Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
0
UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Biologia
0
Índice
CAPÍTULO I...........................................................................................................................2
Introdução................................................................................................................................2
CAPÍTULO II.........................................................................................................................3
Estruturas Políticas.................................................................................................................4
Participação Política...............................................................................................................5
Engajamento Cívico...............................................................................................................6
Factores Socioeconómicos.....................................................................................................7
Desafios e Barreiras................................................................................................................8
Impacto da Participação..........................................................................................................9
Conclusão..............................................................................................................................11
Bibliografia............................................................................................................................12
0
CAPÍTULO I
Introdução
i. Objectivo geral:
Tecer em torna da participação política e engajamento cívico em Moçambique.
ii. Objectivos específicos:
Analisar os níveis de participação política e engajamento cívico em diferentes regiões
de Moçambique;
Identificar as principais barreiras à participação política efectiva e ao engajamento
cívico em Moçambique;
Analisar os mecanismos institucionais e estruturais que garantem a representação
política em Moçambique;
Identificar os factores que contribuem para o distanciamento dos representantes em
relação aos seus eleitores; e entre outros.
Em termos metodológicos para a colecta dos dados presentes no trabalho, com vista a
materialização dos objectivos previamente definidos, alguns procedimentos metodológicos
foram através de pesquisa bibliográfica, onde procurou-se obter instrumentos teóricos de
análise através de consultas de uma vasta bibliografia tal como livros e documentos sobre o
assunto que se pretende analisar o tema em estudo. Sendo a pesquisa bibliográfica uma
técnica que se baseia em material já elaborado e tornado público em relação ao tema em
estudo, desde livros, monografias, teses e pesquisas, a sua vantagem reside no facto de
permitir a cobertura de uma gama de fenómenos mais amplos em relação aos fenómenos que
seriam possíveis de pesquisar directamente.
2
CAPÍTULO II
Na democracia os governos são representativos porque são eleitos (Manin, Przeworski &
Stokes, 2006), por outro lado, para Lüchmann (2007), a trajectória da constituição dos
modelos de democracia tem sido marcada pelas noções de representação e participação, que
embora referenciados na ideia de participação política, ambos conceitos registam, com
orientações diversas, dois modelos centrais de organização política democrática, que são a
democracia representativa e a democracia participativa.
Na sua génese a democracia, segundo Aristóteles (s/d), compreende a forma de governo onde
todos (cidadãos que gozam dos seus direitos) participam de todos os cargos sem excepção, tal
é o caso da democracia antiga “que era concebida numa relação intrínseca e simbiótica com a
polis”(Sartori, 1994, p. 35).
Segundo Rousseau (2002), esta forma de governo requer elementos difíceis de reunir, pois,
primeiramente exige um Estado bastante pequeno em que seja fácil congregar o povo, e onde
cada cidadão possa facilmente conhecer todos os outros.
3
Autores como Rocha (2002, p. 24), sustentam que as tentativas de materialização da
participação em Moçambique datam do período colonial com a constituição de associações de
carácter cultural e recreativo. Na perspectiva deste autor, estas associações eram como forma
de reacção ao estado crítico, económico e social. Noutra vertente, existiam os régulos (chefes
tradicionais) que funcionava como elo de ligação entre o governo e as comunidades,
preservando os hábitos e valores socioculturais e religiosos da comunidade a ser explorada
pelos portugueses, mas, após a independência, foram contestados pelo Estado por terem
colaborado com o regime colonial.
A partir de 1885, ano em que terminou a conferência de Berlim, seguida de ocupação efectiva
do território, até 7 de Setembro de 1974, data da realização dos acordos de Lusaka,6
Moçambique esteve sob dominação colonial portuguesa. Relativamente ao contexto
sociopolítico desse período, é necessário referir que, na condição de uma colónia, o território
que hoje se constituiu, pelo menos do ponto de vista político, como um país independente,
permaneceu sob domínio do regime fascista colonial (Lalá; Ostheimer, 2004). Quanto à
estrutura social, os moçambicanos se encontravam divididos em dois principais estratos:
assimilados e indígenas (Mondlane, 1969).
