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LINGUÍSTICA

AVANÇADA
Patrícia Silva de Lira Lacerda Pinheiro
Linguística
Avançada
© by Ser Educacional

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PINHEIRO, Patrícia Silva de Lira Lacerda.

Linguística Avançada:

Recife: Grupo Ser Educacional - 2023.

XXX p.: pdf

ISBN: xxx-xx-xxxxx-xx-x

1. palavra chave 2. palavra chave 3. palavra chave.

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ACESSE
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complementam o
que merecem atenção.
contéudo.
ASSISTA OBJETIVO
Recomendação de vídeos Descrição do conteúdo
e videoaulas. abordado.

ATENÇÃO
OBSERVAÇÃO
Informações importantes
Nota sobre uma
que merecem maior
informação.
atenção.

CURIOSIDADES PALAVRAS DO
Informações PROFESSOR/AUTOR
interessantes e Nota pessoal e particular
relevantes. do autor.

CONTEXTUALIZANDO PODCAST
Contextualização sobre o Recomendação de
tema abordado. podcasts.

DEFINIÇÃO REFLITA
Definição sobre o tema Convite a reflexão sobre
abordado. um determinado texto.

DICA RESUMINDO
Dicas interessantes sobre Um resumo sobre o que
o tema abordado. foi visto no conteúdo.

EXEMPLIFICANDO
SAIBA MAIS
Exemplos e explicações
Informações extras sobre
para melhor absorção do
o conteúdo.
tema.

EXEMPLO SINTETIZANDO
Exemplos sobre o tema Uma síntese sobre o
abordado. conteúdo estudado.

FIQUE DE OLHO VOCÊ SABIA?


Informações que Informações
merecem relevância. complementares.
SUMÁRIO
UNIDADE 1

Língua������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 12

Perspectivas estruturalista, distribucional, funcionalista e cognitivista


e as funções da linguagem���������������������������������������������������������������������������������12

Fala ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������15

Oralidade������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 17

Escrita������������������������������������������������������������������������������������������������������������������18

Discurso��������������������������������������������������������������������������������������������������������������19

Funções da Linguagem���������������������������������������������������������������������������������� 21
Apresentação
Oi! Tudo bem?

Te convido a fazer um percurso instigador pelo universo da


Linguística. Os temas que estudarás fazem parte da disciplina no-
meada “Linguística Avançada” e esse nome nos guia para estudos
mais à frente, mais aprofundados sobre as questões que envolvem a
linguagem, o discurso, o texto, o contexto e a enunciação.

Para que teus estudos sejam bem contemplados, será ne-


cessária a pesquisa, e indico que busques por sites acadêmicos,
nos quais encontrarás livros disponibilizados em PDF – quando de
domínio público –, artigos, monografias, dissertações e teses que
muito te auxiliarão na ampliação do conteúdo, pois trazem dis-
cussões acadêmicas na área e te indicam bibliografias. As referên-
cias são de extrema importância para um estudante, pois levam ao
aprofundamento do saber a partir da leitura nas primeiras fontes,
ou seja, nos autores basilares das teorias, que guiaram as discus-
sões que encontrarás nas produções acadêmicas que já citei acima e
que te nortearão em tuas produções, como a contextualizada, entre
outras produções acadêmicas que te serão necessárias no percurso
universitário, especialmente no futuro TCC.

Nesta unidade, abordaremos os conceitos de língua – fala –


discurso; o estudo da linguagem sob as perspectivas estruturalista,
funcionalista, cognitivista, distribucional, bem como as funções da
linguagem.

É necessário salientar que é uma unidade importante, basilar,


pois retoma estudos que já fizestes e que precisam ser rememorados
para seguirmos no aprofundamento do conteúdo geral da disciplina.

Com o aprofundamento desses temas, deverás refletir acerca


dos conceitos aqui tratados e pesquisar, fazer novas leituras, para
ampliar o teu conhecimento e amadurecê-lo academicamente.

Pois bem, iniciemos a nossa proposta!


Autoria
Patrícia Silva de Lira Lacerda Pinheiro.

Olá! Eu sou Patrícia Pinheiro, professora de línguas e de linguísti-


ca, apaixonada pela área. Graduada em Letras Português-Inglês e
Letras Português-Espanhol, pela Universidade Federal de Pernam-
buco – UFPE. Fiz meu Mestrado na Universidade Federal da Paraíba
– UFPB e pesquisei o ensino-aprendizagem de língua estrangeira,
no caso, Inglês, tendo como base as teorias de Saussure e de Gilles
Fauconnier.

A linguística, essa minha grande paixão, tem me guiado ao lon-


go de meu percurso acadêmico, tenha sido enquanto estudante ou
enquanto profissional. Passei por grupos de estudo e pesquisa, nas
áreas de línguas indígenas, produção da fala de bebês, dêiticos ges-
tuais e os processos de ensino-aprendizagem de língua.

