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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Administração Pública

O regime Politico Moçambicano

Nampula, Setembro 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Licenciatura em Administração Pública

O regime Politico Moçambicano

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Administração
Pública da UnISCED.
Tutor:

Nampula, Setembro 2023

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................4

1.1. Objectivos do trabalho.................................................................................................4

1.2. Metodologias................................................................................................................4

2. O regime Politico Moçambicano.........................................................................................5

2.1. Regime político............................................................................................................5

2.2. Classificação dos regimes políticos..............................................................................5

2.2.1. Monarquia.............................................................................................................5

2.2.2. Aristocracia (governo dos melhores),...................................................................6

2.2.3. A Democracia (governo do povo).........................................................................6

2.2.3.1. Classificação da democracia.............................................................................6

3. O regime Politico Moçambicano.........................................................................................7

3.1. A cara da democracia em Moçambique.......................................................................7

3.2. Os desafios da democratização....................................................................................8

Conclusão..................................................................................................................................10

Referências bibliográficas.........................................................................................................11

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1. Introdução

Em ciência política, chama-se forma de governo (ou sistema político) o conjunto de


instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder
sobre a sociedade.

Tais instituições têm por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo
exercício, inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os demais
membros da sociedade (os administrados).

Moçambique é uma democracia parlamentar multipartidária com uma forma republicana de


governo eleito livremente.

1.1. Objectivos do trabalho

O trabalho tem como os seguintes objectivos:

Geral:

 Refectir o sistema politico de Mocambique

Especificos:

 Contextualizar o sistema politico;


 Analizar o sistema politico Mocambicano;
 Criticar o sistema politico Mocambicano.

1.2. Metodologias

Portanto, sendo um estudo de natureza investigativo, para a realização do presente trabalho


recorreu-se a consulta de diferentes fontes bibliográficas fazendo uma abordagem geral sobre
o sistema politco. Conforme Lakatos e Marconi (2007), este tipo de pesquisa tem como
finalidade colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto. E, no entanto, Martins (2001) afirma que a pesquisa
bibliográfica procura explicar e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas
em livros, revistas, periódicos e outros. Busca também, conhecer e analisar conteúdos
científicos sobre determinado tema.

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2. O regime Politico Moçambicano
2.1. Regime político

Para Georges (1957, p.116) define regime político como “conjunto de regras, processos ou
práticas, segundo o qual em um determinado país, os homens são governados.”

Por seu turno, ensina Maurice (1955) - "no sentido amplo chama-se regime político a forma
que, num dado grupo social, assume a distinção entre governantes e governados. Numa
acepção mais restrita, o têrmo regime político aplica-se, tão-somente, à estrutura
governamental de tipo particular da sociedade humana - a Nação"

O conceito de regime político se vincula às noções de instituições políticas e de governo, pois


o Estado realmente se institucionaliza e se estrutura para exercer o Poder, constituindo o
governo o conjunto ou sistema de órgãos por meio do qual realiza seus fins. (Georges 1957,
p.116)

A forma pela qual o governo se organiza e se estrutura; a maneira como exerce ou


desempenha suas funções, caracterizam, portanto, o regime político.

O conceito de regime político está ligado ao próprio conteúdo do poder estatal e às


suas relações com o indivíduo ou pessoa humana e respectivos direitos, donde ser
lícito afirmar que o regime político pode ser ditatorial ou democrático, autoritário
ou liberal, consoante o tratamento dispensado aos direitos humanos e o lugar que
ocupa na linha cujos extremos são a autoridade e a liberdade, os dois pólos de
atracão de ordem política. (Paiva 1960, p.104)

2.2. Classificação dos regimes políticos

Aristóteles, em sua obra Política , nos mostra algumas formas de governo e regimes políticos.
Ele refere-se a três diferentes formas legítimas, entre elas;

2.2.1. Monarquia

É a forma de governo em que apenas uma pessoa exerce o poder, o monarca (μονάρχης -
monarkhía, de μόνος, “um/singular “ e ἀρχων), pode ser representada por um Rei que exerce
um papel político, liderando um Estado ou uma Nação, ou então de forma menos activa,
cumprindo apenas protocolos cerimoniais e representativos. (Araujo et al s/d, p. 428 )

O surgimento da Monarquia ocorre com o aparecimento das primeiras cidades, com o


aumento do fluxo de pessoas e formação das comunidades.

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2.2.2. Aristocracia (governo dos melhores),

Aristocracia, de origem Grega, (ἀριστοκρατία aristokratía de ἄριστος aristos 'excelente', e


κράτος, kratos 'regra'), é traduzida como “o governo dos melhores”, é uma das formas de
governo em que predominava a supremacia do poder nas mãos de nobres, geralmente ligados
aos monarcas. (Tosi 2020, p. 5).

