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Depois de leres um texto (uma narrativa, um poema, um texto dramático, um anúncio publicitá-
rio…), é frequente pedirem-te que o comentes. E o que se pretende que faças?
A floresta aérea
Sobre os telhados da cidade
mastros ondulam maciamente ao vento (como
outrora se dizia das searas).
Estes caules porém não produzem, não
elevam o pão. Captam rostos, que em
vidros convexos discursam sorrisos per-
versos e o tédio.
Egito Gonçalves, in Palavras de cristal (ant.), Fernando
Camacho (org.), Plátano Ed.
1
Estrutura:
Comentário do poema introdução
(identificação do texto e
autor; o tema)
Neste poema de Egito Gonçalves, o significado do título é reve- desenvolvimento
lado logo na primeira estrofe: “A floresta aérea” é uma metáfora (ideias principais; recur-
das antenas televisivas que se avistam “Sobre os telhados da cida- sos expressivos)
de” (v. 1).
conclusão
O sujeito poético começa por estabelecer uma comparação entre (ponto de vista pessoal)
“mastros” e “searas” – ambos ondulam ao vento –, para, logo a seguir,
Marcas linguísticas:
evidenciar as suas diferenças – enquanto as searas produzem alimento,
os mastros/caules/antenas apenas produzem enganos (“sorrisos per- 3.ª pessoa do singular
versos”, v. 7) e “tédio”, que nos chegam através de ecrãs (“vidros con-
presente ou pretérito
vexos”, v. 6). Este contraste é reforçado pelo uso do conector “porém”
perfeito simples do
(v. 4).
indicativo
Na minha opinião, o poema é uma crítica ao abandono do tra-
balho produtivo nos campos (atente-se no uso do advérbio “outrora”,
no terceiro verso) e à artificialidade da vida na cidade.