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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO

ISMAELANDRÉ DOS SANTOS SILVA

POLÍTICA E SOCIEDADE – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN


OUTUBRO/2016

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ISMAEL ANDRÉ DOS SANTOS SILVA

POLÍTICA E SOCIEDADE – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Plano de Ensino Anual para a disciplina Sociologia


no Ensino Médio apresentado à Coordenação do
Curso de Especialização em Ensino de Sociologia
no Ensino Médio da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em Ensino
de Sociologia no Ensino Médio.

Orientador (a): Profª. Drª. Irene A. Paiva

SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN


OUTUBRO/2016

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SUMÁRIO

1 SOCIOLOGIA: DO NASCER AO SER DISCIPLINA .......................... 04

2 A TÍTULO DE INFORMAÇÃO: POLÍTICA E SOCIEDADE NÃO HÁ


DISSOCIAÇÃO ....................................................................................... 12

3 O ENSINO DE SOCIOLOGIA: O SER E O FAZER NO TERCEIRO


ANO DO ENSINO MÉDIO ...................................................................... 15

4 OBJETIVOS: FRUTOS DO FAZER PEDAGÓGICO .......................... 17

5 PLANO ANUAL DE ENSINO: DETALHES QUE FORMAM O TODO 18

5.1 Identificação....................................................................................... .......... ........18


18

5.2 Detalhamento das Unidades Didáticas .................................................. .............18


18

5.2.1 Unidade I (1° Bimestre) ..................................................................................


18 18

5.2.2 Unidade II (2° Bimestre) .................................................................................


21 21

5.2.3 Unidade III (3° Bimestre) ................................................................................


28 22

5.2.4 Unidade IV (4° Bimestre) ................................................................................


32 33

6 FINALIZANDO A CONVERSA ............................................................ 36

REFERÊNCIAS .........................................................................................................
38 39

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1 SOCIOLOGIA: DO NASCER AO SER DISCIPLINA

No final do século XVIII, passa-se a utilizar a ciência na compreensão do


mundo, resultando numa mudança na forma de entendimento das questões naturais
e humanas através da abordagem científica, pois o que antes era explicado
tradicionalmente pautado no pensamento religioso, neste instante passa a ser uma
explicação racional e crítica. A partir deste momento é que se foca um estudo
objetivo e sistemático da sociedade e do comportamento humano.
Visto a necessidade de se pensar intrinsecamente tanto a sociedade quanto a
ciência faz do momento um resultado no processo histórico e social, no qual as
grandes transformações sociais ocorreram. Em meio a este contexto, ou melhor,
resultado deste cenário, a Sociologia nasce com o papel de focalizar os problemas
existentes na sociedade, questionando e buscando respostas que apontem para a
construção de caminhos viáveis para a convivência coletiva. Ou seja, o que a
sociologia propaga, é o saber voltado para a compreensão da vida social humana,
das regras existentes entre os grupos e dos fundamentos do convívio em sociedade.
No rastro do pensamento positivista, vinculada a ordem das Ciências Naturais
é que a Sociologia se delineia como ciência. Um fator considerado importante neste
contexto é o caráter científico, tão buscado e valorizado no século XVI estava ligado
à lógica das ciências ditas “experimentais”. Quer seja para ascender, o estatuto das
ciências deveria atender pré-requisitos e seguir métodos “científicos” que pretendiam
também a neutralidade e estabelecimento de regras.
Augusto Comte (1798-1857), o primeiro a usar o termo Sociologia,
relacionando-o como Ciência da Sociedade e Émile Durkheim (1858-1917), que
adotou conceitos elaborados por Comte, especialmente o de ordem social para
delinear uma das correntes representativas do pensamento sociológico, são os
principais representantes desse pensamento.
Tais pensadores buscaram soluções para os graves problemas sociais
gerados pelo modo de produção capitalista, como a miséria, o desemprego e as
consequentes greves e rebeliões operárias. Cada uma dessas mazelas sociais foi
analisada por pensadores como doenças oriundas do próprio contexto da sociedade,
que porventura, poderiam ser tratadas ou mesmo exterminadas por resgate de

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valores morais - como a sociedade - os quais restabeleceriam relações estáveis
entre as pessoas, independente da classe social a que pertencessem.
Tanto Comte como Durkheim fizeram uma análise da Sociologia sob um
determinado ponto de vista e preconizaram a manutenção do status quo, da ordem
vigente e, de alguma forma, pelo elogio à sociedade capitalista.
A Sociologia desenvolveu também um olhar crítico e questionador sobre as
sociedades apesar de sua origem conservadora e de uma proposta inicial
conformista. Karl Marx (1818-1883), pensador alemão, por sua vez, contribuiu com o
pensamento sociológico no momento em que mostrou as relações de exploração
que se estabeleceram quando determinada classe social apropriou-se dos meios de
produção e passou a deter sozinho o mecanismo das ações da sociedade.
Para Marx não há soluções conciliadoras numa sociedade cujas relações se
baseiem na exploração do trabalho e na crescente espoliação da maioria. Segundo
o pensador alemão, a única possibilidade de superar a desigualdade e a opressão
está na construção de uma nova sociedade. Nesta nova sociedade, deve inexistir
classes sociais, por conseguinte, não haveria dominação de uma minoria sobre uma
maioria. Ainda no pensamento marxista, teoria apenas tem sentido se transformada
em práxis, ou seja, fundamentar politicamente a ação para transformar estruturas de
poder vigente e construir novas relações sociais, fundadas na igualdade de
condições a todos os sujeitos sociais.
Outra grande e relevante contribuição para a Sociologia, veio do pensador
italiano, Antonio Gramsci (1891-1937). Suas ideias foram incorporadas
principalmente às pesquisas sociológicas e educacionais. Gramsci criou os
conceitos de hegemonia, intelectual orgânico, e escola única que auxiliam no
processo de repensar as estruturas educacionais.
Como disciplina, a Sociologia não se produz de forma independente do
trabalho pedagógico. São intercomunicantes os caminhos dos estudos e pesquisas
acadêmicas e atividades curriculares presentes no magistério atreladas a este
campo de estudo, pois alimentar a dimensão da formação do indivíduo e fazer
ciência mediante a reflexão acadêmica com base na pesquisa científica são faces de
um mesmo problema.
Faz-se essencial por meio da Sociologia de forma diacrônica perpetuar a
relação teoria x prática no ambiente escolar, pois esta disciplina se sustenta na

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dimensão pragmática dos problemas da sociedade. Para isso, Arroyo (2000, p.
152), afirma que "a escola não se define basicamente como um lugar de falas,
mas de práticas, de afazeres". Nesse momento histórico de constituição da
sociologia como conhecimento escolar, os discursos dos docentes revelam
intenções e perspectivas, apresentando-se como dimensão importante na
configuração das suas práticas que, estabelecem resultados diretamente na
formação crítica-reflexiva de seus alunos.
Intercalando a discussão apresentada anteriormente, se faz necessário
apresentar a Sociologia no Brasil. Um fator é importante, tanto as ideias
conformistas quanto as revolucionárias exerceram forte influência na formação do
pensamento sociológico brasileiro.
Autores como Sílvio Romero (1851-1914), Euclides da Cunha (1866-1909) e
Oliveira Viana (1883-1951), considerados conservadores, após a instalação da
República, configuravam uma tradição ensaísta, sem uma preocupação
especificadamente científica – ou seja, sem estar preocupada em pensar o que seria
a identidade cultural nacional.
A Sociologia, para início de conversa no Brasil, reproduz os primeiros
apontamentos da análise positivista, paralelamente à divulgação da obra de Comte
no cenário europeu. Florestan Fernandes (1920-1995), ao traçar três períodos de
desenvolvimento da reflexão sociológica na sociedade brasileira, considera aquele
momento como a primeira época, uma conexão histórica entre o direito e a
sociedade, a literatura e o contexto histórico. Num segundo momento, se considera
as primeiras décadas do século XX, que é caracterizada pelo pensamento racional
como forma de consciência social das condições da sociedade. Por fim, na terceira
época, Por volta de 1950, é marcada pela subordinação do estudo dos fenômenos
sociais aos padrões de cientificidade do trabalho intelectual com influência das
tendências metodológicas dos países europeus e principalmente dos Estados
Unidos.
Graças a um conjunto de iniciativas na área da educação, no campo da
pesquisa e editoração, é que os anos de 1930 foram de fundamental importância
para a história do ensino da Sociologia no Brasil. Como revela Meucci (2000), no
período de 1931 a 1941 o conhecimento sociológico é parte das matérias exigidas
para os exames de admissão aos cursos superiores. Com a criação dos Cursos

