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DO PORTUGUÊS
Unidade 3
Encontros vocálicos,
dígrafos e dífonos
Diretor Executivo
Gerente Editorial
ALESSANDRA FERREIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DÉBORA HRADEC
Débora Hradec
AUTORIA
ÍCONES
Para o início do
Houver necessidade
desenvolvimento
de apresentar um
de uma nova
novo conceito.
OBJETIVO competência. DEFINIÇÃO
Quando necessárias
As observações
observações ou
escritas tiveram que
complementações
ser priorizadas para
para o seu
NOTA IMPORTANTE você.
conhecimento.
Curiosidades e
Algo precisa ser indagações lúdicas
Unidade 3
melhor explicado ou sobre o tema em
EXPLICANDO detalhado. estudo, se forem
MELHOR VOCÊ SABIA?
necessárias.
Se houver a
necessidade de Quando for preciso
chamar a atenção fazer um resumo
sobre algo a acumulativo das
REFLITA ser refletido ou RESUMINDO últimas abordagens.
discutido.
Os encontros vocálicos...................................................................................... 11
Ditongos................................................................................................. 12
Tritongos................................................................................................ 17
Hiatos..................................................................................................... 18
Os encontros consonantais.............................................................................. 22
Dígrafos e dífonos.................................................................... 24
Considerações sobre os encontros consonantais no português europeu e
brasileiro............................................................................................................... 24
O dígrafo .............................................................................................................. 27
O dífono................................................................................................................ 30
Unidade 3
Palavras homófonas........................................................................................... 32
Os tipos de alofones............................................................................ 43
Neutralização e o arquifonema.............................................. 49
A presença da variações de fala no português............................................. 49
Arquifonema e neutralização........................................................................... 53
A línguas tonais................................................................................................... 57
APRESENTAÇÃO
os fatos em contexto, de acordo com aspectos idioletais e
socioletais presentes nos diversos países? Nesta unidade letiva,
você vai mergulhar neste universo do estudo dos sons. Para
nossas transcrições fonéticas, foi usado o padrão de falantes
do estado de São Paulo para comparações com outros estados.
Bom estudo!
Unidade 3
Unidade 3
muito relevante, devendo ser lembrada durante este estudo.
Quando falamos “mata e nata”, o “m” e o “n” são letras que
representam fonemas (/m/ e /n/) porque distinguem vocábulos.
Não bastam ser sons vocálicos diferentes para termos um
fonema; esses sons precisam marcar uma oposição. Isolado, o
fonema não apresenta significação própria, no entanto, é capaz
de diferenciar uma palavra da outra como em “mar”, “par”, “bar”
ou “bela”, “sela”.
Unidade 3
disponível no link aqui .
ACESSE
Os encontros vocálicos
Primeiramente, vamos lembrar que, além das vogais,
existem os “glides”, que são segmentos chamados de semivogais,
Ditongos
O ditongo é a combinação de uma vogal com uma semivogal
(glide), ou de uma semivogal (glide) com uma vogal numa mesma
sílaba. Comparando-se, com a vogal, a semivogal (glide) é menos
ouvida, tem menor intensidade do que a vogal. Exemplos de
ditongos incluem, entre outros:
EXEMPLO:
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Herói, moita, cai, mói, rei, pão, fui, quando, sério, sou.
Unidade 3
impedida pela úvula levantada e não chega às cavidades nasais,
ressoando só na boca. Na produção dos ditongos nasais, ocorre
o rebaixamento da úvula, e a corrente sonora consegue chegar
parcialmente às fossas nasais ressoando nelas. Se considerado
pelo ponto de vista da escrita, existem 17 ditongos decrescentes
e 13 crescentes, como pode ser visto no quadro a seguir.
EXEMPLO:
Unidade 3
Entre os ditongos crescentes, veja no quadro a seguir os
que são orais e nasais.
Quadro 2 – Ditongos crescentes orais e nasais
Tritongos
Os tritongos são o encontro de um som semivocálico (SV) com
um vocálico (V) e mais um som semivocálico (SV), sempre nesta
ordem, formando uma mesma sílaba, em uma só emissão de voz.