Tenho atuado como professora, nas disciplinas que abordam os


processos de uma língua: históricos, morfológicos, sintáticos, se-
mânticos, bem como os processos que envolvem o discurso. Tenho,
nos dois últimos anos, trabalhado na gestão, como coordenadora de
curso, função essa que me oportuniza a visão interna da organiza-
ção de um curso universitário. Além disso, também tenho trabalha-
do, com a elaboração de conteúdo didático para cursos em EAD. Esse
último tem me trazido muita satisfação, pois a produção de conteú-
do é uma outra paixão.

Espero encontrar você em outra produção!

Currículo Lattes
1

Objetivos
UNIDADE
1. Desenvolver reflexão crítica.

2. Reestruturar as bases teóricas.

3. Fortalecer as relações entre os pontos de vista teóricos.


Introdução
Já se sabe que nesta unidade serão abordados conceitos e perspec-
tivas. É, portanto, necessário esclarecer que as duas palavras, em
destaque, aparecem dessa forma por haver conceitos e perspecti-
vas diferentes, ou complementares de acordo com a corrente teó-
rica anunciada. Essa colocação é de extrema relevância, pois não há
errado ou certo entre conceitos e perspectivas distintas, mas sim
olhares; pontos de vista.

Dessa forma, iniciamos o percurso da unidade 01 refletindo


sobre os conceitos de língua, fala, oralidade, escrita e discurso.

A linguística, enquanto ciência, bem se sabe, tem como agen-


da a natureza e as leis que regem a linguagem, ou seja, aquilo que
pertence ou é relativo à linguagem. Marcuschi (2011) trata das rela-
ções de fala e escrita, em uma série de vídeos do Centro de Estudos
em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco
(CEEL/UFPE), explicando a perspectiva teórica e as noções centrais
de fala, oralidade, escrita, língua, gênero, texto, multimodalidade,
entre outras tantas perspectivas (Fala e Escrita – Parte 01).

Para o autor, Marcuschi (2008, p. 64), “a língua é vista como


uma atividade, isto é, uma prática sociointerativa de base cognitiva
e histórica”, compartilhando, assim, a sua noção com a de Bakhtin.

Marcuschi afirma, como apresentado no infográfico abaixo,


que a fala e a escrita são representações da língua, possuindo, cada
uma delas, as suas próprias marcas, deixando bem claro que são
formas de organização dos discursos, de prática de interação e que
não concorrem entre si, pois são complementares.

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INFOGRÁFICO

Infográfico 1 - Relação: língua, fala, escrita

Fonte: A Autora (2023)

Então, para reforçar contigo a questão da conceituação de língua,


aqui, são apresentadas as colocações de Bagno, no glossário CEALE
– da UFMG – que traz uma série de termos de alfabetização, leitura
e escrita para educadores.

O autor traz a língua sob dois pontos de vista: um técnico-


-científico e outro sociocultural. No primeiro, a língua é vista como
um sistema constituído por módulos (fonético, morfossintático e
semântico), ou seja, a língua como estrutura e, claro, essa coloca-
ção te leva a Saussure – que foi apresentado, com certeza, em teus
primeiros estudos linguísticos. Já no segundo, a definição de língua
é vaga, “impregnada de mitos culturais e preconceitos sociais, de-
correntes de longos processos históricos, específicos a determinado
povo, nação ou grupo social.”

11
É possível, então, que já consigas perceber o que está no iní-
cio dessa nossa reflexão a respeito das conceituações e perspectivas
teóricas. Consegue-se notar a proximidade nas ideias passadas por
Marcuschi e por Bagno em relação à conceituação de “língua”.

Logo, será importante que procures, sempre, a reflexão e


ampliação dos estudos, a partir de leituras extras, que aqui estão
sugeridas em links importantes em relação ao conteúdo abordado.
Abaixo, segue o link para que amplies a leitura da conceituação dada
por Bagno, sobre língua, no glossário Ceale.

Não deixe de visitar a página e enriquecer o seu conhecimento!

SAIBA MAIS

Toda vez que precisares pesquisar termos linguísticos, como língua,


fala, escrita, entre outros, deves buscar em sites de credibilidade,
como o portaldalinguaportuguesa.org – esse é um portal voltado
para o público em geral e para a comunidade científica. O conteúdo
do portal é de livre acesso. Entre! Pesquise!

Língua

Perspectivas estruturalista, distribucional,


funcionalista e cognitivista e as funções da
linguagem

O importante linguista, Ferdinand de Saussure, desenvolveu uma


teoria de análise linguística, que resultou no estruturalismo. Esta
considera a língua como uma rede de elementos na qual cada ele-
mento tem um valor determinado. É uma corrente de pensamento
que teve sua origem na psicologia e perpassou outras áreas como a
sociologia, antropologia, filosofia e linguística. Considera, portanto,

12
a língua como um conjunto estruturado constituído por elementos
interdependentes.

