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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Educação

Constitucionalismo Democrático: Democracia socialista, Democracia radical e


Democracia cristã
Curso de Licenciatura em Ciências da Educação
Trabalho Científico

Ana Inocenti Salani


Célia Mangueze Alface
Elsa Ricardina Nhabomba
Hernélio Sózimo Juízo Chichaúte
Orízia Alberto Maurício Saidone

Chimoio
Abril, 2023
Ana Inocenti Salani
Célia Mangueze Alface
Elsa Ricardina Nhabomba
Hernélio Sózimo Juízo Chichaúte
Orízia Alberto Maurício Saidone

Constitucionalismo Democrático: Democracia socialista, Democracia radical e


Democracia cristã

Trabalho científico de carácter avaliativo a ser


apresentado na Faculdade de Educação, no
Departamento de Psicologia e Pedagogia, no curso
de Licenciatura em Ciências da Educação, sob
orientação do MSC: Cassene Fombe.

Chimoio

Abril, 2023
Índice
CAPÍTULO I: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................... 4
1.0 Introdução .................................................................................................................... 4
1.1 Objectivos .................................................................................................................... 5
1.1.2 Objectivo geral ............................................................................................................... 5
1.1.3 Objectivos específicos ................................................................................................... 5
1.2 Metodologia ................................................................................................................. 5
CAPÍTULO II; FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 6
2.0 Constitucionalismo Democrático ................................................................................. 6
2.1 Constitucionalismo ...................................................................................................... 6
2.2 Democracia ....................................................................................................................... 6
2.2 Constitucionalismo Democrático ................................................................................. 7
2.3 Tipos de Constitucionalismo........................................................................................ 7
3.0 Democracia Socialista .................................................................................................. 8
3.1 Pensamento Político de Jean Jeurès ............................................................................. 8
3.2 Pensamento Político de Léon Blum ........................................................................... 10
3.3 Democracia Radical ................................................................................................... 11
4.0 Pensamento político de Charles Renouvier .................................................................... 11
4.1 Pensamento Político de Alfred Fouillé ...................................................................... 13
4.2 Democracia Cristã ...................................................................................................... 14
4.3 Pograma Político da Democracia Cristã .................................................................... 14
5.0 Democracia de Inspiração Cristã .................................................................................... 15
CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 17
5.1 Conclusão........................................................................................................................ 17
5.2 Referências bibliográficas............................................................................................... 18
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CAPÍTULO I: CONSIDERAÇÕES INICIAIS


1.0 Introdução

Neste presente trabalho de investigação referente a cadeira de História de Ideias


Políticas, falar-se-á do Constitucionalismo Democrático sem descartar aquilo são os aspectos
relevantes e relacionados ao tema em destaque.

No início da década de setenta, ocorreu uma renovação do paradigma do Estado


Social, com o progressivo desenvolvimento de uma nova jurisdição constitucional, a ideia era
buscar a superação dos paradigmas vigentes no antigo regime, passando a ter lugar os direitos
da 3ª geração, os chamados interesses ou direitos difusos, que compreendem os direitos
ambientais, do consumidor e da criança, dentre outros.

O constitucionalismo democrático foi a ideologia vitoriosa do século XX. Nele se


condensam as promessas da modernidade: poder limitado, dignidade da pessoa humana,
direitos fundamentais, justiça material, tolerância, respeito pelo outro e até felicidade.

Nesse arranjo institucional se fundiram duas ideias que percorreram trajectórias


diferentes: o constitucionalismo, herdeiro da tradição liberal que remonta ao final do século
XVII, expressa a ideia de poder limitado pelo Direito e respeito aos direitos fundamentais. A
democracia, por sua vez, traduz a ideia de soberania popular, de governo da maioria, que
somente se consolida, verdadeiramente, ao longo do século XX, com a consagração do
sufrágio universal e o fim das restrições à participação política decorrentes do nível de
riqueza, do sexo ou da raça.

