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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

A Bioética ......................................................................................................................... 5

Importância da Bioética .................................................................................................... 5

Princípios da Bioética ....................................................................................................... 6

Temas da Bioética ............................................................................................................ 7

Reprodução Humana e a Bioética .................................................................................... 8

Um Olhar Bioético Feminista Sobre As Novas Tecnologias Reprodutivas ................... 10

A Relação Médico-Paciente, Consentimento Livre E Esclarecido E Vulnerabilidade .. 12

Critérios De Elegibilidade E Normatização Da Família ................................................ 13

Manipulação Genética E Destino De Embriões ............................................................. 14

Aspetos Éticos da Tecnologia Médica............................................................................ 17

Conclusão ....................................................................................................................... 21

Bibliografia ..................................................................................................................... 22
Introdução

Essa primeira aproximação ao tema da ética implicada na assistência à reprodução


humana visa considerar a autonomia dos usuários dessas tecnologias biomédicas, por
meio de um diálogo real e claro com os profissionais de saúde que conduzem os
tratamentos. Diferentes indivíduos que realizam seu planejamento familiar e que
reconhecem nas tecnologias reprodutivas uma oportunidade para o desejo da procriação
apresentam modos de vida diversos, não cabendo ao profissional da saúde a aprovação
moral ou não de uma dada constituição familiar.

O olhar bioético é fundamental nesse processo por aproximar as decisões éticas no campo
da assistência reprodutiva aos direitos humanos fundamentais. A adoção de tecnologias
biomédicas deve estar comprometida com a promoção da autonomia e liberdade das
pessoas, e não com a manutenção de padrões morais hegemônicos e com a hierarquização
de valor instaurada na comparação entre seres humanos distintos entre si. Os
procedimentos de manipulação genética de embriões com a intenção de eliminação da
diversidade humana considerada indesejada merecem especial atenção dado seu viés
discriminatório e eugênico. Da mesma forma, a restrição do uso das tecnologias
reprodutivas a indivíduos que aderem à configuração familiar patriarcal e heterossexual
deve ser considerada criticamente, dado o caráter discriminatório do não reconhecimento
da legitimidade de famílias homossexuais ou formadas por mães solteiras. Por fim,
alertamos para a urgência de uma legislação que regulamente os procedimentos
envolvendo tecnologias reprodutivas e na qual os abusos sejam rechaçados e o respeito
aos direitos humanos resguardado.

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A Bioética

É uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando


os princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela Medicina ou
pelas ciências. A palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do grego
bios e significa vida no sentido animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida
pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto corpos), e ethos, que diz
respeito à conduta moral.

Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia,


o Direito e os campos da investigação ética para problematizar questões relacionadas à
conduta dos seres humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida.

O entendimento da abrangência da bioética – especialmente em seus diálogos com a


clínica e a saúde pública – depende, igualmente, do reconhecimento das relações que este
campo estabelece com outros dos saberes, especialmente a ética, a moral, a religião, o
direito, a ciência e a técnica.

Origem da Bioética

A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento


da Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida
humana e a promoção do conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas
(humanas e não humanas). A fim de evitar horrores, como os que foram vividos dentro
dos campos de concentração nazistas e de técnicas médicas que ferissem os princípios
vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o que está oculto na
pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida.

Importância da Bioética

A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura evitar
que a vida seja afetada ou que alguns tipos de vida sejam considerados inferiores a outros.
A Bioética discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias em suas mais
diversas problemáticas, passando pela necessidade de abortar-se uma gestação para retirar
tais células e pelos benefícios que os tratamentos obtidos por esse recurso podem
promover para as pessoas.

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Também é tratado por estudiosos de Bioética o respeito aos limites que devemos ter ao
lidar com animais, seja para o cuidado ou a alimentação, seja para a utilização comercial
deles, pois são seres vivos dotados de sentidos e capazes de sofrer.

Princípios da Bioética

Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro


princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que
utilizam cobaias quanto para as técnicas biomédicas e médicas que lidam diretamente
com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias éticas conhecidas e ganham um novo
contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.

Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer


dano intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga
formulação pode ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi
estabelecido como princípio bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert.

Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático,


em que se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e
Childress vão além, estabelecendo que tanto médicos quantos cientistas que utilizem
cobaias devem basear-se no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham),
visando a provocar o maior benefício para o maior número possível de pessoas.

Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper
a relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias
para com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o
responsável por si, e é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo
científico.

Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a
criar um mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar
submetida mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao
profissional devido ao seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional,
deve submeter-se à justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao
paciente."

