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ESCOLA TÉCNICA DELTA – EAD

CNPJ: 04228712-0001-13

SOCIOLOGIA

Sumário
1º ETAPA ................................................................................................ 3
I- UNIDADE ....................................................................................... 3
1- O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA ................................................ 3
1.1- Formação do pensamento sociológico .................................... 3
1.2- Comte e o positivismo ............................................................ 4
1.3- Karl Marx e as classes sociais ................................................ 4
1.4- Émile Durkheim e os fatos sociais .......................................... 6
1.5- Marx Weber e a ação social .................................................... 7
II- UNIDADE ....................................................................................... 7
2- CULTURA E DOMINAÇÃO ............................................................. 7
2.1- Diversidade cultural.................................................................. 8
2.2- Estado e relações de poder ....................................................... 8
III- UNIDADE ....................................................................................... 9
3- TRABALHO E AS NOVAS TECNOLOGIAS........................................ 9
3.1- O mundo do trabalho (do trabalho escravo ao trabalho
assalariado)...................................................................................... 9
3.2- Trabalho e diversidade - A desigualdade racial e a diferença de
sexo................................................................................................ 11
3.3- As novas tecnologias e as relações de trabalho ....................... 11
2º ETAPA .............................................................................................. 12
I- UNIDADE ..................................................................................... 12
1- FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO ................... 12
1.1- CONTRIBUIÇÃO DE IMPORTANTES PENSADORES ................. 13
1.1.1- Florestan Fernandes ............................................................. 13
1.1.2- Darcy Ribeiro ........................................................................ 14
1.1.3- Paulo Freire .......................................................................... 14
1.1.4- Fernando Henrique Cardoso ................................................. 15
1.1.5- Celso Antunes ....................................................................... 15
II- UNIDADE ..................................................................................... 16
2- “MOVIMENTOS SOCIAIS” E OS PROCESSOS DE MUDANÇA NO
BRASIL .............................................................................................. 16
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2.1- O processo de transição democrática ................................... 16
3.2- A questão etino racial (Preconceito e discriminação) ............... 17
3.3- As redes informacionais na atualidade..................................... 17
III- UNIDADE ..................................................................................... 18
4- A AMAZÔNIA E O PROCESSO DE MUNDIALIZAÇÃO..................... 18
4.1- Os problemas socioambientais na região amazônica ................ 18
4.2 A desigualdade social e o trabalho escravo ............................... 19
4.4- Os grandes projetos e as políticas públicas na Amazônia ......... 20

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SOCIOLOGIA

1º ETAPA
I- UNIDADE
1- O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

A Sociologia é uma ciência social que surge em consequência das


ideias iluministas e da busca de diferentes intelectuais de compreender a
sociedade e suas dinâmicas. O principal fator social que conduz ao surgimento
deste campo de conhecimento foi a Revolução Industrial e suas consequências,
como a divisão do trabalho e o processo de urbanização.

Autores como Karl Marx, Friedrich Engels, Alexis de Tocqueville, Le Play, Spencer,
se dedicaram a estudar os problemas da nova sociedade que surgia na Europa.
Em diferentes países começava a aparecer, no século XIX, o interesse de conhecer
os problemas sociais e políticos a partir de um ponto de vista científico e todo esse
processo indicava o surgimento de um novo campo de conhecimento.

1.1- Formação do pensamento sociológico

Émile Durkheim (1858 – 1917) se baseou nas ideias de Comte para formular sua
teoria. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. Esses fatos sociais são
as formas e padrões pré-estabelecidos de um grupo social. Durkheim achava que
os fatos sociais, por ter características próprias, deveriam ser estudados de
maneira singular. O ideal de Durkheim foi tão importante para a Sociologia, pois é
a partir daí que ela passa a ser considerada uma ciência.

Outro importantíssimo estudioso responsável pela formação da Sociologia foi Karl


Marx (1818 – 1883). Marx não tinha como objetivo estabelecer ideias para a
sociologia, apenas pretendia analisar e propor explicações para os problemas
decorrentes daquela época: desemprego, miséria, desigualdades sociais, etc.

Os conceitos de Marx deram ênfase na crítica de uma dominação com base


econômica, sofrendo diversas inflexões e desdobramentos. Marx estabeleceu
importantes conceitos para compreender o funcionamento do capitalismo, como o
“mais-valia” e as formas de exploração das classes trabalhadoras.

Max Weber (1864 – 1920) teve uma linha de pensamento mais aproximada de
Durkheim, onde os dois estudiosos defendiam a objetividade em relação ao
método científico. No entanto, enquanto Durkheim se preocupava com a análise
objetiva da sociologia, Weber pretendia tomar a compreensão da ciência,
diferenciando também da análise crítica de Marx. Weber foi importante no sentido
de direcionar as ciências sociais para a imparcialidade, passo fundamental para o
surgimento do sociólogo como profissão.

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1.2- Comte e o positivismo

Comte foi o pai do Positivismo, corrente filosófica que busca explicar as leis do
mundo social com critérios das ciências exatas e biológicas. Foi também o grande
sistematizador da sociologia, dividindo a sociologia em duas áreas: a estática social
e a dinâmica social.

“No entender de Comte, a sociedade apresenta


duas leis fundamentais: a estática social e a
dinâmica social. De acordo com a lei da estática
social, o desenvolvimento só pode ocorrer se a
sociedade se organizar de modo a evitar o caos,
a confusão. Uma vez organizada, porém ela pode
dar saltos qualitativos, e nisso consiste a
dinâmica social. Essas duas leis são resumidas no
lema ‘ordem e progresso’” (VASCONCELOS apud
LAGAR et al., 2013, p. 18).

A defesa do Positivismo é de que somente o


conhecimento científico é verdadeiro, não se
admitindo como verdades as afirmações ligadas
ao sobrenatural, à divindade. Relacionado ao
último caso, Comte chegou a criar uma nova ordem espiritual, onde a divindade
não seria venerada, somente a humanidade. A sua inspiração para originar essa
nova ordem espiritual veio da disciplina e da hierarquia católica, mas, ao mesmo
tempo, a sua concepção era totalmente dissociada de todas as religiões cristãs.
Essa concepção nasceu do fato de ele considerar a humanidade como sendo uma
entidade unitária, cuja por ele batizou-se de Grande Ser.