Figura 1 – Tritongos
SAGUÃO IGUAIS
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SV V SV SV V SV
Orais Nasais
Hiatos
Hiato é o nome atribuído ao caso em que há o encontro de
dois fones vocálicos juntos, mas pronunciados separadamente, o
que faz com que fiquem em sílabas diferentes em caso de divisão
silábica. O hiato apresenta duas vogais em uma só emissão de voz.
EXEMPLO:
Unidade 3
São exemplos de hiato entre duas vogais átonas:
EXEMPLO:
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diérese. A sinérese ocorre mais e era muito comum
nos poemas do século XVI. Observe um trecho de
um poema de Antero de Quental que ilustra este
processo. No terceiro verso, o hiato é transformado
em ditongo para que, ao pronunciarmos, a métrica
seja preservada, promovendo a igualdade isométrica
(igualdade nos números de sílabas poéticas).
À Virgem Santíssima
Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia
(...)
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...
(...)
Na contagem das sílabas poéticas, há dez sílabas
em cada verso:
não/ e/ra o/ vul/gar/ bri/lho/ da/ be/le//
nem/ o /ar/ dor/ ba/ nal/ da/ mo/ ci/ da//
e/ra ou/ tra/ luz/ e/ra ou/ tra/ sua/ vi/ da//
que a/ té/ nem/ sei/ se as há/ na/ na/ tu/ re/ za//
Unidade 3
os encontros consonantais e os encontros
vocálicos, como ditongos, tritongos e hiatos.
Considerações sobre os
encontros consonantais no
português europeu e brasileiro
Já sabemos que as línguas apresentam características
Unidade 3
Unidade 3
Alguns dialetos brasileiros têm características fonológicas
mais próximas às do português europeu. Os dialetos fluminense
e florianopolitano, em particular, têm uma redução de vogais
maior (assim como quase toda fala vernácula tem comparada
à formal), e o dialeto fluminense tem uma tolerância maior ao
pronunciar róticos em fim de sílaba (representados por “R”).
O dígrafo
Aqui, nosso estudo não é da forma escrita e sim do som.
Portanto, vimos que o encontro consonantal para a Fonologia
é quando dois sons consonantais ficam juntos em uma palavra
mantendo o som original em cada um deles.
Quadro 6 – Sons das consoantes do português brasileiro
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Fonte: Ivo (2019, p. 9).
Os dígrafos consonantais são “xs, xc, sç, sc, ss, rr, nh, lh, ch”.
Em palavras em que o “m” e o “n” aparecem depois de vogais,
como em “faminto, tampão, encontrar”, os “am-, em-, en-, in-,
on-, um-” só servem para nasalizar a vogal anterior, não são
Fonte: Freepik
Unidade 3
Assim, para a Fonologia, um dígrafo não é um encontro
consonantal, pois representa um só fonema. Os grupos
grafados em “gu”, “qu”, “sc” e “xc” não são dígrafos em palavras em
que as duas letras são pronunciadas como em: “agudo, aguenta,
aquático, frequente, escada, exclama”. Ao fazer a divisão silábica
da forma escrita, há cinco dígrafos inseparáveis e cinco outros
separáveis como mostra o quadro a seguir.
Quadro 8 – Dígrafos separáveis e não separáveis
O dífono
Assim como existem no português duas letras consonantais
representando um só som, ou seja, o dígrafo, há também o caso
de dois fonemas representados por uma única letra, o dífono.
No português, o único dífono existente é representado pela letra
“x” na escrita, quando resulta em dois fonemas ao pronunciar.
EXEMPLO:
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Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Fonte: Freepik
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gosto (substantivo)/ gosto (verbo)
olho (substantivo)/ olho (verbo)
seca (adjetivo)/ seca (verbo)
sobre (preposição)/ sobre (verbo)
torre (substantivo)/ torre (verbo)
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que você realmente entendeu o tema de estudo
IMPORTANTE deste capítulo, vamos resumir algo do que vimos.