O presente trabalho na sua estrutura apresenta três (3) capítulos, dos quais o primeiro
capítulo (CAPÍTULO I: CONSIDERAÇÕES INICIAIS), ilustra a ideia do que se irá debater
durante o desenvolvimento do trabalho, os objectivos traçados e assim como as metodologias
que serviram de auxílio na realização do mesmo; o segundo capítulo (CAPÍTULO II:
FUNDAMENTAÇÃO teórica), busca fazer compreender a essência daquilo que é o
Constitucionalismo Democrático e sem se quer deixar de lado aquilo são os aspectos
relevantes e relacionados ao tema em destaque; por fim o terceiro capítulo (CAPÍTULO III:
CONSIDERAÇÕES FINAIS), que é no qual estão apresentadas as conclusões obtidas assim
como as referências bibliográficas que representam as obras recorridas e tidas como bases
para a efectivação do trabalho.
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1.1 Objectivos

Os objectivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico.


Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos e, ao
mesmo tempo, reflectem as opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face
das contradições sociais existentes na sociedade (LIBÂNEO, 2006).

Neste contexto, importa-nos apresentar os objectivos a serem alcançados na


elaboração do presente trabalho:

1.1.2 Objectivo geral


 Compreender o Constitucionalismo Democrático e seus aspectos relacionados.

1.1.3 Objectivos específicos


 Explicar os tipos de Constitucionalismo;
 Identificar os tipos de Democracia;
 Demostra as predominâncias de cada tipo de democracia.
1.2 Metodologia

De acordo com Libâneo (2006), método é o caminho para atingir um objectivo.

Para a materialização do trabalho, apropriou-se da pesquisa bibliográfica, que na


expectativa de Gil (2008), este tipo de pesquisa é desenvolvido a partir de material já
elaborado por outros pesquisadores, tais como:

 Livros – obras literárias ou obras de divulgação, dicionários, enciclopédias, anuários e


almanaques;
 Publicações periódicas – artigos científicos de revistas ou jornais científicos,
disponíveis em bibliotecas ou internet.
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CAPÍTULO II; FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.0 Constitucionalismo Democrático
2.1 Constitucionalismo

O constitucionalismo é um sistema que estabelece direitos jurídicos individuais que o


legislador não tem o poder de anular ou comprometer, sendo um fenómeno político e cada vez
mais popular, onde tem por fundamento a protecção constitucional dos direitos individuais, sendo
assim, o constitucionalismo não ameaça a liberdade positiva, por que ele é essencial para criar
uma comunidade democrática (DWORKIN, 1996).

2.2 Democracia
O termo democracia tem origem grega, podendo ser etimologicamente dividido da
seguinte maneira: demos (povo), kratos (poder). Em geral, democracia é a prática política de
dissolução, de alguma maneira, do poder e das decisões políticas em meio aos cidadãos.

De acordo com Silva (2002), a democracia é um regime de garantia geral da realização


dos direitos fundamentais do homem, que se fundamenta em dois (2) princípios primários:
 O da soberania popular, segundo o qual o povo é a única fonte de poder (o poder
emana do povo);
 A participação do povo no poder, para que este seja efectiva expressão da vontade
popular.

Para definir democracia, Bobbio (2001), entende que antes de mais nada que desde
que o mundo é mundo, democracia significa governo de todos ou de muitos ou da maioria,
contra o governo de um só ou de poucos ou de uma minoria.

O conceito de democracia não é um conceito elástico. Na sua contraposição à


autocracia é um conceito de contornos precisos. E eu o defino desta forma: democrático' é um
sistema de poder no qual as decisões colectivas, isto é, as decisões que interessa a toda
colectividade (grande ou pequena que seja) são tomadas por todos os membros que a
compõem (BOBBIO, 2001).