As suas observações o levaram a definir três estágios pelos quais a sociedade


tende a passar: o teológico, o metafísico e o positivo ou científico. Estágio teológico
é aquele onde as explicações aos fenômenos até então desconhecidos são
atribuídas à divindade, ao sobrenatural. Metafísico é o estágio onde o ser humano
procura explicar as coisas através de fenômenos naturais, ou seja, a natureza é
autossuficiente para explicar as suas próprias manifestações. Já o Positivo ou
Científico, é o estágio onde as explicações, as verdades absolutas, advêm
exclusivamente da ciência.

1.3- Karl Marx e as classes sociais

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As classes sociais, para Marx, surgem a partir da
divisão social do trabalho. Em razão dela, a
sociedade se divide em possuidores e não
detentores dos meios de produção.

As relações de produção regulam tanto a


distribuição dos meios de produção e dos produtos
quanto a apropriação dessa distribuição e do
trabalho. Elas expressam as formas sociais de
organização voltadas para a produção. Os fatores
decorrentes dessas relações resultam em uma
divisão no interior das sociedades.

Por ter uma finalidade em si mesmo, o processo


produtivo aliena o trabalhador, já que é somente
para produzir que ele existe. Em razão da divisão
social do trabalho e dos meios, a sociedade se
extrema entre possuidores e os não detentores dos meios de produção. Surgem,
então, a classe dominante e a classe dominada (ou seja, a dos trabalhadores). O
Estado aparece para representar os interesses da classe dominante e cria, para
isso, inúmeros aparatos para manter a estrutura da produção. Esses aparatos são
nomeados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de
ideologias e normas reguladoras, sejam elas políticas, religiosas, culturais ou
econômicas, para assegurar os interesses dos proprietários dos meios de
produção.

Percebendo que mesmo a revolução burguesa não conseguiu abolir as contradições


entre as classes, Marx observou que ao substituir as antigas condições de
exploração do trabalhador por novas, o sistema capitalista de produção em seu
desenvolvimento ainda guarda contradições internas que permitem criar condições
objetivas para a transformação social. Contudo, cabe somente ao proletariado, na
tomada de consciência de classe, sair do papel de mero determinismo histórico e
passar a ser agente dessa transformação social.

As contradições são expressas no aumento da massa de despossuídos, que sofrem


com os males da humanidade, tais como a pobreza, doenças, fome e desnutrição,
e o atraso tecnológico em contraste com o grande acúmulo de bens e riquezas em
grandes centros financeiros e industriais. É só por meio de um processo
revolucionário que os proletários de todo o mundo, segundo Marx, poderiam
eliminar as condições de apropriação e concentração dos meios de produção
existentes. Acabando a propriedade desses meios, desapareceria a burguesia e
instalar-se-ia, transitoriamente, uma ditadura do proletariado até que se realizem
as condições de uma forma de organização social comunista.

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1.4- Émile Durkheim e os fatos sociais

O fato social são os agentes reais ou o conjunto de


maneiras que estão no centro de uma sociedade. Esta
definição foi formulada pelo fundador da sociologia,
Émile Durkheim (1858-1917). Durkheim define fato
social como os instrumentos sociais e culturais que
determinam as maneiras de agir, pensar e sentir na vida
de um indivíduo. Assim, o fato social o obriga a se
adaptar às regras da sociedade.

Exemplos de fato social são as normas sociais, valores,


convenções e regras que existem independente da
vontade e da existência do indivíduo, como explica
Durkheim.

A tese central de Durkheim aponta que o fato social está na percepção do


indivíduo. Esta será condicionada por realidades sociais que impõem os limites do
comportamento a serem aceitos pela sociedade.

 Características do Fato Social - O fato social deve atender a três


características: a generalidade, a exterioridade e a coercitividade.
 Generalidade - A generalidade ocorre quando os fatos sociais são coletivos
e não individuais. Assim, atingem toda a sociedade.
 Exterioridade - A exterioridade é a característica que denomina os fatos
sociais exteriores ao indivíduo e que já estão organizados antes mesmo dele
nascer.
 Coercitividade - A coercitividade está relacionada ao poder ou à força que
os padrões da cultura de uma determinada sociedade são impostos aos
integrantes. Essa característica obriga os indivíduos a cumprirem os padrões
culturais e sociais que nem sempre estão de acordo, mas que são
convenções e existem apesar do indivíduo concordar com elas ou não.

Fatos sociais são comportamentos simples do cotidiano, como tomar banho, pagar
os impostos, ir a encontros sociais ou fazer compras.

Todas essas ações são organizadas e obedecem a uma rotina, são respeitadas e
têm poder real sobre o indivíduo. O fato social, conforme Durkheim, afeta toda a
sociedade.

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1.5- Marx Weber e a ação social

Na Sociologia, a ação social é um conceito motivado pela


comunicação dentro da sociedade, e tem como objetivo
principal uma intenção, a qual é orientada para o alter
(outro). Ou seja, a ação social (que envolve ações e
reações) somente é estabelecida quando entramos em
contato com o outro, afetando assim, seu
comportamento.

Tipos de Ação Social proposto por Weber, de acordo com


os motivos que produzem as ações sociais na sociedade,
elas são classificadas em:

 Ações Sociais Racionais - Ação social racional


com relação a fins: aqui o que importa é o alcance dos
objetivos e/ou resultados atingidos por seu agente. Ou seja, esse tipo de
ação social visa obter, de modo racional, um fim. Ação social racional com
relação a valores: está relacionada com os princípios de seu agente, ou seja,
está orientada por valores específicos (norma moral).
 Ações Sociais Irracionais - Ação social afetiva: também chamada de
"ação social emocional", nesse caso, ela é motivada e gerada pelos
sentimentos de seu agente em relação aos outros. Ação social tradicional:
o próprio nome já indica que esse tipo está vinculado aos hábitos e costumes
compartilhados por uma sociedade. Com a diferença estabelecida por Max,
fica claro que no primeiro bloco as ações sociais ocorrem de maneira
racional. Ou seja, o agente tem maior controle sobre seus atos.

Enquanto na segunda classificação, as ações de teor emocional envolvem maiores


impulsos, os quais são motivados pelos sentimentos.

