruz, 2007).

Emil Kraeplin (1856-1926) deu início à criação de um sistema de classificação dos


transtornos mentais análogo ao já existente para “doenças físicas”, pautado na
diferenciação das enfermidades a partir de suas etiologias, sintomatologias, evoluções e
prognósticos. Em 1948, a Classificação Internacional de Doenças, em sua sexta edição
(CID-6), publicada pela Organização Mundial de Saúde, dedicou uma seção específica
aos transtornos mentais. Por julgar insatisfatória a descrição presente na CID 6, a
Associação Americana de Psiquiatria publicou, em 1952, de forma independente, o

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Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSM) (Landeira-Fernandez
& Cruz, 2007).

Os primeiros relatos de casos clínicos de crianças com sintomas de ansiedade datam do


início do século XX. Em 1909, Freud publicou o caso do pequeno Hans, um menino de
cinco anos que apresentava um quadro de neurose fóbica.

Uma intensificação no interesse pelo tema ansiedade infantil pôde ser observada a partir
da década de 40. O aumento do número de crianças órfãs, resultado da Segunda Guerra
Mundial, serviu como grande motivação para os pesquisadores da época, ainda pautados
no modelo psicanalítico (Spelberger, 1973). Por um longo período, as categorias
nosológicas relacionadas à ansiedade, descritas conceitualmente na Classificação
Internacional das Doenças (CID) ou no Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), estavam
circunscritas à idade adulta. A noção difundida até então era a de que os medos e as
preocupações durante a infância eram de curso transitório (Last & cols., 1996).

Em 1975, a CID-9 incluiu a descrição de uma categoria mais ampla, nomeada de


Distúrbios das Emoções, com início específico na infância, que incluía dois distúrbios
ansiosos – o distúrbio de ansiedade excessiva e o distúrbio da sensibilidade, timidez e
retração social. Em 1980, o DSM-III, seguindo a mesma tendência, apresentou uma nova
seção destinada aos transtornos mentais diagnosticáveis pela primeira vez na infância.
Nesta seção, apresentou três psicopatologias relacionadas à ansiedade: o transtorno de
ansiedade de separação, o transtorno de ansiedade excessiva e o transtorno evitativo
(Bernstein, Borchardt & Perwien, 1996).

Ao longo dos anos, algumas mudanças puderam ser observadas, tanto em relação aos
critérios diagnósticos quanto no que se refere às nomenclaturas na CID e no DSM. Com
relação à CID-10 (OMS, 1993), observa-se atualmente a descrição de três quadros
ansiosos específicos para a infância: transtorno de ansiedade de separação na infância,
transtorno de ansiedade fóbica na infância e transtorno de ansiedade social na infância.
Modificações relevantes, no entanto, somente tornaram-se presentes na versão mais
recente do DSM. Os TAS diagnosticáveis pela primeira vez na infância foram
incorporados à categoria dos transtornos ansiosos. Neste caso, os critérios diagnósticos
são praticamente os mesmos encontrados em adultos.

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3. Epidemiologia

Poucos estudos epidemiológicos têm sido publicados e a maioria contém limitações


metodológicas e vieses, logo dados são escassos. O TAS tem um início prematuro, o pico
de início é entre os 7 e 9 anos de idade (Costello & Angold, 1995). A prevalência é de
3%-5% em crianças e adolescentes, e decresce com o aumento da idade (Costello &
Angold, 1995). Em um estudo de pesquisa de comorbidade nacional recentemente
publicado, Kessler et al (2011) descobriu que os transtornos de ansiedade são os tipos de
transtornos mais comuns de maneira geral (seguido de transtornos de comportamento,
humor, e transtornos por uso de substâncias), e que o TAS era o transtorno de ansiedade
mais comum em crianças, mas apenas o sétimo mais comum durante a vida por ser
frequentemente solucionado antes da adolescência. O TAS subclínico é muito mais
comum. Um estudo estimou que 50% das crianças de 8 anos de idade sofreram de
sintomas de TAS que não causaram comprometimento significante. Alguns
investigadores sugerem que o TAS, nos EUA, pode ser ligeiramente mais comum em
mulheres, afro-americanos e famílias com baixo status socioeconômico.

 Idade de início e curso

Os sintomas de ansiedade de separação dos pais ou de entes de maior apego são marcos
do desenvolvimento normais em crianças.

Sofrimento de separação de entes próximos nas crianças é um dos comportamentos


evolutivos mais fortemente preservados (Shear et al, 2006). Sintomas de ansiedade da
separação usualmente têm pico entre nove e treze meses de idade, decrescem usualmente
depois dos dois anos de idade, com aumento dos níveis de autonomia por volta dos três
anos de idade. Sintomas de ansiedade de separação podem aumentar novamente a partir
dos quatro aos cinco anos de idade, usualmente quando a criança inicia a escola (Costello
et al, 2005; Mattis & Pincus, 2004; Krain et al, 2007). A presença de um transtorno de
ansiedade em um dos pais facilita a persistência de ansiedade de separação normal (via
transmissão genética e pelo fato de pais ansiosos poderem reduzir as oportunidades de
separações, diminuindo a chance de melhora). Pelo fato de os sintomas de ansiedade de
separação serem parte do desenvolvimento normal antes dos cinco anos de idade, um
diagnóstico clínico de TAS é raramente justificado antes disso.

Estudos longitudinais mostram que TAS infantil pode ser um fator de risco para outros
transtornos de ansiedade; aumenta especificamente o risco de transtorno do pânico e de

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agorafobia em adultos, principalmente por causa de suas similaridades clínicas
(Biederman et al, 2005). Isto é sustentado com base em estudos fisológicos, que mostram
uma sensibilidade aumentada à exposição a dióxido de carbono em crianças com TAS
assim como em pacientes com transtorno do pânico (Pine et al, 2000). Outros
investigadores sugerem que o TAS aumenta a vulnerabilidade para um amplo espectro de
transtornos de ansiedade e de humor.