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Temas da Bioética

A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma
dificuldade de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos,
três grandes áreas do conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência,
ela não pode se submeter à moral religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões
relativas à vida, principalmente a humana.

Alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode aparecer
sobre eles:

→ Médico e paciente x cientista e cobaia

É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a


solução principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas
decorrentes.

→ Eutanásia e suicídio assistido

A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de


alguém que, incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo.
Quando um animal de estimação tem uma doença crônica progressiva ou ficou
gravemente sequelado por algum mal, os veterinários podem dar a eles a eutanásia para
encerrar o seu sofrimento.

O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar
a própria vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento
do paciente. Peter Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha,
que, para Beauchamp e Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia,
para afirmar a necessidade de serem respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e
a necessidade de olhar-se para a dignidade de uma vida que não vale a pena ser vivida.

→ Aborto

Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a
Medicina afirma não haver ainda atividade cerebral e, portanto, há a ausência completa
de sentidos. O aborto, antes dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento
celular dentro de um corpo. Para discutir sobre isso, Singer parte das noções de

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consciência e de senciência (sentidos básicos e noção da presença no mundo pela dor e
pelo sofrimento).

→ Utilização de células-tronco

Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é


eticamente viável quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte
polêmica desse tema é a necessidade de efetuar-se abortos para conseguir a extração de
células de embriões. A eticidade do aborto, nesses casos, baseia-se nos mesmos princípios
discutidos no tópico anterior.

→ Direitos dos animais

Singer escreveu o livro Libertação animal, que, entre outras coisas, discute os direitos dos
animais. Os animais são providos de níveis de semiciência e, por isso, sofrem, sentem
dor, medo, fome etc. Isso é suficiente para notar que os animais não podem ser
indiscriminadamente utilizados pela indústria, tirando a dignidade de suas vidas. Singer
problematiza a alimentação humana que utiliza os animais como produtos e, mais
profundamente, introduz ao debate a utilização dos animais para testes científicos,
farmacêuticos e de cosméticos.

Reprodução Humana e a Bioética

"O objetivo da reprodução é a geração de novos indivíduos. Uma questão de extrema


atualidade é a caracterização do momento em que o novo ser humano passa a ser
reconhecido como tal. Atualmente podem ser utilizados dezenove diferentes critérios para
o estabelecimento do início da vida de um ser humano.

A bioética emerge como estratégia de garantia dos direitos humanos face ao horror do
holocausto e aos abusos da experimentação científica envolvendo seres humanos.
Originalmente, propôs como parâmetros éticos os princípios da autonomia, beneficência,
não maleficência e justiça, mas logo estendeu seu campo de regulação e crítica para a
consideração da vulnerabilidade de certos grupos populacionais à violação de seus
direitos humanos no contexto da assistência à saúde e da exposição ou limitação do acesso
às novas tecnologias.

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O exercício da medicina envolve, em grande parte, experimentação científica, sobretudo
nos casos em que propõe novas tecnologias para fins de viabilização de mudanças
inovadoras nas condições de vida e de saúde. Essas mudanças, operadas pela biomedicina,
visam inaugurar alternativas à vida e à saúde anteriormente não viáveis, mas tornadas
possíveis pelos avanços biotecnológicos. Nesse cenário, surgem diversas questões éticas,
sobretudo em relação aos critérios de acesso às novas tecnologias, mas também quanto
às repercussões que os avanços científicos impõem à vida e às experiências humanas.

A reprodução humana sempre foi uma experiência social regulada por práticas culturais
e históricas. Diferentes povos em diferentes momentos históricos adotaram estratégias
tanto para potencializar a fertilidade quanto para garantir que as relações sexuais não
acabassem necessariamente em procriação. Em meados do século 20, avanços
biomédicos desencadearam uma revolução na reprodução humana. A tecnologia
biomédica permitiu desvincular tanto a sexualidade da reprodução (pelo uso da pílula
anticoncepcional), quanto a reprodução humana do coito heterossexual (por meio das
novas tecnologias reprodutivas). Medicações hormonais sintéticas prescritas para fins de
regulação do organismo para a fertilidade, mas também as técnicas de manipulação de
material genético, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro, por exemplo,
permitiram a viabilização de concepções que não seriam consumadas senão por meio
dessas intervenções.

As novas tecnologias reprodutivas, nesse sentido, podem ser definidas como um


conjunto de procedimentos tecnológicos voltado para o tratamento de condições de
infertilidade e infecundidade, por meio de técnicas que substituem a relação sexual no
processo da concepção de embriões humanos.