Estruturas Políticas
4
São órgãos da soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo,
os Tribunais e o Conselho Constitucional (art. 133º da Constituição da República de
Moçambique).
Os Órgãos Locais do Estados (OLE) vêm consagrados na emenda constitucional de 1996 que
consagrava também a lei 2/97, através do artigo 185. São considerados OLE os governos
provinciais, as administrações distritais, os postos administrativos e os governos das
localidades.
“É também urgente a criação de mecanismos de consulta a nível local com representação aos
vários níveis (até ao bairro ou aldeia), para permitir que gradualmente se vá criando
capacidade para o diálogo e negociação com vários doadores e parceiros a nível local”.
(Faria & Chichava, 1999, p. 12).
Participação Política
A vasta literatura existente sobre esta temática aborda a questão de governação participativa
como sendo um conjunto de princípios e instrumentos políticos e administrativos enquadrados
em quatro perspectivas de análise, nomeadamente a perspectiva da democrática participativa,
a perspectiva da democracia deliberativa, a perspectiva do empoderamento da sociedade e a
perspectiva de auto governação (Simione, 2017).
5
A união entre a participação e a representação política vem sendo apontada pela literatura
como sendo uma das formas que é, efectivamente, capaz de reavivar o relacionamento entre
Estado e sociedade.
Desta forma, e numa lógica racional, a participação do cidadão será valioso para este, se os
benefícios superarem os custos, no caso do legislativo os benefícios estariam relacionados ao
facto do cidadão conseguir que a política de sua preferência seja implementada, por exemplo.
Engajamento Cívico
O engajamento associativo visto numa abordagem estratégica significa que, pela entrada nas
associações, os jovens demonstram o seu sentimento de dedicação para com outrem; eles
preparam o seu próprio futuro; eles passam de uma atitude de expectativa para uma atitude de
conquista e de criação e; eles procuram resolver colectivamente as incertezas do momento
(Manjante, 2001, pp. 21-30).
Considerar-se o papel das associações neste prisma somente serão visualizados os seus papéis
explícitos. Porém, estes papéis explícitos já se inscrevem numa legitimidade afirmada e
autoproclamada de todo um sector de organizações chamadas não-governamentais. E esta
legitimidade é apenas uma das representações simbólicas do associativismo. Para além do seu
papel explícito, as associações têm funções e papéis latentes. Os dados de que se dispõe
sugerem uma multiplicidade de motivações, de expectativas e, por consequência, de papéis
que desempenham estes agrupamentos.
Factores Socioeconómicos
Com um capital humano extremamente baixo dentro do país para substituir o êxodo dos
portugueses com formação, as tentativas falhadas de gestão económica fortemente
centralizada e a hostilidade dos países vizinhos como a África do Sul do apartheide a Rodésia
do Sul, que apoiaram a insurreição armada em Moçambique, levaram rapidamente o país para
uma crise económica e a guerra. Esta guerra bem como os deslocamentos maciços da
população, juntamente com os desastres naturais, por sua vez, causaram repetidas crises de
fome durante toda a década de 1980. Socorros de urgência em larga escala começaram a
7
definir um padrão de apelo e de resposta, que continua a influenciar a cultura institucional,
quer do governo quer dos doadores em Moçambique.
Desafios e Barreiras
Ainda no campo das limitações, Loader (2011, p. 759), sublinha que “munidos com média
sociais, os cidadãos não precisam mais ser consumidores passivos de propaganda política,
informações governamentais ou informações de massa, mas podem partilhar perspectivas
alternativas e publicar suas histórias, suas próprias opiniões”. No entanto, o mesmo autor
afirma que hoje, o impacto mais óbvio das redes sociais sobre a democracia pode ter sido a
sua capacidade de “perturbar as práticas e instituições políticas tradicionais”, para as quais é
claramente necessário evitar optimismo utópico sobre a existência de uma “democracia
digital”.