Aproximadamente um terço dos casos infantis de TAS persiste na idade adulta se não
tratado. Uma criança com TAS pode significativamente limitar suas interações de grupo,
o que pode levar a um comprometimento nas funções sociais e isolamento quando adultos
(ex.: permanecendo solteiro ou experimentando conflitos conjugais) (Shear et al, 2006).
De acordo com o ‘Child/Adolescent Anxiety Multimodal Study’ – estudo multimodal de
ansiedade da criança e do adolescente (CAMS; ver sessão de tratamento abaixo),
preditores de remissão são: menor idade, status não minoritário, baixa gravidade da
ansiedade basal, ausência de outros transtornos internalizantes (ex.: ansiedade,
depressão), e ausência de fobia social.

O DSM-IV descreve o TAS como um transtorno da infância que raramente persiste na


idade adulta. Contudo, muitos estudos têm achado que a prevalência de TAS em adultos
é em torno de 6%, até maior que o TAS infantil. De acordo com um estudo, mais de 70%
dos casos adultos de TAS começam na idade adulta; então esta poderia ser uma condição
muito mais comum do que se imaginava anteriormente. (Shear et al., 2006).

4. Etiologia e Fatores de Risco

A etiologia de TAS é complexa e parcialmente desconhecida. Estudos demonstram que


ambos os fatores biológicos e ambientais exercem algum papel, fatores ambientais podem
ter uma influência mais forte em TAS do que em outros transtornos de ansiedade infantis.
A maioria dos fatores etiológicos propostos está mais associado com transtornos de
ansiedade em geral do que com TAS especificamente. Há um amplo consenso de que a
interação entre diferentes fatores, biológicos e ambientais, aumenta o risco de transtornos
de ansiedade. Por exemplo, a interação entre uma mãe com pouca tolerância à ansiedade
e uma criança com inibição comportamental aumenta a probabilidade de resultar em
ansiedade na criança.

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Fatores Biológicos

 Genéticos

A herdabilidade do TAS varia de pouco para moderada de acordo com diferentes estudos.
Um estudo de larga escala com gêmeos sugeriu uma influência genética significativa para
TAS, apontando para herdabilidade em torno de 73% (Bolton et al, 2006). A maioria dos
estudos sugere que os transtornos de ansiedade ocorrem em famílias (Pine, 1999), e que
a pessoa pode herdar vulnerabilidade para qualquer transtorno de ansiedade mais do que
para um transtorno de ansiedade específico. Crianças com pais ansiosos têm cinco vezes
mais probabilidade de apresentar um transtorno de ansiedade. Alguns pesquisadores têm
relatado uma associação entre transtorno do pânico nos pais e TAS nos descendentes
(Biederman et al, 2004) embora isto não tenha sido confirmado.

 Psicológicos

Processos psicológicos tais como condicionamento ao medo consistem na essência dos


transtornos de ansiedade. Estes são produtos de genes e ambiente no funcionamento de
regiões do cérebro envolvidas nos circuitos do medo e da recompensa (amígdala, córtex
orbital frontal, e córtex singular anterior).

Disfunção em algumas áreas cerebrais

A amígdala é uma das principais áreas envolvidas na ansiedade (Beesdo et al, 2009).
Fatores Ambientais

Muitos dos fatores de risco ambientais derivam de estudos epidemiológicos transversais


(que não podem demonstrar a relação de causa-efeito) (Pine & Klein, 2008).

Relacionados com a família da criança

 Baixo calor emocional parental;


 Comportamentos parentais que desencorajam a autonomia da criança (ver
Ginsburg et al, 2004, para uma revisão). Pais superprotetores e muito envolvidos
parecem ser um fator de risco para TAS;
 Apego inseguro, acima de tudo da mãe. Um apego ansiedade-resistente está
associado com transtornos de ansiedade ( Warren et al, 1997). Crianças de mães
ansiosas frequentemente exibem ansiedade de separação (Beidel et al, 1997;

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Biederman et al, 2001), não apenas por causa dos medos das crianças com sua
própria segurança, mas também com a segurança da mãe após a separação;
 Discórdia parental severa;
 Separação ou divórcio;
 Doença física em um dos pais;
 Transtorno mental em um pai, como transtorno do pânico e de depressão maior;
 Pai que é egocêntrico, imaturo, instável ou com comportamentos antissociais.

Experiências precoces

 Eventos estressantes da vida são largamente associados com psicopatologia


pediátrica em geral;
 Envolvimento em um desastre maior ou crime;
 Exposição à violência doméstica;
 Pais perderem emprego;
 Nascimento de um irmão.

Características e temperamento da criança

 A Inibição Comportamental reflete uma tendência consistente para demonstrar


medo e retirada em situações não familiares que a criança tenta evitar. Crianças
comportamentalmente inibidas são introvertidas, facilmente envergonhadas ou
socialmente evitativas. Isso é usualmente evidente a partir dos dois anos. Estas
crianças são mais propícias do que aquelas não inibidas para exibir níveis
significativos de ansiedade de vários tipos, incluindo TAS (Kagan et al, 1988;
Biederman et al, 1993; Anthony et al, 2002);
 Baixa tolerância à humilhação;
 Medo de falhar;
 Depressão;
 Gênero. O sexo feminino tem maior tendência para a maioria dos transtornos de
ansiedade.

Relacionados à escola

 Sofrer bullying;
 Falha em apresentar um nível esperado em provas, esportes e outras atividades
acadêmicas.

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5. Classificações

De acordo com o DSM-IV-TR (APA, 2000), são classificados como transtornos de


ansiedade: o ataque de pânico; o transtorno de pânico com ou sem agorafobia; as fobias
específicas e fobia social; o transtorno obsessivo-compulsivo; o transtorno de ansiedade
generalizada; o transtorno de estresse pós-traumático; o transtorno de estresse agudo; o
TA devido a uma condição médica, induzido por alguma substância ou sem outra
especificação. Tanto a criança quanto o adolescente podem receber qualquer um destes
diagnósticos (Spence & cols., 2001). O Transtorno de Ansiedade de Separação é o único
definido como exclusivo da infância e adolescência (APA, 2000).