Pode-se observar também uma polarização no debate público sobre a avaliação social das
novas tecnologias reprodutivas. Apesar de a mídia explorar com mais frequência os
aspetos positivos das tecnologias, também se veiculam valores negativos sobre os efeitos
desse avanço na medicina reprodutiva. Os avanços tecnológicos no campo da reprodução
humana são apresentados ora como conquista benéfica da biomedicina, por meio da
exaltação do poder médico na superação de entraves individuais para a consumação da
reprodução humana, ora como práticas de risco, sobretudo moral, sobre a família e a
ordem patriarcal. Abrangem também o tema da diversidade humana, já que o debate
muitas vezes vem acompanhado da sombra da eugenia na seleção de embriões.

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Questões éticas e de proteção aos direitos humanos fundamentais devem ser consideradas
nesse debate, no qual podemos destacar a contribuição dessas novas alternativas
terapêuticas para a manutenção de padrões morais hegemônicos em relação à ordem de
gênero e, mais especificamente, à família patriarcal. A consideração crítica dessas novas
tecnologias biomédicas a partir da perspetiva da Bioética feminista permitirá questionar
os limites da autonomia no acesso à assistência reprodutiva, sinalizando para a
necessidade da defesa dos direitos humanos como estratégia de enfrentamento do poder
de normatização disciplinar que a medicina pode impor aos corpos e costumes.

Em uma análise das sessões dessa resolução, percebe-se uma tentativa de balizar a
atividade médica quando da manipulação de gâmetas para fins reprodutivos. A utilização
de técnicas médicas para realização de procedimento de fecundação abriu uma série de
novas situações que impõem dilemas específicos, os quais demandam reflexão e
regulamentação ética para além dessa resolução. Diversos aspetos do uso das novas
tecnologias conceptivas, porém, encontram-se desfasados nesse documento, como a
assistência à reprodução para casais não-heterossexuais, a doação de embriões pré-
implantados para pesquisa científica e clonagem humana.

Um Olhar Bioético Feminista Sobre As Novas Tecnologias Reprodutivas

A expectativa social pelo cumprimento do papel da maternidade ganha nova força com a
disponibilização no mercado das novas tecnologias reprodutivas conceptivas.

Apesar de a reprodução assistida implicar em mediação tecnológica da reprodução


humana, persiste a ideia de que a maternidade promovida pelas tecnologias Bioética em
Reprodução Humana 65 reprodutivas seria natural, apenas com uma pequena
interferência da ciência. Assim, o fato de a maternidade se concretizar a partir de etapas
como concepção, gestação e parto parece chancelar a suposta naturalidade dos
procedimentos em reprodução assistida.

De acordo com Luna (2007), as técnicas de reprodução assistida teriam como objetivo a
produção do corpo grávido. Nesse sentido, o nascimento de um bebê não seria
necessariamente o foco dos tratamentos, mas sim a realização da gravidez. Para tanto,
uma série de procedimentos são necessários, a grande maioria deles executados no corpo
feminino: exames, remédios, ultrassonografia, aspiração folicular, fertilização e

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implantação no útero – muitos deles extremamente incômodos e doloridos, envolvendo
variados graus de risco. Nota-se, assim, que a medicalização da reprodução humana
incide particular e principalmente sobre os corpos das mulheres. Mais do que isso, essa
medicalização busca justificativa partindo do pressuposto de que a maternidade expressa
como desejo é algo destinado às mulheres como parte de sua própria natureza particular,
quadro no qual a medicina exerce o papel de intervir tecnicamente quando a natureza não
realiza a maternidade por si só.

Salienta-se, ainda, que aliada à compulsoriedade da maternidade se apresenta a


falibilidade das novas tecnologias reprodutivas, o que relança a mulher à vulnerabilidade
ao sofrimento psíquico quando a gravidez não se consuma por meio da reprodução
assistida. Predomina um silêncio sobre o alto índice de insucesso das tecnologias
reprodutivas, aliado à exaltação da tecnologia biomédica e à falsa ideia de que não haveria
impedimentos para a consumação da procriação.

