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Especificações do edital:

(2023) Redação
ORIENTAÇÃO GERAL
No Exame Único do Vestibular Estadual 2023, o tema da Redação será uma questão
polêmica levantada pelo romance Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro.
Nessa prova, o candidato deve redigir uma dissertação em linguagem formal, com o
mínimo de 20 e o máximo de 30 linhas, sabendo que não deve fazer nem um resumo,
nem uma resenha do romance. O foco da redação é a discussão do problema
apresentado.
A prova de Redação dá prioridade à capacidade de argumentação do candidato,
entendendo-a como um importante requisito da vida acadêmica, quer pela articulação de
informações e ideias, quer pelo exercício de recursos expositivos e persuasivos da
linguagem.
Na Redação, serão avaliados a habilidade de leitura e interpretação para a reconstrução de
textos em diversos níveis, o domínio do gênero “dissertação”, a construção da
argumentação, e o emprego de formas e estruturas linguísticas de acordo com a
norma-padrão.

(2024) LINGUAGENS
ORIENTAÇÃO GERAL
O Exame de Qualificação da área “Linguagens” inclui as disciplinas de Língua Portuguesa,
Literatura e Língua Estrangeira. O enfoque é instrumental: essas disciplinas são
ferramentas tanto de estudo para as demais disciplinas quanto de construção da
identidade pessoal e social.
O Exame busca avaliar principalmente a habilidade de leitura de textos de gêneros variados,
relacionando-os a suas condições de produção.
O Vestibular Estadual 2024 indica 4 (quatro) livros de literatura como leitura necessária, a
saber: [1] O meu amigo pintor, de Lygia Bojunga (1º Exame de Qualificação); [2] Anos de
chumbo, de Chico Buarque (2º Exame de Qualificação); [3] Coração, cabeça e estômago, de
Camilo Castelo Branco (Prova de Língua e Literaturas no Exame Discursivo); e [4] O
menino do pijama listrado, de John Boyne (Prova de Redação no Exame Discursivo).
Os Exames de Qualificação partem de dois eixos complementares: o primeiro centra-se nos
elementos discursivos que garantem a um texto seu funcionamento, buscando explicitar sua
dimensão propriamente linguística e sua ancoragem em uma situação de comunicação. O
segundo explora os aspectos literários, a saber, os conceitos e procedimentos próprios da
representação artística.

EIXOS DA ÁREA
Construção do texto
• Tipologias: descrição; narração; argumentação; injunção
• Gêneros: composição típica dos enunciados; suportes; função social; graus de formalidade
• Perspectivas enunciativas: quem enuncia, a quem enuncia, espaço, tempo; vozes;
modalização
• Polifonia e intertextualidade: reformulação, paráfrase, paródia, citação; diálogo, discurso
relatado; inferência, pressuposição e subentendido
• Métodos de argumentação: indução e dedução; dialética
• Formas de articulação de ideias: fato, opinião; causalidade; conclusão; comparação;
exemplificação; enumeração; generalização, particularização; gradação, ênfase;
contra-argumentação
• Procedimentos de coesão e coerência: anáfora, catáfora, dêixis; substituição, designação,
elipse; uso de conectores; condições de interpretabilidade; relações entre as partes do texto
• Relações semânticas: sinonímia, antonímia, ambiguidade, polissemia; metalinguagem;
conhecimento lexical, expressões idiomáticas, formação de palavras; metáfora, metonímia,
personificação, hipérbole, antítese, eufemismo, ironia
• Usos do verbo: tempo, modo, aspecto, voz; formas afirmativa, interrogativa e negativa
• Elementos não verbais: relação entre o verbal e o não verbal; imagens; recursos gráficos e
tipográficos; sentidos da pontuação

Aspectos literários
• Natureza dos textos: o poético; o narrativo; o dramático
• Literatura e sociedade: contextos sócio-históricos de produção e recepção dos textos;
relações com movimentos estético-culturais; diálogos entre a literatura e as artes em geral
• Representações da realidade: efeito de real; verossimilhança externa e interna
• Elementos da narrativa: construção de personagens; narrador, foco narrativo, índices
narrativos; representações do tempo e do espaço
• Recursos estilísticos: seleção e combinação de palavras; formas dos vocábulos; efeitos
sonoros; figurações e imagens; representações da variabilidade linguística; efeitos de
sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem

O que é um texto dissertativo-argumentativo?

É um texto de caráter tanto dissertativo (explicações, exemplificações, análise ou


interpretação de aspectos do tema) quanto argumentativo (defesa ou refutação de
ideias dentro da temática solicitada), ou seja, é um texto organizado na defesa de um
ponto de vista, a partir de argumentos, sobre determinado tema. Portanto, seu objetivo
maior é tentar convencer seu interlocutor/leitor por meio de provas e evidências
(dados, exemplos, citações…) que seu ponto de vista é lógico e coerente.