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Superiores de Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia e Política de São
Paulo e da própria Universidade de São Paulo se viu o desenvolvimento da pesquisa
sociológica, além da consequente formação de quadros intelectuais e técnicos
pensantes do país, para dar suporte às políticas públicas em execução. Este cenário
ocorreu justamente durante o Ensino Secundário, o colaborou para a consolidação
da Sociologia como disciplina escolar. A intenção, nesse contexto social e
educacional, era que a sociologia contribuísse na

[...] formação de jovens com a capacidade de investigar e propor soluções


para os problemas nacionais. Esses jovens imbuídos de um caráter
científico e prático conduziriam as transformações da realidade brasileira.
Tratava-se, portanto de um projeto de constituição de uma nova elite
dirigente. Projeto no qual a sociologia teria um papel fundamental. Por isso,
a presença dessa disciplina nos cursos complementares e no curso normal,
visto que nesses cursos se iniciava a formação dos futuros advogados,
arquitetos, engenheiros, médicos e professores. (SANTOS, 2002, p. 4)

Apesar deste cenário, o conhecimento sociológico "não chegara nem ao


operário, nem ao homem de rua" (MEUCCI, 2000, p. 61). Neste período, final da
década de 30, início da de 40 e mesmo se estendendo ao final do século XIX, o
ensino secundário brasileiro atendia fundamentalmente a "uma elite, pois era
composta por aqueles poucos que se destinavam às faculdades" (GIGLIO, 1999,
p.5). Meucci (2000) compartilha e enriquece essa informação afirmando que no
Brasil, em 1939, existiam 629 instituições de ensino secundário, das quais 530 eram
particulares.
Precisamente em 1942 começa o longo período em que a sociologia ficará
ausente dos currículos como disciplina obrigatória. A reforma de 1942, de Gustavo
Capanema, ministro da educação do governo de Getúlio Vargas, desobrigou o
ensino de sociologia nas escolas secundárias, definido pela Reforma Rocha Vaz em
1925, mantendo-o somente nas escolas normais.
Nas décadas de 50 e 60, o clima de democracia política que o país respirava,
favoreceu a disseminação das faculdades de filosofia, ciências e letras pelo Brasil.
Com isso, a sociologia, como disciplina, passa a fazer parte não só dos currículos
dos cursos de ciências sociais como também de outros cursos superiores,
especialmente o das áreas das ciências humanas. Mais tarde, com a Ditadura
Militar, especialmente a sociologia permanece excluída das grades curriculares dos

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cursos secundários, inclusive dos cursos de formação para magistério,
constantemente sendo substituída pela disciplina de fundamentos da educação.
O ensino da Sociologia foi marcado, ao longo de seu trajeto, por frequentes
interrupções que causaram marcas que não podem ser ignoradas quanto a sua
inserção no contexto educacional. Pode-se pontuar que frutos dessas interrupções
dificultaram a Sociologia se firmar como disciplina em muitas escolas. Esse processo
acarretou, entre outras coisas, na falta de tradição da disciplina no cenário da
educação brasileira; dificultou seu espaço nas grades curriculares; ocasionou
carência de materiais didáticos adequados, além da carência de pesquisa e
metodologia para o Ensino Médio, que de algum modo, ficou sujeito a reprodução de
métodos do ensino superior.
Nos meados da década de noventa, com a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (Lei 9394/96) foi que se abriu novas perspectivas para a
inclusão da sociologia nas grades curriculares, uma vez que no Art. 36 e inciso 3,
afirma a importância do domínio de Filosofia e Sociologia e que são necessárias ao
exercício da cidadania. A partir da lei 9394/96, várias leituras positivas quanto a
importância desta disciplina foram feitas. Em alguns estados, como no caso do
estado do Paraná, especificamente a partir de 2004, uma série de políticas públicas
foram estruturadas e ações implementadas pela Secretaria de Educação, no sentido
de promover a conscientização da comunidade escolar a respeito da importância do
conhecimento sociológico para o aluno de Ensino Médio.
Em 2004, de acordo com a instrução 01/2004, sendo esta pautada nos
documentos oficiais: LDB, DCN e PCNs, a sociologia é tida como disciplina curricular
do Ensino Médio.
Porém antes da análise da relevância desta disciplina no contexto escolar
brasileiro, deve-se compreender que as mudanças propostas pela LDB de 1996 e
pelos PCNs implicam num profundo reordenamento político-pedagógico. Este
reordenamento significa a construção e implantação de um projeto pedagógico
(organização curricular, orientação metodológica, organização administrativa,
recursos etc.) que se paute efetivamente pelos seguintes princípios: Flexibilidade,
Autonomia, Identidade, Diversidade, Interdisciplinaridade e Contextualização.
Mediante estes princípios, o objetivo do Ensino Médio está expresso no vínculo
dessa etapa da educação escolar “com o mundo do trabalho e a prática social”.

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Cabe a partir daqui, ao processo de ensino-aprendizagem no Ensino Médio,
fomentar programas, atividades, projetos e currículos para a “preparação básica
para o trabalho” e para o “exercício da cidadania”, que seriam os dois grandes eixos
norteadores que definem o novo sentido para o antigo 2º grau. Sendo assim, essas
orientações estariam norteadas pelos quatro pilares da educação como propõe a
UNESCO: o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o
aprender a ser.
Diante do exposto, o que se sabe é que o ensino da sociologia,
especialmente no nível médio, requer uma maior atenção da que tem recebido,
como sustenta Giglio:
[...] principalmente pelo fato de se verificar que as intenções e tentativas da
sua inclusão no sistema educacional brasileiro acabaram por assumir uma
certa permanência no ideário dessa ciência social no Brasil, a ponto de
percorrer todo este século até obter alguns novos êxitos nos dias atuais.
(GIGLIO, 1999, p. 1)

Para tanto, é notória a contribuição da sociologia no que tange à


“compreensão das práticas sociais”, à “preparação básica para o trabalho” e ao
“exercício da cidadania” ou, ainda, para o desenvolvimento de uma estética da
sensibilidade, uma política da igualdade e uma ética da identidade, conforme está
escrito nos PCNs quanto a reforma educacional brasileira. Exatamente devido a
essa compreensão, se traz aqui mais uma vez o que afirma a LDB, em seu artigo
36, estabelece que “ao final do ensino médio o educando demonstre (...) domínio
dos conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao exercício da cidadania”;
também a resolução nº 3/98, em seu artigo 10, inciso i, parágrafo 2º, diz que “as
propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e
contextualizado para (...) conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao
exercício da cidadania”; por fim, podemos acrescentar, os PCNs (Ensino Médio,
volume 4, na página 11) orientam que “o objetivo foi afirmar que conhecimentos
dessas (...) disciplinas são indispensáveis à formação básica do cidadão, seja no
que diz respeito aos principais conceitos e métodos com que operam, seja no que
diz respeito a situações concretas do cotidiano social”.
Partindo deste princípio, é preciso que a sociologia garanta ao educando do
Ensino Médio que, a partir do senso comum e de situações vivenciadas no cotidiano,
busque superar esse nível de compreensão de mundo, desenvolvendo assim uma

