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RELAÇÃO ENTRE COERÊNCIA E COESÃO
Fenômenos distintos: justificativas
TEXTO COERENTE
Texto coerente é o que “faz sentido” para seus usuários, o que torna necessária
a incorporação de elementos cognitivos e pragmáticos ao estudo da coerência
textual. (KOCH; TRAVAGLIA, 1993, p. 32)
COERÊNCIA: DE QUE DEPENDE, COMO SE ESTABELECE
a. de elementos linguísticos (seu conhecimento e uso), bem como,
evidentemente, da sua organização em uma cadeia lingüística e como e onde
cada elemento se encaixa nesta cadeia, isto é do contexto lingüístico;
b. do conhecimento de mundo bem como o grau em que esse conhecimento é
partilhado pelo(s) produtor(es) e receptor(es) do texto, o que se reflete na
estrutura informacional do texto, entendida como a distribuição da
informação nova e dada nos enunciados e no texto, em função de fatores
diversos;
c. de fatores pragmáticos e interacionais, tais como o contexto situacional, os
interlocutores em si, suas crenças e intenções comunicativas, a função
comunicativa do texto. (KOCH; TRAVAGLIA, 1993, p. 47)
Elementos importantes na coerência textual
Escrever de forma clara, simples, objetiva e concisa;
Estruturar as ideia principal e secundárias;
Traçar uma linha de raciocínio e pensamento lógico e segui-la ao longo do texto;
Realizar o cruzamento de ideias e estabelecer harmonia entre fatos e
argumentos apresentados;
Apresentar informações suficientes sobre o assunto discutido no texto;
Mostrar domínio sobre assunto exposto.
Podemos considerá-lo o princípio mais importante. Ele determina que aquilo que
será escrito siga uma linha contínua e não seja contraditório.
Por exemplo, se você está produzindo um texto com uma tese argumentativa
contra algo, não fará sentido os argumentos serem a favor.
PRINCÍPIO DA NÃO TAUTOLOGIA
A tautologia é um vício de linguagem que consiste em repetir uma ideia várias vezes, só
que utilizando palavras e expressões diferentes. Isso até pode ser feito, mas só se houver um
objetivo bem específico e claro.
Porém, se ocorrer de essa ideia central acabar sendo acidentalmente refutada, fique vaga ou
seja sobreposta por outra, ao invés da coerência será alcançada a incoerência. Por isso o não
na frente do termo, por via das dúvidas, não a utilize.
PRINCÍPIO DA RELEVÂNCIA
Esse princípio instrui o autor a selecionar com critério as informações que constará na
produção textual. Nem sempre o excesso de elementos informativos surtirá um efeito positivo na
compreensão.
O importante é que o texto esteja relacionado ao conteúdo escolhido como tema. Sendo
assim, elementos adicionais que não são referentes à tese que você se propôs a escrever
devem ser considerados irrelevantes.
Caso identifique alguma informação nas questões sobre coerência que não seja referente ao
assunto abordado ou esteja desconexa, será porque há uma incoerência. Tenha isso em mente!
COERÊNCIA TEXTUAL
Perceba que as frases estão corretas gramaticalmente e têm os conectivos necessários, porém não tem
lógica. Não faz sentido “ver o que não vemos”, nem “esperar e ser surpreendido", ou “faltar à prova para tirar
uma boa nota”. Essas frases são exemplos de incoerência textual, é tipo de erro que você deve evitar em sua
redação.
REGRAS DA COERÊNCIA TEXTUAL
COERÊNCIA LÓGICO-CONCEPTUAL
Há este tipo de coerência, quando as ideias do texto estão de acordo com o
mundo tal como o concebemos, assente em relações de índole diversa (tempo,
espaço, causa, fim, meio…), e que, portanto, respeita princípios referentes à
natureza lógica e regular dos conceitos. Esses princípios são:
A regra da não contradição, também no emprego do tempo, modo e
pessoa verbais.
A regra da não tautologia (repetição da mesma ideia, mesmo que por
palavras diferentes).
A regra da relevância.
COERÊNCIA SINTÁTICA: está relacionada com a estrutura linguística,
como termo de ordem dos elementos, seleção lexical etc., e também à
coesão. Quando empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como
o uso inadequado dos conectivos.
Exemplo de incoerência sintática:
Essa frase é incoerente quando levamos em consideração o significado da palavra jovem. Embora
tenha o sentido de coisa nova, o vocábulo jovem só é empregado para caracterizar seres humanos;
e não seres inanimados, como é o caso de casa. Para essa caracterização, a palavra nova seria
mais apropriada, concorda?
COERÊNCIA PRAGMÁTICA: Refere-se ao texto visto como uma
sequência de atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos
dessas sequências, portanto, devem obedecer às condições para a sua
realização. Se o locutor ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça,
ao mesmo tempo, um pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém,
esperamos receber como resposta uma afirmação ou uma negação, jamais
uma sequência de fala desconectada daquilo que foi indagado. Quando
essas condições são ignoradas, temos como resultado a incoerência
pragmática.
Veja esta conversa entre amigos:
― Maria, sabe dizer se o ônibus para o Centro passa aqui?
― Eu entendo, João. Hoje faz um ano que minha avó faleceu.
Note que Maria, na verdade, não responde a pergunta feita por João, pois não
estabeleceu uma sequência na conversa. Ela propôs outro assunto, irrelevante para
a pergunta feita. Assim, percebemos que na sequência de falas deste exemplo não
há coerência.
COERÊNCIA ESTILÍSTICA: Diz respeito ao emprego de uma variedade
de língua adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto
para garantir a coerência estilística. A incoerência estilística não provoca
prejuízos para a interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de
registros — como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem
formal — deve ser evitada, principalmente nos textos não literários.