Para Weber a ação social só existe quando os indivíduos estabelecem relações


comunicativas com outros da sociedade, ou seja, ela ocorre através das relações
sociais.

Os estudos de Weber tentaram compreender o conceito de ação social e suas


implicações na sociedade. Foi assim que ele sistematizou, classificando as
diferentes formas de ação social.

II- UNIDADE
2- CULTURA E DOMINAÇÃO

Segundo os antropólogos, Cultura é um conjunto de valores, costumes, expressões


artísticas e religiosas, procedimentos da vida cotidiana – significações, enfim –
identificadores de uma sociedade ou determinada civilização. Neste sentido,
Cultura dá substancia à ideia de identidade nacional, na medida em que define um
povo, em relação com sua história.

Mas Cultura também pode ser vista como ideologia, como um conjunto de
instituições e mecânicas sociais que estabelecem o controle biopolítico da
sociedade. Nesse sentido, é ela que torna naturais os esquemas de dominação
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social e de hegemonia política. Não é o uso dos meios violentos e da força pelo
Estado que impõe determinados comportamentos dos cidadãos, o comportamento
social é ditado por valores, costumes e instituições arraigados na sociedade, e
característicos de uma cultura.

Quando se coloca a serviço dos poderes, objetivando legitimar autoridades, a


ideologia exerce sua função de dominação. É a ideologia a serviço da classe
dominante intervindo decisivamente para a legitimação da dominação política que
não pode ser efetuada unicamente através da repressão.

2.1- Diversidade cultural

Diversidade cultural são os vários aspectos que representam particularmente as


diferentes culturas, como a linguagem, as tradições, a culinária, a religião, os
costumes, o modelo de organização familiar, a política, entre outras características
próprias de um grupo de seres humanos que habitam um determinado território.

A diversidade cultural é um conceito criado para compreender os processos de


diferenciação entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As múltiplas
culturas formam a chamada identidade cultural dos indivíduos ou de uma
sociedade; uma "marca" que personaliza e diferencia os membros de determinado
lugar do restante da população mundial.

A diversidade significa pluralidade, variedade e diferenciação, conceito que é


considerado o oposto total da homogeneidade. Atualmente, devido ao processo de
colonização e miscigenação cultural entre a maioria das nações do planeta, quase
todos os países possuem a sua diversidade cultural, ou seja, um "pedacinho" das
tradições e costumes de várias culturas diferentes.

Algumas pessoas consideram a globalização um perigo para a preservação da


diversidade cultural, pois acreditam na perda de costumes tradicionais e típicos de
cada sociedade, dando lugar à características globais e "impessoais". Com o intuito
de tentar preservar a riqueza da diversidade cultural dos países, a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) criou a
"Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural".

A Declaração da UNESCO sobre Diversidade Cultural reconhece as múltiplas


culturas como uma "herança comum da humanidade", e é considerada o primeiro
instrumento que promove e protege a diversidade cultural e o diálogo intercultural
entre as nações. O Brasil é um país incrivelmente rico em diversidade cultural,
devido a sua extensão territorial e a pluralidade de colonizações e influências que
sofreu ao longo do processo de construção da sociedade brasileira.

2.2- Estado e relações de poder

Quando se fala em Poder e Estado deve-se entender o que são e como atuam
ambos os conceitos interligados, pois é inconcebível falarmos sobre as relações de
poder sem mencionarmos Estado. Na visão de Thomas Morus, o Estado seria
somente uma forma de alguns homens mostrarem seu poder de dominação.

O poder centralizado do Estado nasceu na época da queda do absolutismo. As duas


instituições mais típicas dessa máquina governamental são a burocracia e o
exército permanente
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Estado é a organização especial de uma força,
que pode mudar de tempos em tempos. Nele
cada governo arquiteta suas leis de modo a
servir seus próprios interesses: uma
democracia, fazendo leis democráticas; um
autocrata, leis despóticas, e assim por diante.

O Estado, em si, como se conhece, não existiu


sempre. Houve sociedades que passaram sem
ele e que não tinham a menor noção de Estado,
nem de poder governamental. A certo grau do
desenvolvimento econômico, implicando necessariamente na divisão da sociedade
em classes, o Estado tornou-se uma necessidade, em consequência dessa divisão.

O Estado, na democracia clássica, supõe todos iguais perante a lei, razão por que
deixa que os indivíduos, por acordos expressos ou tácitos, disponham sobre os
seus interesses.

É preciso, no entanto, dissociarmos dentro do conceito Estado, a política e a


administração, pois a política não é apenas tarefa de profissionais que se dedicam
ao serviço do Estado, mas ela ocorre na própria sociedade civil.

Desta forma, criam-se pontos de convergência determinados pelo bem comum,


que a todos atrairia, formando-se uma vontade comum. Mas há que se tomar
cuidado, pois não há bem comum, inequivocamente determinado a um todo, e sim
há um bem comum para diferentes indivíduos e grupos, criando uma vontade
individual em uma camuflada vontade geral

Assim, chega-se ao ponto de poder, que nasce no momento em que a violência,


muitas vezes, é usada para suplantar a vontade de um grupo. Então, será preciso
empregar o poder para que a vontade da maioria possa ser efetivada. No entanto,
é preciso estar atento e distinguir força de violência.

Assim, chega-se ao ponto de poder, que nasce no momento em que a violência,


muitas vezes, é usada para suplantar a vontade de um grupo. Então, será preciso
empregar o poder para que a vontade da maioria possa ser efetivada. No entanto,
é preciso estar atento e distinguir força de violência.

III- UNIDADE
3- TRABALHO E AS NOVAS TECNOLOGIAS

Os desafios e as dificuldades de adaptação que a sociedade terá que enfrentar


nessa fase de transição da era industrial para a digital já são motivos de atenção
da indústria.

3.1- O mundo do trabalho (do trabalho escravo ao trabalho


assalariado)

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Na metade do século XIX, quando aconteceu a proibição do tráfico negreiro, não
existia mão-de-obra disponível para a produção cafeeira, naquele momento em
plena ascensão. Então, se uma solução não fosse encontrada, o mercado de
trabalho capitalista perderia força e capacidade para sustentar-se, uma vez que a
formação histórica da sociedade e da economia brasileira era pouco desenvolvida
em relação às demais nações.

