Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Historia

Tema: O ESTADO DE DIREITO

Nome do Estudante: Sílvia Carlitos Vereda


Código do estudante: 0950395
Quelimane, Setembro de 2023

0
UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Biologia

Tema: O ESTADO DE DIREITO

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Historia
da UnISCED.
Tutor:

Nome do Estudante: Sílvia Carlitos Vereda


Código do estudante: 0950395
Quelimane, Novembro de 2023

0
Índice

CAPÍTULO I...........................................................................................................................2

Introdução................................................................................................................................2

CAPÍTULO II.........................................................................................................................3

2. A Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique....................................3

Contexto Político e Histórico.................................................................................................3

Estruturas Políticas.................................................................................................................4

Participação Política...............................................................................................................5

Engajamento Cívico...............................................................................................................6

Factores Socioeconómicos.....................................................................................................7

Desafios e Barreiras................................................................................................................8

Impacto da Participação..........................................................................................................9

Conclusão..............................................................................................................................11

Bibliografia............................................................................................................................12

0
CAPÍTULO I

Introdução

O presente trabalho, tem como tema: A Participação Política e Engajamento Cívico em


Moçambique. Tratando-se que actualmente, com a crescente desconfiança sobre os métodos
tradicionais de participação política baseados no voto, os níveis de abstenção eleitoral e o
fraco engajamento pela política usual mostra-se em alta, praticamente, em todo o mundo.

Moçambique, à semelhança de outros países que adoptaram a democracia no período pós


independência, inicia um conjunto de reformas institucionais e estruturais nos finais da década
1980 e início da década 90, caracterizadas por uma abertura política e económica.

i. Objectivo geral:
 Tecer em torna da participação política e engajamento cívico em Moçambique.
ii. Objectivos específicos:
 Analisar os níveis de participação política e engajamento cívico em diferentes regiões
de Moçambique;
 Identificar as principais barreiras à participação política efectiva e ao engajamento
cívico em Moçambique;
 Analisar os mecanismos institucionais e estruturais que garantem a representação
política em Moçambique;
 Identificar os factores que contribuem para o distanciamento dos representantes em
relação aos seus eleitores; e entre outros.

Em termos metodológicos para a colecta dos dados presentes no trabalho, com vista a
materialização dos objectivos previamente definidos, alguns procedimentos metodológicos
foram através de pesquisa bibliográfica, onde procurou-se obter instrumentos teóricos de
análise através de consultas de uma vasta bibliografia tal como livros e documentos sobre o
assunto que se pretende analisar o tema em estudo. Sendo a pesquisa bibliográfica uma
técnica que se baseia em material já elaborado e tornado público em relação ao tema em
estudo, desde livros, monografias, teses e pesquisas, a sua vantagem reside no facto de
permitir a cobertura de uma gama de fenómenos mais amplos em relação aos fenómenos que
seriam possíveis de pesquisar directamente.

2
CAPÍTULO II

2. A Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique

Na democracia os governos são representativos porque são eleitos (Manin, Przeworski &
Stokes, 2006), por outro lado, para Lüchmann (2007), a trajectória da constituição dos
modelos de democracia tem sido marcada pelas noções de representação e participação, que
embora referenciados na ideia de participação política, ambos conceitos registam, com
orientações diversas, dois modelos centrais de organização política democrática, que são a
democracia representativa e a democracia participativa.

“O modelo da democracia representativa, assente na ideia de que as decisões políticas são


derivadas das instâncias formadas por representantes escolhidos por sufrágio universal, e o
modelo da democracia participativa, por sua vez baseado na ideia de que compete aos
cidadãos, no seu conjunto, a definição e autorização das decisões políticas, constituem os dois
modelos centrais de organização política democrática” (Lüchmann, 2007, p. 3).

Na sua génese a democracia, segundo Aristóteles (s/d), compreende a forma de governo onde
todos (cidadãos que gozam dos seus direitos) participam de todos os cargos sem excepção, tal
é o caso da democracia antiga “que era concebida numa relação intrínseca e simbiótica com a
polis”(Sartori, 1994, p. 35).

Segundo Rousseau (2002), esta forma de governo requer elementos difíceis de reunir, pois,
primeiramente exige um Estado bastante pequeno em que seja fácil congregar o povo, e onde
cada cidadão possa facilmente conhecer todos os outros.