2.2.3. A Democracia (governo do povo)

Democracia é uma forma política de governo em que todos os cidadãos têm participação no
processo democrático, seja de forma direta ou mediante representantes eleitos pelo povo.
Geralmente a criação de leis e o desenvolvimento da nação, são praticadas por políticos, que
são escolhidos mediante sufrágio universal. O termo provém do grego δημοκρατία
(dēmokratía ou “governo do povo”), que foi criado a partir de δῆμος (demos ou “povo”) e
κράτος (kratos ou “poder”) no século V a.C.

2.2.3.1. Classificação da democracia

A democracia é classificada em diferentes tipos e níveis, vejamos:.

 Democracia direta: começou a ser posta em prática em Atenas, e todos os cidadãos


participavam de forma direta, colaborando na criação de leis e elaboração de projetos,
atuando como um poder legislativo, onde o governo (poder executivo) submetiam-se
às decisões tomadas pelas assembleias
 Democracia representativa: acontece de modo interligado ao republicanismo e
parlamentarismo. É um modelo mais contemporâneo que possibilita o exercício
indireto da democracia, com eleições e escolha dos representantes do povo através do
sufrágio universal, além da regulamentação da vida pública e alternância do poder.
Existem situações favoráveis para esse tipo de regime democrático, já que a população
tem o direito a participação, porém, também oferece a possibilidade de alguns
representantes, eleitos pelo povo, atuarem em benefício próprio.
 Democracia participativa: estaria entre a democracia na sua forma direta e indireta
ou representativa. Também chamada de democracia semidireta participativa, é
elaborada de modo que a população exerça um certo papel na tomada de decisões do
governo e do estado, com eleições de representantes aptos para atuar no executivo e

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legislativo. O principal meio utilizado é a realização de plebiscitos e assembleias em
conjunto com ações políticas

Além das formas legítimas, Aristóteles (1973) nos mostra as formas desviadas do poder:
tirania, oligarquia e demagogia, desvios que ocorrem “quando o governante não governa no
interesse de todos, mas no interesse próprio e sem o respeito das leis vigentes”, (Tosi, 2020, p.
7).

3. O regime Politico Moçambicano

Segundo o Portal do Governo (2015), refere que, “Moçambique é um país democrático


baseado num sistema político multipartidário.”

A Constituição da República consagra, entre outros, o princípio da liberdade de associação e


organização política dos cidadãos, o princípio da separação dos poderes legislativo, executivo
e judiciário, e a realização de eleições livres.

De acordo com a constituição em vigor, o regime político em Moçambique é presidencialista:


o chefe de Estado é igualmente chefe do governo. No entanto, existe desde 1985 o cargo
de Primeiro Ministro, que tem o papel de coordenador e pode dirigir as sessões do Conselho
de Ministros na ausência do presidente.

O parlamento tem a designação de Assembleia da República e é constituído por 250 assentos.

Para além do Presidente da República e dos membros do parlamento, os presidentes e os


membros das assembleias dos municípios e das províncias (desde 2009) são
igualmente eleitos democraticamente, para mandatos de cinco anos.

3.1. A cara da democracia em Moçambique

Artigo 2 da Constituição da República de Moçambique

(Soberania e legalidade)

1. A soberania reside no povo.


2. O povo moçambicano exerce a soberania segundo as formas fixadas na Constituição.
3. O Estado subordina-se a Constituição e funda-se na legalidade.
4. As normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do
ordenamento jurídico.

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Artigo 3 da Constituição da República de Moçambique

(Estado de Direito Democrático)

A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na


organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades
fundamentais do homem.

Como vimos em cima, a democracia é o governo do povo. Implica, que a legitimação do


poder político, em palavras mais simples: o governo, deve sair do próprio povo. O número
dos habitantes em Moçambique não permite que todos possam estar presentes numa reunião.
Por isso, os cidadãos elegem representantes com a tarefa de exprimir a vontade do povo e,
deste modo, governar o país. A Constituição da República prevê que a população elege
deputados para a Assembleia da República, que são representantes do povo. Para a escolha
dos representantes, arts. 73º e 135º da Constituição da República exige eleições transparentes,
livres e justas, onde todos os cidadãos maiores de 18 anos têm o direito de participar (arts. 147
n.º 1 e 170º n.º 1 da Constituição da República de Moçambique). Todos podem participar de
igual maneira, quer dizer, o voto do Chefe do Posto Administrativo conta igual como o voto
da camponesa Margarida.

O poder político em Moçambique está sendo organizado em órgãos de soberania e órgãos


locais do Estado (arts. 133º e 262º da Constituição da República). Os órgãos da soberania
respondem ao nível central, os órgãos locais ao nível local.