Você deve ter compreendido um pouco mais sobre
os encontros consonantais do português no Brasil
e na Europa, além de estudar os dígrafos e dífonos,
com exemplos. Ao final, você aprendeu a diferença
entre homógrafas, homófonas e homônimas.
A fonêmica e os alofones
Para falar de alofones, temos que falar novamente de
algumas premissas que definem a fonêmica, como o fato
de que os sons têm a tendência de serem modificados pelo
contexto em que se encontram. Os sistemas sonoros tendem a
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Fonte: Freepik
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Os alofones são previsíveis se considerados os contextos
de formalidade ou das localidades de um país como o Brasil e
podem, portanto, ser descritos por meio de regras fonológicas.
Por exemplo, temos as palavras “desmotivado, desumano e
descontente”, todas apresentando o prefixo “des-“. Dependendo
do contexto fonológico, o prefixo representado usando o fonema
/s/, ou pode ser realizado de formas diferentes como: /dʒiz.mo.tʃi.
vˈa.dʊ/, /de.zu.mˈə.nʊ/ e /dʒis.kõ.tˈẽj.tʃi/, ou seja, /z/, /ʒ/ e /ʃ/ (três
possibilidades previsíveis), às vezes, em níveis subjacentes e as
vezes no nível mais superficial. Outro exemplo do fonema /s/,
usado alofonicamente, envolve quatro realizações fonéticas, como
[ʃ] em de[ʃ]cer, [ʒ] em ra[ʒ]go, [s] em [s]altar, e [z] em o[z] olhos.
EXEMPLO:
/S/
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como uma lateral alveolar (ou dental) velarizada [ɫ].
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Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais (2008, p. 1-2).
Os tipos de alofones
Os alofones podem ser classificados de três formas:
livres, estilísticos e posicionais. Veja no quadro a seguir suas
características.
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Alofonia lateral de variação livre
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Figura 9 – Alofones róticos de variação posicional
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idiossincrasias, ninguém fala igual a ninguém, graças à influência
de fatores linguísticos e extralinguísticos nos mais diversos
níveis, na sintaxe, na fonética e fonologia etc. O dialeto altera o
nível fônico em cada falante, em razão das alterações nos fones.
A variação fonética varia conforme aspectos articulatórios, níveis
de transmissão e audição dos sons. O estudo da articulação
dos órgãos fonadores chama-se fonética articulatória, e para
representar a pronúncia do som, usamos o alfabeto fonético.
A representação do som consideradas as variações contextuais
é feita entre colchetes, e os fonemas são representados entre
barras oblíquas.
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Fonte: Wikimedia Commons
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neutralização dos fonemas, como /s,z,Ʒ/ em posição final de
sílaba. Em português brasileiro, usamos o arquifonema com o
símbolo /S/, como em “Mês bonito /mezbu’nitʊ/ ou /meʒ bu’nitʊ/,
ou ainda, “Mês atrasado” /mezatra’zadʊ/ (SILVA, 2003 p. 162).
Arquifonema e neutralização
No Brasil, a neutralização ocorre sempre em consoantes
pós-vocálicas, como em /’paSta/. Como vimos, os arquifonemas
devem ser representados por maiúsculas, ou seja, /S/, /R/ e /N/.
Mas, temos que tomar cuidado, porque o arquifonema /R/ não é
o mesmo que o “R” forte / /.
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há uma neutralização fonêmica e, se isso acontece, temos que
usar um símbolo que represente essa perda da contrastividade,
que é o arquifonema.
A línguas tonais
Toda a língua verbal utiliza, em maior ou menor grau,
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alguma mudança de tom com a finalidade de expressar certas
informações paralinguísticas, como transmitir emoções, ênfase,
contraste etc.
Fonte: Freepik
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Fonte: Wikimedia Commons
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SILVA, T. C.; YEHIA, H. Sonoridade em artes, saúde e tecnologia.
Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Quadro fonêmico
do Português, 2008. Disponível em: https://www.cefala.org/
fonologia/arquivos/tb_quadro_fonemico_pt.pdf. Acesso em: 18
dez. 2022.