 Transtorno de ansiedade generalizada

É caracterizado por apreensão ou preocupação excessiva com múltiplas questões do dia-


a-dia. Pacientes com TAG também podem apresentar tensão muscular, hiperatividade
autonômica, nervosismo, dificuldade de concentração, irritabilidade, distúrbios de sono,
sudorese, náuseas, diarreia, cefaleia e respostas exageradas de sobressalto a estímulos
geralmente inócuos, como o barulho.6 Para o diagnóstico, é requerido que os sintomas
estejam presentes na maior parte do tempo, por, pelo menos, alguns meses.

 Transtorno de pânico

Ataques de pânico recorrentes, inesperados, não relacionados a estímulos ou situações


específicas, são característicos. Um ataque de pânico é um episódio súbito de intenso
temor ou apreensão, acompanhado de diversos sintomas, como palpitações, sudorese,
tremores, falta de ar, precordialgia, tontura, calafrios, ondas de calor e medo intenso da
morte. Normalmente, o pico de intensidade ocorre em dez minutos, não durando mais do
que vinte ou trinta. A frequência e a gravidade dos ataques são variáveis, podendo ser
diários, semanais ou apenas alguns durante o ano. Os pacientes têm preocupação
persistente acerca da recorrência e consequência dos ataques ou adotam comportamentos
para evitar que eles aconteçam.

 Agorafobia

Caracteriza-se por temor ou ansiedade acentuados que ocorrem em diversas situações em


que o indivíduo acredita ser difícil escapar ou receber ajuda, caso necessário, tais como
usar transporte público, estar em multidões, estar sozinho fora de casa. Nessas situações,
o indivíduo fica temeroso de consequências negativas, como ataques de pânico ou

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sintomas físicos incapacitantes ou constrangedores. As situações são evitadas,
enfrentadas somente em ocasiões específicas (p. ex., estar acompanhado por alguém de
confiança) ou suportadas com medo e ansiedade intensos. Na tentativa de automedicação,
muitos pacientes terminam abusando de álcool e sedativos.

 Fobia específica

O que caracteriza a fobia específica é um excessivo e marcante temor ou ansiedade que


ocorre mediante a exposição ou antecipação da exposição a um ou mais objetos ou
situações específicas (p. ex., certos animais, viagens aéreas, alturas, espaços fechados,
sangue ou ferimentos). O temor é desproporcional ao perigo real, podendo, inclusive,
adquirir a intensidade de um ataque de pânico. Os objetos ou situações fóbicas são
evitados ou vivenciados com intenso medo. Indivíduos com fobia específica comumente
respondem com hiperatividade autonômica pela antecipação ou durante a exposição a um
objeto ou situação fóbica. Os que têm fobia do tipo sangue-injeção-ferimentos
frequentemente apresentam uma síncope vasovagal, manifestada por breve taquicardia e
elevação pressórica seguida por bradicardia e hipotensão.

 Transtorno de ansiedade social

O aspeto essencial é temor ou ansiedade acentuados e excessivos que ocorrem em


situações de interação social ou desempenho diante de outros. A preocupação do
indivíduo é de que sua maneira de agir ou o fato de transparecer ansiedade sejam
avaliados negativamente por outros. O temor é do constrangimento ou de avaliações
negativas e não da situação em si. Situações sociais relevantes são evitadas ou
experienciadas com intenso medo ou ansiedade. Pode surgir após uma experiência
estressante ou humilhante ou desenvolver-se lentamente.

 Transtorno de ansiedade de separação

É caracterizado por excessivo temor ou ansiedade relacionados à separação de figuras de


apego. Em crianças e adolescentes, a ansiedade é direcionada a cuidadores, pais ou outros
membros da família. Em adultos, o foco é, normalmente, para parceiros ou filhos. As
manifestações do transtorno podem incluir preocupação com o bem-estar ou a morte das
figuras de apego e a necessidade de sempre estarem em contato com elas. Além disso,
temem que algo aconteça com eles próprios e os impeças de estarem com seus entes
queridos. Também, são relutantes a saírem ou viajarem desacompanhados, e, no caso de

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crianças, a permanecerem em um local sozinhos, inclusive em casa. Cefaleia, dor
abdominal, náuseas, vômitos, tontura, palpitações, sensação de desmaio são frequentes,
quando da separação ou na iminência desta. O início do transtorno pode ocorrer em idade
pré-escolar e em qualquer momento da infância e mais raramente na adolescência.

6. Manifestações Clinicas

Transtornos de ansiedade são provavelmente a psicopatologia mais comum na juventude,


com prevalência estimada variando de 5% a 25% mundialmente, sendo que apenas uma
percentagem bem menor recebe tratamento (Boyd et al, 2000; Costello et al, 2003).

O Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) computa aproximadamente metade dos


encaminhamentos entre todos transtornos de ansiedade (Cartwright-Hatton et al, 2006).
A maioria dos transtornos de ansiedade pediátricos possuem os mesmos critérios
diagnósticos que em adultos, exceto TAS, atualmente classificado pelo CID ou DSM
como um dos transtornos frequentemente diagnosticados na infância ou adolescência
(Krain et al, 2007).

O TAS é caracterizado como uma reação anormal a uma separação de um ente bem
próximo, separação esta que pode ser real ou imaginária, e que interfere
significativamente nas atividades diárias e no desenvolvimento do indivíduo. Para se
enquadrar nos critérios diagnósticos do DSM-IV-R, a ansiedade deve estar além do
esperado para o nível de desenvolvimento da criança, durar mais de quatro semanas,
começar antes dos 18 anos e causar sofrimento ou prejuízo significativos (American
Psychiatric Association, 2000).

O TAS pode causar marcado sofrimento e prejuízo podendo, também, levar a várias
consequências psicossociais, e é preditivo de transtornos psiquiátricos adultos,
especialmente transtorno do pânico. Apesar disto, o transtorno raramente tem sido
estudado, e crianças não são usualmente avaliadas clinicamente até o TAS resultar em
recusa escolar ou sintomas somáticos. Tratamentos eficazes disponíveis incluem
psicoterapia e medicações.

