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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Ciências Politicas e Relações Internacionais

O contributo do texto argumentativo na melhoria do desempenho linguístico

Nampula, Março 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Licenciatura em Ciências Politicas e Relações Internacionais

O contributo do texto argumentativo na melhoria do desempenho linguístico

Trabalho de campo a ser submetido na


coordenação do Curso de Licenciatura em
Ciências Politicas e Relações Internacionais da

Nome do estudante:

Nampula, Março 2023

Índice
Introdução...................................................................................................................................4
1. O contributo do texto argumentativo na melhoria do desempenho linguístico...................5

1.1. Argumentação..............................................................................................................5

1.2. Breve historico.............................................................................................................6

1.3. Texto Argumentativo...................................................................................................6

1.3.1. Estrutura do texto Argumentativo.........................................................................7

1.4. Marcadores argumentativos.........................................................................................7

1.5. Argumentos baseados na estrutura do real e ethos.......................................................9

1.6. Contributos das teorias da argumentação...................................................................10

Conclusão..................................................................................................................................12

Referencia Bibliográfica...........................................................................................................13
1. O contributo do texto argumentativo na melhoria do desempenho linguístico
1.1. Argumentação

De acordo com Reis (1993), “uma argumentação é um conjunto de elementos interligados e


com o objectivo de conquistar a adesão de outrem à utilidade e ao valor daquilo que
defendemos contra aquilo que defende o nosso adversário ou, mais simplesmente, um
conjunto de razões a favor ou contra uma opinião”.

Conforme Prata (2008,p.83),

“A argumentação refere-se, em primeiro lugar, a uma atividade racional, expressa


verbalmente e levada a cabo por dois, ou mais, interlocutores em defesa, ou em
refutação, de um ou mais pontos de vista diferentes sobre um assunto controverso;
em segundo lugar, a argumentação diz respeito ao produto resultante da atividade de
argumentar, ou seja, à cadeia de argumentos produzidos por qualquer dos
protagonistas nesta atividade.”

Sobre a argumentação, no geral, Nascimento e Pinto (2006) apontam para o encadeamento


das ideias como sendo o garante da unidade textual, ou seja as ideias são apresentadas em
sequência e sob uma lógica que seja descortinável pelos destinatários do texto. Reis (1993)
acrescenta que a argumentação pressupõe a organização das ideias tendo em conta um
objectivo final a ser alcançado pelo texto.

Num outro desenvolvimento, Nascimento e Pinto (2006) apresentam aquilo que entendem ser
a estrutura do texto expositivo argumentativo constituída por três partes, nomeadamente: “a
colocação da questão, o desenvolvimento da questão e a conclusão da questão. A colocação
da questão refere-se ao estabelecimento da tese. O desenvolvimento, refere-se à concretização
do que foi anunciado na tese do texto ou tópico frasal do parágrafo. Por último, a conclusão

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da questão diz respeito à síntese do que se disse anteriormente, não havendo lugar a
informação nova nesta fase.”

Koch (2006, p. 17) afirma que “a interação social por intermédio da língua caracteriza-se
fundamentalmente pela argumentatividade.” Para ela, uma vez dotado de razão e vontade, o
homem julga e forma juízos de valor, ao mesmo tempo, em que, por meio do seu discurso,
tenta influir sobre o comportamento do outro, persuadindo-o a compartilhar de determinadas
de suas opiniões.

Encontramos Golder apud Souza (2003, p. 72) afirmando que “toda ação de linguagem é
potencialmente argumentativa, porque o locutor, [...] seleciona o modelo do discurso que quer
adotar, conforme seu objetivo”.

Numa perspectiva semelhante, Gregolin (1993) observa que “a argumentação não é [..]
entendida como um acessório que auxilia na transmissão de informações, mas como ‘ato
linguístico fundamental’, inerente a todo e qualquer texto[...]”.(p.28)

1.2. Breve historico

Breton (2003), em sua abordagem, nos diz que a argumentação se estabeleceu como um saber
sistemático no século V antes de Cristo com o nome de retórica e “durante dois mil e
quinhentos anos, até a explosão das disciplinas do fim do século XIX, a retórica foi o centro
de todo o ensino” ( p. 24).