Neste contexto, não há democracia sem participação do povo. De sorte que a participação
do povo aponta para as forças sociais que vitalizam a democracia e lhe ensinam o grau de
legitimidade e eficácia no quadro social das relações de poder.
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2.2 Constitucionalismo Democrático


O debate sobre Constitucionalismo Democrático se desenvolve nos Estados Unidos
por volta dos anos 2000 em reacção a uma actuação conservadora da Suprema Corte daquele
país. Trata-se de um movimento heterogéneo que possui dimensões tanto descritivas quanto
normativas e, em síntese, propõe um olhar atento para relação entre cidadãos e a Constituição
(POZEN, 2010).

De forma geral, aponta-se como traço comum de suas diversas vertentes uma rejeição
ao elitismo interpretativo e à centralidade das cortes da teoria constitucional tradicional e uma
oposição ao monopólio da interpretação constitucional, aderindo à concepção de que todos
aqueles que vivem sob a vigência de uma determinada Constituição estão aptos a interpretá-
la, em uma ideia de interpretação constitucional protestante (POZEN, 2010).

2.3 Tipos de Constitucionalismo


Júnior (2020), apresenta como tipos de Constitucionalismo os seguintes:

 Constitucionalismo antigo – da antiguidade até fim do século XVIII (começo das


revoluções liberais). Possui como características a inexistência de lei escrita e as
constituições costumeiras. Como experiências marcantes existem os Estados
teocráticos, ou seja, Hebreus e Grécia democrática;
 Constitucionalismo moderno – do fim do século XVIII ao fim da segunda guerra.
Possui como características o surgimento das primeiras constituições formais e
escritas e a influência das revoluções liberais. Divide-se em constitucionalismo
clássico ou liberal e social;
 Constitucionalismo clássico americano – de 1787, por meio de contrato de
colonização, em meio a Estado liberal que consagra modelo absenteísta. Possui
como características a primeira constituição escrita, as primeiras formulações de
supremacia (superioridade), rigidez (controle) e formalismo (texto), além de
formular controle judicial de constitucionalidade. Consagra separação de poderes
(teoria de freios e contrapesos), forma federativa de Estado e sistema presidencialista
 Constitucionalismo clássico francês – de 1789, em contraposição ao absolutismo
reinante. Enquanto constituição americana é sintética, França adopta modelo prolixo
ou analítico. Possui como características o desprovimento de tanta força normativa,
vigorando supremacia do parlamento, além de distinguir poder originário e derivado,
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consagrando rol dos direitos fundamentais, inspirados no ideal de liberdade onde o


povo é titular legítimo do poder;
 Constitucionalismo social – do fim da primeira guerra até a segunda, pois surge
com crise do Estado liberal e com actuação estatal positiva. Possui como
características os direitos fundamentais, o surgimento das garantias institucionais e a
separação de poderes;
 Constitucionalismo contemporâneo ou Neo-constitucionalismo – surge depois da
segunda guerra, mas, na América Latina, se desenvolve nos anos 80. Busca a
eficácia da Constituição, colocando-a no centro do sistema com imperatividade e
superioridade. Possui como características o reconhecimento da força normativa, a
re-materialização que dá força ao concretismo, a centralidade dos direitos
fundamentais e o desenvolvimento da hermenêutica. O grande desafio é a efectiva
concretização de direitos, já que, nessa fase, há fortalecimento da jurisdição
constitucional e das normas programáticas. Surge a ideia de pluralismo, onde se
reconhece a diversidade cultural e a identidade andina e/ou indígena. Cresce, ainda,
no Estado Democrático de Direito, a soberania popular, onde todo o poder emana do
povo. Nesse sentido, o titular do poder é o povo, mas o exercício dá-se através dos
representantes do povo ou, também, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa
popular (existe, assim, uma democracia semidirecta ou participativa, graças ao
sufrágio universal).

3.0 Democracia Socialista


Democracia Socialista é uma orientação política que propõe a criação de uma
economia democrática, baseada na propriedade pública de serviços e/ou meios de produção,
empreendida por e para cidadãos conscientes de seus direitos políticos em democracia política
(RYAN, 1981).