Manin (1995), examinando as origens do governo representativo estabelece quatro princípios


que são encontrados em todos tipos do governo representativo. O primeiro princípio é de que
os representantes são eleitos pelos governados, o segundo defende que os representantes
conservam uma certa independência parcial diante das preferências dos eleitores.

Contexto Político e Histórico

Ao longo da história o modelo de governação democrático tem vindo a ganhar maior


protagonismo nas sociedades, pois como afirma Dahl (2001) é proporcionador de
oportunidades para a participação efectiva, igualdade de voto, bem como o controlo definitivo
das políticas. Montesquieu (2001) diz que “o amor à democracia é o amor à igualdade e
frugalidade”.

3
Autores como Rocha (2002, p. 24), sustentam que as tentativas de materialização da
participação em Moçambique datam do período colonial com a constituição de associações de
carácter cultural e recreativo. Na perspectiva deste autor, estas associações eram como forma
de reacção ao estado crítico, económico e social. Noutra vertente, existiam os régulos (chefes
tradicionais) que funcionava como elo de ligação entre o governo e as comunidades,
preservando os hábitos e valores socioculturais e religiosos da comunidade a ser explorada
pelos portugueses, mas, após a independência, foram contestados pelo Estado por terem
colaborado com o regime colonial.

A partir de 1885, ano em que terminou a conferência de Berlim, seguida de ocupação efectiva
do território, até 7 de Setembro de 1974, data da realização dos acordos de Lusaka,6
Moçambique esteve sob dominação colonial portuguesa. Relativamente ao contexto
sociopolítico desse período, é necessário referir que, na condição de uma colónia, o território
que hoje se constituiu, pelo menos do ponto de vista político, como um país independente,
permaneceu sob domínio do regime fascista colonial (Lalá; Ostheimer, 2004). Quanto à
estrutura social, os moçambicanos se encontravam divididos em dois principais estratos:
assimilados e indígenas (Mondlane, 1969).

Estruturas Políticas

O poder político em Moçambique está sendo organizado em órgãos de soberania e órgãos


locais do Estado (arts. 133º e 262º da Constituição da República). Os órgãos da soberania
respondem ao nível central, os órgãos locais ao nível local.

4
São órgãos da soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo,
os Tribunais e o Conselho Constitucional (art. 133º da Constituição da República de
Moçambique).

Os Órgãos Locais do Estados (OLE) vêm consagrados na emenda constitucional de 1996 que
consagrava também a lei 2/97, através do artigo 185. São considerados OLE os governos
provinciais, as administrações distritais, os postos administrativos e os governos das
localidades.

Segundo Faria e Chichava (1999), afirmam que é necessário o aumento da capacidade da


administração local para o atendimento adequado e satisfatório ao público, em equipamento e
capacidade humana.

“É também urgente a criação de mecanismos de consulta a nível local com representação aos
vários níveis (até ao bairro ou aldeia), para permitir que gradualmente se vá criando
capacidade para o diálogo e negociação com vários doadores e parceiros a nível local”.
(Faria & Chichava, 1999, p. 12).

Avaliando os arranjos institucionais implementados no âmbito da formação dos governos


locais, Faria e Chichava (idem), afirmam que a emenda da Constituição da República através
da lei 9/96, que introduz no capítulo sobre Órgãos Locais do Estado os artigos 188-198 sobre
o Poder Local, tem como objectivo organizar a participação dos cidadãos na solução dos
problemas próprios da sua comunidade.

Participação Política

Segundo o art. 73º da Constituição da República de Moçambique prevê a permanente


participação democrática dos cidadãos na vida da nação. Neste capítulo vamos analisar, como
é que esta participação pode ser realizada na prática.

A vasta literatura existente sobre esta temática aborda a questão de governação participativa
como sendo um conjunto de princípios e instrumentos políticos e administrativos enquadrados
em quatro perspectivas de análise, nomeadamente a perspectiva da democrática participativa,
a perspectiva da democracia deliberativa, a perspectiva do empoderamento da sociedade e a
perspectiva de auto governação (Simione, 2017).

5
A união entre a participação e a representação política vem sendo apontada pela literatura
como sendo uma das formas que é, efectivamente, capaz de reavivar o relacionamento entre
Estado e sociedade.