Exemplo de incoerência estilística:
Imagine iniciar uma fala, em um contexto formal, com palavras mais “sofisticadas”
e depois misturar com uma forma de linguagem bem popular, usando gírias. Esta
incoerência poderia parecer inclusive uma brincadeira, modificando o sentido que o
autor da frase desejava.
COERÊNCIA TEMÁTICA: Todos os enunciados de um texto precisam ser
coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções
explicativas. Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo
assim o comprometimento da coerência temática.
Assim, seria tematicamente incoerente este texto:
9. Ao final do segundo parágrafo: Ciente disso, o economista R. B. nunca passou mais de um ano
sem participar de algum tipo de especialização e considera que a aprendizagem é que vai permitir
que alguém permaneça na função e obtenha resultados melhores.
10. Ao final do terceiro parágrafo: “Pois, se não sabe o que quer, dificilmente o profissional vai
alcançar uma função significativa”, alerta um consultor paulista.
11. Ao final do quarto parágrafo: “Correr riscos com bom senso e ter uma boa percepção são
necessários para se tornar um líder”, acrescenta um diretor da Executive Search.
12. Ao final do quinto parágrafo: Ele planejou, detalhe por detalhe, sua carreira de executivo na
empresa X, qualificando-se por meio de cursos especializados e dedicando tempo, além do horário de
expediente, ao aprimoramento de línguas e pesquisas sobre o mercado.
13. Ao final do sexto parágrafo: O executivo da CBI, J. S., concorda com M. C. P. e acrescenta: “Você
tem de reconhecer a importância de cada um e as dificuldades de sua equipe”.
Julgue os itens subsequentes com relação aos recursos de coesão textual e à adequação das
palavras e da pontuação utilizadas no texto acima.
14. O adjetivo “acomodados”, no primeiro período, está empregado, textualmente, em oposição ao
conjunto de substantivos expressos em “talento, dedicação, persistência e principalmente uma boa
dose de sacrifício”, no período seguinte, que, por sua vez, podem ser interpretados como resumidos
em “esse empenho”, no terceiro período.
15. Para que o texto fosse adequado ao tema e aos leitores em potencial, o estilo muito informal de
linguagem e, especialmente, o título deveria sofrer ajustes retóricos de modo a se tornarem mais
coerentes com o gênero argumentativo utilizado.
16. O emprego de outro (terceiro parágrafo), também (quarto parágrafo) e ainda (sexto parágrafo)
mostra que diferentes classes gramaticais podem desempenhar a função de manter coesão textual
entre os parágrafos e no texto como um todo.
17. Ao usar, tão frequentemente, o recurso do discurso alheio, o autor do texto toma o cuidado de
marcar por aspas aquelas afirmações acerca das quais não tem muita certeza ou que são
empregadas com ironia.
18. De acordo com o desenvolvimento da argumentação, a troca de lugar entre o último período
sintático do texto e o primeiro preservaria a coerência e a coesão textuais.
Leia o texto a seguir para responder às questões.
Os fragmentos abaixo, adaptados de VEJA, 13/2/2002, constituem um texto, mas estão ordenados aleatoriamente.
I. Para chefes, o caso é ainda mais complexo. Os que acham que seus subordinados nunca entendem o que eles falam precisam
ficar atentos à própria conduta. Talvez o problema seja tanto de habilidade quanto de falta de comunicação.
II. E você? Está pronto para coordenar uma equipe ou para relatar a um grupo as propostas de seu departamento? Se a
resposta é não, cuide-se. Corra atrás de cursos de liderança, compre livros que lhe ensinem a expressar suas ideias claramente.
III. O caixa da agência bancária é o mais indicado para liderar a equipe que vai propor alteração no desenho da área de
atendimento ao público, onde ficam as filas. O faxineiro deve tomar a frente do pessoal que decidirá o local mais adequado
para estocar material de limpeza.
IV. Competência técnica é só um ingrediente necessário à liderança. Um bom coordenador tem de conseguir explicar como a
tarefa sob seu controle vai contribuir para os resultados da companhia, ou da instituição.
Considerando que a organização de um texto implica a ordenação lógica e coerente de seus fragmentos, julgue os itens a
seguir quanto à possibilidade de constituírem sequências lógicas e coerentes para os fragmentos acima.
19. I, II, IV, III.
20. I, III, II, IV.
21. II, III, IV, I.
22. III, I, II, IV.
23. IV,III, I, II.
Sobre o nível de linguagem adotado por Calvin, podemos afirmar que se trata, em
relação aos tipos de coerência, de uma
a) incoerência pragmática.
b) incoerência genérica.
c) incoerência estilística.
d) incoerência temática.
e) incoerência semântica.
Julgue as seguintes proposições:
a) A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, própria daquilo que tem
nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de
sentidos do texto e à articulação das ideias.
b) Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não
pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados
do texto.
c) A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que
está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por
esse motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações.
d) A não contradição, a não tautologia e o princípio da relevância são elementos
básicos que garantem a coerência textual.
e) A coerência textual dispensa o uso adequado dos conectivos, elementos que
apenas colaboram para a estruturação do texto sem apresentar relação direta com
a semântica textual.
Considere as seguintes sentenças.
I. Ainda que os salários estejam cada vez mais defasados, o aumento de preços
diminui consideravelmente seu poder de compras.
II. O Governo resolveu não se comprometer com nenhuma das facções formadas no
congresso. Desse modo, todos ficarão à vontade para negociar as possíveis saídas.
III. Embora o Brasil possua muito solo fértil com vocação para o plantio, isso
conseguiu atenuar rapidamente o problema da fome.
IV. Choveu muito no inverno deste ano. Entretanto, novos projetos de irrigação foram
necessários.