3.2. Os desafios da democratização

Ao longo dos anos, Moçambique tem enfrentado sérias dificuldades no estabelecimento de


um governo estável e democrático no país. O país conquistou sua independência somente em
1975, quinze anos depois da maioria dos países africanos, tendo o poder colonial deixado
poucos recursos para trás. Na sequência, o país foi quase imediatamente envolvido numa
sangrenta guerra civil, em grande parte financiada pelos regimes brancos minoritários da
Rodésia e, depois, África do Sul.

Grandes desafios, contudo, ainda existem. A pobreza continua a afectar a maioria da


população e os níves de desiguldade têm crescido. No cenário político, a falta de confiança
entre as duas forças políticas anteriormente em guerra, a FRELIMO e a RENAMO
(Resistência Nacional Moçambicana), continua bastante alta. Entretanto, a FRELIMO tem
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aumentado o seu domínio da arena política: nos próximos anos, o multipartidarismo corre o
risco de tornar-se em pouco mais que a coexistência entre um partido dominante e vários
outros partidos menores e com pouca força política, a democracia no país tornando-se
bastante vulnerável ao grau de democracia no seio da FRELIMO.

Ainda, se importantes arranjos políticos para a participação popular foram estabelecidos,


incluindo passos para a uma maior descentralização do governo aos níveis locais, assim como
o envolvimento da sociedade civil em alguns processos governamentais, estes arranjos estão
ainda na sua fase embrionária, muitos deles sendo pouco mais que mecanismos de consulta:
não há nenhum compromisso do Governo em seguir suas recomendações. Adicionalmente, a
participação popular nos processos políticos formais está declinando: há uma tendência
preocupante em direção a um menor número de votantes nas eleições gerais.

Com os partidos de oposição enfraquecidos, e com a FRELIMO a aumentar a sua hegemonia


da arena política, o facto de o país continuar a depender de ajuda externa para financiar sua
reconstrução e a expansão do aparelho de Estado também tem implicações para a
democratização.

A ajuda externa foi muito importante para sustentar a paz e contribuir para o cumprimento do
acordado nas negociações de paz em Roma, assim como para a desmobilização das forças
envolvidas na guerra civil, e desde o final da guerra, Moçambique recebe quantias
substanciais em ajuda-externa da comunidade internacional. Neste processo, directa e
indirectamente, os doadores têm exercido grande influência na governação e na definição do
rumo seguido pelo país, criando alguns obstáculos na prestação de contas do Estado aos
cidadãos. Em verdade, muitas pessoas acreditam que o governo tem prestado mais atenção às
demandas e pedidos dos doadores internacionais do que às demandas e necessidades de seus
cidadãos.

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Conclusão

A divisão do poder está intimamente ligada a forma como o governo organiza o estado, de
acordo com sua época e momento histórico. Diversas nações adotaram formas de governo
distintas das atuais, sofrendo alterações ao longo do tempo, portanto, tornase extremamente
relevante abordar estudos na área, pois todo cidadão precisa conhecer um pouco mais sobre o
regime político que sua nação está inserida, contribuindo de forma significativa para propor
mudanças necessárias para um melhor funcionamento da “máquina” pública, com maior
igualdade, justiça e soberania, com o objetivo de tornar o mundo um lugar melhor e mais
justo.

O ambíguo historial de avanços, retrocessos e constantes desafios da democracia


moçambicana não nos deve surpreender: afinal, não devemos esquecer que os arranjos e
processos democráticos estão sempre em mudança: progressos são lentos e retrocessos
acontecem. Contudo, tal constatação não significa que a democracia moçambicana não
poderia estar em uma melhor situação: ao contrário, há várias reformas que poderiam ser
implementadas e, em nossa opinião, contribuiriam grandemente aos processos democráticos
no país. Mais importante, sem a devida atenção e trabalho duro, as conquistas do passado
podem tornar-se mais raras no futuro.

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Referências bibliográficas

Aristóteles(1973). Tópicos. Os Pensadores. São Paulo. Abril Cultural. ed. AET

Georges B., (1957).Droit Constitutions e Institutions Politiques, ed. AET

Paiva, A, A (1965). Regimes Políticos e os sistemas de governo contemporâneo. Conferencia.


Rio.

Portal do Governo de Mocambique (2015),sistema politico. Acessado:


https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Cidadao/Informacao/Politica/Sistema-
Politico

Maurice D.(1955). Droit Constitutionnel et Institutions Politiques, ed.

Eleno Marques de Araújo1 , Avaetê de Lunetta e Rodrigues Guerra2 Francisco das Chagas de Sousa.
(s/d), Os Regimes Políticos e as Formas de Governo. Conjentura

Tosi, G.(2020) A democracia como “forma mista” de governo em Norberto Bobbio. ______.
(Org.) Norberto Bobbio: democracia, direitos humanos, guerra e paz. João Pessoa:
Editora da UFPB

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