Segundo Corrêa (2008), se as instâncias institucionalizadas de participação visam aumentar a


accountability e a responsividade dos governantes, elas possuem alto potencial para alterar o
padrão de interacção entre cidadãos e representantes, mas também a relação destes entre si.

Shepherd (1994), afirma que a participação requer mudança de atitude, entendimento,


humildade, flexibilidade e paciência. O autor defende que tanto o governo como as ONGs
devem ter regras que promovam a participação. É necessário que se trabalhe com a
comunidade e com outras organizações existentes, para responder às iniciativas locais sendo
que os projectos devem ser suficientemente pequenos de modo a que sejam acessíveis e de
fácil percepção para o pessoal local.

Desta forma, e numa lógica racional, a participação do cidadão será valioso para este, se os
benefícios superarem os custos, no caso do legislativo os benefícios estariam relacionados ao
facto do cidadão conseguir que a política de sua preferência seja implementada, por exemplo.

Engajamento Cívico

O engajamento associativo visto numa abordagem estratégica significa que, pela entrada nas
associações, os jovens demonstram o seu sentimento de dedicação para com outrem; eles
preparam o seu próprio futuro; eles passam de uma atitude de expectativa para uma atitude de
conquista e de criação e; eles procuram resolver colectivamente as incertezas do momento
(Manjante, 2001, pp. 21-30).

Considerar-se o papel das associações neste prisma somente serão visualizados os seus papéis
explícitos. Porém, estes papéis explícitos já se inscrevem numa legitimidade afirmada e
autoproclamada de todo um sector de organizações chamadas não-governamentais. E esta
legitimidade é apenas uma das representações simbólicas do associativismo. Para além do seu
papel explícito, as associações têm funções e papéis latentes. Os dados de que se dispõe
sugerem uma multiplicidade de motivações, de expectativas e, por consequência, de papéis
que desempenham estes agrupamentos.

O problema do desemprego e/ou do trabalho é crucial para os jovens na medida em que é


6
através dele que estes fazem a entrada na vida adulta e o trabalho é também o fundamento e
condição da reprodução da sociedade. Assim, ao se tornar um espaço de socialização pelo
trabalho, a associação é e revela-se hoje importante porque cada vez mais as oportunidades de
encontrar um emprego ou de trabalhar são muito difíceis e mesmo aleatórias, e também
porque os riscos de exclusão social, quando não se tem emprego, são também cada vez mais
presentes, mesmo ao nível familiar.

Factores Socioeconómicos

Na sua tentativa de planeamento socioeconómico, o governo criou “aldeias comunais” em


muitas partes do campo – com a ideia de que, se as pessoas se estabelecessem num lugar, a
prestação de serviços como saúde e saneamento seria mais fácil. A reinstalação em aldeias
comunais, porém, logo começou também a assumir um significado político -militar, à medida
que se espalhava a insegurança no campo.

Com um capital humano extremamente baixo dentro do país para substituir o êxodo dos
portugueses com formação, as tentativas falhadas de gestão económica fortemente
centralizada e a hostilidade dos países vizinhos como a África do Sul do apartheide a Rodésia
do Sul, que apoiaram a insurreição armada em Moçambique, levaram rapidamente o país para
uma crise económica e a guerra. Esta guerra bem como os deslocamentos maciços da
população, juntamente com os desastres naturais, por sua vez, causaram repetidas crises de
fome durante toda a década de 1980. Socorros de urgência em larga escala começaram a

7
definir um padrão de apelo e de resposta, que continua a influenciar a cultura institucional,
quer do governo quer dos doadores em Moçambique.

Os “programas de desenvolvimento socioeconómico” visam os destituídos com capacidade


para o trabalho e incluem o Programa Benefício Social pelo Trabalho (BST), que proporciona
oportunidades de ganhar rendimentos, ou seja, Geração de Rendimentos, fornecendo
subsídios em dinheiro ou crédito para actividades individuais ou ao nível do agregado
familiar, e o programa de Desenvolvimento Comunitário, que fornece ajuda económica para
pequenas infra -estruturas como postos de saúde ou moinhos.