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concepção científica que atenda às exigências do homem contemporâneo, crítico e
transformador, por meio do qual se possa analisar a complexidade da sociedade em
que vive.
Desta forma, os conteúdos devem ser abordados de modo claro, dialógico,
diferenciados do senso comum, tendo, por parte do aluno, a incorporação de uma
linguagem sociológica permitindo perceber a realidade e através de conceitos
explicar tal realidade. Este contexto ainda permite ao discente agir como indivíduo
ativo, participante das dinâmicas sociais, fornecendo, para isto, elementos
necessários para a formação de um cidadão consciente de um mundo social,
econômico, político, de suas potencialidades, capaz de agir e reagir diante desse
mundo.
A partir deste momento, é esperado que a disciplina de Sociologia contribua
para que os sujeitos envolvidos no processo pedagógico tenham recursos para
desconstruir e desnaturalizar conceitos tomados historicamente como irrefutáveis,
de maneira que melhorem seu senso crítico e também possam transformar a
realidade e conquistar mais participação ativa na sociedade.
Outro fator relevante a ser compreendido e aguardado do resultado dos
estudos sociológicos, é que a Sociologia, enquanto papel investigativo e
questionador tem contribuído para ampliar os conhecimentos dos homens sobre a
própria condição de vida e, fundamentalmente, para análise das sociedades ao
compor, consolidar e alargar um saber especializado pautado em teorias e
pesquisas que esclarecem muitos problemas do cotidiano social.
Portanto, ao se perceber que os grandes problemas atuais provenientes do
acirramento de forças do capitalismo mundial, do desenvolvimento industrial
desenfreado para uns e de severas crises econômicas para outros, de cenários
políticos avassaladores no campo ético-moral, entre outras causas, exigem sujeitos
capazes de refutar esta “sanidade normal” da destruição social e do próprio planeta.
Cabe porém, a escola, por meio da Sociologia a formação de novos valores, de uma
nova ética e de novas práticas que indiquem a possibilidade de construção de novas
relações sociais.
Este Plano de Ensino Anual se estrutura de uma descrição histórica da
disciplina de Sociologia e sua importância no processo cognitivo e de ensino-
aprendizagem, neste primeiro momento. Em seguida, será justificado o porquê o

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eixo temático Política e Sociedade foi escolhido e qual a importância destes
conteúdos na formação do aluno do Ensino Médio, com seus respectivos objetivos.
Serão traçadas metodologias por meio de Sequências Didáticas sempre levando em
consideração o contexto social do discente.

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2 A TÍTULO DE INFORMAÇÃO: POLÍTICA E SOCIEDADE NÃO HÁ
DISSOCIAÇÃO

No ambiente familiar é que se começa a formação do ser humano, onde se


inicia o processo de humanização e libertação. O que convém ainda afirmar neste
contexto é que neste caminho de formação, ainda criança, o ser humano entra num
processo civilizatório e a escola acompanha e participa desse processo. Com o
conhecimento adquirido na escola, o aluno se prepara para a vida. Passa a ter o
poder de se transformar e de modificar o mundo onde vive.
A instituição escolar visa educar sujeitos à convivência social, a cidadania e a
tomada de consciência política. O que é importante aqui mencionar é que a
educação é um fato social e para Durkheim, o objeto da sociologia é o fato social.
Como fato social, a educação escolar, além de ensinar o conhecimento científico,
deve assumir a incumbência de preparar as pessoas para o exercício da cidadania.
A cidadania é entendida como o acesso aos bens materiais e culturais produzidos
pela sociedade, e ainda significa o exercício pleno dos direitos e deveres previstos
pela Constituição da República.
Sendo assim, é por meio da escola que os sujeitos sociais sistematizam a
educação que por si vê na cidadania a pretensão de fazer de cada pessoa um
agente de transformação social. Isso exige uma reflexão que possibilite
compreender as raízes históricas da situação de miséria e exclusão em que vive boa
parte da população. A formação política, por sua vez, que tem no universo escolar
um espaço privilegiado, deve propor caminhos para mudar as situações de
opressão. Muitas vezes, o que se observa é que embora outros segmentos
participem dessa formação política, como a família ou os meios de comunicação,
não haverá a garantia do direito democrático se inexistir essa responsabilidade
propiciada, sobretudo, pelo ambiente escolar.
Nesta visão, torna-se imprescindível o estudo do eixo temático POLÍTICA E
SOCIEDADE, uma vez que enquanto instrumento político de libertação, a cultura
democrática tem que prevalecer nos espações escolares, garantindo uma formação
cidadã e política ao educando, tornando-o capaz de desenvolver seus potencias no
meio em que vive, garantindo sua participação política consciente. A cultura de

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participação política é o primeiro passo para se consolidar uma democracia capaz
de garantir os direitos sociais de todos os cidadãos.
Mediante este cenário, ainda se faz necessário pensar esta temática numa
perspectiva mais aguçada quanto ao campo sociológico, passa-la a olhar de uma
maneira diferente daquela a que se está habituado na vida quotidiana, numa
perspectiva mais vasta. Diariamente, para se compreender os problemas pessoais,
se tem que situar num determinado período, num certo quadro histórico e numa
determinada realidade social, o que não é diferente de se analisar os problemas
políticos numa dimensão pluralizada da sociedade, pois estes são oriundos da
singularidade dos indivíduos. A capacidade que se tem em associar todos esses
elementos e relacionar com o comportamento de um indivíduo em meio aos
aspectos sociais, é denominado de imaginação sociológica. Esta é ponto crucial na
formação cidadã, uma vez que deve corresponder a capacidade de mudar a
perspectiva para uma nova realidade, sempre na tentativa de se conseguir uma
visão total da sociedade e de todos os elementos que dela fazem parte.
Em meio a esta visão sociológica, o eixo temático aqui discutido neste Plano
Anual de Ensino deve se correlacionar ao longo de sua execução num campo
interdisciplinar. Pois assim, estará angariando o ser sociológico, enquanto disciplina,
ao fazer pedagógico. Trabalhar “política” na perspectiva da interdisciplinaridade é
acima de tudo, desenvolvê-la numa dimensão contextualizada, o que torna este
processo mais do que essencial, pois intercala o “ser político” no cotidiano
mostrando a sua importância na área de Códigos e Linguagens, de Ciências
Humanas, Ciências Naturais e na própria Matemática. A interdisciplinaridade recorre
a um saber, diretamente útil e utilizável, para responder às questões e aos
problemas sociais contemporâneos.
Todavia, a Política deve ser tratada no contexto escolar no próprio dia a dia
da escola, na participação política de todos os membros da Comunidade Escolar:
nos Grêmios Estudantis, nos Conselhos de Classe, nos Conselhos Escolares, na
participação ativa da Gestão Democrática; ou seja, o cotidiano da escola é o
laboratório para a execução do eixo temático Política e Sociedade ao longo do ano
letivo. Fazer uma dicotomia entre a teoria e a prática aqui, seria separar a mãe
(sociologia) dos seus filhos (o dia a dia dos atores da Comunidade Escolar). Daí a
importância desta temática no âmbito escolar, sincronizar os próprios objetivos do

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fazer pedagógico da escola aos objetivos principais do processo ensino-
aprendizagem.
Sendo assim, é percebível no contexto escolar que se consolida o ato de
educar, pois conforme se descreve ao longo deste documento, educar para a
cidadania tem sido uma proposta recorrente na voz de legisladores, educadores,
políticos, empresários. Atualmente, apresenta-se como "uma das fontes de
revitalização da importância da sociologia" (MEKSENAS, 1994, p. 17), pois,
conforme Gentili (2000), "a educação, a partir desse enfoque, deveria ser vista como
um mecanismo de difusão, de socialização e de reconhecimento dos direitos (civis,
políticos e sociais) que definem o campo da cidadania" (p. 146).
Para tanto, compreende-se que a democracia é ponto crucial neste processo,
pois conforme Bobbio (2002) “a democracia não se refere só à ordem do poder
público do Estado, mas deve existir em todas as relações sociais, econômicas,
políticas e culturais. Começa na relação interindividual, passa pela família, a escola
e culmina no Estado. Uma sociedade democrática é aquela que vai conseguindo
democratizar todas as suas instituições e práticas”.
Portanto, a democracia só se constituirá como substancial se a formação
política for propiciada no ambiente escolar. A escola, enquanto uma criação social, é
um dos lugares adequados de formação e informação, em que a aprendizagem deve
estar em concordância com os assuntos sociais que assinalam cada momento
histórico. As diferentes configurações de organização da sociedade devem ser
debatidas e consideradas no ambiente escolar, com o objetivo de propiciar o diálogo
entre educadores e alunos sobre o fato histórico e político, relacionando presente e
passado e constatando as transformações necessárias ao bem da coletividade.
Através das vivências plurais os alunos passam a exercer a cidadania social e
política.