Já o linguista Bloomfield teve o distribucionalismo se origi-


nando de seus estudos, sendo formalizado por Harris, um linguista
americano. Essa teoria foi tomada como uma variante do estrutu-
ralismo. Além disso, a teoria distribucionalista tinha como base os
princípios da fonética e considerava, a partir de Harris, que a se-
mântica era intuitiva demais para ser uma base confiável para a pes-
quisa, defendendo a abordagem distributiva, na qual os elementos
da língua não se dispõem arbitrariamente, mas sim obedecendo a
determinados critérios de ordenação que determinam os contextos.

Nós já abordamos a perspectiva estruturalista e distribucio-


nalista da língua e agora vamos ter a consideração funcionalista.
Essa considera a língua como instrumento de interação social, lem-
bras de Bakhtin? Pois bem, para o funcionalismo a principal função
da linguagem é a mediação da comunicação, não deixando de levar
em conta as propriedades pertinentes aos falantes, usuários da lín-
gua: biológicas, cognitivas e psicológicas, que tomam parte do ato
comunicativo.

Diferentemente das abordagens formalistas (estruturalismo


e gerativismo), o funcionalismo não só de distância pela concepção
de língua já apresentada, mas também, pelo interesse investiga-
tivo, que vai além da estrutura gramatical, uma vez que se ocupa
do contexto discursivo. Ou seja, a análise das condições discursi-
vas, em que se pode observar o uso interativo da língua, pois para
o funcionalismo a estrutura gramatical depende do uso, da situação
comunicativa.

Por fim, abordamos a noção a partir do cognitivismo que


postula que a linguagem é parte integrante da cognição humana, ou
seja, a linguagem só pode ser entendida a partir de uma visão real do
processamento mental, uma vez que reflete a interação de variados
fatores, como os culturais, psicológicos e comunicativos, levando a
abordagem aos estudos de aquisição da linguagem, sendo ela vista
como uma forma de ação pelo seu nível de desenvolvimento cogni-
tivo e o grande nome será o de Vygotsky.

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As teorias cognitivas têm grande relevância no cenário dos
estudos referentes à linguagem, pois essa passou a ser analisada a
partir de sistemas cognitivos interconectados, relacionados ao ra-
ciocínio, à percepção de mundo, à memória entre outros, além da
própria capacidade linguística, uma vez que a relação entre lingua-
gem e cognição nos é explicada da seguinte forma: “não há possi-
bilidades integrais de pensamentos ou domínios cognitivos fora da
linguagem, nem possibilidades de linguagem fora de processos in-
terativos humanos.” (KOCH, 2009, p. 32), que deixa claro, tratar-se
de uma relação recíproca.

Se pararmos para uma reflexão acerca do papel da linguagem


para a abordagem cognitivista, teremos a essência do significado
da palavra como o pensamento, já que a noção de significação de
Vygotsky adere à visão representacional de linguagem, partindo de
que o significado não é dado pelo uso, mas pelo nível de desenvol-
vimento cognitivo. Dessa forma, a relação entre linguagem e cogni-
ção é entendida como uma forma de interação entre o processo de
aquisição da linguagem e o processo de aquisição dos conhecimen-
tos cognitivos, direcionando a atividade mental para a construção
de significados.

Para abordarmos a aquisição da linguagem é importante en-


tender qual é a visão cognitivista, a respeito do tema, pois teremos
uma proposta teórica que toma o surgimento da linguagem, apenas,
no período representativo, em torno dos dois anos, mediante a inte-
ração da criança com o meio, ou seja, é um reflexo das capacidades
cognitivas, no processo de aquisição da língua materna. Assim, a
aquisição de linguagem é considerada um fenômeno psicolinguís-
tico, com resultado de uma complexa interação entre fatores bioló-
gicos e ambientais. Estes fatores incluem as capacidades cognitivas
da criança, o desenvolvimento do cérebro, o ambiente de linguagem
que a criança tem acesso e o tipo de interação com o meio. O pro-
cesso de aquisição da linguagem se desenvolve de forma gradual,
começando com a produção de sons e palavras não significativas
e progredindo para a produção de frases complexas. Durante esse
período, a criança passa por um processo de aquisição de novas re-
gras gramaticais e vocabulário, o que lhe possibilita a comunicação
com outras pessoas, uma vez que, a linguagem possibilita que os

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indivíduos compartilhem seus conhecimentos, experiências, sen-
timentos, medos, anseios e intenções. A linguagem é também um
meio de interação social, de expressão de desejos e ideias, bem como
de influência sobre outras pessoas, possibilitando a construção da
identidade social. Tudo isso se dá através do desenvolvimento cog-
nitivo linguístico que é um marco essencial para que as crianças
possam desenvolver suas habilidades cognitivas e linguísticas, pro-
movendo a aquisição de conhecimento e a construção da linguagem.
Esse desenvolvimento está dividido em quatro áreas principais: de-
senvolvimento cognitivo, linguagem, habilidades sociais e emocio-
nais e desenvolvimento motor. As áreas são interconectadas e cada
uma delas contribui para o desenvolvimento global da criança.