Antes de começar…

1º a leitura e compreensão do tema proposto (enunciado e textos de apoio)


2º análise do enunciado da proposta (questão central de comando que tangencia todos os
textos de apoio além da obra central)
3º planejamento textual após assumir um objetivo argumentativo (seu posicionamento)

TESE → EXEMPLOS → PROGRESSÃO TEMÁTICA


ARGUMENTOS

Por meio desse texto, que Quais argumentos serão Qual a ordem das ideias?
tese será comprovada? utilizados para isso? Como apresentar o
(Objetivo argumentativo, o (Mobilização de acervo de assunto? Qual a ordem dos
quê se quer provar) informações, argumentos argumentos? Como
externos e repertório encerrar o texto?
cultural)

REDAÇÃO NOTA 10
Competência 1: Domínio da norma padrão na língua escrita – demonstra excelente domínio
da norma padrão, apresentando, no máximo, dois desvios gramaticais e de convenções da
escrita.
Competência 2: Domínio da tipologia textual – apresenta excelente domínio da tipologia
textual; organiza muito bem as partes do texto/redação; apresenta título coerente.
Competência 3: Desenvolver o tema de acordo com a proposta apresentada – abordagem
completa do tema; projeto de texto claro e estratégico; todos os repertórios culturais com
uso produtivo. A nota máxima será atribuída caso haja ao menos uma utilização coerente do
romance.
Competência 4: Organizar, relacionar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa do ponto de vista apresentado – articular tais elementos de forma
consistente, configurando autoria, em defesa do ponto de vista; texto fluido, de construção
argumental clara e acessível, sem qualquer dificuldade de compreensão para o leitor;
articular e demonstrar posicionamentos e pensamentos críticos.
Competência 5: Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação
do texto – domínio dos recursos de coesão, mostrando soluções pessoais de estilo sem
qualquer inadequação.

Recomendação de leitura: Para pensar melhor: A redação da UERJ, por Gustavo Bernardo

REDAÇÃO ENEM X REDAÇÃO UERJ

Tema: problemática social Tema: reflexões a partir do livro


pré-definido

Exige proposta de intervenção Pede uma conclusão reflexiva e não exige


detalhada intervenção

Não exige título Título exigido, quanto mais criativo melhor

Destaque aos conectivos bem marcados Coesão fluida

Requer uma estrutura fixa Texto criativo e modelo mais livre


Um outro final para Joana
Joana D’arc, uma jovem que lutou ao lado do exército francês na guerra dos Cem anos, foi
condenada à fogueira – acusada de heresia e feitiçaria – pelo tribunal eclesiástico. Por
longos períodos na história, esse ponto de vista exposto pela Igreja foi definido como
verdade. No entanto, a historiografia revela, posteriormente, o reconhecimento da inocência
de Joana pela própria Igreja. Sob essa ótica, observa-se que o relativismo mostrou-se
essencial na desconstrução da opinião cristã e dogmática. Com efeito,
contemporaneamente, refletir o relativismo da opinião humana diante de um fato é
mecanismo imprescindível para obtenção de outras perspectivas.
A relativização – linha de pensamento antigo da filosofia grega – permite a desconstrução
das verdades pré-determinadas, buscando o ponto de vista sob outros prismas. Esse
processo viabiliza a possibilidade de existir outros tipos de verdade, de perspectivas para o
mesmo fato. Ressaltamos a importância do relativismo, pois a construção de uma
circunstância não pode estar vulnerável à psique do indivíduo, à sua opinião incutida de
fatores psicológico e moral.
Se refletirmos acerca da narrativa machadiana, em Dom Casmurro, podemos correlacionar
a capacidade rasa de cognição de Bento Santiago à estruturação de sua opinião, por meio
de uma via turva de visão de mundo e leitura torta de seus próprios sentimentos, levando-o
a perder o contato tangível à realidade. Dessa forma, percebemos a incontestável
necessidade de contextualizar, analisar, ponderar os fatos, para que a opinião emitida não
seja um mero fruto daquilo que sentimos.
Um segundo olhar traz-nos o entendimento de que o substrato de ideias de um sujeito
resulta em um produto: a opinião. A expressão dessas ideias está moldada sob diversos
aspectos intrínsecos à psicoesfera do indivíduo, como princípios éticos, valores morais,
vulnerabilidade emocional, influências culturais e sociológicas. Nesse sentido, a expressão
dessa opinião poderá estar sobrecarregada de extrema parcialidade, pendendo à arquitetura
de uma verdade, a qual melhor convir ao pronunciante. Exemplo desse comportamento
encontra-se na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, na qual é possível edificar – pela
lente ocular de Bentinho – a opinião calcada de preconceitos, juízos de valor, injúrias acerca
de Capitu. Contudo, o livro nada definira, nada descrevera sobre essa percepção criada no
imaginário de Bento.
Dessa maneira, a análise consubstancializada em outras perspectivas evita a concepção
equivocada dos fatos, pois essa ponderação - feita considerando outros aspectos - contribui,
indubitavelmente, em tecer uma opinião coerente, capaz de materializar a preocupação com
o outro, o respeito à sua dignidade. O questionamento às verdades é importante, portanto,
para repensar os fatores que influenciaram naquela construção.
A relativização é atemporal, pois desde a Antiguidade à Contemporaneidade, faz-se atual,
relevante. Nesse contexto, a expoente obra literária de Machado de Assis exemplifica
didaticamente a proeminência de compreender que a verdade não é um desenho
unidimensional. A verdade, de fato, é desenhada no espaço multidimensional, a qual
permite-se ser observada em diferentes ângulos. Desse modo, o cenário da verdade é
constituído a partir de diferentes pontos de vista, de diversas opiniões e de vários ângulos.
Assim, o relativismo deve ser mecanismo intermediário `aquilo que se pensa ao que se
expõe, para evitar que outras Joanas sofram com a unilateralidade dos fatos.

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