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3 O ENSINO DE SOCIOLOGIA: O SER E O FAZER NO TERCEIRO ANO DO
ENSINO MÉDIO

Na prática, o ensino de Sociologia se fundamenta na adoção de múltiplos


instrumentos metodológicos, os quais devem adequar-se aos objetivos pretendidos,
seja a exposição, a leitura e esclarecimentos do significado dos conceitos e da
lógica dos textos (teóricos, temáticos, literários), a análise, a discussão, a pesquisa
de campo e bibliografia entre outros.
Conteúdos estruturantes e conteúdos específicos deles derivados, os
encaminhamentos metodológicos, além do processo de avaliação ensino-
aprendizagem devem estar sincronicamente relacionadas a construção histórica da
Sociologia crítica, que por sua vez, se pontua caracteristicamente falando por
posições teóricas e práticas que favorecem o desenvolvimento de um pensamento
criativo e instigante.
Sendo assim, as aulas de Sociologia, mediante este Plano Anual de Ensino,
serão expositivas, desenvolvidas em discussões por meio de fóruns, debates,
seminários, trabalhos em grupo, mesas redondas, oficinas e pesquisas no ambiente
escolar e fora dele, trabalhos e avaliações escritas.
Por meio desses artefatos pedagógicos, procura-se desenvolver a capacidade
dos educandos fazendo com que esses criem condições para resolver atividades,
interpretar, analisar e produzir textos, realizar fichamentos, registrar resumos,
ilustrar, formular perguntas orais e escritas, formular problemas, ler imagens e
gráficos, realizar entrevistas, apresentar trabalhos orais, confeccionar cartazes,
montar painéis e murais, participar de exposições, analisar filmes e músicas etc.
Outro fator relevante no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de
Sociologia é que o mesmo pode propiciar a interdisciplinaridade por meio de seus
conteúdos. Desta forma, pode-se utilizar das produções textuais com temáticas
discutidas em sala, analisando a escrita do aluno; deve-se utilizar dos contextos
históricos para justificar determinado fato social; pode-se utilizar das artes para a
criação de desenhos, pinturas, fotografias que representem determinado contexto
social; etc.
Todavia, para desenvolver tais ações, serão utilizados recursos como o
espaço da sala de aula, quadro branco e piloto atômico; livro didático de Sociologia;
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Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Sociologia; os espaços físicos
internos e externos; pesquisas de campo; aulas de campo; laboratório de
informática; biblioteca; revistas, jornais e cartazes; músicas, vídeos; retroprojetor
multimídia; notebooks, celulares, computadores; redes sociais; etc.

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4 OBJETIVOS: FRUTOS DO FAZER PEDAGÓGICO

Espera-se que a cada etapa de ensino, o educando consiga:


UNIDADE I – Política e relações de poder
 Ampliar a concepção que tem de política, percebendo esta como uma
rede de interesses e de acordos estabelecidos por seres humanos, em
um processo de tomadas de decisões que gira em torno de valores
sociais e de relações de poder, pois enquanto prática social, a política
implica na participação do cidadão nos destinos da sociedade.

UNIDADE II – Política e Estado


 Apreender que o estudo do conceito de Estado, de sistemas de poder e
de regimes políticos permitirá a análise e a comparação das diversas
teorias sobre suas diferentes origens, formas e finalidades,
apropriando-se assim dos conceitos de Ciência Política.

UNIDADE III – Política e movimentos sociais


 Compreender os fatores que levam à mudança, identificando os
movimentos sociais e seu poder de intervenção nas estruturas.

UNIDADE IV – Política e cidadania


 Perceber e valorizar o exercício da democracia, a legitimidade do
poder, a cidadania, os direitos e deveres do cidadão, os movimentos e
as outras formas de participação fundamental a construção da
identidade social e política do educando.

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5 PLANO ANUAL DE ENSINO: DETALHES QUE FORMAM O TODO

5.1 Identificação
Escola ESTADUAL RUI BARBOSA
Ano do Ensino Médio 3º ANO
Carga horária total 40 h / aulas
Período letivo 2017
Professor (a) ISMAEL ANDRÉ DOS SANTOS SILVA

5.2 Detalhamento das Unidades Didáticas


5.2.1 Unidade I (1° Bimestre)
A) Descrição da Unidade
Na dimensão sociológica, no estudo desta temática, o aluno se pauta no ato de
participar politicamente, depois de compreender e apreender a estrutura social
enquanto trabalhador e cidadão (unidades anteriores), agora ele estará construindo
sua identidade social e agindo para que uma sociedade mais democrática e solidária
se fortaleça. Temos, portanto aqui, a articulação entre as competências da
Sociologia e o conceito estruturador de cidadania: protagonismo juvenil voltado para
a viabilização da cidadania plena.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos de aprendizagem

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

 Formular a concepção que o aluno tem


do conceito de política;
 Perceber a política como uma rede de
interesses e de acordos entre os
sujeitos sociais que centraliza nas
O que é Política e quais suas relações de poder;
01
relações de poder.  Identificar a presença da política no agir
cotidiano de indivíduos, grupos e
instituições;
 Valorizar a política enquanto prática
social que implica na participação do
cidadão nos destinos da sociedade.

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C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas

Aulas: O QUE É POLÍTICA E QUAIS SUAS RELAÇÕES DE PODER


Duração: 10 aulas (50min)
Foco: Entender a política como instrumento de intervenção social.
Tipo de aula: Aula expositiva, com participação efetiva dos alunos em debates,
mesas redondas, apresentação de murais e colagens.

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula.

1º MOMENTO (01 aula): Iniciar as atividades dialogando com os estudantes, no


sentido de registrar o que os alunos sabem sobre política, registrando as
concepções dos alunos sobre o tema proposto sempre anotando quais as
curiosidades que os estudantes possuem sobre o tema e o que gostariam de
discutir.
Possíveis questionamentos a serem trabalhados:
O que é política?
Quais as concepções de política existentes em nossa sociedade?
Qual a importância da política para a sociedade?
Qual o papel da sociologia na sociedade brasileira, em nossa comunidade, na
escola ao discutir política?

2º MOMENTO (01 aula): Trabalhar o texto “O analfabeto político” de Bertold Brecht.


Depois, formar grupos com quatro componentes e discutir as situações a seguir:
Quando fica evidente o uso do analfabeto político pelos detentores do poder?
Qual deveria ser a postura ética ideal?
Como podemos reverter este quadro?
Existem jovens na condição de analfabeto político atualmente?

3º MOMENTO (04 aulas): Assistir ao filme: Diários de Motocicleta, sob a direção de


Walter Sales (2003), uma adaptação para o cinema do Diário de Che Guevara,
antes de se tornar líder revolucionário. Conta à história do jovem (na época com 23
anos) e sua viagem de oito meses pela América Latina, iniciada na Argentina (seu
país de origem) até a Venezuela. Nessa viagem, em companhia do amigo Alberto
19
Granado, começou a ter contato com a realidade do povo da região e das injustiças
e misérias que o afligia.
Disponível em: Filmes.net - http://www.filmes.net/diariosdemotocicleta/MD.html

Numa mesa redonda, discutir o vídeo, analisando a atual situação política de nossa
comunidade, estado e país, sua relação com o vídeo assistido e o personagem
principal.