SAIBA MAIS

Sugerimos que você pesquise para se aprofundar na divisão do de-


senvolvimento cognitivo da linguagem. Busque por Jean Piaget o
importante psicólogo, pensador do século XX.

Fala

INFOGRÁFICO

Infográfico 2 – Aspectos da fala.

Fonte: A Autora (2023)

15
A partir do esquema acima, acredito que estás se perguntan-
do: mas como assim fala individual e língua social?

A questão é que Saussure (1990) vê a língua como um sistema


de signos que é comum a todos que usam uma determinada língua,
enquanto a fala é particular de cada um dos falantes que usam o
mesmo sistema linguístico, pois esses podem escolher os elementos
da língua, conforme sua necessidade comunicativa, contexto, entre
outros fatores.

Na fala, o emissor utiliza um vocabulário atrelado à ento-


nação de voz, interação com o meio, expressão facial, entre tantas
marcas próprias da fala.

Essas tão importantes marcas da fala e sua relação com a es-


crita são estudadas por Dionisio e Marcuschi (2007).

O professor Marcuschi, no vídeo sobre fala e escrita, chama a


atenção para o fato de a fala estar presente em 90% da nossa comu-
nicação diária, embora haja a supremacia da escrita. No entanto, as
duas práticas são consideradas discursivas e são empregadas har-
monicamente no cotidiano da comunicação.

Dionísio e Marcuschi (2007, p.16) apontam que a fala in-


fluencia a escrita e esse aspecto permite que entendamos um pouco
mais “as relações sistemáticas entre oralidade e escrita e suas in-
fluências mútuas”. Os autores salientam a importância da atenção
que deve ser dada à oralidade e ao fato de que há falares e que nem
todos têm a mesma “reputação social”, uma vez que há uma grande
variação linguística presente na oralidade, que é tratada a partir de
um “preconceito social”, como colocado por Bagno apud Dionísio e
Marcuschi, (2003, p.15-21).

Os autores ainda apontam para as dicotomias perigosas en-


tre fala e escrita, pois essas são fundadas em posições ideológicas e
formais que levam a visões distorcidas do fenômeno textual na ora-
lidade e na escrita.

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Oralidade
Beth Marchuschi, no glossário Ceale, aborda a oralidade como uma
prática social complexa que envolve diversos fatores, tais como as
habilidades e competências linguísticas dos falantes, suas crenças,
seus valores culturais, as relações de poder e as características do
contexto em que a comunicação ocorre. Ao mesmo tempo, a orali-
dade também pode ser entendida como um processo de interação
entre os falantes que envolve a codificação e decodificação de men-
sagens, assim como a construção de sentidos através de diversas
formas de linguagem.
A oralidade abrange, portanto, todos os aspectos relaciona-
dos à fala, entendida como um ato comunicativo que se manifesta
em um contexto social específico e que envolve múltiplas lingua-
gens. É importante destacar que, mesmo quando um indivíduo não
se manifesta verbalmente, suas reações corporais também podem
influenciar o andamento da interação, como no caso de expressões
faciais, movimentos corporais, entre outros elementos. Portanto, a
oralidade envolve todos os aspectos das interações orais, sejam eles
verbais ou não verbais.
Nesse sentido, as atividades desenvolvidas no espaço escolar
devem abordar a oralidade como um processo dinâmico e relacional,
que envolve o uso dos recursos da língua em diferentes situações e
com diferentes finalidades. A partir de então, o objetivo de trabalhar
a oralidade na escola deve ser o de promover o desenvolvimento de
competências de comunicação e interação, ou seja, capacitar o alu-
no para usar a língua em contextos sociais e acadêmicos diversos.
A pesquisadora faz a indicação de uma série de práticas com
a oralidade, lembramos então do “Bate-papo”, uma vez que pode-
mos convidar os alunos a refletirem sobre temas como o meio am-
biente, a saúde ou a educação, e do “Teatrinho”, momento em que
os alunos são incentivados a representar situações cotidianas.
Ela ainda lembra que é importante oferecer à criança o con-
tato com variados gêneros de oralidade que devem ser selecionados
para se adequar à faixa etária a que se destinam. Os alunos então
precisam produzir, ouvir e compartilhar estes gêneros em sala de
aula.

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Escrita
Além de já termos abordado as questões da escrita a partir de Mar-
cuschi, no início dessa unidade, também exploramos o tema com a
visão de Ana Maria de Oliveira Galvão, no glossário Ceale, que fala
sobre a “cultura escrita” como podendo ser entendida como o con-
junto de elementos que envolvem a escrita: a língua, a forma de
escrever, os conteúdos, a circulação da escrita, as formas de repre-
sentação, os modelos de leitura, as formas de uso, a formação das
identidades culturais relacionadas à escrita e o contexto social em
que se dá o uso da escrita. A cultura escrita pode variar muito de um
lugar para o outro, dependendo da língua, das relações de poder, do
papel da escrita na vida social, bem como do contexto histórico e
sociopolítico da comunidade. Por exemplo, diferentes comunidades
têm diferentes estilos de escrita, tais como a diferença entre escrita
formal e informal.