Impacto da Participação
Porém, nos últimos anos regista-se o surgimento de novas formas de participação que se
materializam em movimentos e organizações sociais, por intermédio de outras práticas como:
realização de greves, boicotes, petições e manifestações com vista a influenciar os governos, o
que podemos chamar de “má participação”. Esta tendência é derivada do esgotamento político
9
por parte dos cidadãos e consequente decepção com o voto como o único mecanismo de
participar politicamente, como aponta Dahlgren (2003). Assim, as redes sociais e outras
formas de comunicação virtual mostram-se como essenciais, porque permitem a troca de
informação com as contrapartes e com uma população desinformada.
Por um lado, autores como Matos (2009) mostram-nos que as redes sociais podem ser um
conjunto de espaços físicos e imateriais, onde os agentes sociais podem efectivar sua
participação no processo de comunicação pública, uma demostração que interessa estudar no
presente artigo. Já Pereira (2011, p. 16) explica que o potencial da internet concentra-se
ematingir indivíduos que, a princípio sem vinculações políticas às instituições clássicas de
organização da sociedade civil, estejam dispostos, desde que sejam „devidamente‟
convencidos, a participar de acções específicas de protesto, cibernéticas ou não, que tenham
alguma identidade com seus interesses e percepções de mundo.
Por outro, as redes sociais dão origem a novas transformações em nossas vidas diárias, de
forma dinâmica, e em constante mudança. Aqui, referimo-nos concretamente ao fenómeno
designado uberização, que é amplamente aclamado pelos jovens que encontram um espaço
ideal e um discurso de rebelião contra o velho mundo que não dá espaço suficiente para eles,
segundo Larrouy (2017, p. 56).
10
Conclusão
Do presente trabalho, que teve como objectivo geral: “Tecer em torno da Participação Política
e Engajamento Cívico em Moçambique”, pode-se concluir que a aprovação da nova
Constituição da República em 1990, em substituição da primeira que vigorou na primeira
República (de 1975), que tinha como característica principal, a centralização dos processos
governativos, abriu espaço para que as decisões sobre processos governativos (formulação e
implementação das políticas públicas) envolvessem outros actores para além dos governantes.
A constituição de 2018 no artigo 78, estabelece espaço para formação de organizações sociais
(Organizações da Sociedade Civil) e define as atribuições destas. A Lei 8/2003 e o respectivo
regulamento Decreto 11/2005, são outros instrumentos legais que estabelecem os mecanismos
de participação das OSC nos processos governativos.
Importa também referir que o sistema democrático vigente em Moçambique pressupõe duas
principais formas de participação dos cidadãos na vida política do país, sendo uma por via de
representantes por eles eleitos através do Sufrágio Universal – Democracia Representativa; e
a outra, por via de participação directa no processo de tomada de decisões sobre assuntos de
seu interesse (através de mecanismos de participação comunitária vigentes no país) –
Democracia Directa.
De um modo geral, pode-se concluir que passos significativos rumo à uma governação mais
participativa foram dados desde a criação das primeiras autarquias em 1997 até esta parte. Tal
fenómeno pode ser evidenciado através dos vários espaços e mecanismos de participação
comunitária introduzidos na governação municipal desde a sua criação até esta parte.
11
Bibliografia
Brito, L. de. (2008). Uma nota sobre o voto, abstenções e Fraude em Moçambique.
Discussion Paper nº 04/2008, IESE.
Manin, B.; Przeworski, A. & Stokes, S. (2006). Eleições e Representação; Lua Nova; São
Paulo.
ROUSSEAU, J. J. (2002). Do Contrato Social; Ed. Rdidendo Castigat Mores; Versão para
eBook; tradução de Rolando Roque da Silva.
Legislação
Moçambique. Lei 8/2003, Lei dos Órgãos Locais de estado. (2003, Marco 27). Maputo:
Assembleia da República.
12