O TAS tem apresentação clínica heterogênea. O sintoma cardinal é um significativo ou


inapropriado sofrimento adquirido, ou medos irreais e excessivos, após a separação de
entes próximos (usualmente pais) ou até do lar (American Psychiatric Association, 2000).

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 Existem três características chaves do transtorno de ansiedade de separação:
 Medos excessivos e persistentes ou preocupações antes e no momento da
separação
 Sintomas comportamentais e somáticos antes, durante e depois da separação; e
 Evitação persistente ou tentativas de escapar da situação de separação.

A criança preocupa-se que algo ocorra aos seus pais (por exemplo, que eles desapareçam,
se percam ou se esqueçam dela) ou que ela mesma venha a se perder, ser raptada ou morta
se ela não estiver próxima a seus pais. Sintomas comportamentais incluem choro,
agarramento aos pais, queixas sobre separação, e procurar ou chamar pelos pais depois
deles terem partido. Sintomas físicos são similares àqueles comuns em um ataque do
pânico ou transtorno de somatização, tais como:

 Dores de cabeça;
 Dor abdominal;
 Desmaios, vertigens, tonturas;
 Pesadelos, dificuldades para dormir;
 Náusea, vômitos;
 Cãimbras, dores musculares;
 Palpitações, dor torácica.

Por causa destes sintomas físicos, TAS é uma causa frequente de abstinência escolar e de
múltiplas visitas ao médico da família ou pediatra para descartar um problema clínico. Os
sintomas aparecem apenas em dias de escola e usualmente desaparecem assim que os pais
decidem que a criança ficará em casa. A apresentação clínica difere de acordo com idade
do paciente.

Crianças mais novas descrevem ter pesadelos sobre temas de separação mais
frequentemente do que crianças mais velhas. Também, em comparação com adolescentes,
crianças geralmente mostram mais frequentemente um sofrimento extremo após a
separação.

Elas frequentemente exibem comportamentos de oposição como temperamentos de


teimosia na situação de separação. Adolescentes com TAS têm queixas físicas mais
frequentes nos dias de escola.

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Situações em que os sintomas de ansiedade de separação podem aparecer são quando a
criança:

 É deixada na creche;
 Entra na escola;
 Pega o ônibus escolar;
 É orientada a ir para a cama;
 É deixada em casa com babás;
 Inicia o acampamento de verão;
 Muda o ambiente familiar;
 Passa uma noite fora de casa com amigos e parentes;
 Vivencia a separação dos pais ou divórcio.

Os sintomas de ansiedade de separação aparecem mais frequentemente em situações


como mudança de escola, início de um novo período escolar (depois das férias de verão,
ou ao iniciar o ensino médio), mudança de amigos, ao experimentar eventos adversos
como ser alvo de bullying, ou ao sofrer de enfermidade médica.

Os limites para a significância clínica dos sintomas variam de acordo com os fatores
culturais. Diferentes culturas têm diferentes expectativas sobre autonomia, nível de
supervisão, hábitos de sono, características do lar (ex.: disponibilidade de dormitórios,
tamanho da casa), e o papel dos pais no cuidado com as crianças (ex.: tomar conta das
crianças eles próprios ou deixar as crianças na creche) (Hanna et al, 2006).

7. Critérios de Diagnóstico CID-10

De acordo com a DSM-IV-TR (APA, 2000) os critérios diagnósticos para TAS incluem:

 Presença de pelo menos 3 dos 8 sintomas de ansiedade possíveis que aparecem


durante situações de separação (ex.: separação de casa ou de entes próximos
importantes, medo de se perder ou medo de um possível dano acontecer aos entes
próximos; relutância ou recusa em ir à escola, ou ficar sozinho ou ficar sem algum
ente próximo);
 Sintomas devem estar presentes durante as últimas quatro semanas, e devem
começar antes dos 18 anos de idade;

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 Sintomas causam pelo menos prejuízo moderado e não são melhor explicados por
outro transtorno psiquiátrico.

A maior modificação proposta pela DSM-V é que o TAS seja realocado da categoria
“transtornos usualmente presentes na infância ou adolescência” para a categoria geral de
“transtornos de ansiedade” junto com os outros transtornos de ansiedade que são
diagnosticados em crianças e adultos.

No CID-10, o TAS é chamado de “ansiedade de separação da infância”. Ele está incluído


na seção das “desordens emocionais com início específico na infância” que incluem
transtorno de ansiedade fóbica na infância e transtorno de ansiedade social na infância,
dentre outras.

O curso do transtorno costuma oscilar entre momentos de ansiedade em menor grau e


crônicos, com períodos de exacerbação em grau agudo. Comumente, estes momentos de
pico são acompanhados por alterações importantes na vida da criança ou do adolescente,
tais como mudança de escola ou doença na família (Suveg & cols., 2005).

Dados coletados em amostras comunitárias mostram que o transtorno de ansiedade de


separação é um dos quadros clínicos mais frequentes dentre os transtornos de ansiedade
(Costello, 1989; Prior & cols, 1999; Beidel & cols., 1999), com a prevalência variando
entre 3 a 5 % em crianças (Beidel & cols., 1999) e 2 a 4% em adolescentes (Prior & cols.,
1999). Não há um consenso a respeito da prevalência entre gêneros. Muito embora um
número significativo de estudos tenha encontrado uma maior frequência no sexo feminino
(Costello, 1989; Last & cols., 1996), outras pesquisas não apontaram para esta diferença
(Bernstein & cols., 1996; Francis & cols., 1987).

Alguns estudos relataram uma associação entre condições socioeconômicas


desfavoráveis e transtorno de ansiedade de separação (Francis & cols., 1987; Last & cols.,
1996), sugerindo que 50 a 70% das crianças com ansiedade de separação encontram-se
em famílias de baixa renda (Last & cols., 1996; Vélez, Johnson & Cohen, 1989).