Esse conhecimento possibilita compreender que os sujeitos


têm um papel cada vez mais ativo na produção de culturas do es-
crito. Isto é, as culturas escritas não são homogêneas, mas são in-
fluenciadas por diferentes grupos e indivíduos e produzidas a partir
de suas interações. Além disso, a compreensão dela permite reco-
nhecer o papel fundamental das pessoas na produção e manutenção
deste tipo de cultura e, assim, contribuir para a promoção de uma
cultura inclusiva e diversa.

A cultura escrita abrange, portanto, aspectos variados nas


sociedades que a adotam, como a transmissão de conhecimentos, a
produção de novos saberes, as relações entre as pessoas, o estudo da
história, a produção de arte, a organização de complexas estruturas
sociais, entre outros. O letramento, por sua vez, é um conjunto de
práticas sociais relacionadas ao uso da leitura e da escrita, incluindo
o ensino, a aprendizagem, o acesso a materiais escritos, a capacida-
de de interpretar e produzir textos, e a compreensão das convenções
culturais relacionadas à leitura e à escrita.

Portanto, o papel do escrito em uma sociedade depende da


cultura desta sociedade. Ele pode ser usado para marcar hierar-
quias sociais e simbólicas e pode ser considerado um meio de poder

18
para alguns grupos ou indivíduos. Por outro lado, o escrito pode
ser ignorado por outros grupos e não ter qualquer valor para eles.
É importante lembrar que o papel do escrito muda entre culturas e
é necessário considerar as relações de poder existentes para com-
preender como o escrito é usado e como isso afeta a sociedade.

Discurso
Para abordar discurso, vamos partir de um dicionário de linguísti-
ca que nos apresenta 5 páginas sobre discurso, daí já se percebe o
quanto temos a estudar. Apresentemos, então, algumas das acep-
ções nele expostas.

A primeira delas coloca discurso como “linguagem posta em


ação, ou seja, a língua assumida pelo falante” e aplicada em deter-
minados contextos de necessidade comunicativa.

Já uma outra colocação vê o discurso como “uma unidade


igual ou superior à frase”, ou seja, um enunciado constituindo uma
mensagem que possui começo, meio e fim. Em uma acepção mo-
derna, temos o termo discurso, designando o enunciado superior à
frase, levando a análise do discurso a se opor a uma ótica que abor-
de a frase como uma unidade linguística terminal. O que nos leva a
uma problemática que é anterior à análise do discurso, pois apenas o
termo discurso, do ponto de vista linguístico, era sinônimo de enun-
ciado. A oposição entre eles era marcada por não linguístico/lin-
guístico. A linguística se ocupava dos enunciados, enquanto estudo
das regras do discurso, enquanto que os processos discursivos eram
analisados por outras áreas e métodos, levando em consideração o
falante. A psicanálise é uma dessas outras áreas e, temos J. Lacan
propondo o problema inicial do discurso a partir de seu estudo sobre
a função e o campo da fala e da linguagem. Então, teremos E. Benve-
niste que, partindo de Lacan, propõe como linguístico o problema do
discurso. Ele nos diz que a frase não mantém com as outras frases as
mesmas relações, da mesma forma já dita antes por Saussure, pois
a frase está para o domínio do discurso e não da língua, funcionan-
do como instrumento de comunicação, ela é a unidade do discurso.
Partindo de todos esses pontos de vista, podemos colocar o discurso

19
como organizado, pelos usuários da língua, em suas interações, a
partir de motivações pragmático-comunicativas.

Para encerrarmos essa nossa primeira unidade, vamos rever


alguns pontos importantes da Análise do Discurso. Essa, bem já se
sabe, estuda não somente a língua, mas também contextos sociais,
históricos e culturais do texto. Ao analisar um texto, busca-se iden-
tificar as relações de poder que estão presentes, bem como as hie-
rarquias de status e os processos de construção do sentido. O foco
é, portanto, a forma como os elementos linguísticos e contextuais
contribuem para a formação de uma determinada ideologia.

Para isso, é importante considerar os fatores como: a tem-


poralidade, a intencionalidade, as relações de poder e as intenções
políticas que podem estar presentes na construção discursiva. Além
disso, a Análise do Discurso tem como objetivo identificar e inter-
pretar o modo como as ideologias presentes na linguagem são utili-
zadas em determinado contexto. Por meio dela, é possível perceber
as formas como os discursos políticos, científicos, religiosos ou de
qualquer outro tipo influenciam o público-alvo. Por isso, é impor-
tante que se considere a análise do Discurso para compreender me-
lhor a estrutura discursiva e as ideologias envolvidas nela.