3.1 Pensamento Político de Jean Jeurès


Tendo estreado na política no centro esquerda, para em seguida passar ao
socialismo por idealismo, Jeurès nunca foi marxista. Ele não esta de acordo com Marx sobre
a necessidade e a implacabilidade da luta de classes. Declara achar impossível que
a certa altura, maiores capitalistas, os mais colossalmente ricos não fiquem assustados com a
desproporção que a enormidade da sua riqueza cria entre eles e os outros homens
(TOUCHARD, 2003, p. 88).
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As grandes forças sociais, burguesia capitalista e proletariado, não podem propagar a


sua acção através deste meio turvo, complexo e desigual, só podem um efeito de conjunto
sobre a democracia e pela democracia se, de algum modo, se adaptarem a situação das outras
forças, opostas ou insuficientemente favoráveis (TOUCHARD, 2003).

Entretanto, a ideia socialista do proletário age, pela sua sublimidade e pela sua
compreensão de uma democracia incerta, contra um capitalismo terrível, mas enredado em
inúmeras contradições. Graças a ela, o proletário transformado, erguido ao papel da grande
classe humana, ganha direitos sobre a democracia (TOUCHARD, 2003).

Jean Jeurès afirma ainda que o estado, numa democracia não é exclusivamente um
estado de classe a sê-lo cada vez menos: o estado não exprime uma classe, exprime a relação
entre as classes, a relação de forças entre elas. Logo tem por função manter, proteger as
garantias de ordem e de civilização comuns a ambas as classes, tornar eficaz o primado da
classe que domina através da propriedade, da luzes e da organização, e abrir a classe
ascendente vias proporcionais ao seu poder real, a força e a amplitude do seu movimento de
ascensão (TOUCHARD, 2003).

A democracia dá garantias as duas classes, ao mesmo tempo que se presta a acção do


proletariado num sentido de uma ordem nova. No grande conflito social, é uma força
moderadora (TOUCHARD, 2003)

As medidas que o regime de uma nação vai sendo mais democrático, tornam-se mais
difícil o golpe de mão e as revoluções imprevisíveis e ocasionais. Em primeiro lugar, o
recurso a força para ser menos desculpável a consciência comum quando todos podem
exprimir livremente os seus agravo e contribuir em pé de igualdade para o andamento dos
assuntos públicos (TOUCHARD, 2003).

Por fim, convêm por tónica na organização do partido: com uma argumentação e
objectivos opostos, Jeurès vai ao encontro de Lenine. Mas, para agir em democracia
parlamentar, é preciso integrar a representação socialista numa maioria democrática, o que
suscita o problema do reagrupamento das tendências dispersas (TOUCHARD, 2003). O
partido unificado é, pois, a instituição adequada, graças a qual o socialismo pode conservar-
se, concentrar-se e expandir-se até conquistar a nação inteira.
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De forma mais sucinta, Jeurès afirma que numa a transformação progressiva, em plena
democracia e graças a democracia, do regime capitalista em regime socialista ou seja, uma
sociedade onde o trabalho será soberano, onde não haverá opressão, nem exploração, onde os
esforços de todos serão livremente harmonizados, onde a propriedade social será a base e a
garantia do desenvolvimento individual.

3.2 Pensamento Político de Léon Blum


Léon Blum, que em 1919 sucede a Jean Jeurès na direcção do partido socialista
unificado, declara ter recebido dele tudo o que pensa e é. Mas ao mesmo tempo, perante a
tribuna, confessa-se oprimido por algo mais forte que a emoção pelo peso da admiração e da
dádiva que nele era natural (TOUCHARD, 2003).

Segundo Touchard (2003), Léon Blum não recusa a priori a ideia de ditadura do
proletariado, isto é, o livre poder de um ou vários homens tomarem todas medidas exigidas
por uma situação concreta – mas pretender decidir antecipadamente da sua forma é pura
contradição.