8. Comorbilidade

Transtornos de ansiedade infantis são frequentemente comórbidos entre si e com outras


formas de psicopatologia. Logo é comum que crianças com TAS também se apresentem
com outros transtornos de ansiedade ou outras condições como depressão ou transtornos
disruptivos (Krain et al, 2007). Em comparação com crianças com ansiedade generalizada

17
e fobia social, crianças com TAS mostram mais frequentemente outros transtornos de
ansiedade, aumentando a severidade no geral (Kendall et al, 2001); sofrem de fobias
específicas comórbidas mais frequentemente (Verduin et al, 2003); e são mais propícias
a evitarem a escola, resultando em abandono escolar (futoko no Japão).

Crianças com TAS apresentam mais frequentemente com:

 Depressão Maior (Angold et al, 1999);


 Transtorno Bipolar (Wagner, 2006); e
 Transtorno de hiperatividade e défice de atenção. Garotas com o subtipo desatento
de TDAH podem ter maiores índices de comorbilidade com TAS (Levy et al,
2005).
9. Tratamento (Médico e Psicológico)

Há múltiplas opções de tratamento para crianças e adolescentes sofrendo de TAS. O


clínico deve selecionar a opção terapêutica mais apropriada para cada paciente específico
depois de considerar fatores associados ao transtorno (severidade, duração, disfunção
devido aos sintomas), ao paciente e sua família (idade cronológica e de desenvolvimento,
conhecimento, preferências de tratamento, motivação familiar e disponibilidade, recursos
financeiros), e ao clínico (disponibilidade, habilidade e experiência). A maior parte da
informação sobre efetividade do tratamento se refere a tratamento não-farmacológico:
psicoeducação, manejo comportamental e diferentes formas de terapia cognitivo
comportamental. Portanto, essas devem ser a primeira escolha do clínico.

 Psicoeducação

Em todos os casos, é essencial que se construa uma boa aliança terapêutica entre o
paciente (e família) e o clínico. Isto é o melhor desenvolvido no contexto de
psicoeducação, o que é também fundamental em todos os processos de tratamento.

Educar a família e a criança (de acordo com a sua idade de desenvolvimento), eleva a
compreensão e a motivação. Entender a natureza da ansiedade e como foi experienciada
pela criança ajudará os pais e professores a simpatizarem com os esforços da criança. A
psicoeducação deve sempre cobrir:

 Ansiedade como uma emoção normal, em todos os estágios de desenvolvimento;


 Fatores que podem causar, disparar ou manter os sintomas de ansiedade;
 O curso natural do TAS;

18
 Alternativas de tratamento, incluindo as suas vantagens e desvantagens;
 Prognóstico.

Há um grande número de livros e muita informação (boa e ruim) na Internet sobre


transtornos de ansiedade. Alguns dos mais úteis são encontrados nos quadros laterais.
Manejo comportamental

O manejo comportamental é indicado em todos os casos. Consiste em informar os


membros da família e cuidadores significativos, sobre como manejar sintomas leves e
atitudes mal adaptativas como comportamentos evitativos ou erros cognitivos. Pode ser
o único tratamento requerido em casos de ansiedade de separação leve (o que geralmente
ocorre durante a pré-escola). Isto deve ser combinado com outras terapias se não há
melhora ou os sintomas são moderadamente severos, ou causam disfunção ou sofrimento
moderado.

O principal objetivo do manejo comportamental é providenciar para a criança um


ambiente flexível e de suporte para que ela supere seus sintomas de ansiedade de
separação.

O clínico pode recomendar aos pais:

 Ouvir os sentimentos da criança empaticamente;


 Manter a calma quando a criança torna-se ansiosa (para servir de modelo para o
comportamento da criança);
 Relembrar a criança que ela já superou situações de ansiedade similares
anteriormente;
 Ensinar técnicas simples de relaxamento como respiração profunda, contar até 10,
ou visualizar uma cena relaxante. Aprender como relaxar dá à criança um senso
de controle sobre seu corpo;
 Planejar transições, como chegar à escola pela manhã ou se preparar para dormir
à noite;
 Ajudar a criança a preparar uma lista de estratégias possíveis em caso da ansiedade
aparecer em situações “difíceis”;
 Apoiar a criança a preparar-se a retornar para a escola (longa abstinência pode
tornar o retorno para a escola mais difícil);

19
 Encorajar a participação da criança em atividades fora de casa, sem entes
próximos (promover exposição). Não deixá-la ficar em casa para evitar estresse
(não permitir evitação);
 Elogiar os esforços da criança (não somente os resultados) para lidar com os
sintomas (estimular repetidamente durante seu caminho para ter sucesso);
 Assegurar à criança/adolescente que os sintomas somáticos são indicadores de
problema que requerem atenção, não apenas um problema físico.

Intervenções no âmbito escolar

O médico pode recomendar que os professores:

 Iniciem um plano para promover o retorno da criança para a escola o mais rápido
possível;
 Mantenham reuniões frequentes com os pais para facilitar a colaboração em
estratégias que ajudem a criança a normalizar a escolarização;
 Avaliem a causa da recusa escolar da criança e a tratem (por exemplo, problemas
com amigos, o medo de um professor);
 Fiscalizem a chegada da criança à escola, de preferência a mesma pessoa o tempo
todo;
 Permitam um ente próximo para acompanhar inicialmente a criança;
 Permitam um dia escolar mais curto, e depois prolongando-o gradualmente;
 Identifiquem um lugar seguro onde a criança possa ir para reduzir a ansiedade
durante períodos de estresse;
 Identifiquem um adulto seguro para quem a criança possa pedir conforto em todos
os momentos, sobretudo durante os períodos estressantes;
 Promovam a prática de técnicas de relaxamento desenvolvidas em casa;
 Forneçam atividades alternativas para distrair a criança de sintomas físicos;
 Incentivem interações em pequenos grupos. Isso pode começar com apenas um
colega de classe. Com o tempo, a criança vai aumentando sua competência e o
grupo pode ser ampliado progressivamente. Providenciar assistência a essas
interações entre pares;
 Recompensem os esforços de uma criança;
 Permitam tempo extra para fazer a transição para diferentes atividades.