As evidências do que estava por vir eram muitas e as oligarquias cafeeiras, até
mesmo de alguns segmentos de outras oligarquias vinculadas à economia
açucareira, começaram a mover-se temendo que a proibição do tráfico
internacional de escravos e o fim da escravidão, gerassem uma grave escassez de
força trabalhadora no Brasil. Esse medo acabou se transformando numa grande
questão da política nacional: faltaria mão-de-obra para gerir a produção cafeeira

Dentre os motivos que fizeram com que a Coroa Portuguesa optasse pela mão-de-
obra escrava, o que mais se destaca é o interesse econômico, uma vez que a
metrópole recebia uma porcentagem do lucro dos traficantes, por cada escravo
que era vendido. Em pouco tempo, a escravidão fez com que o trabalho (braçal)
assumisse um papel de inferioridade, sendo destinada ao negro quase que com
exclusividade

Mesmo após a independência do Brasil o preconceito racial e as determinações dos


poderosos fazendeiros mantiveram o regime escravista intacto. Para eles, era
motivo de temor imaginar que perderiam seu sistema de mão-de-obra. Receando
uma revolta social, o governo retardou ao máximo qualquer lei ou política
abolicionista. O intermitente fim da escravidão decorreu de uma situação formada
pelos acontecimentos do processo histórico, ou seja, uma série de pressões
exercidas por fatores externos e internos.

Com o fim do tráfico negreiro, os escravos que restaram no país eram mandados
para as regiões onde houvesse uma lavoura lucrativa. Portanto, a região sudeste,
onde o café estava em expansão, era o lugar mais interessante. Desse modo, havia
um tráfico interno, transferindo os escravos de uma região para outra. Mas, a
população de escravos foi diminuindo gradualmente e os donos continuavam a
maltratá-los. A mortalidade era grande, havia poucos casamentos, quase
nenhuma vida familiar e poucas crianças sobreviviam por conta das péssimas
condições de higiene.

Com o iminente fim da escravidão, a possibilidade de introduzir trabalhadores


europeus esteve na lista das ações políticas brasileiras como solução da escassez
de mão-de-obra. Os imigrantes já tinham noção de salário e administração de
tempo, além de a mão de obra estrangeira ser considerada melhor qualificada.
Outra característica que estimulava a demanda pelos estrangeiros era a
possibilidade da exploração de um trabalho familiar, muito mais vantajoso para o
fazendeiro que o trabalho do nativo livre

O modo de produção assalariado surge no Brasil, após o fim da escravidão e por


intermédio de pressões externas. A imigração internacional possibilitou que a
abolição fosse gradual e que não houvesse nenhum lapso na oferta da mão de
obra necessária quando o trabalho escravo se extinguiu em 1888. O Estado
possibilitou que se fizesse a transição completa para o trabalho assalariado, é claro
que a adaptação do café às terras roxas, as ferrovias e o progresso tecnológico
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foram vantagens fundamentais para a transição, mas sem a decisiva intervenção
do Estado custeando as imigrações, e, portanto reduzindo os custos de mão-de-
obra do capital cafeeiro, estas vantagens não seriam suficientes para uma
transição completa.

3.2- Trabalho e diversidade - A desigualdade racial e a diferença de


sexo

A desigualdade social é um processo existente dentro das relações da


sociedade, presente em todos os países do mundo. Faz parte das relações
sociais, pois determina um lugar aos desiguais, seja por questões
econômicas, de gênero, de cor, de crença, de círculo ou grupo social. Essa
forma de desigualdade prejudica e limita o status social dessas pessoas, além
de seu acesso a direitos básicos, como: acesso à educação e saúde de
qualidade, direito à propriedade, direito ao trabalho, direito à moradia, ter
boas condições de transporte e locomoção, entre outros.
Sociedades em que as pessoas são diferentes, optam por vestir roupas de
determinado jeito ou viver sua vida de maneiras diferentes não são formas
de desigualdade. O fenômeno da desigualdade se manifesta no acesso aos
direitos, como dito anteriormente, mas principalmente no acesso a
oportunidades. De acordo com Rosseau, a desigualdade tende a se acumular.
Logo, determinados grupos de pessoas de classes sociais e econômicas mais
favorecidas têm acesso a boas escolas, boas faculdades e,
consequentemente, a bons empregos. Ou seja, vivem, convivem e crescem
num meio social que lhe está disponível. É um ciclo vicioso: esses grupos se
mantêm com seus privilégios e num círculo restrito, relacionando-se social e
economicamente por gerações a fio.
Desigualdade de gênero é a desigualdade de
poder entre homens e mulheres.
Desigualdade de poder refere-se ao acesso
às oportunidades nos âmbitos econômico,
político, educacional ou cultural. Forma-se
um círculo vicioso em que a ausência de
mulheres nos espaços de liderança e decisão
impede que haja melhorias para elas no
ambiente corporativo, na esfera pública e no
ambiente familiar.
Mulheres ganham menos, estão em menor número em posições de chefia ou em
cargos eletivos, trabalham mais no ambiente doméstico, exercem mais trabalho
não remunerado. Com a emergência do feminismo no final do século XIX, essas
questões vieram ao debate público sendo encabeçadas pela reivindicação de
direito ao voto.

3.3- As novas tecnologias e as relações de trabalho

Com a evolução tecnológica é possível que um indivíduo exerça sua profissão de


modo eletrônico em qualquer lugar do mundo. Como consequência, também se
torna viável que o empregador mesmo à distância controle seus empregados por
intermédio dos meios informatizados de supervisão.
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Desde o advento da Lei n. 12.551 de 15 de dezembro de 2011, a subordinação
realizada através do teletrabalho equipara-se à exercida de modo pessoal e direto.
Desse modo, os trabalhadores que exercem suas atividades à distância por meio
de novas tecnologias, como informática e telecomunicações encontram-se
legalmente mais amparados para demostrar à relação de emprego.