Para Foucault (2005), o discurso é o meio pelo qual as pessoas


se comunicam, assim como as formas como elas expressam seus
pensamentos, ideias e sentimentos. A Ordem do Discurso é a estru-
tura que organiza e regula esse discurso, restringindo ou amplian-
do a liberdade das palavras, expressões e ideias. Este ordenamento
pode ser estabelecido por vários fatores, incluindo a linguagem,
a cultura, as crenças, as leis, as instituições, as classes sociais e a
moral. Por meio desta ordem, as pessoas se relacionam com outras
pessoas, estabelecendo assim as fronteiras da comunicação. Além
disso, ela permite que as palavras, as frases e os pensamentos sejam
compreendidos e interpretados de acordo com o contexto social e
cultural.

O Universo de Concorrências proposto pelas práticas discur-


sivas tem como objetivo analisar as interações entre os emissores e
os receptores de determinada mensagem. A partir desta interação,
é possível identificar os diferentes recursos discursivos utilizados

20
pelo emissor para alcançar a recepção desejada. Estes recursos po-
dem ser os mais variados, desde a linguagem figurada e as metáforas
aos argumentos lógicos e ao recurso do humor. Dessa forma, o Uni-
verso de Concorrências permite ao analista do discurso identificar
como a mensagem é recebida e compreendida pelo receptor e como
o emissor usa os recursos discursivos para alcançar seu objetivo.

A análise do discurso estético é essencial para entender como


as imagens, textura, cores e outros elementos visuais são usados
para passar mensagens e transmitir ideias. Estudar como isso é feito
nos permite compreender melhor não só a obra de arte em si, mas
também a cultura e o contexto em que ela foi criada. Esse estudo
também nos ajuda a compreender como as obras de arte refletem e
influenciam as sociedades ao longo do tempo. Além disso, tal aná-
lise pode nos dar insights sobre como a linguagem visual é usada e
interpretada para criar narrativas e transmitir mensagens em dife-
rentes culturas.

O sentido do discurso é, portanto, fundamental para a sua


análise e compreensão. É através do sentido que se descobre a in-
tenção do autor e a mensagem que este pretende transmitir. Para
chegar ao sentido do discurso, é necessário analisar os elementos da
sua construção, como a sintaxe, o contexto e a retórica. Esses ele-
mentos ajudam a descobrir o significado do discurso, o que permite
ao seu receptor interpretar a mensagem de forma correta.

Funções da Linguagem
Nos apoiamos, aqui, na teoria da comunicação verbal, para tratar-
mos das Funções da linguagem, que aborda a comunicação como
um acontecimento da linguagem através do qual uma mensagem
é transmitida por um emissor a um receptor. O grande nome é o do
linguista russo Roman Jakobson. O linguista propôs um modelo que
representa os diferentes fatores do processo linguístico realizado na
comunicação verbal. Podemos apresentá-lo da seguinte forma:

21
INFOGRÁFICO

Infográfico 3 - Modelo do processo linguístico (Jakobson)

Fonte: A Autora (2023)

O linguista explica que o destinador envia uma mensagem ao


destinatário. A mensagem requer um contexto, e Jakobson o nomeia
por referente. Sobre o contexto, o russo esclarece que deve ser ver-
bal ou capaz de ser verbalizado, compreendido pelo destinatário. A
respeito da mensagem, ele nos diz que requer um código, que seja
comum ao destinador e ao destinatário e que deva haver um contato
que estabeleça e mantenha a comunicação, ou seja, um canal físico
e uma conexão psicológica. Sendo assim, Jakosbson nos apresenta
um modelo que designa para cada fator da comunicação verbal uma
função na linguagem. Ele distingue 6 funções:

22
INFOGRÁFICO

Infográfico 4 - Funções da Linguagem (Jakobson)

Fonte: A Autora (2023)

A função referencial possui outras nomenclaturas, então


possa ser que a encontres nomeada por cognitiva ou denotativa,
sendo essa segunda bem mais comum. Ela está para a mensagem,
para uma informação sobre os objetos do mundo, sejam materiais
ou conceituais. Enquanto a função emotiva, também nomeada de
expressiva, está para o destinador, exprimindo a atitude do locutor
em relação à mensagem. Já a função conativa está para o destinatá-
rio e suscita neste um comportamento que esteja em conformidade
com o que é dito. Chegamos, então, à função poética, que é orien-
tada para a mensagem, não só pelo conteúdo informacional, mas
também por sua forma. A função poética está para o gênero poético,
enquanto a função fática está para o contato físico ou psicológico,
entre destinador e destinatário, estabelecendo ou mantendo a comu-
nicação. E, por fim, a função metalinguística, que está para o código,
ou seja, o próprio objeto da mensagem.

23
O modelo de Jakobson tem sido ajustado às diversas perspec-
tivas metodológicas, oferecendo reflexão sobre a polifuncionalida-
de da linguagem verbal.