Desafios e Barreiras

Em Moçambique, decorridos mais de vinte anos após a promulgação da primeira Constituição


multipartidária, há ainda muitos desafios a serem enfrentados no que concerne à construção
de Estado de Direito Democrático. Durante esse período, a convivência entre os partidos
políticos com assentos no Parlamento – RENAMO, FRELIMO e MDM – efectuou-se num
clima de desconfiança mútua e de tensões políticas extremas, principalmente nos períodos que
antecederam os pleitos eleitorais. Nesse sentido, apesar de o país possuir um quadro
legislativo que indicia a existência do Estado de Direito Democrático, há deficiências na sua
implementação, em consequência dos factores históricos, culturais e institucionais que ainda
prevalecem (Lalá & Ostheimer, 2004).

Provavelmente o maior desafio que Moçambique enfrenta em estabelecer um governo


democrático e estável é o crescente domínio exercido por somente um partido político no seu
sistema político. Portanto, tão importante quanto a garantia de eleições livres e justas, é a luta
pela manutenção e aprofundamento da democracia interna no seio deste partido dominante, a
FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique, que liderou o país na luta pela
independência de Portugal. Esta tarefa, ademais, deve ser colocada em contexto, pois
Moçambique enfrenta também altos níveis de pobreza, em circunstâncias nas quais a política
nacional corre o risco de tornar-se em território de elites políticas e económicas, sem maiores
relações com o povo moçambicano.

De acordo com Brito (2014), em Moçambique, o carácter autoritário no campo político


herdado do período da governação monopartidária, que se manifesta pela ditadura de voto do
partido no poder, e sua hegemonia no Parlamento nacional, que sempre contou com a maioria
absoluta, constituem obstáculos para livre expressão de opiniões, interesses e demandas, tanto
8
individuais como colectivos, e isso é agravado pelo controle absoluto sobre os principais
meios de comunicação públicos (Rádio Moçambique, Televisão de Moçambique, Jornal
Notícias e Jornal Domingo). É nesse contexto que propomos examinar as principais nuances
do processo de democratização moçambicano, desde a aprovação da primeira Constituição
multipartidária até as últimas eleições gerais. Concretamente, pretendemos descrever
criticamente o ambiente geopolítico nacional que caracterizou as eleições gerais de 1994,
1999, 2004, 2009 e 2014.

Grandes desafios, contudo, ainda existem. A pobreza continua a afectar a maioria da


população e os níveis de desigualdade têm crescido. No cenário político, a falta de confiança
entre as duas forças políticas anteriormente em guerra, a FRELIMO e a RENAMO
(Resistência Nacional Moçambicana), continua bastante alta. Adicionalmente, a participação
popular nos processos políticos formais está declinando: há uma tendência preocupante em
direcção a um menor número de votantes nas eleições gerais.

Ainda no campo das limitações, Loader (2011, p. 759), sublinha que “munidos com média
sociais, os cidadãos não precisam mais ser consumidores passivos de propaganda política,
informações governamentais ou informações de massa, mas podem partilhar perspectivas
alternativas e publicar suas histórias, suas próprias opiniões”. No entanto, o mesmo autor
afirma que hoje, o impacto mais óbvio das redes sociais sobre a democracia pode ter sido a
sua capacidade de “perturbar as práticas e instituições políticas tradicionais”, para as quais é
claramente necessário evitar optimismo utópico sobre a existência de uma “democracia
digital”.

Impacto da Participação

Actualmente, com a crescente desconfiança sobre os métodos tradicionais de participação


política baseados no voto, os níveis de abstenção eleitoral e o fraco engajamento pela política
usual mostra-se em alta, praticamente, em todo o mundo. Porém, em contrapartida, a
emergência das redes sociais representa a abertura de um espaço dinâmico com novas formas
de participação cívico-política.

Porém, nos últimos anos regista-se o surgimento de novas formas de participação que se
materializam em movimentos e organizações sociais, por intermédio de outras práticas como:
realização de greves, boicotes, petições e manifestações com vista a influenciar os governos, o
que podemos chamar de “má participação”. Esta tendência é derivada do esgotamento político
9
por parte dos cidadãos e consequente decepção com o voto como o único mecanismo de
participar politicamente, como aponta Dahlgren (2003). Assim, as redes sociais e outras
formas de comunicação virtual mostram-se como essenciais, porque permitem a troca de
informação com as contrapartes e com uma população desinformada.