Para a caracterização da relação de emprego há requisitos que devem ser


identificados: o empregado deve prestar o serviço pessoalmente sem poder fazer-
se substituir por outro (pessoalidade); deve ser paga uma remuneração ao
empregado (onerosidade); o labor deve ser constante (habitualidade); e ainda, o
profissional deve cumprir as ordens emanadas pelo seu empregador
(subordinação). No dia-a-dia verifica-se que muitas empresas enquadram no
art. 62, I, da CLT os profissionais que exercem o teletrabalho. Esse artigo prevê a
impossibilidade de controle de jornada de trabalho dos empregados, com isso, não
há o pagamento do adicional de hora extra.

Todavia, na prática, em inúmeros casos esses tomadores de serviço de modo


virtual, estabelecem um cronograma de trabalho aos seus funcionários, estipulam
um número mínimo de clientes a visitar, descrevem um roteiro das tarefas a serem
desempenhadas, dentre outras práticas de controle de jornada, sendo o
enquadramento no art. 62, I, da CLT incorreto nesses casos.

Buscando proteger os trabalhadores que desempenhavam suas atividades de


modo virtual a lei acima mencionada tornou mais fácil a demonstração da
subordinação, bem como a própria realização de horas extraordinárias, podendo
um empregado comprovar o seu trabalho à distância por meio de ordens emitidas
pela empresa de modo remoto, tais como mensagens por celular, e-
mails, tablets e computador.

SOCIOLOGIA

2º ETAPA
I- UNIDADE
1- FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO

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Pensar a questão social é, grosso modo, refletir sobre a causa ou o problema social,
os fundamentos filosóficos destas causas e problemas, analisar de forma crítica e
científica o contexto social, considerando que a questão social é a base do
desenvolvimento de qualquer sociedade. Em uma perspectiva mais ampla, Freitas
Pinto (2002, p. 144-145) considera que a Ideia de pensamento social corresponde
em parte à constatação de que a riqueza dos processos sociais e culturais jamais
é revelada plenamente quando utilizamos tão somente os métodos e recursos de
uma determinada disciplina como a sociologia, a antropologia ou história. O
pensamento social é construído transpondo barreiras e limites de disciplinas e
campos de conhecimento, combinando, em muitos casos, dados empíricos e fatos
com percepções extraídas da poesia, do romance, do teatro.

As contribuições para se pensar a questão social são antigas, e remontam desde


a mais alta antiguidade, passando pela modernidade até chegar na
contemporaneidade.

1.1- CONTRIBUIÇÃO DE IMPORTANTES PENSADORES

1.1.1- Florestan Fernandes


Florestan Fernandes, um dos mais
importantes sociólogos brasileiros, nasceu
em São Paulo, em 22 de julho de 1920. Desde
muito cedo precisou trabalhar para viver e
não pôde sequer completar o curso primário.
Apesar das dificuldades conseguiu ingressar
no curso de Ciências Sociais na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade
de São Paulo. Lecionou na USP até 1969 –
quando foi aposentado compulsoriamente
pela ditadura militar – formando várias gerações de cientistas sociais. Deu aula
em diversas universidades estrangeiras e, em 1976, voltou a lecionar no Brasil, na
PUC de São Paulo.

Florestan Fernandes desenvolveu uma importante pesquisa sobre negros e a


questão racial no Brasil. Influenciado sobretudo pelo marxismo, se
autodenominava ‘sociólogo militante’ procurando unir a teoria à prática.

É o fundador e principal representante da Sociologia crítica do Brasil. Em todo o


seu trabalho ele procura refletir sobre as desigualdades sociais, desvendando as
contradições da sociedade de classes, e também sobre o papel da Sociologia diante
dessa realidade. Assim, não apenas em seus livros, mas também em cursos,
conferências e artigos na imprensa, procura desenvolver e aprofundar a reflexão
crítica sobre a realidade brasileira, com suas enormes desigualdades sociais,
econômicas, políticas e culturais.

Sua própria história de vida explica essa posição crítica: “Eu nunca teria sido o
sociólogo em que me converti sem o meu passado, através das duras lições da
vida (...). Iniciei a minha aprendizagem ‘sociológica’ aos 6 anos, quando precisei
ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência
concreta, no conhecimento do que é a convivência humana.”

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De sua imensa obra, destacam-se: A organização social dos Tupinambá (1949,
Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1963), A integração do negro
na sociedade de classes (1965), Capitalismo dependente e classes sociais na
América Latina (1973), A natureza sociológica da Sociologia (1980).

Nas eleições de 1986, foi eleito deputado constituinte pelo PT. Em 1990 foi reeleito
deputado federal. Florestan Fernandes faleceu em 1995.

1.1.2- Darcy Ribeiro


Darcy Ribeiro, romancista, etnólogo e
político, se envolveu com a questão indígena,
condenando toda ortodoxia a partir de uma
linha marxista, buscando as raízes históricas
da população indígena. Foi o criador e
primeiro reitor da UnB (Universidade de
Brasília) e Ministro da Educação no Brasil,
realizando profundas reformas no sistema
educacional brasileiro. Obrigado a deixar o Brasil em razão da ditadura militar de
1964, foi convidado a participar de reformas universitárias em países como o Chile,
Peru, Venezuela, México e Uruguai.

A ditadura militar promoveu uma estagnação no desenvolvimento do pensamento


social brasileiro. A ditadura militar arrogou-se a missão de prosseguir a
modernização capitalista a qualquer custo, através do lema ‘desenvolvimento e
segurança’. Nos interesses da ‘segurança’, foram expurgados todos os intelectuais
que não compactuassem com o regime. Foi a época da aposentadoria compulsória
para uns, e o exílio, para outros, entre eles Florestan Fernandes, Octavio Ianni,
Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado

1.1.3- Paulo Freire


Paulo Freire foi um educador brasileiro, nasceu
no Recife, Pernambuco, no dia 19 de setembro
de 1921 onde morou até 1931, quando foi
morar no município vizinho de Jaboatão dos
Guararapes, permanecendo lá durante dez
anos.

Em 1943 ingressou na Faculdade de Direito do


Recife. Formado continuou como professor de
português no Colégio Oswaldo Cruz e de
Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes
da Universidade Federal de Pernambuco.

Preocupado com o grande número de adultos analfabetos na área rural dos estados
nordestinos, que formavam um grande número de excluídos, Paulo Freire
desenvolveu um método de alfabetização baseado no vocabulário do cotidiano e
da realidade dos alunos.