20
Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

Vários estudos randomizados controlados têm mostrado a eficácia de curto e a longo


prazo da TCC na melhoria dos transtornos de ansiedade na infância, incluindo TAS. TCC
é atualmente o tratamento com mais evidências embasando sua eficácia (Barrett et al,
1996; Kendall et al, 1997). Assim, tornou-se a TCC o tratamento inicial de escolha.

A exceção é quando os sintomas de ansiedade são muito graves para permitir o trabalho
com a criança em terapia. Nesse caso, a medicação ou ambos os tratamentos
simultaneamente estariam indicados. Existem vários manuais de programas de TCC, em
sua maioria baseados em princípios operantes clássicos e de aprendizagem social. A
duração da TCC depende da gravidade, de formato do tratamento e da resposta do
paciente.

Os alvos da TCC são:

 Ter uma visão sobre a presença e a origem dos sintomas de ansiedade;


 Controlar preocupações;
 Reduzir a excitação;
 Enfrentar as situações temidas.

Para atingir esses objetivos, a TCC geralmente inclui o seguinte:

 Psicoeducação;
 Reestruturação cognitiva (reduzindo o diálogo interno negativo e abordando os
pensamentos negativos, entre outras estratégias);
 Melhorar habilidades para resolver problemas;
 Treinamento de relaxamento (para tratar sintomas físicos);
 Modelagem;
 Manejo de Contingência;
 Exposição e prevenção de resposta.

TCC tipo acampamento

A TCC tipo acampamento é uma intervenção intensiva para meninas em idade escolar
com TAS entregues no contexto de um cenário do tipo acampamento de uma semana.
Um benefício potencial de uma abordagem de grupo baseada em campo para a TAS é a
incorporação do contexto social das crianças em tratamento (longe dos pais), permitindo
assim uma exposição mais naturalista em relação a situações de separação típicas, tais
21
como viagens de estudo em grupo, atividades e festas do pijama. O programa também
inclui pais, a quem os profissionais educam sobre o manejo dos sintomas de TAS. Um
ensaio clínico randomizado sugeriu reduções significativas na severidade do TAS e
ganhos do tratamento (Ehrenreich et al, 2008).

O papel da família na TCC

O envolvimento da família é essencial, pois muitas vezes os pais desempenham um papel


na manutenção dos medos de separação das crianças e devem apoiar o plano de
tratamento, aplicando consistentemente o manejo comportamental em casa. Alguns
programas, também com base na TCC, enfatizam o envolvimento da família, como a
Terapia de Interação Pais-Criança - Parent-Child Interaction Therapy (PCIT).

Terapia de Interação Pais-Criança (Brinkmeyer & Eyberg, 2003) foi adaptada para
crianças de quatro a oito anos com TAS (Choate et al, 2005; Pincus et al, 2005), mas
requer recursos consideráveis, muitas vezes não disponíveis em muitos serviços, mesmo
em países de alta renda. A PCIT tem três estágios:

 Interação dirigida as crianças: ensina os pais a serem calorosos e parabenizadores,


para promoverem sensação de segurança na criança a fim de facilitar a separação
dos pais;
 Interação dirigida à bravura: o terapeuta trabalha com ambos os pais e a criança
para desenvolver uma lista de situações nas quais a criança está com medo ou
atualmente evitando, por ordem de gravidade. A família cria uma lista de
recompensas para recompensar os esforços do filho;
 Interação dirigida aos pais: os pais aprendem a gerenciar o mau comportamento
da criança com base em princípios operantes de mudança de comportamento
(como consequências positivas e negativas consistentes). Além disso, os pais
aprendem a não reforçar os comportamentos ansiosos da criança, por exemplo,
não dando à criança mais atenção quando ela mata uma aula (Eisen et al, 1998).

Durante todos os três estágios, os pais são ativamente treinados sobre como aplicar as
habilidades. O treinamento pode acontecer através de um espelho unidirecional, usando
walkie-talkies ou um microfone e fone de ouvido. O aprendizado é medido pelo número
de vezes que os pais usam uma habilidade específica. Análises preliminares ainda não
publicadas em um estudo controlado para avaliar a eficácia de PCIT em crianças com

22
TAS sugerem uma melhora clinicamente significativa, com melhoria contínua ao longo
do tempo.

TCC para pré-escolares

A maioria dos programas de TCC são projetados para crianças com seis anos ou mais.
Hirshfeld-Becker et al (2010) examinaram a eficácia de um programa adequado para
crianças de 4 a 7 anos. A taxa de resposta foi de 69% (versus 32% nos controles) e os
ganhos foram mantidos durante o ano de acompanhamento. Também disponível para pré-
escolares é o programa CALM (Comer et al, 2012), uma forma de terapia de interação
pais-criança, para crianças de 3 a 8 anos com TAS, transtorno de ansiedade social,
ansiedade generalizada, ou fobias específicas. Um estudo controlado mostrou resultados
promissores do treinamento ao vivo com pais nesta população (Comer et al, 2012).

Tratamento Farmacológico

A medicação deve sempre ser utilizada em adição à intervenção comportamental ou


psicoterapia. A medicação não é geralmente recomendada como um tratamento de
primeira linha para o TAS. No entanto, é uma estratégia útil quando a TCC não atinge
resposta ou tem resposta parcial, ou quando a criança está significativamente prejudicada.
Nenhuma medicação foi aprovada especificamente para o TAS. No entanto, vários
medicamentos têm sido investigados para transtornos de ansiedade na infância, tais como
inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS’s), antidepressivos tricíclicos
(ATC’s), benzodiazepínicos, buspirona, inibidores da recaptação de serotonina e
noradrenalina (IRSN), propranolol, clonidina, antipsicóticos atípicos, anti-histamínicos e
melatonina. Todos os medicamentos devem ser iniciados, parados ou ajustados sob a
supervisão de um médico treinado.