Apesar de a intervenção tecnológica sobre a reprodução explicitar a não restrição dos


processos reprodutivos a uma suposta ordem natural, tende-se a atribuir naturalidade à
maternidade e mesmo à família que se visa constituir por meio da assistência reprodutiva.
Essa “naturalidade” do processo se reforça a partir do nascimento de um filho do próprio
sangue dos envolvidos, mesmo nos casos em que há doação de gâmetas. Contudo, esse
estatuto somente é reconhecido quando os procedimentos são realizados em um casal
heterossexual. Nesse sentido, a configuração familiar legítima e legitimada nesses
processos é a tradicional patriarcal, na qual não há espaço para a homoparentalidade ou
para mães solteiras. Nessa reprodução da ordem familiar patriarcal, a posição da mulher
como ser gestante e maternal se reforça pelo advento das tecnologias reprodutivas.
Explicita-se, assim, um processo de intensa intervenção médica com vistas ao
cumprimento de uma expectativa social sobre as mulheres, calcada na maternidade.

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A Relação Médico-Paciente, Consentimento Livre E Esclarecido E
Vulnerabilidade

Na reprodução assistida, a transferência do momento da fecundação do ambiente íntimo


domiciliar do casal para o consultório introduziu o médico como peça indispensável para
a procriação. Esse profissional está no cerne do atendimento aos usuários dessas novas
tecnologias reprodutivas conceptivas, sendo ele responsável pela avaliação diagnóstica
do casal, prescrição e avaliação dos exames e definição da forma de tratamento.

Há na relação médico-paciente uma assimetria de conhecimento e de poder na qual o


médico se constitui como a autoridade moral perante os usuários e responsável pelas
decisões éticas do tratamento. Essa situação pode comprometer a autonomia dos pacientes
quanto a suas próprias escolhas, já que todo o processo terapêutico é conduzido pelo
médico. Nesse sentido, para que os usuários de reprodução assistida tenham condições de
exercer sua autonomia por meio de suas escolhas reprodutivas, é necessário que essa
relação assimétrica seja atenuada ao máximo possível. Após constatada a necessidade de
utilização das tecnologias reprodutivas para realização do projeto reprodutivo do casal, é
fundamental que o médico lhes ofereça, de maneira clara e acessível, todas as informações
possíveis sobre as opções de procedimentos, o tempo necessário para fazê-los, os riscos
e benefícios destes, seus custos e as taxas de sucesso e fracasso do tratamento indicado.
Tais informações são essenciais para que os pacientes façam suas escolhas de maneira
livre e esclarecida, podendo inclusive desistir do tratamento de modo a resguardar sua
integridade física e psicológica.

O compromisso ético dos médicos com o resguardo dos usuários da reprodução assistida
não se encerra com o esclarecimento dos riscos dos procedimentos na assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido. Isso ocorre porque os usuários podem não ter
domínio das categorias médicas e dos procedimentos e efeitos destes sobre sua saúde.
Nesse sentido, o termo de consentimento não é elemento suficiente para resguardar a
integridade dos usuários nem para garantir sua autonomia perante as escolhas a respeito
do tratamento. Mesmo após a assinatura do termo, os médicos ainda estão obrigados a
agir de modo a garantir a melhor terapêutica para os usuários, sem que estas lhes causem
qualquer malefício. Deste modo, ainda que o termo de consentimento opere como
elemento de distribuição da responsabilidade entre o médico e os usuários já que esses
concordam em realizar os tratamentos apesar dos riscos descritos, cabe à equipe médica
zelar integralmente pelo bem-estar dos pacientes em todas as etapas do tratamento.
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Critérios De Elegibilidade E Normatização Da Família

A popularização das tecnologias reprodutivas no Mundo se deveu à apropriação do seu


debate pela mídia, que tende a apresentar o tema de modo sensacionalista, idealizando os
feitos médicos e omitindo o alto grau de insucesso que os procedimentos apresentam na
efetiva consumação da procriação. O imaginário popular é o de que a medicina venceu as
limitações biológicas dos casais inférteis, havendo disponíveis no mercado alternativas
terapêuticas que garantem a realização do projeto reprodutivo de casais para os quais a
relação sexual não vinha viabilizando uma gestação. Aliada a essa idealização da
tecnologia biomédica comparecem também muitas alusões aos efeitos danosos dessas
novas tecnologias, tais como a seleção eugenista de traços genéticos de embriões, como,
por exemplo, o sexo, a viabilização de geração de descendentes biológicos de
homossexuais, a gestação em mulheres solteiras ou em idade avançada, entre outros.

A regulamentação do acesso às tecnologias reprodutivas conceptivas apresenta como


premissa moral a normalidade da família patriarcal. Mulheres solteiras e pessoas
homossexuais são considerados sujeitos inadequados para o acesso à assistência
reprodutiva, havendo uma polarização maniqueísta no debate sobre a qualidade das novas
tecnologias reprodutivas: se, por um lado, persiste a idealização da tecnologia biomédica
na pretensa superação de limites encontrados pelos casais heterossexuais em seu
planeamento reprodutivo, por outro vige a ideia de que pessoas homossexuais ou fora de
relacionamentos heterossexuais estáveis não estariam aptas a educar crianças.