No entanto, é possível fixar-lhe as duas características essências:


 Ditadura exercida – por um partido assente na vontade e na liberdade populares, na
vontade das massas, trata-se de uma ditadura impessoal e não de uma ditadura
exercida por um partido centralizado, onde toda a autoridade aumenta de degrau em
degrau e acaba por se concentrar nas mãos de um comité, visível ou oculto. Ditadura
de um partido, sim, ditadura de um partido, sim, ditadura de uma classe, ditadura de
alguns indivíduos, conhecidos e desconhecidos;
 Ditadura provisória – admitimos a ditadura se conquista dos poderes público, não for
levada a cabo como um fim em si, independente das circunstâncias de toda a espécie
que permitiriam, num espaço de tempo a transformação revolucionária.

De acordo com Touchard (2003), tendo recusado a solução soviética, Leon Blum insiste nas
duas possibilidades tradicionalmente discutidas pelo socialismo francês: a hipótese da conquista
total do poder e a táctica reformista da participação ministerial.

Ainda o autor supracitado salienta quer, conquista do poder é a revolução política


propriamente dita. Põe nas mãos da classe operária a maquinaria do estado, com vista a
transformação social. Exige para ser eficaz e duradoira, a capacidade do proletariado e o carácter
revolucionário da situação.
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Em qualquer caso, implica uma ruptura com a ordem anterior e uma fase da transição
ditadura do proletariado no sentido restrito que Leon Blum dá a expressão ou simplesmente férias
da legalidade (TOUCHARD, 2003). A participação no poder consiste, pelo contrário na detenção
consentida e controlada pelo partido, de uma ou várias pastas num ministério burguês.

Ora em 1925-1926 Leon Blum e a maioria dos partidos consideram que não estão
preenchidas as condições para a conquista e que nos tempos mais próximos, há poucas hipóteses de
que isso aconteça (TOUCHARD, 2003).

Independentemente das dificuldades resultantes do carácter da acção socialista, a participação


no estado actual do partido e no conjunto de circunstâncias política, só poderia lesar os interesses dos
trabalhadores e do próprio socialismo, sem por outro lado facilitar em caso algum e em medida
alguma tarefa de um governo democrático (TOUCHARD, 2003).

Touchard (2003), diz que Leon introduz uma distinção capital que se tornara clássica no
partido, mas que no exterior não foi bem compreendida. Ao lado da conquista do poder, que seria o
fim do regime capitalista distingui em exercício de poder, no qual o partido assume a direcção do
governo dentro do capitalismo.

Para Léon Blum, o livre poder de um ou vários homens tomarem todas medidas
exigidas por uma situação concreta, por um partido assente na vontade e na liberdade
populares, na vontade das massas, trata-se de uma ditadura impessoal e não de uma ditadura
exercida por um partido centralizado.

3.3 Democracia Radical


Democracia radical pode ser definida como "um tipo de democracia que sinaliza uma
preocupação contínua com a extensão radical da igualdade e da liberdade". Outra
característica é a ideia de que a democracia é um processo inacabado, inclusivo, contínuo e
reflexivo (LANDAU & MOUFFE, 1985).

4.0 Pensamento político de Charles Renouvier


Renouvier foi o primeiro francês a formular um sistema completo de idealistas, e teve
uma grande influência sobre o desenvolvimento do pensamento francês.

Seu sistema é baseado em Immanuel Kant, como seus escolhidos termo


neocriticismo indica, mas é uma transformação ao invés de uma continuação do kantismo,
lança bases a um pensamento político que deveria, a princípio, contemplar o indivíduo
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como valor máximo, sem excluir, contudo, o sentido de sociedade como valor necessitante,
ou melhor, indivíduo e sociedade não são pensados como constituições antagónicas ente
si, mas que revelam nessa associação o plano social como pano de fundo de
realização do indivíduo, obviamente orientado pelo dever como um valor a ser
perseguido no combate ao atomismo individualista (PRÉLOT & LESCYER, 2000, p. 95).

Liberdade, diz ele, em um sentido muito mais amplo do que Kant, é característica
fundamental do homem. A liberdade humana actua na fenomenal, não em uma esfera
imaginária. A crença não é meramente intelectual, mas é determinado por um acto de vontade,
afirmando o que temos de ser moralmente bom (TOUCHARD, 2003).