A iniciativa do educador foi aplicada pela primeira vez, em 1962, na cidade de


Angicos, RN, quando foram alfabetizados 300 trabalhadores da agricultura. Com o
golpe militar de 1964, foi preso, de onde saiu para o exilio no Chile. Em 1969,
lecionou na Universidade de Harvard - EUA. Foi consultor especial em Educação
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em Genebra, na Suíça. Viajou por vários países do Terceiro Mundo dando
consultoria educacional.

Em 1980, com a anistia, Paulo Freire retornou ao Brasil, Foi professor da UNICAMP
e da PUC. Por seu trabalho na área educacional, Paulo Freire foi reconhecido
mundialmente. É o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas
universidades, são 41, ao todo, entre elas, Harvard, Cambridge e Oxford. Paulo
Freire faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997.

1.1.4- Fernando Henrique Cardoso


Fernando Henrique Cardoso (1931- ) é um sociólogo,
professor universitário, político e escritor brasileiro. Foi
Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda.
Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de junho de 1931.
Em 1952 formou-se em Ciências Sociais na Universidade
de São Paulo (USP).

Foi presidente do Brasil por dois mandatos, de 1995 até


2002. Especializou-se em Sociologia, tornando-se doutor
em 1961. Foi professor da Faculdade de Economia da
USP, graças ao sociólogo Florestan Fernandes, de quem
se tornaria o primeiro assistente em 1955.

Cursou pós-graduação no Laboratoire de Sociologie Industrielle da Universidade


de Paris em 1962 e 1963.Em 1964, com Golpe Militar, Fernando Henrique, acusado
de subversão, foi obrigado a se exilar, permanecendo três anos no Chile. Foi
convidado para ensinar na França e se mudou em 1967 para Paris, onde lecionou
na Universidade de Paris-Nanterre. Em 1968, de volta ao Brasil, conquistou a
cátedra de Ciência Política na USP, retornando a carreira acadêmica.

Com o AI-5 seria aposentado compulsoriamente como professor da universidade


aos 37 anos. Em 1974, o líder da oposição, Ulysses Guimarães, o procura para
elaborar o programa do MDB às eleições e mais tarde, o próprio Fernando Henrique
concorreria a um cargo político.

1.1.5- Celso Antunes


Celso Antunes, educador brasileiro, nascido na
cidade de São Paulo no dia 05 de outubro de
1937, formado em geografia, especialista em
inteligência e cognição e possui mestrado em
educação pela Universidade de São Paulo. Como
autor já produziu mais de 180 livros os quais
foram traduzidos para vários países. Possui um
site na internet onde disponibiliza suas crônicas,
publicações, vídeos bem como a sua agenda de
palestras.

As obras de Antunes são em sua grande maioria sobre temas ligados a educação
e destinadas para gestores, professores e alunos de licenciatura e pedagogia. Seu
intuito é abordar temas atuais os quais buscam provocar os leitores a
questionarem sobre a forma a qual o ensino é praticado em nosso país abalando
as convicções do que é certo e errado.
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Sempre buscando abordar a contemporaneidade em
suas palestras Celso enfatiza que a educação deve ter
uma metodologia flexível para que dessa forma possa
instigar o aluno a aprender, que o advento da internet
mudou a forma das pessoas se relacionarem entre si
com o mundo e os professores devem estar preparados
para trabalhar com a nova geração de cidadãos globais
que interagem com todo mundo e que ultrapassam as
barreiras linguísticas para se comunicar.

O autor ressalta que as principais mudanças dessa


geração ocorrem na escola, e que essa deve se atentar
a, além de ensinar a aprender a ensinar a fazer, ensinar
também valores que compartimentem uma maneira de
agira para que esse cidadão global possa ser interlocutor
da tolerância e do respeito.

II- UNIDADE
2- “MOVIMENTOS SOCIAIS” E OS PROCESSOS DE MUDANÇA NO
BRASIL

A história dos movimentos sociais se mistura com a história do Brasil, pois


movimentos sociais sempre existiram no país. Os movimentos sociais podem ter
a forma política que têm hoje, mas em outros períodos da história também
aconteceram de forma diferente, até mesmo na forma de revoluções.

Podem ser movimentos previamente organizados ou espontâneos, formados por


cidadãos, por grupos (como grupos políticos ou sindicatos) e por Organizações Não
Governamentais (ONGs). Alguns movimentos sociais podem durar apenas por
algum tempo, pois foram formados por uma causa em especial. Outros podem
prolongar sua ação no tempo, pois tem atuação em uma área que reivindica muitos
direitos. Existem e existiram inúmeros movimentos sociais no país. Conheça um
pouco dos principais movimentos de luta por direitos do Brasil.

2.1- O processo de transição democrática


O ano de 1988 é decisivo para construção do que se convencionou chamar de Nova
República. As duas décadas de ditadura militar assombraram o país e reprimiram
mais do que questões democráticas, mas também noções de representatividade
de diversos grupos minoritários sociologicamente. Por mais que o regime tenha
tido um fim três anos antes, é apenas com a nova Carta (Carta Cidadã) que as
conquistas são efetivadas.

A transição democrática no pós-ditadura foi marcada pela negociação. O próprio


presidente Tancredo Neves possuía um discurso pautado no “não-revanchismo”
contra os torturadores e ditadores. Ao contrário do ocorrido na Argentina – por
exemplo – a reconstrução da democracia brasileira não buscou responsabilizar os
culpados pelas infrações aos direitos humanos e pelo terrorismo de Estado, muito
devido à Lei da Anistia (1979) que imunizava os crimes da oposição e dos militares
durante o regime.

No entanto, por outro lado, o sentimento da década de 1980 era de ressaca


autoritária. A cultura política brasileira impactada pela ditadura começava a adotar
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posturas mais simpatizantes às instituições democráticas, como a própria CNBB –
Conferência Nacional de Bispos do Brasil -, que ora apoiou o golpe de 1964 e no
final do regime já adotara uma postura oposicionista. Ademais, esse clamor
democrático também se denotaria na fundação de diversos partidos políticos com
o fim do AI-2, traço que seria decisivo para a heterogeneidade dos princípios
constitucionais da Carta de 1988.