ATIVIDADE EXTRA SALA: Numa atividade externa a sala de aula os alunos devem
pesquisar, em grupos, a biografia de Che Guevara, destacando suas principais
ideias, onde irão ainda selecionarem reportagens de jornais e revistas sobre a atual
situação política nacional e local, organizando um mural, com as ideias veiculadas
nos meios de comunicação, fazendo um comentário do grupo ao final de cada
reportagem (que apresentarão na aula seguinte), sempre registrando a sequência
das atividades num Portfólio.

4º MOMENTO (02 aulas): Apresentação dos trabalhos realizados em casa,


conforme descrito no momento anterior.

5º MOMENTO (02 aulas): Produção textual sobre a temática “A importância das


ações políticas no nosso cotidiano”.

Sistemática de Avaliação para a Unidade I


O processo avaliativo será realizada no decorrer das atividades, inicialmente
observando a formação de conceitos dos estudantes, analisando seus
questionamentos e intervenções, procurando, através do diálogo, perceber se houve
apropriação dos conteúdos propostos e uma mudança de postura frente aos
problemas levantados, fazendo a simetria teoria x prática. O professor acompanhará
a leitura das produções dos estudantes, fazendo as intervenções necessárias,
sugerindo leituras e a retomada de conteúdos, se necessário. Por fim, analisará e
avaliará a sequência do Portfólio no bimestre e a produção textual apresentada por
cada aluno.

20
5.2.2 Unidade II (2° Bimestre)
A) Descrição da Unidade
As diversas definições de Estado, fundamental para a organização das sociedades,
foram formuladas pelos maiores pensadores da História política. As concepções por
eles elaboradas refletem diretamente os contextos em que foram pensados, seja
para justificar o modelo vigente ou para questiona-lo. Esta unidade se embasará
nesta discussão.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Conceituando Estado e suas Identificar nos processos históricos as


diferentes formas. diferentes concepções de Estado, partindo,
inicialmente, da noção que os alunos
possuem sobre o conceito de Estado e
democracia;

02 O estado brasileiro e seus Relacionar o passado e o presente a fim de


regimes políticos. destacar como as concepções de Estado
analisadas influenciaram o processo de
formação do Estado brasileiro.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas


1ª ETAPA: Conceituando Estado e suas diferentes formas.
Duração: 05 aulas (50min / cada)
Foco: A formação do conceito de Estado e implicação nas usas diferentes formas
Tipo de aula: Aula expositiva, que culmina com debate dos alunos sobre a temática.

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a 1ª ETAPA.


1º MOMENTO (01 aula): Iniciar com uma conversa sobre o papel do Estado e a sua
relação com a democracia nos dias atuais. Utilize as manifestações populares
ocorridas em junho de 2013, como base central para alavancar as discussões.
Questione aos discentes os motivos dos protestos, suas principais reivindicações e a
proporção alcançada em nosso país. O que se sucedeu ao longo dos últimos três
anos a partir daquelas manifestações.

21
É relevante ainda analisar pelos discursos dos alunos, a relação que eles fazem do
contexto apresentado com o Estado: eles entendem o Estado como uma entidade
acima do povo ou que parte dele?

Para encerrar o debate, leia para os alunos significado da palavra "estado" dada
pelo dicionário Caldas Aulete estado:
7. Nação com estrutura própria e organização política.
8. O conjunto das instituições (governo, congresso, forças armadas, poder judicário
etc.) que administram uma nação: A máquina administrativa do Estado. [Com inicial
maiúsc. nesta acp.]
9. Regime político (estado democrático).
10. Luxo, pompa, fausto: Levava a vida em alto estado, quando os pais eram vivos.
11. Fís. Forma de apresentação da matéria, de acordo com a sua estrutura
molecular: A água encontra-se na natureza em três estados: sólido, líquido e
gasoso.
12. Grav. Cada uma das fases da execução de uma gravura.
13. Mús. Classificação de um acorde a partir da nota que ocupa o baixo.
14. Inventário, rol (de bens, despesas etc.): O estado dos bens da família."

ATIVIDADE EXTRA SALA: Mediante a discussão, peça aos alunos, que em grupos
com cinco componentes, criem um painel ilustrativo sobre as diversas definições de
Estado para apresentarem na aula seguinte.

2º MOMENTO (01 aula): Apresentação dos painéis ilustrativos confeccionados a


partir da atividade extra sala.

3º MOMENTO (01 aula): Em aula expositiva, o professor aula irá explorar acerca da
concepção de Estado a partir das teorizações de Thomas Hobbes e Jean Jacques
Rousseau. Será entregue aos educandos um resumo sobre as obras do autores
mencionados, conforme a seguir:

O inglês Thomas Hobbes é autor de Leviatã (1651), livro em que está uma das
principais bases teóricas do Absolutismo, modelo de governo em que a autoridade
do monarca era a fonte suprema dos poderes do Estado. Nele, Hobbes buscou

22
justificar a relevância desse modelo, ao comparar o Estado a um monstro poderoso,
criado para acabar com a desordem e a insegurança da sociedade. O autor afirma
que o homem era lobo do próprio homem, sendo necessário, como solução para os
conflitos em torno das constantes guerras e disputas, o estabelecimento de um
"contrato social". Assim, os homens renunciariam à sua liberdade em favor de um
governo absoluto que visava garantir a ordem, as diretrizes e a segurança no
convívio social.

Já Rousseau, um dos principais expoentes do Iluminismo, defendia um governo cuja


soberania era do povo. Explique que uma das suas obras relevantes a este respeito,
também citava o "contrato social". Na visão de Rousseau, entretanto, o soberano
deveria conduzir o Estado conforme os desejos de seu povo, posto que somente as
bases democráticas garantiriam a igualdade jurídica a seus cidadãos. Suas ideias
foram amplamente difundidas e influenciaram, por exemplo, os líderes jacobinos da
Revolução Francesa.

Após concluírem a leitura, apresente os excertos transcritos abaixo aos alunos e


peça que eles comparem as visões por eles mostradas. Eles defendem o mesmo
ideal? Quais as diferenças nas concepções mostradas em um e em outro?

“Todo poder, toda autoridade estão nas mãos do rei e não pode haver outra no reino
que aquela por ele estabelecida. (...) A vontade de Deus é que todo aquele que
nasceu súdito obedeça cegamente. (...) E somente à cabeça que compete deliberar
e resolver, e todas as funções dos outros membros consistem apenas na execução
das ordens que lhes são dadas.”
Luís XIV. Memórias. In: ISAAC, Jules; ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre Jou, 1968, p. 165.

“Quando os poderes legislativo e Executivo ficam reunidos numa mesma pessoa ou


instituição do Estado, a liberdade desaparece. (...) Não haverá também liberdade se
o poder Judiciário não estiver separado do Legislativo e do Executivo. Se o
Judiciário se unisse ao Executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo
estaria perdido se uma mesma pessoa – ou uma mesma instituição do Estado –
exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de ordenar a sua execução e o de
julgar os conflitos entre os cidadãos.”

23
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 168.

4º MOMENTO (02 AULAS): Neste último momento, o professor irá mediadar um


debate. Divida os alunos em dois grupos que defenderão o Estado absolutista
descrito por Hobbes ou o Estado democrático proposto por Rousseau.

O objetivo dessa atividade é fazer com que os alunos se coloquem como


protagonistas do processo histórico vivenciado pelos defensores do Absolutismo e
do Iluminismo, analisados ao longo desta sequência didática. Conduza a discussão
lançando tópicos a serem explorados por ambos, conforme as concepções
estabelecidas para cada um:
- Qual é a forma de governo defendida?
- Qual é o papel do povo dentro da sociedade?
- Qual é o papel da Igreja?
- Qual é a função do monarca?
- Há democracia?

Sempre que necessário, o professor deve corrigir os discentes, se caso presenciar


equívocos sobre as informações históricas desenvolvidas pelos alunos.

2ª ETAPA: O ESTADO BRASILEIRO E SEUS REGIMES POLÍTICOS.