A questão da elegibilidade dos beneficiários das tecnologias reprodutivas evidencia esse


pressuposto moral, já que se considera apenas casais heterossexuais inférteis ou
infecundos como possíveis beneficiários da reprodução assistida. Esse pressuposto moral
desconsidera o potencial transgressor que as novas tecnologias apresentam para a
moralidade heteronormativa vigente. Nesse sentido, a prática da reprodução humana
assistida tem mantido afirmações convencionais sobre a sexualidade, o gênero e a
reprodução, predominando a noção de que as tecnologias não mais que replicariam uma
suposta reprodução sexual natural e heterossexual. Um dos principais argumentos para a
normatização restritiva do acesso às tecnologias reprodutivas é o do risco para a criança
nascida por esse meio, mas o risco é o “de que outros arranjos familiares tenham acesso
à tecnologia reprodutiva e constituam famílias concorrentes à ‘família completa’”.

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Estamos em plena revolução na reprodução humana, sendo que as tecnologias genéticas
e de reprodução, implementadas atualmente, abalam as estruturas sociais fundamentais
Essas novas tecnologias reprodutivas trazem grandes desafios para a estrutura familiar
tradicional, que era supostamente natural mas que atualmente se torna possível apenas
pela intervenção biomédica, nos casos de infertilidade e infecundidade.

Não cabe, portanto, delimitar uma diferenciação entre reprodução natural e reprodução
artificial: diversas experiências de reprodução humana, atualmente, são mediadas
tecnologicamente, mesmo entre casais heterossexuais, e mesmo as experiências de
procriação não convencionais carregam a marca indelével da biologia humana e da
genética. No Brasil, por exemplo, houve o caso, amplamente noticiado pela mídia
impressa e virtual, de duas mulheres lésbicas que produziram uma gestação que abalou a
própria noção de maternidade. O óvulo de uma delas foi fertilizado in vitro por material
seminal adquirido em banco de esperma, tendo sido implantado o embrião no útero da
segunda mulher. Do ponto de vista médico, o bebê seria filho daquela que transmitiu a
carga genética; do ponto de vista jurídico, mãe é aquela que gestou o bebê. Esse é apenas
um exemplo de como as tecnologias reprodutivas permitiram a realização de novas
formas de constituição de linhagens familiares, apesar de ser um tema polêmico e que é
atravessado por discursos morais sobre o que haveria de ser uma família “normal”.

Na perspetiva dos direitos humanos, é fundamental resgatar o direito à constituição de


família como direito universal. A esse direito não caberiam exclusões, apesar de a família
patriarcal ser uma forma de constituição familiar hegemônica em várias sociedades. Isso
significa que as novas tecnologias reprodutivas abrem a possibilidade de constituição de
famílias para muitas pessoas que supostamente não teriam condições de procriar, e o
desafio contemporâneo é não tornar valores morais majoritários parâmetro para a
exclusão de determinadas pessoas do acesso à reprodução humana assistida.

Manipulação Genética E Destino De Embriões

A criação de técnicas que permitem a fecundação fora do corpo feminino inaugurou uma
série de novas situações para as quais a reflexão ética se mostra fundamental. Um dos
maiores desafios éticos das novas tecnologias reprodutivas diz respeito a pessoas e
embriões que não estarão envolvidos na configuração familiar viabilizada pela

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reprodução assistida. As questões da barriga de aluguel, dos doadores de esperma e dos
embriões excedentes e não implantados no útero merecem reflexão.

De acordo com a Resolução 1358/92 do Conselho Federal de Medicina, é proibida a


prática de doação temporária do útero, popularmente conhecida como “barriga de
aluguel”, salvo quando a doadora mantiver parentesco de até segundo grau com a mulher
impedida de gestar o bebê em seu próprio útero. Essa restrição não se fundamenta apenas
em questões de incompatibilidade orgânica, mas sobretudo visa coibir o uso instrumental
do corpo feminino com fins comerciais. Dessa forma, é proibida a prática de
comercialização do útero para fins de gestação de um embrião gerado por meio de
fertilização in vitro.