3.2- A questão etino racial (Preconceito e discriminação)


É verdade que a intolerância racial não é moderna, já existindo desde os tempos
mais remotos, não encontrando fronteiras temporais ou territoriais.

Constata-se que o racismo, a discriminação, o preconceito e a intolerância racial


são fenômenos antigos e mundiais, não restritos apenas a países ou regiões do
globo, apresentando implicações transnacionais e intertemporais de acentuada
importância, principalmente como agentes catalisadores de inúmeros conflitos e
guerras, que tanto sofrimento e desespero têm propiciado à população mundial. O
Brasil, pelo menos no aspecto legal, caminha para a erradicação da discriminação
e da intolerância em função da raça, da cor, da etnia, da religião, da origem, da
procedência nacional, do estado civil, do sexo e condição de portador de HIV ou
doente de AIDS, não obstante ainda ocorram, principalmente nos meios de
comunicação de massa e nas redes sociais, lamentáveis demonstrações de
desrespeito à diversidade humana.

O termo “racismo”, geralmente, expressa o conjunto de teorias e crenças que


pregam uma hierarquia entre as raças, entre as etnias, ou ainda uma atitude de
hostilidade em relação a determinadas categorias de pessoas. Pode ser classificado
como um fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana.

A “discriminação”, por sua vez, expressa a quebra do princípio da igualdade, como


distinção, exclusão, restrição ou preferência, motivado por raça, cor, sexo, idade,
trabalho, credo religioso ou convicções políticas.

Já o “preconceito” indica opinião ou sentimento, favorável ou desfavorável,


concebido sem exame crítico, ou ainda atitude, sentimento ou parecer insensato,
assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência
pessoal ou imposta pelo meio, conduzindo geralmente à intolerância.

Portanto, em regra, o racismo ou o preconceito é que levam à discriminação, num


contexto mais amplo de intolerância.

3.3- As redes informacionais na atualidade


Tanto as redes informacionais quanto as de transportes (pessoas e cargas)
refletem o nível de desenvolvimento dos países, tendo em vista o papel de cada
um em termos de relações sociais e econômicas, seja através da difusão da
informação, mediação, mobilidade urbana, distribuição da produção,
comercialização, entre outros aspectos. Sendo assim, quanto maior o fluxo das
redes informacionais e de transportes maior será o nível de desenvolvimento do
país.

Além das redes de transportes constituírem-se em elementos de fundamental


importância na estruturação do espaço geográfico. É inegável a importância das
rede informacionais (satélites, sistemas de transmissão, cabos de fibra ótica e
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terminais de computadores, Internet, Tecnologias de Informação e
Comunicação/TICs).

III- UNIDADE
4- A AMAZÔNIA E O PROCESSO DE MUNDIALIZAÇÃO

A Amazônia deixou de ser apenas um desafio para o desenvolvimento sustentável


regional e nacional, sendo agora uma questão vital para o desenvolvimento
sustentável continental e mundial. Estão em curso processos multidimensionais de
globalização da Amazônia.

O tema da ‘internacionalização’ deve ser focado a partir deste prisma. A


controvérsia associa a fragilidade do governo brasileiro na proteção da maior
floresta do planeta diante da ameaça intervencionista dos países desenvolvidos
em nome de salvaguardar o maior “patrimônio ecológico da humanidade”.

A perspectiva de internacionalização por motivos ecológicos é mais do que remota,


em que pesem alguns raros e episódicos excessos verbais sobre o tema de um ou
outro político europeu. A base de interesses é bastante diversa: recursos minerais,
banco fantástico de espécies derivados de singular megabiodiversidade, e hoje,
sobretudo, o papel das florestas na estabilização climática do planeta. Apesar do
notório reconhecimento de que a Amazônia desperta interesse, o argumento da
“internacionalização” que configura perda de soberania sobre a região, do ponto
de vista da geopolítica dos militares é absolutamente insuficiente para dar conta
dos movimentos globais que transitam na fronteira do capitalismo periférico.

Alguns analistas mais eufóricos com viés nacionalista extremo advogam a tese de
que estaria havendo um cerco sobre a região amazônica por parte das grandes
potências globais.

4.1- Os problemas socioambientais na região amazônica


Apesar de alguns avanços nas últimas
décadas, ainda são drásticas as
condições sociais, econômicas e
ambientais nos países que fazem parte
da Amazônia: Brasil, Bolívia, Colômbia,
Equador, Guiana Francesa, Guiana
Inglesa, Peru, Suriname e Venezuela.

Cerca da metade da população que vive


nesses países encontra-se abaixo da
linha da pobreza, apesar dos vastos
recursos naturais. A situação é mais
crítica no na Bolívia (60%), Equador
(59%), Peru e Guiana Inglesa (54%), Venezuela (52%) e Suriname (51%).

Os dados mostram que as taxas de desemprego na região diminuíram. Mas essa


realidade esconde graves problemas como a informalidade, o trabalho infantil e o
trabalho forçado. Durante a última década, somente na Amazônia brasileira, mais
de 15 mil pessoas foram libertadas de condições análogas à escravidão.
Geralmente são homens analfabetos entre 25 e 40 anos, recrutados para extração
ilegal de madeira, a produção de carvão e a pecuária.

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Em alguns países da Amazônia, a desnutrição atinge um quarto da população
infantil. A vulnerabilidade é maior para os povos indígenas. As maiores taxas
encontram-se no Peru (24%) e na Bolívia (21%). Índices abaixo de 20% estão o
Equador e a Venezuela. Os países com o menor percentual são a Colômbia (5%)
e o Brasil (2%).

Estudo mostra que o analfabetismo na Amazônia está acima do limite


internacionalmente considerado como crítico, que é de 5%, definido pela UNESCO.
Na Amazônia brasileira, é mais do que o dobro (11%) e na Amazônia boliviana é
17%. Nos outros países da pan-amazônia, a situação está um pouco melhor, mas
sempre acima dessa média, com 8% na Amazônia peruana, 6,5% na Amazônia
equatoriana e 6% na Amazônia venezuelana.

A taxa de matrícula aumentou e a maioria dos países apresenta índices acima dos
90%, exceto a Guiana Francesa com 88%. Peru e Guiana apresentam as maiores
taxas, com 96% e 98%, respectivamente.