SAIBA MAIS

GLOSSÁRIO

D Estruturalismo

Corrente teórica linguística baseada no Curso de Linguística


Geral, de Ferdinand de Saussure que depreende a realidade social a
partir de um conjunto considerado elementar de relações. O teórico
propôs compreender a linguagem de um ponto de vista sincrônico,
fundada em dois elementos básicos: significante e significado.

D Distribucionalismo

Originalmente aplicado à compreensão de processos fono-


lógicos, morfológicos e sintáticos, o distribucionalismo é uma teo-
ria geral advinda do estruturalismo norte-americano de Leonard
Bloomfield.

D Funcionalismo

Ao contrário do que é objeto de estudo do gerativismo e do


estruturalismo, o funcionalismo estuda a relação existente entre a
estrutura gramatical e os contextos comunicativos.

D Cognitivismo

A Teoria Linguística Cognitiva afirma que a linguagem é re-


presentada mentalmente em termos de estruturas cognitivas e que
o processamento da linguagem ocorre através de processos cogni-
tivos. Esta teoria também propõe que a aquisição da linguagem é
mediada por mecanismos cognitivos e que os usos da linguagem são
influenciados por fatores culturais, sociais e psicológicos. Além dis-
so, a Teoria propõe que as palavras e estruturas da linguagem não

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são aprendidas de forma mecânica, mas são interpretadas e avalia-
das com base em experiências anteriores e no contexto.

D Conativo

É a função da linguagem que busca persuadir, convencer o


interlocutor.

D Enunciação

A enunciação é fundamentada em três principais componen-


tes: o emissor, o receptor e o conteúdo. O emissor é aquele que tem
a capacidade e a intenção de produzir um enunciado. O receptor é
quem recebe o enunciado. O conteúdo é a informação, a ideia ou o
sentimento transmitido pelo enunciado. A enunciação também se
relaciona com a noção de contexto. Este, por sua vez, é a situação
em que o enunciado é produzido e interpretado. O contexto pode in-
cluir fatores como o contexto social, histórico, cultural, político o
contexto de gênero, e assim por diante. A situação influencia dire-
tamente na forma como o enunciado é interpretado.

D Fática

Uma das funções da linguagem que se ocupa do canal de co-


municação, da manutenção do ato comunicativo.

D Metalinguagem

É uma das funções da linguagem que é caracterizada por des-


tacar a própria linguagem usada na comunicação.

D Referência

É uma das funções da linguagem, na qual a expressão remete


a objetos, pessoas, fatos, reais ou imaginários.

D Código

Um conjunto de sinais e símbolos convencionalmente signi-


ficados e estruturados.

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VOCÊ SABIA?

Ferdinand de Saussure
Seu livro mais famoso é Curso de Linguística Geral, publicado
postumamente em 1916. Este livro estabeleceu a dicotomia entre o
signo linguístico e seu significado, a qual se tornou a base da se-
miótica. Saussure também desenvolveu o conceito de língua como
um sistema de sinais arbitrários e interdependentes. Além disso, ele
também foi um dos primeiros a usar o conceito de estrutura em re-
lação à linguagem.

Leonard Bloomfield
Leonard Bloomfield foi um pioneiro na linguística moderna,
desenvolvendo um método estrutural para a análise da linguagem.
Ele foi influenciado, principalmente, pelo trabalho de Ferdinand de
Saussure, mas também incorporou outras teorias, como a de Ed-
ward Sapir. Bloomfield foi o primeiro linguista a defender a ideia de
que a linguagem tem estruturas discretas que podem ser descritas
e analisadas sistematicamente. Ele também foi o primeiro a realizar
estudos empíricos sobre o uso da linguagem em contextos naturais.

Edward Sapir
Sapir foi professor de antropologia na Universidade de Chi-
cago e professor de linguística na Universidade de Yale. Ele foi um
dos primeiros a propor uma teoria sobre a relação entre a língua e a
cultura, conhecida como a Teoria da Relação Linguística. Seu traba-
lho na linguística foi influenciado por sua experiência com línguas
ameríndias e foi um dos primeiros a usar os princípios da linguística
moderna em seu estudo da língua. Sapir também foi um dos pri-
meiros a relacionar a linguagem com a estrutura social e cultural,
ao argumentar que a língua é uma forma de expressão social, e não
apenas um mecanismo para comunicação. Ele argumentou que as
línguas evoluem para se adaptarem à cultura e às necessidades.

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Jean Piaget
Piaget foi pioneiro na análise da inteligência humana, desen-
volvendo o conceito de desenvolvimento cognitivo. Ele argumentou
que o desenvolvimento intelectual passa por estágios que incluem
a assimilação, a adaptação e a organização. Piaget também estu-
dou o funcionamento do pensamento na infância e descobriu que
as crianças pensam de forma diferente dos adultos. Ele desenvolveu
princípios que descrevem como as crianças adquirem conhecimen-
to e como esse conhecimento muda à medida que elas envelhecem.
Além disso, Piaget foi um dos primeiros a argumentar que as crian-
ças devem ser estimuladas para a aprendizagem ativa. Seus traba-
lhos influenciaram diretamente a área da educação infantil.