ISRS’s (Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina)

Os inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS ou SSRI) são uma classe de


fármacos usados no tratamento de síndromes depressivas, transtornos de ansiedade e
alguns tipos de transtorno de personalidade.

Os ISRSs aumentam a concentração extracelular do neurotransmissor serotonina no corpo


e no cérebro. Sendo o efeito mais importante no cérebro. O grau de selectividade para
outros transportadores de monoaminas (como a dopamina ou noradrenalina) é variável,

23
embora a afinidade seja de forma geral desprezível, por tanto eles não aumentam a
concentração de outros neurotransmissores, diretamente.

Os ISRS incluem citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina,


sertralina e vilazodona. Embora tais fármacos tenham o mesmo mecanismo de ação,
diferenças em suas propriedades clínicas tornam a seleção importante.

Existem inúmeros ensaios clínicos randomizados avaliando a eficácia dos antidepressivos


em crianças e adolescentes com TAS, ansiedade generalizada e fobia social (Reinblatt &
Riddle, 2007). Nesses estudos, os ISRS’s tem provado ser eficazes e possuir um perfil de
efeitos adversos favorável. Assim, eles são considerados os primeiros medicamentos de
escolha em transtornos de ansiedade, incluindo TAS (Reinblatt & Riddle, 2007). Na
verdade, os ISRS’s podem ser mais eficazes em distúrbios da ansiedade do que na
depressão maior (Bridge et al, 2007). Apesar da evidência clínica, nenhum ISRS foi
aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de transtornos de
ansiedade em crianças e adolescentes. Assim, quando os médicos prescrevem um ISRS a
um doente com menos de 18 anos de idade com a TAS nos Estados Unidos, eles estão
fazendo isso “fora-de-bula” - a situação pode ser diferente em outros países (vários
ISRS’s são aprovados para o tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo.

10. Curso Clínico

Crianças e adolescentes com TAS tendem a interpretar as situações cotidianas como mais
ameaçadoras do que crianças que não apresentam este diagnóstico (Chavira & Stein,
2005). Aquelas com idades entre 10 e 12 anos, e adolescentes com TAS além de
interpretarem o ambiente como ameaçador, tendem a desenvolver pensamentos negativos
sobre si mesmos e sobre suas capacidades para lidarem com situações sociais (Spence &
cols., 2001).

O curso do TAS é variável e o prejuízo social tanto pode ser mantido pela adolescência e
vida adulta, como pode melhorar espontaneamente. Há um alto índice de comorbidades
entre TAS e outros transtornos, inclusive com Abuso de Substâncias quando o TAS se
torna crônico (Essau & cols., 2000).

A taxa de prevalência de TAS na população infanto-juvenil norte-americana se apresenta


em torno de 2,5%, sendo mais prevalente em meninas (Chavira & Stein, 2005). Dois
grandes estudos epidemiológicos da Alemanha encontraram que 0,5% das crianças e entre

24
2 e 4 % dos adolescentes tinham TAS (Essau & cols., 2000; Wittchen, Stein & Keessler,
1999).

Pesquisas epidemiológicas sugerem que o TAS pode ser mais frequentemente encontrado
em adolescentes do que em crianças (Chavira & Stein, 2005), com prevalência de 5% em
adolescentes com idades entre 12 e 18 anos (Costello & cols., 1999; Ferdinad & Verhulst,
1995).

Apesar da maior incidência acontecer por volta de 14 ou 15 anos de idade, o diagnóstico


pode se dar em qualquer idade, sendo relativamente comum em crianças com sete e 12
anos de idade (Chavira & Stein, 2005; Spence, 1998). Há evidências de que o início
precoce aumenta a probabilidade do quadro se tornar grave e crônico, havendo uma
abrangência maior de situações sociais temidas e um prognóstico menos promissor
(Chavira & Stein, 2005; Beidel & cols., 1999). Chavira & Stein (2005) identificaram a
depressão maior, o TAG, as fobias específicas e o TDAH como principais comorbidades
em uma amostra clínica.

A presença do TAS na infância e adolescência é um fator de risco para prejuízos


funcionais importantes no adulto (Chavira & Stein, 2005). Estudos prospectivos
mostraram que o adulto com histórico de TAS muitas vezes apresenta uma história de
fracasso escolar, acompanhada de baixa autoestima e solidão (Francis & cols.,1987). O
quadro na infância possui forte associação com outros transtornos de ansiedade,
depressão, abuso de substância e tentativa de suicídio na fase adulta (Chavira & Stein,
2005).

11. Prognóstico
O clínico deve questionar explicitamente sobre a presença deles no presente e no passado,
duração, frequência, como eles interferem nas atividades diárias, e que funções eles
podem estar exercendo na vida da criança. É importante também juntar informações sobre
o desenvolvimento dos primeiros sintomas de TAS ao longo do tempo, e avaliar suas
possíveis associações com transições maiores na vida ou eventos estressantes. Crianças
ansiosas tendem a relatar mais sintomas físicos, enquanto pais usualmente enfatizam os
comportamentos introvertidos. Se possível, é de grande ajuda para o clínico ver o paciente
em uma situação provocadora de ansiedade (i.e., entrando na escola). Frequentemente
crianças apresentam sintomas intensos de TAS no consultório médico quando são
requisitadas a se separarem de seus pais.

25
A ansiedade tem que ser relacionada exclusivamente com separação do lar ou dos entes
próximos, e o paciente deve ter pelo menos três dos seguintes itens:

 Sofrimento excessivo recorrente em situações de separação;


 Preocupação persistente ou excessiva de perda, ou de possíveis danos acometendo
importantes entes próximos (por exemplo: doenças, acidentes, morte);
 Preocupação excessiva ou persistente com um evento indesejado que levará à
separação dos entes próximos (por exemplo, perder-se ou ser raptado);
 Relutância persistente ou recusa de ir à escola, trabalho, ou outro lugar por causa
do medo de separação;
 Medo excessivo ou persistente ou relutância de estar sozinho ou sem os entes mais
próximos;
 Recusa ou relutância persistente para ir dormir sem estar perto dos entes próximos
ou de dormir longe de casa;
 Pesadelos recorrentes envolvendo tema de separação;
 Queixas recorrentes de sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de
estômago, náusea, ou vômito) quando a separação dos entes próximos ocorre ou
é antecipada.