Segundo esse mesmo pesquisador, “o estudo da argumentação como parte da antiga retórica,
foi feito durante muito tempo por filósofos por um lado, e por especialistas literários da
linguagem por outro lado” (Breton, 2003, p. 14). De acordo com esse estudioso, os filósofos
situavam a argumentação de forma ambígua, já que se perguntavam se nela havia
procedimentos que pudessem nos permitir chegar à verdade de algo ou provar a falsidade.
Para Breton, considerando-se que, no âmbito da comunicação, cada mensagem é vista como
uma opinião que pode ser argumentada, a questão levantada pelos filósofos deixava de ser
relevante, já que não se busca com a argumentação uma verdade ou um erro.

1.3. Texto Argumentativo

Preuss ( 2017, p.75 ), afirma que, “um texto argumentativo visa defender um ponto de vista
ou persuadir o interlocutor, através de argumentos a favor ou contra.” E de acordo com a

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mesma autora, afirma que, o texto argumentativo tem como funções persuadir, refutar,
comprovar e/ou debater uma causa.

De acordo com Preuss (2017, p.75), refere que,

“esse tipo de texto é constituído por um parágrafo curto chamado de introdução,


que pincela a ideia do texto de maneira sutil, para que paire no ar a curiosidade.
Depois o desenvolvimento que faz referência à opinião da pessoa que o escreve,
com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve também
conter contra-argumentos. Por fim, a conclusão que é um parágrafo que traga
respostas ao mencionado na introdução com a ideia chave da opinião. A linguagem
precisa ser clara, impessoal, objectiva, fazendo uso, preferencialmente, do presente
do indicativo.”

E a mesma autora afirma que, o texto argumentativo pode ser encontrado no discurso político
ou religioso, no debate, nas discussões, nas críticas, nos conselhos, na publicidade e no texto
de opinião. Ao construir um texto argumentativo é preciso ter cautela quanto ao uso de
argumentos falsos, ilógicos, raciocínios infundados que prejudicam a argumentação.

1.3.1. Estrutura do texto Argumentativo

Introdução pode ser uma:


- A_rmação geral sobre o assunto;
- Consideração do tipo histórico - filosofico;
- Citação;
- Comparação;
- Uma ou mais perguntas;
- Narração.

Desenvolvimento precisa:
- Persuadir;
- Desenvolver o tema valendo-se da argumentação
por citação, comprovação ou raciocínio lógico;
- O escritor precisa tomar posição sobre o que escreve.

6
Conclusão precisa ser:
- Resumo forte e breve de tudo o que já foi escrito;
- Responder à questão proposta na introdução:
- Expor uma avaliação _nal do assunto.

Fonte: Preuss (2017, p.75)

1.4. Marcadores argumentativos

Com respeito à propaganda e sua relação com língua, vale ressaltar o postulado de Koch
(2002), sobre a linguagem em geral, mas que se faz pertinente especialmente quando tratamos
de linguagem publicitária. Segundo Koch, (2002, p.15), “a linguagem é uma forma de ação,
ação sobre o mundo, dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologias, caracterizando-se,
portanto, pela argumentatividade”.

Refletindo sobre a afirmação de Koch (2001), pensamos que é por meio da linguagem que o
sujeito realiza intencionalmente algo para si e para o mundo em que vive, propagando pela
argumentação, de forma explicita ou implícita, suas ideologias inscritas na própria utilização
da língua.

Ainda, afirma a autora:

“a argumentatividade permeia todo o uso da linguagem humana, fazendo-se


presente em qualquer tipo de texto e não apenas naqueles tradicionalmente
classificados como argumentativos. Não há texto neutro, objetivo, imparcial: os
índices de subjetividade se intpretensa neutralidade de alguns discursos (o
científico, o didático, entre outros) é apenas uma máscara, uma forma de
representação (teatral): o locutor se representa no texto “como se” fosse neutro,
“como se” não estivesse engajado, comprometido, “como se” não estivesse
tentando orientar o outro para determinadas conclusões, no sentido de obter dele
determinados comportamentos e reações. (Koch, 2001, p.60)”

Tomando como verdadeira essa afirmativa, pode-se dizer que o uso da linguagem é
constituído de argumentatividade, independente do gênero textual utilizado; isso porque
mesmo a aparente impressão de neutralidade já é uma escolha subjetiva que orienta
argumentativamente o interlocutor para a conclusão que se pretende.