Duração: 05 aulas (50min / cada)
Foco: Os períodos democráticos e autoritários da política brasileira
Tipo de aula: Aula expositiva

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a 2ª ETAPA.


1º MOMENTO (02 aulas): Em aulas expositivas o professor mostrará as etapas de
formação política do Estado brasileiro. Destacará as formas de poder dos
governantes do Brasil Colônia, Império e República.
ATIVIDADE EXTRA SALA: No contra turno, convidará os alunos em três momentos
(dias diferentes) a virem para a escola para assistirem a três filmes:
Xica da Silva. Direção de Cacá Diegues. Brasil, 1976. Baseado no livro homônimo
de João Felício dos Santos, conta a história da escrava Francisca da Silva e seu
relacionamento com João Fernandes de Oliveira, seu senhor, nomeado contratador
24
de diamantes pelo rei de Portugal. No filme, sexo e escravidão são pretextos para
falar de relações de poder: submissão e subversão da ordem. Xica subverte a ordem
colonial e escravista.
Independência ou morte. Direção de Carlos Coimbra. Brasil, 1972. Filme épico e
ufanista, feito em plena época da ditadura militar em comemoração aos duzentos
anos de independência. Traça o perfil de D. Pedro I desde infância, passando por
seu envolvimento com a marquesa de Santos, pela proclamação da independência,
até a abdicação do imperador. A cena às margens do Ipiranga reproduz, em um jogo
de montagem, a célebre tela de Pedro Américo.
Batismo de Sangue. São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades
dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o
Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo
passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por
Carlos Marighella. Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são
presos, passando por terríveis torturas.

Ainda como atividade externa a sala de aula, os alunos irão se reunir e construir a
partir do que assistiram as principais diferenças nas formas de governo de cada
período histórico brasileiro. O resultado da análise será apresentado em sala de aula
numa mesa redonda.

2º MOMENTO (01 aula): O professor fará uma mesa redonda onde os alunos irão
comentar e pontuar as características básicas de cada período da política brasileira.

3º MOMENTO (02 aulas): Neste momento, inicie a conversa sobre os últimos


acontecimentos do cenário político brasileiro, as manifestações, o que o congresso
tem em pauta. O professor deve ir pontuando no quadro cada colocação dos alunos,
de forma sistematizada os diferentes pontos destacados pela turma. Faça com que
eles analisem criticamente os pontos enumerados, identificando os problemas e
sugerindo as possíveis formas para sua resolução. Mantenha um registro desses
pontos para as próximas etapas da sequência didática.
No segundo instante, estimule a conversa propondo questões como: Quem são os
responsáveis pela resolução dos problemas apontados? No Brasil, a quem cabe a

25
criação das leis? Quem são os responsáveis pelos serviços públicos? Quais as
diferenças nos papéis e atribuições de diferentes governantes? Quem são os
profissionais responsáveis pelo cumprimento das leis?
Como material de apoio, utilize o texto a seguir:

A organização política no Brasil


Em diversas nações do mundo e no Brasil contemporâneo, o poder e atividades
governamentais baseiam-se no princípio da divisão em três poderes: executivo,
legislativo e judiciário. Em termos conceituais, essa divisão é baseada nas ideias de
pensadores iluministas, como John Locke (1632 - 1704) e Charles de Montesquieu
(1689 - 1755), e visa evitar os desvios e distorções caracterizados pela centralização
dos poderes de governo em um indivíduo ou grupo social, como é o caso dos
regimes autoritários e das antigas monarquias absolutistas. Assim, de acordo com
Montesquieu, esse modelo tripartite implica não apenas em uma divisão das funções
de governo necessárias a um Estado democrático, mas também em mecanismos de
controle mútuo entre os diferentes poderes, de forma que nenhum deles se
sobressaia, cometendo desvios que possam prejudicar os cidadãos.
O poder executivo é encarregado de realizar as diferentes tarefas administrativas
necessárias ao bem comum, observados os limites determinados pelas leis vigentes.
No Brasil, é formado por órgãos de administração direta, como ministérios e
secretarias, e indireta, como empresas públicas e autarquias.
Por sua vez, o poder legislativo é incumbido da elaboração das leis, por meio das
atividades de representantes democraticamente eleitos. Também cabe ao legislativo
a aprovação de projetos de lei propostos pelo poder executivo, assim como a
fiscalização de suas atividades administrativas (como, por exemplo, a correta
destinação de recursos públicos).
A tarefa de interpretação das leis, de garantir os direitos individuais e coletivos e de
mediar conflitos é de responsabilidade do poder judiciário. Cabem a esse poder o
julgamento e a determinação de penas para indivíduos ou entidades que não
estejam agindo de acordo com as leis.
Além da divisão dos poderes, as funções de governo no Brasil são divididas também
em três diferentes esferas: federal, estadual e municipal. A cada uma dessas esferas
correspondem diferentes atribuições, mecanismos administrativos e até mesmo

26
sistemas de tributação. Dessa maneira, apesar de representarem o poder executivo,
o Presidente da República, os governadores dos estados e os prefeitos possuem
atribuições e responsabilidades distintas, de acordo com sua esfera de atuação. Por
exemplo, no caso do sistema educacional brasileiro, existe uma divisão de
responsabilidades entre municípios, estados e governo federal: aos municípios cabe
o gerenciamento de pré-escolas e do ensino fundamental; os estados devem
organizar a oferta de ensino médio, mas atuando com os municípios no ensino
fundamental; ao governo federal, cabe a regulação do sistema como um tudo e, de
forma específica, do ensino superior.
De forma semelhante, o poder legislativo se divide em diversas esferas com
organizações distintas: câmaras de vereadores no caso dos municípios,
assembleias legislativas unicamerais no caso dos estados, e o Congresso Nacional
(composto pela Câmara dos Deputados e o Senado) no nível federal. No caso do
poder judiciário também se observa uma divisão entre órgãos e tribunais federais e
estaduais. No entanto, não existem tribunais municipais. Nesse caso, um certo
número de municípios podem compor uma comarca, sob o comando de um juiz de
direito.
Por fim, procure relacionar o conteúdo abordado na etapa anterior e as informações
sobre a organização política no Brasil, os diferentes poderes e esferas. Instigue os
alunos a pensarem nos problemas específicos, tentando relacioná-los com as
diferentes atribuições dos poderes e esferas de governo. Se preferir, organize as
respostas e intervenções dos alunos, conforme o exemplo abaixo:

Demanda ou problema Poder responsável Esfera responsável

Aumento da passagem de ônibus em SP Executivo Municipal

Sistemática de Avaliação para a Unidade II


Os alunos serão avaliados por sua participação nas aulas, compreensão dos temas
e sua capacidade de raciocínio crítico. Considere também a criatividade e a
qualidade trabalhos apresentados ao longo do bimestre. O Portfólio continua sendo
analisado a cada bimestre, mediante a sistematização do que está sendo lecionado.

27
5.2.3 Unidade III (3° Bimestre)
A) Descrição da Unidade
O movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que tem como
objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma
determinada sociedade e de um contexto específico.
Nesta unidade, os conteúdos focarão na conceituação de mudanças sociais,
revolução, reformas, movimentos sociais. Estes últimos serão foco da segunda parte
deste bimestre com temática voltada exclusivamente para o Brasil.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Mudanças Sociais, reforma e Compreender os fatores sociais que levam


revolução as mudanças;
Tematizar a revolução social, considerando-
a como o fenômeno sociológico que
expressa a forma mais extremada de
mudança social.

02 Movimentos sociais no Brasil Identificar os movimentos sociais e seu


poder de intervenção nas estruturas.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas

Aula nº 1: Mudanças Sociais, reforma e revolução


Duração: 05 aulas de 50 min/cada
Foco: Conceituar revolução e mostrar as mudanças sociais a partir dela.
Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 1.


1º MOMENTO (01 aula): Fazer um levantamento prévio sobre o grau de
conhecimento dos alunos sobre o assunto, questionando: o que você entende por
revolução? É importante citar exemplos. Solicite aos alunos que escrevam um breve
parágrafo explicativo sobre o que o sabem. O professor deve ler para todos da sala
o que cada aluno escreveu.