Essa prática, no entanto, é corriqueira no País, e uma rápida busca pela ferramenta Google
a partir do termo “barriga de aluguel” denuncia que muitas mulheres se disponibilizam a
alugar o útero a terceiros em troca de dinheiro. Essa é uma situação que vulnerabiliza
tanto a mulher doadora do útero quanto o casal que busca formas de consumar o seu
desejo procriativo. A mulher doadora se encontra em situação de assimetria de poder, já
que sua disponibilidade tem fundamento na dificuldade econômica, e também porque
quando o acordo sobre a gestação é realizado ela não pode prever a repercussão emocional
que a experiência da gestação irá ter sobre seus projetos de vida. Por outro lado, o casal
que doou material genético para a fecundação do embrião, ao se expor a uma prática
ilícita, não tem assegurado o direito ao acesso ao bebê após o nascimento, devendo
recorrer à Justiça. A manutenção da possibilidade de utilizar um útero temporariamente
doado para a reprodução assistida apenas em caso de parentesco próximo visa assegurar
que hajam laços entre todos os envolvidos, inclusive com a mulher que gestou o bebê em
seu útero.

A doação de gâmetas também não pode ter fins comerciais de acordo com a Resolução
1358/92 do Conselho Federal de Medicina. A norma determina que a identidade dos
doadores de gâmetas e receptores de material seminal ou ovular seja mantida em sigilo,
resguardando o anonimato dos envolvidos e prevenindo, assim, conflitos éticos que
poderiam emergir da disputa pela responsabilidade na concepção.

A fertilização in vitro (FIV) é o procedimento que propiciou o surgimento do embrião


extracorporal. Esta tecnologia permite a criação de embriões em laboratório para posterior
implantação no útero da mulher. Desse modo, pode-se identificar, em termos gerais, a

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FIV como procedimento que cria embriões fora do corpo feminino. Nesse processo,
recorrentemente são produzidos mais de quatro embriões por procedimento, quantidade
máxima estipulada pela norma médica para a implantação de embriões no útero com
segurança para a mulher e para os futuros fetos. O excedente não transferido para o corpo
feminino não pode ser destruído e obtém destinação a partir da decisão dos genitores.

Essa produção supranumerária de embriões visa cobrir possíveis falhas e perdas nas
diversas etapas que compõem os procedimentos de reprodução assistida. Devido à
impossibilidade de controlar esses eventos, a solução encontrada foi a superprodução de
óvulos – por meio da hiperestimulação ovariana – e de embriões. Esse processo, que visa
a ampliação da margem de sucesso do tratamento para engravidar, faz com que o
resultado dos procedimentos de reprodução assistida não seja somente a gravidez, mas
também um montante de embriões que precisam receber destinação. Dentre os destinos
possíveis atualmente para esses embriões excedentes está o congelamento em tanques de
nitrogênio líquido, a doação para pessoas usuárias da reprodução assistida e a sua
utilização em pesquisas científicas envolvendo células-tronco embrionárias.

De acordo com a Resolução CFM 1358/92, os embriões excedentes produzidos a partir


de FIV não podem ser eliminados ou destruídos, sendo os laboratórios obrigados a mantê-
los congelados por tempo indeterminado caso os genitores não lhes dêem outra
destinação. No momento da coleta de gâmetas para fertilização, os genitores são
chamados a explicitar qual destino deve ser dado aos embriões extracorporais
supranumerários em caso de doença grave ou falecimento de uma das partes, ou divórcio.
Aos usuários, cabe também expressar o desejo pela doação dos embriões excedentes
criopreservados.

As tentativas de realizar procedimentos de reprodução medicamente assistida foram


iniciadas no final do século XVIII. Em 1978 estes procedimentos ganharam notoriedade
com o nascimento de Louise Brown, na Inglaterra, que foi o primeiro bebê gerado in vitro.

Os aspetos éticos mais importantes que envolvem questões de reprodução humana são os
relativos à utilização do consentimento informado; a seleção de sexo; a doação de
espermatozoides, óvulos, pré-embriões e embriões; a seleção de embriões com base na
evidência de doenças ou problemas associados; a maternidade substitutiva; a redução
embrionária; a clonagem; pesquisa e criopreservação (congelamento) de embriões.

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Um importante assunto, de crescente discussão ética, moral e legal é o aborto.
Independentemente da questão legal, existe nesta situação um conflito entre a autonomia,
a beneficência, a não-maleficência e a justiça da mãe, do feto e do médico. Os
julgamentos morais sobre a justificativa do aborto dependem mais das convicções sobre
a natureza e desenvolvimento do ser humano do que das regras e princípios.