Assim, refletindo sobre a argumentação na perspectiva da linguagem que se apoia no sujeito


que age e constrói seus discursos. Esses discursos são marcados por um modo de dizer e pela
relação que se estabelece entre os interlocutores e também entre leitor e texto.

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Desse modo, nos valemos da linguagem não só para transmitir informações ou ideias, mas
também para convencer, firmar exemplos, almejar efeitos, provocar mudanças, modificar
comportamentos, reforçar valores, despertar desejos e sensações, construir imagens, isto é, a
linguagem verbal não é apenas um fazer saber, mas também um fazer crer, convencer,
persuadir. A linguagem é, portanto, um instrumento de ação sobre o outro.

Nesse sentido, podemos dizer que a linguagem é, além de argumentativa, subjetiva, no sentido
de que ela põe em jogo subjetividades que desejam fazer valer seus pontos de vista. Vale
relembrar a afirmação de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005, p. 4) para quem “[...] a teoria
da argumentação é o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a
adesão das mentes”.

Assim, o discurso publicitário tem o objetivo fundamental de incitar de forma persuasiva seus
leitores/enunciadores, mesmo quando ele informa. E a persuasão é possível ser observada,
pelas escolhas das marcas linguísticas deixadas no discurso.

Essas escolhas conscientes ou não, estruturam, organizam e orientam a argumentação e a


progressão de ideias apresentadas pelos argumentos. Os argumentos representam as
estratégias discursivas, cujas intenções conduzem a uma conclusão compartilhada das mesmas
ideias.

Para Carvalho (1996, p. 9), “falar é argumentar” e a argumentação se fundamenta em factos e


valores inscritos que se materializam na linguagem por mecanismos inerente à língua. Desse
modo, os elementos argumentativos da língua, como por exemplo, os operadores
argumentativos são responsáveis por apontar a força argumentativa dos enunciados.

Com respeito aos instrumentos linguísticos da argumentação, vale destacar o posicionamento


de Koch (2002) sobre a função dos operadores argumentativos, corroborando o mesmo ponto
de vista dos estudos de Guimarães (1981), que também se dedica sobre este aspecto.

Conforme Koch (2001, p.30), os operadores argumentativos indicam a força argumentativa


dos enunciados, o sentido para o qual apontam. Segundo a autora, os operadores
argumentativos desempenham diferentes funções na repetição dos enunciados. A autora
apresenta uma lista bastante extensa de exemplos de operadores para cada orientação;
observamos, entretanto, que destacamos apenas alguns elementos dessa lista a título de
exemplo.

Conforme o estudo de Koch (2001), existem operadores que somam argumentos a favor de
uma mesma conclusão, como por exemplo e, também, ainda, nem, não só... mas também,
8
tanto...como, além de, entre outros. Há operadores que introduzem uma justificativa ou
explicação relativa ao enunciado anterior, como porque, que, já que, pois, por isso; há
operadores cuja função é introduzir no enunciado conteúdosbpressupostos como já , ainda,
agora etc.

1.5. Argumentos baseados na estrutura do real e ethos

A produção de argumentos depende dos usos que fazemos da linguagem. De acordo com
Koch (2002) a argumentação se concretiza nas diversas práticas sociais de interação; assim,
entendemos que argumentar é convencer, isto é, vencer por meio das ideias, e persuadir, ou
seja, fazer agir por meio das emoções.

De acordo com Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005) e Reboul (2004) os argumentos baseados


na estrutura do real, versam sobre argumentos que se referem a algo que já existe, que é real e,
sendo assim, são favoráveis aos argumentos admissíveis como fazendo parte da realidade. São
argumentos aceitos pela sociedade como reais, como verdades que podem implicar um
deslocamento de verdades, crenças, valores que se quer admitir; são ainda argumentos que se
firmam na descrição de fatos como reais verdades; considerando que o real é o que é admitido
pelo auditório como existente.

Além disso, há os argumentos que indicam as ligações de coexistência entre as coisas, ou seja,
indicam as relações de característica com a essência; são chamados de argumento da essência.
Para a realização do argumento de essência utilizamos o argumento de pessoas o qual se firma
em vínculos entre a pessoa e suas atitudes; esse argumento de pessoas se subdivide em
argumento de autoridade, isto é, a técnica que buscamos justificar na pessoa de reconhecido
valor pelos seus atos, por meio da moral,ou pelos seu conhecimento. A contradição do
argumento de autoridade indica a segunda subdivisão do argumento de pessoa para o qual
chamamos de argumento ad hominem.