Uma grande porcentagem de mulheres da Amazônia sofre algum tipo de maltrato,


assim como uma taxa de analfabetismo superior à média da população, revela o
estudo da ARA. Além disso, elas possuem escassas oportunidades econômicas e
políticas. Conforme o estudo, esses problemas se acentuam quando se trata de
mulheres indígenas e afrodescendentes.

A propagação do vírus da AIDS aumentou nos últimos anos na região amazônica.


A tuberculose é uma doença que está em baixa no mundo inteiro. Porém, a
incidência dessa doença nos países amazônicos como o Peru e a Bolívia é a mais
elevada do mundo.

Desmatamento, degradação e outras pressões, no entanto, ainda ameaçam a


floresta amazônica e nem todos os países têm sistemas de monitoramento
florestal. Apesar de estar conseguindo diminuir as taxas de desmatamento, no
âmbito regional, o Brasil ainda responde por cerca de 72% das taxas anuais de
desmate. Expansão da fronteira agrícola, obras de infraestrutura, assentamentos
humanos e apropriação de terras públicas são as principais causas da perda de
cobertura florestal.

Embora a região possua as maiores reservas de água doce do planeta, boa parte
da população amazônica não dispõe de água própria para o consumo e a Bolívia é
o país com menos acesso a esse direito fundamental.

4.2 A desigualdade social e o trabalho escravo


A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos
países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a
desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não
desenvolvidos.

O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos


tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até
desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc.

De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada


imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda.

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No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois
é um dos países mais desiguais.

Ser escravo é estar sujeito à condições degradantes de trabalho e de vida, e não


poder se desvincula. Significa não possuir as garantias e direitos individuais
previstos na Constituição Federal e na Declaração Universal de Direitos Humanos.
Todos, sem diferença alguma, possuem os mesmos direitos, porém não é assim
que as coisas acontecem. O trabalho escravo tem um longo passado, e se extende,
de maneira camuflada, até os dias de hoje.

4.4- Os grandes projetos e as políticas públicas na Amazônia


Os Grandes Projetos são mega empreendimentos implantados na Amazônia a
partir da segunda metade do século XX, com objetivos de explorar as riquezas
naturais, principalmente minérios, existentes em abundância na região. Foram e
são planejados fora da região e, visam atender exclusivamente aos interesses
exógenos.

Trata-se de empreendimentos que necessitam de uma moderna infraestrutura


portuária, ferroviária, aeroportuária e/ou rodoviária; utiliza tecnologia de ponta
sem falar no grande de volume de capitais necessário para a implantação dessas
mega estruturas. Além disso, após a fase de instalação requer mão de obra muito
qualificada. Todas essas características

Dão-lhes o título de enclaves na região,


haja vista estarem totalmente dissociado
da realidade da Amazônia. Núcleos
urbanos planejados. Praticamente todos
eles são dotados de núcleos urbanos
planejados, as cidades empresa ou
Company Town. Trata-se de residenciais
dotados de água encanada tratada, como
rede de esgotos, energia elétrica, ruas
pavimentadas, meios de comunicações
eficazes, além de habitações de ótima
qualidade. Esses núcleos urbanos servem
aos funcionários qualificados que
trabalham nas empresas após a fase de implantação.

Durante a construção, outra realidade. Projetos desses portes são altamente


impulsionadores de processos imigratórios. De imediato, quando da construção,
eles necessitam de mão de obra sem muita qualificação e, o grande contingente
de trabalhadores que são atraídos, até conseguem colocação. Porém, ao término
da obra as pessoas ficam sem empregos e grande parte não retorna aos seus
espaços de origens, aumentando demanda por serviços públicos, contribuindo para
a produção desordenada do espaço urbano, geralmente ocupando o entorno dos
núcleos urbanos planejados.

Nesses casos tem-se a paisagem denunciando a condição de enclaves. Nos


empreendimentos mais recentes, já se busca uma maior interação com a realidade
local no que tange o local de moradia.

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Excetuando-se o empreendimento
implementado por Henry Ford que
estava ligado ao cultivo de seringueira,
às margens do rio Tapajós, no Pará,
todos os demais megaempreendimentos
denominados de grandes projetos
datam da segunda metade do século XX.

O pioneiro foi o Manganês do Amapá. O


manganês extraído da Serra do Navio,
nesse estado, escoava pela Estrada de
Ferro do Amapá até o Porto de Santana,
de onde rumava aos Estados Unidos da América. Também no Amapá, e Pará, um
outro projeto saiu do papel e tornou-se realidade, desta feita, compostos de três
subprojetos: mineral, florestal e agropecuária. Trata-se do Projeto Jari, idealizado
e implementado pelo engenheiro norte-americano Daniel Ludwig.

Exogenia ao extremo. Desde o


planejamento, capital, os interesses e o
destino final das riquezas naturais
extraídas estão tudo ligados aos anseios
exógenos. Evidentemente que uma
região periférica de um país periférico ao
sistema-mundo capitalista, não detém
quase nenhum poder sobre as riquezas
existentes em seu território.

Esses megaprojetos contam com


isenções e/ou subsídios do governo para
serem implantados, como são exportados praticamente sem nenhum
beneficiamento na região (sem verticalização), não número de emprego gerado é
pequeno, o valor dos produtos é baixo, além de impostos reduzidos ou isentos, só
os impactos socioambientais ficam na região.

Dentre todos, os grandes projetos, indubitavelmente, o de maior envergadura e


mais impactante em
todos os sentidos é o
Programa Grande
Carajás – PGC. Trata-
se de vários grandes
projetos (Ferro
Carajás, Albrás-
Alunorte, Alumar,
Usina Hidrelétrica de
Tucuruí) de exploração
e beneficiamento de
minérios,
(principalmente)
geração de energia
elétrica, numa área de

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cerca de 900 k2 abrangendo territórios dos estados do Maranhão, Pará e
Tocantins.

Não finda por aí, na atualidade, outro gigantesco empreendimento está em


construção na região: a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, às cercanias
de Altamira, estado do Pará. Belo Monte está figurar entre as três maiores usinas
hidrelétricas do planeta.

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