28
2º MOMENTO (01 aula): Apresentar aos alunos o tema, enfatizando que uma
revolução social bem-sucedida resulta na subversão da ordem social, e é seguida de
transformações sociais, econômicas e políticas que dão origem a uma nova ordem
social. O professor, para embasar seu contexto, deve citar exemplos históricos
considerados emblemáticos, como a Revolução Francesa de 1789, a Revolução
Russa de 1917; entre outros casos.
Em seguida, deve deixar claro a diferença entre os movimentos revolucionários de
outras formas de ações coletivas, como protestos, rebeliões e revoltas sociais, que
são empreendidas por pequenos grupos ou segmentos de determinada classe
social. Seus objetivos, porém, não visam à transformação da sociedade como um
todo e, sim, reivindicações imediatas de interesse do grupo ou segmento social em
questão.
Ainda nesta aula, cabe ao docente esclarecer aos alunos que uma revolução advém
de fatores ou causas estruturais de longa duração; ou seja, as causas de uma
revolução devem ser procuradas em conflitos sociais e/ou políticos agudos que
geralmente perduram por décadas e que não encontram solução de resolução
institucional com base na negociação política. Crises econômicas e conflitos
armados podem agravar o quadro de conflito social interno e solapar (ou erodir) a
capacidade do Estado de manter a ordem.

3º MOMENTO (01 aula): Nesta aula, o professor irá dividir a turma em quatro grupos
(dependendo do tamanho da turma). Cada grupo deve optar por trabalhar com um
caso histórico de revolução. O professor deve elaborar um pequeno questionário
para ajudar os alunos a se orientarem na leitura. O exercício consiste em fazer um
levantamento de todos os fatores que são apontados como "causas" que
provocaram o movimento revolucionário em questão. Os textos usados pelos os
alunos serão selecionados pelo professor.
ATIVIDADE EXTRA SALA: Em casa, os alunos irão concluir e sistematizar em
slides a sua apresentação que será na aula seguinte. Para otimizar a apresentação,
os alunos poderão usar vídeos, músicas etc. que relacione diretamente com a
temática discutida (fatores/causas).

29
4º MOMENTO (02 aulas): Apresentação das atividades elaboradas por meio de
exposição oral.

Aula nº 2: Movimentos sociais no Brasil


Duração: 05 aulas de 50 min/cada
Foco: Contextualizar os movimentos sociais no Brasil
Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 2.


1º MOMENTO (02 aulas): Numa roda de conversa perguntar aos alunos o que eles
sabem sobre os movimentos sociais da atualidade no Brasil; quais são os
movimentos sociais que podem detectar; que mudanças sociais estes movimentos
almejam; saber deles se conhecem alguém que participa de algum movimento
social; se sim, ver a possibilidade de trazer a escola para uma roda de conversa, se
não, se podem entrevista-la.
Em seguida, apresentar a música “Comida” de Titãs. Antecipadamente imprimir a
letra da música que deve ser tocada em sala de aula e acompanhada pelos os
alunos.

OBS: Se algum aluno é cantor ou instrumentista, aproveitar o ensejo para trabalhar


este talento com esta música.
Peça aos alunos para se reunirem em grupos de 4 a 5 alunos e que discutam as
seguintes questões:
 A música fala de que?
 Quais as reivindicações presentes na música?
 As reivindicações da sociedade se manifestam de que formas? Violência?
Criminalidade? Movimentos?
Discutir com eles as diversas formas de discriminação, desigualdade, as lutas por
terra, educação, saúde, direitos das mulheres, homossexuais etc. Explicar aos
alunos que as diversas reivindicações da sociedade podem se traduzir num esforço
organizado para promover ou resistir a mudanças. Explicar que esse tipo de
Movimento se caracteriza como Movimento Social.
Relacione as discussões apresentadas com o contexto sócio histórico do Brasil
atual.
30
2º MOMENTO (01 aula): O professor, neste segundo momento deste assunto, deve
montar em casa um painel com imagens de movimentos sociais brasileiros e
apresentar aos alunos. Solicitar a participação deles e que discutam as seguintes
questões:
 Quais são os movimentos apresentados nas imagens?
 O que motivou esses movimentos?

ATIVIDADE EXTRA SALA: Na atividade externa ao ambiente escolar, peça aos


alunos que em grupo pesquisem em jornais, revistas e internet alguma reportagem
sobre movimentos sociais no Brasil. Sistematizem cada movimento social
pesquisado: sua origem, seus objetivos, o que causou esta luta, seu trajeto histórico,
o que já alcançou de melhorias sociais;
Os alunos, no contra turno, com a ajuda do professor, deve preparar o refeitório da
escola para um CAFÉ DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. Devem organizar as mesas
para recepcionar as salas e autoridades escolares convidadas, em cada mesa deve
conter o CARDÁPIO (Movimento social) contendo as informações necessárias (sua
origem, seus objetivos, o que causou esta luta, seu trajeto histórico, o que já
alcançou de melhorias sociais); Deve conter ainda músicas temáticas a cada
movimento social, poemas, charges;

3º MOMENTO (02 aulas): (No refeitório / auditório) Cada grupo irá ler sobre o
movimento social brasileiro pesquisado para os convidados. Em seguida, como
confraternização cearão o café preparado.

Sistemática de Avaliação para a Unidade III


Os alunos serão avaliados por sua participação nas aulas, compreensão dos temas
e sua capacidade de raciocínio crítico. Considere também a criatividade e a
qualidade trabalhos apresentados ao longo do bimestre. O Portfólio continua sendo
analisado a cada bimestre, mediante a sistematização do que está sendo lecionado.

31
5.2.4 Unidade IV (4° Bimestre)
A) Descrição da Unidade
Nos afirma Rui Barbosa que a política afina o espírito humano, educa os povos,
desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia,
cria, apura, eleva o merecimento. Nesta perspectiva percebemos o quanto é
importante para a efetivação da cidadania o comprometimento do sujeito social com
a política, de forma a democratizar os espaços de sociabilidade deles. Assim,
estarão garantindo seus direitos de cidadãos uns para com os outros através do
cumprimento de seus deveres e fazendo valer nos espaços de representação a
verdadeira democracia: governo de todos e para todos.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Legitimidade do poder e Valorizar o exercício da democracia, a


democracia legalidade e a legitimidade do poder.

02 Formas de participação e direitos Apreender melhor a importância da


do cidadão participação política de cada um, como
um dever, nos espaços de
representações sociais a partir do
processo de garantia de direitos que
fortalece a democracia participativa.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas


Aula nº 1: Legitimidade do poder e democracia
Duração: 05 aulas de 50 min. / cada
Foco: Legitimidade da autoridade política
Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 1.


1º MOMENTO (02 aulas): A partir da leitura do texto "Os três tipos puros de
dominação legítima", de Max Weber (que pode ser encontrado em: Cohn,
Gabriel. Weber: Sociologia, Coleção Grandes Cientistas Sociais, Editora Ática), o
professor poderá encaminhar a aula, expondo aos alunos que em qualquer
comunidade tribal, primitiva ou não, ou sociedade, seja ela antiga ou moderna, há a

32
necessidade da existência de uma autoridade política capaz de exercer o poder de
mando, com o objetivo de preservar a manutenção da ordem e a coesão social.
Outro ponto a ser ressaltado é que a convivência pacífica entre indivíduos que
integram uma coletividade maior, ou seja, uma comunidade ou uma sociedade, só
pode ocorrer a partir da constituição de uma autoridade, isto é, de um governo, um
Estado. A partir destes, é que é criado uma série de códigos e normas jurídicas,
onde Estado e o governo aplicam as leis. As leis têm, basicamente, a função de
orientar nossa conduta em sociedade. As leis nos mostram os limites do que é
possível, do que é tolerável e do que é proibido (ou seja, determinam o que é
considerado crime). As leis também estabelecem as punições para aqueles que
cometem crimes.
Discutir com alunos que a obediência e a submissão a uma determinada autoridade
política são elementos tratados pela sociologia a partir do conceito de dominação.
Historicamente, a dominação reconhecida como "legítima" repousa em três bases: a)
legalidade; b) tradição; e c) carisma.