Para Maingueneau (2004) o ethos se configura no discurso, é a palavra que constrói uma
tonicidade, isso porque a palavra é carregada de sentidos: discursivos, ideológicos e sociais
logo, constrói sua imagem; é pela interação que a cenografia criada permite instituir como
sujeito, buscando revelar os co-enunciadores (nós) sujeitos empíricos participantes da
enunciação.

Assim entende-se, ethos como caráter moral; é a imagem que o enunciador revela como um
ser do discurso; ao se manifestar, o enunciador se investe de uma imagem de honestidade, de

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sinceridade ou não, em busca da verossimilhança, conforme seu auditório. Para Maingueneau
(1997), o caráter moral é moldado espontaneamente em função de um modo de dizer. O que
se pretende é impressionar pelo apelo ao conhecimento de mundo que se tem e no qual se vai
revelar “o caráter”. A figura do enunciador que se manifesta traz marcadamente o
envolvimento com o outro; o modo de dizer é adaptado, nesta interação.

1.6. Contributos das teorias da argumentação

Para Walton (1992) as abordagens teóricas recentes sobre a argumentação, nas áreas mais
diversas do conhecimento, devem-se à ideia pragmática de que o argumento é algo que pode
ser usado de forma adequada ou inadequada, nas conversações do dia a dia. Assim, e face à
pletora de estudos de orientações diversas provenientes de correntes disciplinares com
interesses heurísticos e propósitos práticos distintos, cingimo-nos àquelas reflexões nesta área
do conhecimento com significado para a nossa investigação e que são, pela sua ordem de
apresentação, o esquema argumentativo de Toulmin (1958, 2003), a nova retórica de
Perelman e Olbrechts-Tyteca (1958, 1983), a teoria pragmadialéctica (van Eemeren &
Grootendorst, 2004) e a teoria dialógica (Walton, 1992).

Se a obra de Aristóteles constitui a referência histórica e clássica nos estudos sobre a


argumentação, onde este conceito surge associado à Lógica, como a arte de pensar
corretamente, à Retórica como a arte de falar bem e à Dialética, a arte de dialogar bem
(Plantin, 2016), a renovação do interesse teórico contemporâneo por esta temática e a sua
aspiração à autonomia atribui-se aos estudos de Toulmin e ao trabalho conjunto de Perelman e
Olbrechts-Tyteca, ambos datados de 1958 na sua primeira edição.

10
Conclusão

A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto mais polémico for o
assunto em questão, mais dará margem à abordagem argumentativa. Pode ocorrer desde o
início quando se defende uma tese ou também apresentar os aspectos favoráveis e
desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão.

O sentido do termo argumentação já não se refere apenas a um tipo particular de emprego


verbal, mas sobretudo a uma propriedade fundamental para a caracterização da linguagem
como discurso.

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Referencia Bibliográfica

Breton, P. (2003).A argumentação na comunicação. (2ª ed.) São Paulo: EDUSC.

Koch, I.( 2001).A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto.

.Koch, I.( 2002). Argumentação e linguagem.(7. ed.) São Paulo: Cortez Editora.

Maingueneau, D. (2004). Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez.

Maingueneau, D. (1997).. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes /


Unicamp.

Nascimento, Z. e Pinto, J. M. de C. (2006). A dinâmica da Escrita-Como Escrever com Êxito,


(5ᵃ,ed.) Lisboa: Plátano Editora

Perelman, C.; Olbrechts-tyteca, L.(2005).Tratado da argumentação: a nova retórica.


Tradução de Maria Ermantina Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes.

Prata, M. J. B. (2018). O Ensino do texto argumentativo a alunos do 9.° ano de

escolaridade. Estratégias colaborativas e do SRSD. Universidade de Coimbra.

Preuss L. J.(2017). Língua Portuguesa (1ª ed.), Universidade Federal de Santa Maria Santa
Maria, RS.NTE

Reis, J. E. (1993). Curso de Redacção I. Porto: Porto Editora.

12
Walton, D. N. (1992). Plausible argument in everyday conversation. Albany, NY: State
University of New York Press.

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