Lev Vygotsky
Vygotsky explicou que o desenvolvimento da criança é in-
fluenciado pelo meio social e cultural em que ela vive. Ele acredi-
tava que a experiência de compartilhar conhecimento com outras
pessoas é vital para a aquisição de habilidades intelectuais. Assim,
Vygotsky desenvolveu a teoria de que a aprendizagem é facilitada
pela mediação de outras pessoas, o que ele chamou de zona de de-
senvolvimento proximal (ZDP).

Mikhail Bakhtin
Nascido em 1895, Bakhtin foi criado na cidade de Orel, na
Rússia, onde se formou em 1917, com um diploma de educação se-
cundária. Seu trabalho teórico foi influenciado pelos filósofos e
pensadores russos, como Nikolai Berdiaev, V.S. Solovev e M.M. Kro-
potkin. Ele também foi influenciado pelos filósofos alemães, como
Immanuel Kant e Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Bakhtin desen-
volveu várias ideias ao longo de sua carreira, incluindo a noção de
“dialogismo”, que se baseia na ideia de que o significado é o re-
sultado de uma conversa entre diferentes vozes e perspectivas. Ele
também propôs a noção de “carnavalização”, que é um modo de re-
sistência cultural que subverte a hierarquia social.

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Martin Luther King – Eu Tenho um Sonho
Ele foi um pastor batista e ativista político estadunidense e se
tornou o líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos
da América. “Eu tenho um sonho” é um dos discursos mais con-
siderados da história. Pesquise sobre ele, leia-o e aproveite para
observar os temas linguísticos da unidade estudada, no discurso de
Luther King.

CURIOSIDADE

A Revel é uma revista eletrônica de livre acesso, na qual você não só


tem acesso às publicações, bem como poderá se atentar aos editais e
candidatar à alguma produção científica sua para submissão e aceite
para publicação. Você encontrará uma série de artigos, resenhas e
entrevistas, com Maingueneau e Bronckart, a respeito de discurso.
Vale conhecê-la!

EXEMPLO

O mais importante, agora, é que você perceba, nos discursos diários


que te rodeiam, os importantes elementos nessa unidade aponta-
dos. Observe a língua, a linguagem, a fala, oralidade e escrita e dis-
curso no seu cotidiano, empregada por você e por quem se comunica
com você! Observe nos jornais, na fala das ruas, na comunicação fa-
miliar, profissional, ou seja, na comunicação que te cerca. Observe
e analise como cada um desses elementos comunicativos, diários,
são construídos.

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DICA
Agora seguem dicas, caso você se interesse por realizar uma pesqui-
sa e análise de algum discurso, para fins acadêmicos. Você deverá
realizar a análise após ter examinado todo o contexto histórico-so-
cial e as condições de produção, além de outras variáveis que pos-
sam ter influenciado a cosmovisão do autor do discurso.

REFLITA

Refletindo sobre tudo que foi abordado ao longo da unidade, é pos-


sível entender que a linguaguem é ação, uma forma de ação que é
realizada através do discurso. Esse é situado socialmente, construí-
do e partilhado, não sendo, portanto, uma construção individual ou
descontextualizada, mas sim, uma prática social, partilhada entre
sujeitos.

SINTETIZANDO

Chegamos ao fim desta unidade que abordou conceitos e perspec-


tivas importantes acerca do estruturalismo, distribucionalismo,
funcionalismo, cognitivismo, as funções da linguagem, bem como
língua, fala, escrita, oralidade e discurso. Além disso, vimos agen-
das de estudo que devem ser ressaltadas para que sigamos nas pró-
ximas unidades com o aprofundamento dos temas pertinentes à
disciplina.

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Referências
UNIDADE 1

BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São


Paulo: Parábola, 2012.

BRANDÃO, Maria Helena Nagamine. Introdução à análise do dis-


curso. ed. 2ª. Campinas, SP: Unicamp, 1993.

CASTILHO, A. T. Nova Gramática do português brasileiro. São Pau-


lo: Contexto, 2010.

CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de


Análise do Discurso. Tradução Fabiana Komesu (et al.) São Paulo:
Contexto, 2004.

DOBOIS, Jean et al. DICIONÁRIO DE LINGUÍSTICA. São Paulo: Cul-


trix, 2006.

DIONISIO, Angela Paiva; MARCUSCHI, Luiz Antônio. Fala e escrita.


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FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. ed. 5°. São Paulo: Loyola,


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sentido. Araraquara: UNESP FCL, Laboratório Editorial. São Paulo:
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materialidades do sentido. 2° Ed. São Carlos, S.P: ClaraLuz, 2003.

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discurso: diálogos e duelos. São Carlos: ClaraLuz, 2004.

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KOCH, I. G. V. Introdução à Linguística Textual: trajetória e grandes


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MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e com-


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Cultrix, 1990.

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