Outra área bastante complexa é a que envolve casais homossexuais e reprodução. Casais
homossexuais femininos podem solicitar que um serviço de reprodução assistida
possibilite a geração de uma criança, em uma das parceiras utilizando sêmen de doador.
O médico deve realizar este procedimento equiparando esta solicitação a de um casal
heterossexual? Ou deve ser dada uma abordagem totalmente diversa? A própria questão
de adoção de crianças por casais homossexuais tem sido admitida em vários países.

Aspetos Éticos da Tecnologia Médica

Os avanços da tecnologia têm propiciado o desenvolvimento de equipamentos


progressivamente mais desenvolvidos que tem trazido na sua maioria, inequívocos
benefícios para os pacientes. Por outro lado frequentemente o avanço tecnológico traz
consigo problemas éticos. Isto é facilmente detetado em vários campos da medicina e cito
as técnicas de fertilização in-vitro, as alternativas de manipulação genética e os avanços
na área dos transplantes como exemplos de áreas que estão provocando grandes
discussões éticas nos dias atuais. O avanço da tecnologia não traz somente problemas
éticos em nível individual. Como na maioria das vezes estamos tratando de
procedimentos complexos, é inevitável que eles se tornem caros. Neste sentido estes
avanços nos remetem para uma discussão também relevante do ponto de vista coletivo:
princípio da justiça e sua aplicação na alocação de recursos escassos na área da saúde.

Devemos diferenciar a prática médica da pesquisa médica. A primeira representa as


intervenções planejadas visando somente o bem-estar do paciente ou cliente individual e
que apresenta uma razoável expectativa de sucesso. São estas as nossas ações do dia-a-
dia: tomamos decisões com relação à melhor estratégia de ação médica baseadas na nossa
experiência, que por sua vez está sedimentada no conhecimento adquirido através da
leitura de material científico ou do que captamos na nossa educação continuada ao
frequentarmos congressos, seminários cursos e conferências com especialistas de maior

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saber e experiência. Na maioria das vezes utilizamos práticas médicas validadas, ou seja,
práticas que são baseadas em procedimentos empíricos prévios.

Quando estes procedimentos não são realizados, estaremos nos referindo a práticas não
validadas, que deverão ser evitadas ao máximo, se não rejeitadas no início a não ser
quando somos forçado a improvisar uma solução inovadora para um caso incomum que
na maioria das vezes representa apenas a variação de um método já estabelecido. Por
outro lado, pesquisa médica pode ser definida como qualquer atividade planejada,
visando testar uma hipótese que permita que conclusões sejam tiradas e desta maneira
contribuir para um conhecimento mais generalizado. Para que uma pesquisa médica seja
caracterizada como tal, ela deverá seguir um determinado ritual que inclui a preparação
de um projeto de pesquisa, que deverá ser aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa
em seres humanos. Portanto nos é vedado que empreguemos em nossos pacientes novas
tecnologias que não foram prévia e formalmente pesquisadas e que, por conseguinte, não
podem ser rotuladas de práticas médicas validadas.

Segurança

O quesito segurança deve ser revisado examinando-se os projetos originais de pesquisa


publicados em periódicos cientificamente sérios. Qual o número de pacientes
examinados, como foram eles selecionados, foram àqueles resultados já reproduzidos por
outro grupo de pesquisadores, por quanto tempo foram os pacientes acompanhados para
se saber dos efeitos a longo prazo da nova técnica (se aplicável)? São estas algumas das
perguntas que deveremos fazer antes de introduzir e aceitar um novo procedimento como
rotina.

Eficiência e melhora em relação ao tradicional

A eficiência do novo método deverá ser avaliada pelos estudos clínicos em que esta
hipótese tenha sido testada. Frequentemente em primeiro lugar são publicados relatos de
caso que evidentemente não podem ser aceitos como evidência de que a nova técnica é
eficiente. Devemos avaliar os estudos controlados que podem ser abertos ou fechados
randomizados. Os primeiros se justificam em fases iniciais, quando queremos avaliar
segurança e já ter uma ideia da eficiência do método. Para se saber da sua real eficiência
é essenciais estudos controlados bem-feitos quando a nova técnica será comparada com
a já disponível. Para que um novo procedimento seja incorporado não basta que
diferenças “estatisticamente significantes” sejam os padrões de referência para a sua

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incorporação na nossa rotina médica. O seu custo direto e indireto representa um valor
aceitável em relação ao tradicional? Algumas vezes uma tecnologia de custo inicial alto
torna-se “barata”, quando analisamos os custos envolvidos com aquela doença sem se
utilizar a tecnologia inovadora.