A liberdade é o ponto essencial que faz do homem um ser cultural. A liberdade


permite que o homem consiga aquilo que os demais animais conseguem mediante aos
instintos. Ao contrário doutros animais, o homem não nasce quase pronto para instintivamente
sobreviver. Nele, isso se desenvolve gradualmente e livremente. Na liberdade confluem as
melhores energias do homem, que são o conhecimento e a vontade. O acto livre não é um
acto cego, instintivo, todavia, é um acto da vontade iluminada pela razão (PRÉLOT &
LESCYER, 2000).

No seu ponto de vista religioso sustenta que estamos racionalmente


justificados em afirmar imortalidade humana e à existência de um Deus finito, que é
para ser um governante constitucional, mas não um déspota, sobre as almas dos homens.
Ele, no entanto, refere o ateísmo como preferível a uma crença numa divindade infinita
(TOUCHARD, 2003)

Ele acreditava que uma soma infinita deve ser um nome de algo incompleto. Se
alguém começa a contar, "um, dois, três..." Nunca há um momento em que um tem o direito
de gritar "infinito"! Infinito é um projecto, nunca um fato, na opinião neocritical.

Personalismo, é um neologismo formado pelo filósofo Charles Renouvier e que é um


conjunto de doutrinas morais e políticas que fazem da pessoa o mais alto de todos os
valores (PRÉLOT & LESCYER, 2000).

São os seus principais representantes: Max Scheler, Martin Buber, Emmanuel


Mounier e Paul Ricoeur.
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Prélot e Lescyyer (2000), salienta que o personalismo, assenta sobre um certo número
de postulados:
 A pessoa é a origem de todos os valores;
 A comunidade (ou pessoa comum) é tão originária como a pessoa: a reciprocidade
das consciências é primeira em relação ao sentimento da individualidade;
 O respeito e a valorização da pessoa constituem o melhor escudo contra qualquer
irracionalismo mortífero e contra qualquer tentação totalitária.

A princípio, a ideia de uma pessoa individualizada oferece certo status de


superioridade, de liberdade e de segurança. O capitalismo favorece essa ideia demonstrando
que o indivíduo. Desse modo, perde-se até mesmo o real sentido da vida. A sociedade entra
em grande contradição, principalmente quando indica os direitos humanos como sendo
invioláveis, e ao mesmo tempo desvalorizando a vida e outros valores que são
fundamentais para a pessoa humana (PRÉLOT & LESCYER, 2000).

Charles Renouvier afirma que a liberdade permite que o homem consiga aquilo que
os demais animais conseguem mediante aos instintos, na liberdade confluem as melhores
energias do homem, que são o conhecimento e a vontade. O acto livre não é um acto
cego, instintivo, todavia, é um acto da vontade iluminada pela razão.

4.1 Pensamento Político de Alfred Fouillé


Fouillé propõe-se harmonizar as contradições entre o liberalismo e o socialismo no
interior do sue próprio partido e conciliar as duas grande forças contemporâneas, o método
científico e a ideia moral, subordinando a segunda as forças económica analisadas pela
primeira (TOUCHARD, 2003).

Touchard (2003) salienta que na sociedade, todo o povo tira proveito da


civilização e goza do património comum. Esta situação, obriga os participantes
beneficiário a contribuir para o pagamento dos encargos colectivos, a participar na troca
de serviços, a dar o seu contributo para o progresso. Destes simples factos, facilmente
observáveis, extrai o socialismo uma obrigação jurídico-moral. O facto social gera um
crédito social. Cada membro da sociedade, tirando proveito da civilização e gozando do
património comum, é ao mesmo tempo um participante beneficiário e um associado, obrigado
ao pagamento da parte que lhes cabe nas dívidas (PRÉLOT & LESCYER, 2000).
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Importa salientar que o estado de sociedade é involuntário. Fouillé mostra que nem
todas obrigações são contratuais. Algumas nascem da natureza, como diziam os romanos.
Apesar disso, vinculam tanto como se resultam de um contrato (TOUCHARD, 2003). Por isso
se lhe dá o nome de quase-contracto. É esse o carácter da relação entre o indivíduo e a
totalidade dos membros reunidos em sociedade e também com aqueles chefes eleitos,
tradicionais ou mesmo usurpadores, que tem encargo de governar (PRÉLOT & LESCYER,
2000).