Os critérios diagnósticos atuais tem sido criticados porque são restritos aos eventos
desagradáveis ocorrendo com a criança, falhando em capturar eventos desagradáveis com
os entes próximos que podem levar à perda, como preocupações de morte e estar
morrendo; há a necessidade de mais estudos para testar o ponto de corte das quatro
semanas, o qual é arbitrário.

12. Prevenção
 Desde cedo, diante dos afastamentos dos pais, estes devem sinalizar para onde
irão e quando devem retornar, porém, com uma certa “margem de erro”;
 Recomenda-se que a despedida seja algo natural;
 Alguns pais, em momentos de irritação, podem ameaçar o abandono do lar diante
do comportamento inadequado da criança visando a diminuição da frequência
deste. Em brigas conjugais, esta fala também é comum. Diante de crianças
ansiosas, então, não se recomenda este tipo de verbalização, pois ela provoca
ansiedade e deixa a criança alerta quanto à possibilidade deste perigo;

26
 Elimine estímulos ambientais que possam remeter aos perigos sociais: evite
assistir jornais diante dos filhos, supervisione o que estes estão vendo na internet
e também os assuntos das rodas de amigos;
 Trate de segurança, mas sem apavorar os filhos. Se você tem medo e se sente
inseguro quando sai de casa, tente não verbalizar suas fragilidades diante dos
filhos. Procure ajuda;
 Incentive o brincar, o contato com os colegas e o lazer;
 Diante do medo da criança ou adolescente, jamais afirme a sua invulnerabilidade
a eventos como doença, morte ou mazelas sociais, apenas mude o foco, apontando
as evidências que não favorecem o perigo.
13. Áreas De Pesquisa Futuras

Essas áreas tem cumprido uma importante função na prática do bem-estar psicológico,
são áreas que ainda estão sendo estudadas para o aumento do desenvolvimento dos
processos de tratamento aos pacientes com problemas mentais. Acredita-se que com o
nível de material disponível nessas áreas poderá proporcionar melhores métodos no
futuro para resolver e descobrir na visão geral em relação aos problemas mentais.

 Psiquiatria

Psiquiatria é a área da medicina destinada a cuidar de transtornos psicológicos e


comportamentais. O profissional desse setor precisa realizar seis anos de formação
médica e uma residência especializada por pelo menos mais três anos.

Além de atender a casos mais comuns de problemas psicológicos, como ansiedade e


depressão, o psiquiatra é responsável por avaliar e indicar tratamentos medicamentosos
para quadros de esquizofrenia, dependências químicas, bipolaridade e transtornos
alimentares.

 Psicologia

A psicologia é outro importante ponto de ramificação dos cuidados com a saúde mental
e que, muitas vezes, atua em parceria com a psiquiatria. Os psicólogos não têm formação
em Medicina, mas sim em Psicologia, e trabalham com um campo mais subjetivo de
estudo da mente humana.

27
Algumas vertentes de pensamento da psicologia abordam o inconsciente, tentando buscar
razões dentro dos pensamentos para corrigir transtornos comportamentais que um
paciente possa apresentar.

Formados em Psicologia costumam trabalhar em consultórios, mas também podem atuar


no setor de recursos humanos (RH) de empresas, no qual são responsáveis por manter
contato com os funcionários, estabelecendo melhorias no ambiente de trabalho e lidando
com contratações e demissões.

 Enfermagem psiquiátrica

A enfermagem psiquiátrica é um dos ramos que mais cresce na área dos cuidados com a
saúde mental. Segundo estimativa da OMS, faltarão cerca de 9 milhões de enfermeiros
para atender às necessidades globais até 2030, o que demonstra uma grande demanda no
setor.

O profissional de enfermagem especializado em psiquiatria ganha uma enorme gama de


áreas de atuação. Hospitais gerais, unidades básicas de saúde, centros psicossociais e
ambulatórios são algumas das opções para quem pretende seguir nessa carreira.

Os enfermeiros devem estar sempre ligados nas diretrizes dos ambientes de trabalho e
realizar trabalhos de assistencialismo médico para garantir o bem-estar geral de todos os
pacientes psiquiátricos. Em algumas clínicas, são os responsáveis por elaborar oficinas e
grupos de conversa para dar conforto aos enfermos.

 Terapia ocupacional

Quem trabalha como terapeuta ocupacional garante que os pacientes recebam toda a
atenção para recuperar as capacidades funcionais e sociais. Essa terapia serve como meio
para promover a saúde de pessoas com problemas de comportamento social ou
deficiências físicas, sensoriais ou motoras.

Para atuar nessa área, o profissional deve ter concluído a graduação em Terapia
Ocupacional e estar registrado no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional. Durante as sessões, os pacientes fazem exercícios para o corpo e a mente
para auxiliar o processo de cura.

28
Conclusão

Ao longo da história, as definições atribuídas aos transtornos ansiosos foram sofrendo


alterações. Como todo perfil psicopatológico, os transtornos ansiosos são conceitos que
tentam descrever através de linguagem objetiva uma determinada experiência subjetiva.
As modificações e revisões conceituais ocorrem na medida em que a compreensão sobre
o fenômeno a ser descrito é alterada (Bernstein & cols., 1996).

A perspetiva mais aceita atualmente é a de que os transtornos de ansiedade observados


na idade adulta podem ter seu início durante a infância e adolescência. (Alpert & cols.,
1994; Manfro & cols., 2002; Vasa & Pine, 2004). Esta modificação traz como principal
vantagem o estudo da evolução do quadro clínico da primeira infância à idade adulta,
através de pesquisas longitudinais (Bernstein & cols., 1996). A ideia de que existe uma
continuidade na presença dos transtornos de ansiedade da infância e adolescência para a
idade adulta só não se observa no transtorno de ansiedade de separação.

29
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