Os dias de hoje também trazem um outro tipo de problema gerador de custos altos no
exercício da profissão: a chamada medicina defensiva por vezes está pressionando os
médicos a utilizarem procedimentos tecnologicamente complexos, que numa situação
clínica normal não seriam necessariamente empregados. Vários serviços de emergência
nos Estados Unidos foram fechados por não poderem arcar com os custos altíssimos de
uma medicina defensiva levada, talvez, ao seu exemplo mais dramático.

Utilidade

A nossa preocupação primeira sempre deve ser o bem do paciente. Na literatura bioética
esta preocupação está incorporada dentro do chamado princípio da beneficência. É claro
que ao buscarmos o bem algumas vezes provocamos de maneira não intencional dano aos
nossos pacientes. O termo utilidade refere-se à relação risco ou dano/ benefício inerente
ao ato médico.

Os fatores relacionados ao numerador da relação podem ser dependentes do método ou


do operador. Experiências em animais e estudos controlados já nos darão uma idéia dos
riscos relacionados com o procedimento propriamente dito. A variável humana da relação
nos preocupa sobremaneira neste momento. Observamos que técnicas complexas estão
sendo realizadas por alguns profissionais, que não investiram o seu tempo num
treinamento formal que os habilite a utilizar a nova técnica com competência. Por outro
lado existe uma pressão muito forte por parte da indústria de equipamentos médicos para
que novos instrumentos, ainda não suficientemente testados, sejam incorporados à rotina
dos centros de diagnóstico e tratamento.

Repercussões sociais

Ao introduzir um novo procedimento médico um outro tipo de consideração deve também


ser feita. Quais as repercussões sociais do novo método? Podemos examinar esta questão
à luz do princípio da justiça. Será o bem proveniente da nova técnica empregada de
maneira igualitária em toda a população ou será empregada uma estratégia de mercado
em que somente os mais abastados, que podem por ela pagar, terão acesso ao novo bem.

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É a meu ver eticamente incorreto usar a população pobre para adquirir a habilidade com
uma nova técnica, distribuindo dentro deste universo um maior valor agregado de riscos
e danos dentro da curva de aprendizado de uma nova tecnologia, para a partir do momento
da competência adquirida passar a oferecê-la somente aos que podem por ela pagar.
Também devemos ter em conta que os recursos para a gestão da saúde de qualquer nação
são finitos. Isto deve sinalizar de maneira bem clara que a prática da medicina baseada
em conhecimentos clínicos sólidos e na valorização correta dos achados de história e
exame físico são insubstituíveis para o exercício profissional realizado de uma maneira
custo-eficiente.

Acredito que a preparação de profissionais competentes, com tempo para atender seus
pacientes de maneira adequada e remunerados de maneira mais digna representa o melhor
investimento da nação para diminuir os custos da saúde. Neste contexto uma rede de
atendimento primária eficiente, com alto grau de resolutividade, permitiria que somente
chegasse aos centros médicos mais avançados casos mais complexos em que o uso da
tecnologia médica, tanto a tradicional como a mais moderna, está indicada para resolve-
los da maneira mais eficiente possível.

Início da Vida Humana

A seguir são apresentados alguns dos critérios utilizados para estabelecer o início da vida
de um ser humano.

Critério Início da Vida

 Celular Fecundação
 Cardíaco Início dos batimentos cardíacos (3 a 4 semanas)
 Encefálico Atividade do tronco cerebral (8 semanas)
 Neocortical Inicio da atividade neocortical (12 semanas)
 Respiratório Movimentos respiratórios (20 semanas)
 Neocortical Ritmo sono-vigília (28 semanas)
 "Moral" Comunicação (18 a 24 meses pós-parto)

O critério baseado na possibilidade de “comportamento moral” é extremamente


controverso, mas defendido por alguns autores na área da Bioética.

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Conclusão

Como conclusão é importante enfatizar que os novos tempos que vivemos já estão
exigindo que os profissionais da área médica sejam competentes não somente nas áreas
científicas e tecnológicas. A competência ética é uma necessidade atual e provavelmente
tornar-se-á progressivamente mais necessária à medida que os novos conhecimentos
científicos e tecnológicos evoluírem. As nossas sociedades corporativas não podem se
omitir desta realidade. Elas deverão se preocupar tanto com a qualidade dos egressos das
Faculdades de Medicina, bem como da valorização do título de especialista, mantendo
um alto princípio de qualificação profissional dos mesmos como com o oferecimento de
centros de treinamento qualificados e de educação continuada que contemple o avanço
científico, tecnológico e ético da prática médica.

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