Alfred Fouillé reconhece que a liberdade é tão necessária ao desenvolvimento da


sociedade como ao progresso do indivíduo, o único limite que se lhe impõe é o direito de
outrem, mas verifica-se que em virtude de só existir graças ao meio social.

4.2 Democracia Cristã


Democracia-cristã é uma ideologia política, normalmente de centro-direita na esfera
dos costumes e de centro-esquerda em assuntos económicos e laborais, que defende
democraticamente os ensinamentos e princípios cristãos, tais como o personalismo,
o humanismo e a solidariedade (REZENDE & DIDIER, 2001).

4.3 Pograma Político da Democracia Cristã


No âmbito da democracia cristã, evidenciou-se duas democracias, tendo a
primeira democracia compreendido no seu programa a luta pela liberdade religiosa e
pela liberdade de ensino, ou noutros casos a luta contra o protestantismo. Os
ataques dos movimentos reformadores e as novas condições da vida política faziam
insuficientes as formas tradicionais de defesa dos interesses e da liberdade da Igreja
(REZENDE & DIDIER, 2001).

A encíclica "Rerum Novarum" do Papá Leão XIII (1891), que pretendia


constituir uma resposta cristã para a questão social, fez com que se concretizasse a
adesão a democracia e ao liberalismo político, nascendo assim a segunda democracia cristã
(THIBAULT, 1981).

De acordo como Thibault (1981), a democracia cristã afirma-se que o verdadeiro


regime democrático é o do governo do povo organizado, no plano político este exige:
 Representação nacional e proporcional dos interesses profissionais;
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 A descentralização com liberdade das comuns na gestão do orçamento,


na administração da escola, dos serviços de beneficência, dos hospícios e hospitais e
da assistência medica;
 A autonomia das províncias da unidade governamental;
 Representação económica: regional de agricultura, de comércio, do trabalho e das
profissões liberais;
 A organização profissional: sindicatos profissionais em todos os sectores do trabalho,
grande indústria, oficiam, agricultura, etc.
 Personalidade civil completa: direito de posse imobiliária para os sindicatos.
Federação local, regional e nacional dos sindicatos.

Os sindicatos têm por objectivo todas as questões profissionais, e em especial:


 A fixação do concreto de trabalho e a determinação de todas as condições do contrato
que digam respeito ao capital e ao trabalho (taxa salário, duração e condições do
trabalho, admissão e despedimento dos operários, aprendizagem e instrução
profissional, regulamentação da produção), criação de instituições económicas e
profissionais, caixas de reforma, de segurança e de credito mutuo geridas pelos
sindicatos, conselhos de fabricas e comissões permanentes de arbitragem compostas
por delegados dos patrões e dos operários;
 A legislação social completa a acção sindical: salário mínimo, descanso domínio,
horário máximo, supressão do trabalho nocturno, excepto nas fábricas em elaboração
contínua, proibição da presença de mães de família nas oficinas industriais e
limitações do trabalho das raparigas, seguro obrigatório, legislação internacional do
trabalho, desenvolvimento das cooperativas de consumo e de produção, participação
nos lucros, cessação da liberdade ilimitada do comércio.

5.0 Democracia de Inspiração Cristã


O grupo, Lacordaire Ozanam, que se dá o nome de primeira democracia cristã,
expressão esta que, aliás tinha sido usada pela primeira vez logo em 1791 pelo bispo de Lyon,
mas que foi consagrada e oficialmente lançada por Ozanam (REZENDE & DIDIER, 2001).