ATIVIDADE EXTRA SALA: A fim de reforçar os conceitos discutidos nas aulas, o


professor deve dividir a sala em três grupos de alunos, sendo que cada grupo tratará
de um "tipo de dominação". Os alunos ainda devem fazer um levantamento de um
caso histórico que se enquadre no exemplo do respectivo tipo de dominação, além
de entrevistar pessoas de diferentes classes e segmentos sociais, questionando-as
sobre a importância das leis. Esse trabalho extraclasse será apresentado nas aulas
seguintes. Para abrilhantar o trabalho, o professor pode sugerir que os alunos criem
murais explicativos ou banners (pôsteres).

2º MOMENTO (01 aula): Apresentação dos trabalhos confeccionados no ambiente


extra sala.

Aula nº 2: Formas de participação e direitos do cidadão


Duração: 07 aulas de 50 min. / cada
Foco: Participação política
Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 2.


33
1º MOMENTO (02 aulas): Conversação sobre os conceitos de: cidadania,
política e democracia, o que os alunos sabem sobre isso? Quais os exemplos
citados por eles sobre as temáticas? Quais as formas de participação política?
Sistematizar no quadro a sequência de afirmações dos alunos.
Por fim, formular o debate: qual a importância da participação política de cada um
na sociedade? Qual a importância do voto? O que é direito e dever do cidadão?

2º MOMENTO (01 aula): Entregar os textos: Política e politicagem - Rui Barbosa


e Os indiferentes – Antônio Gramsci (em grupo).
Em seguida, fazer a mediação da roda de conversa a partir da leitura realizada.

ATIVIDADE EXTRA SALA: Organização de júri simulado.


JÚRI SIMULADO (02 aulas)

Objetivo: Debater o tema: Participação política e espaços de representação,


levando os participantes a tomar um posicionamento, exercitando a expressão e o
raciocínio, de forma a amadurecer o senso crítico.

PARTICIPANTES:
Juiz: dirige e coordena as intervenções e o andamento do júri.

Promotores (advogados de acusação): devem acusar o “réu” (ou assunto), a fim


de condená-lo.
Advogados de defesa: defendem o “réu” (ou assunto) e respondem às acusações
feitas pelos promotores.

Testemunhas: falam a favor ou contra o acusado, pondo em evidência as


contradições e argumentando junto com os promotores ou advogados de defesa.

Jurados: ouvirão todo o processo e no final das exposições, declaram o vencedor,


estabelecendo a pena ou indenização a se cumprir.

METODOLOGIA DO JÚRI SIMULADO

1. Divide-se os participantes, ficando em números iguais os dois grupos. Todos os


participantes (exceto o juiz e os jurados) podem ser testemunhas.

2. Os promotores devem acusar um grupo de cidadãos que não participam das


decisões da comunidade, porém exigem direitos, sem cumprir com seus deveres de
cidadãos. Aliás, deve ser levantado uma discussão sobre o que é cidadania e o que
34
é política... O texto: Política e politicagem - Rui Barbosa, será mencionado como
justificativa plausível das discussões. Depois deste debate que embasa a acusação
dos promotores, cabem aos advogados de defesa a palavra.

3. Os advogados defendem o grupo de cidadãos. Afirmam que estes estão corretos,


afinal a democracia é o governo de todos e para todos, inclusive para aqueles que
são indiferentes as causas rotineiras do cotidiano. E que, é inerente ao ser humano,
enquanto sujeito de direito, ter garantidos aquilo que lhe é pertinente, ou seja, seus
direitos e, não querer participar das decisões da comunidade, é um direito de cada
um, é o exercício do livre arbítrio. O texto indicado para justificar a posição dos
advogados de defesa é “os indiferentes” de Antônio Gramsci. Gramsci afirma que
odeia quem não toma partido, neste caso, os advogados utilizarão desta afirmação
em favor dos seus clientes.

4. As testemunhas devem colaborar nas discussões, havendo um revezamento


entre a acusação e a defesa, sendo que os advogados podem interrogar a
testemunha “adversária”.

5. Terminado o tempo das discussões e argumentações dos dois lados, os jurados


devem decidir sobre a sentença. Cada jurado deve argumentar, justificando sua
decisão.

3º MOMENTO: (03 aulas): (pode ser no auditório) Apresentação do Júri Simulado.

4º MOMENTO (01 aula): Avaliação e comentários de todos sobre o assunto


discutido no júri simulado (roda de conversa).

Sistemática de Avaliação para a Unidade I


O processo de avaliação é contínuo, ou seja, os alunos serão avaliados a partir
das discussões realizadas, observando sempre a participação individual e
coletiva na construção do conhecimento. Deve ser considerado ainda que ao longo
dos quatro bimestres, os alunos irão escrevendo e construindo seu PORTFÓLIO –
produto final de avaliação.

35
6 FINALIZANDO A CONVERSA

Este documento foi elaborado no cuidado permanente de atender às


finalidades do Ensino Médio no que concerne a campo da disciplina de Sociologia,
de forma a sistematizar a formação da pessoa, onde esta seja capaz de desenvolver
seus valores e suas competências necessárias à integração de um projeto pessoal e
social em que está inserido.

Ele atende as exigências finais do curso de especialização em Ensino de


Sociologia no Ensino Médio que aprimora a formação de profissionais da área de
Sociologia e até condiciona docentes de formação inicial de outras áreas a serem
habilitados a desenvolver uma prática pedagógica comprometida com a formação de
sujeitos capazes de refletir e tomar decisões a partir da análise da realidade, visando
à formação humanística e cidadã dos indivíduos. O aprofundamento nas discussões
teórico-metodológicas sobre o ensino dessa disciplina faz o curso enfatizar e trazer
uma abordagem a respeito de novas propostas didáticas para o ensino de
Sociologia no Ensino Médio, debatendo sobre os conteúdos e as práticas de ensino
voltados a essa área.

Mediante a formação realizada, a construção deste Plano Anual de Ensino


acaba sendo a perpetuação e a fomentação de conceitos necessários ao
aprimoramento do educando como pessoa humana, numa formação social cidadã
visando a ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e crítica perante aos
anseios sociais vigentes.
Assim, acredita-se que a Sociologia, enquanto disciplina escolar, apresenta-
se como uma ferramenta capaz de despertar e/ou estimular no estudante de ensino
médio a “imaginação sociológica”, ou seja, a possibilidade de se obter uma
perspectiva compreensiva do mundo em que se vive, ampliando o seu horizonte
intelectual e contribuindo para que os estudantes consigam superar as explicações
tradicionais e religiosas do mundo, assim como amortecer os efeitos sedativos do
discurso midiático sobre a realidade social. Mills afirma que a “imaginação
sociológica é uma qualidade que parece prometer mais dramaticamente um
entendimento das realidades íntimas de nós mesmos, em ligação com realidades
sociais amplas” (MILLS, 1969, p. 22). Entretanto, a “imaginação sociológica” pode
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fazer com que o educando se perceba não como plateia da vida social, mas como
protagonista social capaz de intervir na realidade.
Quanto a parte pedagógica, a metodologia deste trabalho foi pautada numa
conjuntura interdisciplinar, atendendo aos diversos campos e segmentos
educacionais, bem como as múltiplas formas de ensinar por meio da construção e
formulação de conceitos a partir da convivência de cada discente, respeitando,
obviamente os limites ideológicos, culturais e históricos de cada um.
Portanto, espera-se que o eixo temático desenvolvido ao longo do ano letivo
seja capaz de desenvolver uma nova forma de visão política e de participação social
dos indivíduos a iniciar pelas práticas escolares e seus membros.

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REFERÊNCIAS

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V.2.

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