Por um lado, autores como Matos (2009) mostram-nos que as redes sociais podem ser um
conjunto de espaços físicos e imateriais, onde os agentes sociais podem efectivar sua
participação no processo de comunicação pública, uma demostração que interessa estudar no
presente artigo. Já Pereira (2011, p. 16) explica que o potencial da internet concentra-se
ematingir indivíduos que, a princípio sem vinculações políticas às instituições clássicas de
organização da sociedade civil, estejam dispostos, desde que sejam „devidamente‟
convencidos, a participar de acções específicas de protesto, cibernéticas ou não, que tenham
alguma identidade com seus interesses e percepções de mundo.

Por outro, as redes sociais dão origem a novas transformações em nossas vidas diárias, de
forma dinâmica, e em constante mudança. Aqui, referimo-nos concretamente ao fenómeno
designado uberização, que é amplamente aclamado pelos jovens que encontram um espaço
ideal e um discurso de rebelião contra o velho mundo que não dá espaço suficiente para eles,
segundo Larrouy (2017, p. 56).

10
Conclusão

Do presente trabalho, que teve como objectivo geral: “Tecer em torno da Participação Política
e Engajamento Cívico em Moçambique”, pode-se concluir que a aprovação da nova
Constituição da República em 1990, em substituição da primeira que vigorou na primeira
República (de 1975), que tinha como característica principal, a centralização dos processos
governativos, abriu espaço para que as decisões sobre processos governativos (formulação e
implementação das políticas públicas) envolvessem outros actores para além dos governantes.
A constituição de 2018 no artigo 78, estabelece espaço para formação de organizações sociais
(Organizações da Sociedade Civil) e define as atribuições destas. A Lei 8/2003 e o respectivo
regulamento Decreto 11/2005, são outros instrumentos legais que estabelecem os mecanismos
de participação das OSC nos processos governativos.

Quanto a participação das organizações da sociedade civil na formulação das políticas


públicas em Moçambique, ainda não é efectiva pois, mesmo havendo instrumentos legais que
obrigam os gestores governamentais a envolver estas organizações, muitas vezes são
excluídas. Essa exclusão é resultado da desconfiança que os gestores governamentais têm em
relação aos objectivos da OSC. Estes quando fazem alguma pressão em relação alguma
política pública, têm sido considerados como seguidores de agendas externas, devido a
ligação que estes têm com organizações internacionais (financiadores e doadores).

Importa também referir que o sistema democrático vigente em Moçambique pressupõe duas
principais formas de participação dos cidadãos na vida política do país, sendo uma por via de
representantes por eles eleitos através do Sufrágio Universal – Democracia Representativa; e
a outra, por via de participação directa no processo de tomada de decisões sobre assuntos de
seu interesse (através de mecanismos de participação comunitária vigentes no país) –
Democracia Directa.

De um modo geral, pode-se concluir que passos significativos rumo à uma governação mais
participativa foram dados desde a criação das primeiras autarquias em 1997 até esta parte. Tal
fenómeno pode ser evidenciado através dos vários espaços e mecanismos de participação
comunitária introduzidos na governação municipal desde a sua criação até esta parte.

11
Bibliografia

Brito, L. de. (2008). Uma nota sobre o voto, abstenções e Fraude em Moçambique.
Discussion Paper nº 04/2008, IESE.

Corrêa, I. (2008). Entre A Representação E A Participação: Coordenação E Competição Na


Implementação Da Participação Popular No Ciclo Orçamentário Em Belo Horizonte E Em
Minas Gerais; Teoria e Sociedade; nr. 16.

Faria, F. & Chichava, A. (1999). Descentralização e Cooperação Descentralizada em


Moçambique.

Manin, B.; Przeworski, A. & Stokes, S. (2006). Eleições e Representação; Lua Nova; São
Paulo.

Ngoenha, S. E. (2013). Intercultura: alternativa à governação biopolítica? Maputo: ISOED.

ROUSSEAU, J. J. (2002). Do Contrato Social; Ed. Rdidendo Castigat Mores; Versão para
eBook; tradução de Rolando Roque da Silva.

Sartori, G. (1994). A Teoria Da Democracia Revisitado; Volume II – As Questões Clássicas


Editora Ática S.A; Tradução de Dinah Azevedo; Universidade de Colúmbia; São Paulo.

Legislação

Lei n0 2/97 de 18 de Fevereiro; Boletim da República; I Série – Número 7. 18 de Fevereiro de


1997.

Moçambique. Lei 8/2003, Lei dos Órgãos Locais de estado. (2003, Marco 27). Maputo:
Assembleia da República.

12

Você também pode gostar