De acordo com os autores supracitados, os ideias deste grupo caracterizavam-se da


seguinte maneira:
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 A não exigência da separação entre a igreja e o estado, pelo contrário preconizavam


o entendimento cordial entre o poder civil e o poder espiritual, para a
manutenção pacifica de regime do contracto;
 A expressão sincera da democracia e do liberalismo político;
 Uma grande prioridade a situação dos pobres e a melhoria do seu bem-estar e das
suas melhores condições de vida.

É significativa a expressão publicada na ere nouvelle toda gente vê que a França


duas forças o povo de Jesus Cristo, se elas se dividirem estamos perdidos: se se
entendem estamos salvos. Estas forças podem entender-se se a igreja respeitar as vontades
gerais da nação e se nação respeitar as leis tradicionais da igreja, se a igreja trabalhar
para o bem da nação e se a nação consentir o bem da igreja. No entanto a segunda
democracia cristã vai albergar numerosos católicos sociais, intelectuais e sindicalistas que
até então não se haviam empenhado na vida política, mas que lamentava os limites
fatais de uma acção puramente social (CARPINTIER & LEBRUN, 2002).

A democracia cristã, procurou adoptar o popular, pois tinha a vantagem de


ligar a construção societária da democracia constitucional à noção comunitária de um
povo organizado. Como qualquer democracia autêntica, o populismo reconhece o
primado da pessoa humana, a respeitar as suas escolhas através das numerosas
encíclicas e pronunciamentos dos Papas, a Doutrina Social da Igreja aborda vários
temas fundamentais, como a pessoa humana, sua dignidade, seus direitos e suas
liberdades; a família, sua vocação e seus direitos; inserção e participação responsável de
cada homem na vida social (READER, 1997).

Reader (1997), salienta que as exigência inseparável da dignidade da pessoa humana,


sobretudo em matéria moral e religiosa. Este direito deve ser reconhecido civilmente e
protegido nos limites do bem comum e da ordem pública.
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CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS


5.1 Conclusão
Após ter sido feito a investigação em torno do tema em destaque e em consonância
com os objectivos traçados, concluiu-se que a primeira democracia cristã surge com o
grupo dos que reivindicavam a não exigência da separação entre a igreja e o estado, que
preconizavam o entendimento cordial entre o poder civil e o poder espiritual, para a
manutenção pacífica d regime do contracto; enquanto a segunda democracia cristã
esta adquiriu um carácter político preconizando mais o aspecto da sociedade, apelando o
papel do estado no apoio ao indivíduo, o sindicato como o bem para melhorar a comunidade
laboral.

Acima disso, obteve-se também como conclusões que no seu pensamento político
sobre a Democracia radial, Alfred Fouillé reconhece que a liberdade é tão necessária ao
desenvolvimento da sociedade como ao progresso do indivíduo, o único limite que se lhe
impõe é o direito de outrem, mas verifica-se que em virtude de só existir graças ao meio
social e outro precursor da mesma ideia da Democracia radical que é Charles Renouvier
afirma que a liberdade permite que o homem consiga aquilo que os demais animais
conseguem mediante aos instintos, na liberdade confluem as melhores energias do
homem, que são o conhecimento e a vontade. O acto livre não é um acto cego,
instintivo, todavia, é um acto da vontade iluminada pela razão.

Também obtiveram-se conclusões em torno da Democracia Socialista como que o


livre poder de um ou vários homens tomarem todas medidas exigidas por uma situação
concreta, por um partido assente na vontade e na liberdade populares, na vontade das
massas, trata-se de uma ditadura impessoal e não de uma ditadura exercida por um partido
centralizado e assim como que que numa a transformação progressiva, em plena democracia
e graças a democracia, do regime capitalista em regime socialista ou seja, uma sociedade onde
o trabalho será soberano, onde não haverá opressão, nem exploração, onde os esforços de
todos serão livremente harmonizados, onde a propriedade social será a base e a garantia do
desenvolvimento individual.
18

5.2 Referências bibliográficas


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