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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RAIMUNDO SÁ

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO


DISCIPLINA :SOCIOLOGIA JURIDICA

FRANCISCA DE ASSIS SOARES GOMES


JANAÍNA CONCEIÇÃO DE CARVALHO
JOSELI LUSTOSA LEAL VIANA
LORANE CORTEZ AZEVEDO
MAICON CORTEZ VIEIRA ALVES
MARIA MERCEDES ARAÚJO PORTELA CARVALHO
PEDRO GABRIEL FILHO SOUSA

UMA ABORDAGEM PANORÂMICA SOBRE A ESTRATIFICAÇÃO


SOCIAL E DIREITO SOB UMA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA

PICOS/PI/2023
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO………………………………………………
2OBJETIVOS………………………………………………………………

2.1-Geral……………………………………………………………….
2.2-Específicos………………………………………………………
3JUSTIFICATIVA…………………………………………………………….
..
4-CONTEXTO HISTÓRICO………………………………………………
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………….
REFERÊNCIAS …………………………………
.
RESUMO :O presente artigo faz uma abordagem panorâmica sobre
a estratificação social e o direito levando em consideração
posicionamentos de diferentes sociólogos, dentre eles destaca-se
Max Weber.No entanto , o objetivo central consiste em analisar a
teoria da estratificação social enquanto a sua aplicabilidade ,bem
como identificar o conceito de casta ,baseando em diferentes obras
de autores que aborde a presente temática de forma clara e concisa .

PALAVRAS -CHAVES :estratificação social,direito,sociedade

ABSTRACT :This article makes a panoramic approach on social


stratification and the law, taking into account the positions of different
sociologists, among them Max Weber stands out. , as well as
identifying the concept of caste , based on different works by authors
that address this topic in a clear and concise way.

KEY WORDS: social stratification, law, society


1- INTRODUÇÃO

Dados dão conta que a sociedade aglomera aglomera individuos de


diferentes classes sociais , etnias desde o tempo preterito aos dias atuais.Na
vivencia diaria é possivel observar o condicionamento social existente sob
diferentes perpectivas.

Sob o ponto de vista dos sociólogos podemos compreender que a


estratificação social se refere ao condicionamento social do indivíduo ,ou seja
no dia a dia deparamos com diferentes situações tais como pessoas com
elevado padrão de vida outras menos favorecidas de condições
financeiras ,uma vez que a sociedade é heterogenia na qual é composta por
pessoas com diferentes características socioeconômica, a estratificação é a
maneira pela qual os indivíduos se reproduzem socialmente e, de acordo com
Weber (1974).

No campo sociológico o estudo das diferentes classes sociais é ancorado


sob campo visionário objetivo-descritivo ,na qual os possibilita aos sociólogos
um estudo aprofundado sobre este fenômeno social definido como
estratificação social,termo este utilizado para indicar diversas camadas que
compõem rochas estruturadas no campo da geologia.

É importante ressaltar que o termo ora analisado nessa construção de


cunho cientifico bibliográfico é de suma relevância para a sociologia
jurídica ,uma vez sua realidade se encontra em situação paradoxal .Enquanto a
sociologia busca mostrar de forma clara a sociedade em transparência , na
qual a sociedade é exposta de forma clara agregando a realidade das classes
sociais com suas diferentes situações , o direito é contrario e neutro ,uma vez
que este considera todos os indivíduos iguais e livres sem distinções.
2 OBJETIVOS

 GERAL

Analisar os fatores que influenciam a sociedade devido a problemática em


questão, Para o entendimento da posição do individuo na sociedade. Tendo em
vista os conhecimentos de Karl Max e Max Weber.

 ESPECÍFICOS
 Conceituar estratificação social
 Analisar teorias e métodos
 Refletir sobre a temática ora trabalhada
3- CONTEXTO HISTÓRICO

Na constituição federal de 1988 art. 5° diz que "Todos são iguais perante
a lei sem distinção de qualquer natureza. " O tema proposto neste projeto
refere-se á um problema de classe sociais na qual será abordada a
estratificação fechada, aberta, a análise de classes sociais e as perspectivas
dos grandes estudiosos Karl Max e Max Weber.

No decorrer histórico as civilizações adotaram modelos que impediam


movimentos sociais de determinados grupos e pessoas que compõe a
sociedade. As formas mais conhecidas de estratificação são : O sistema de
castas, o feudalismo e também as mudanças contextuais em relação a
revolução industrial.

Na dita obra literária de Ana Lucia Sabadell intitulada como manual da


sociologia jurídica diz que o termo estratificação jurídica vem da geologia
“ciência que estuda a origem” para indicar a estrutura das rochas que são
compostas por inúmeras camadas ou estratos. Utiliza-se esse termo para
expressar que a sociedade é dividida em diversas coletividades sociais.

Estratificação fechada esta relacionada ao caso das sociedades


divididas em ou estamentos, “corpo governamental” (sociedades medievais,
pré capitalistas). Na qual caracteriza o individuo como limitado pois não pode
mudar a sua posição, porque há limites sociais e legais. Como por exemplo a
India, o individuo que nasce em uma casta baixa jamais poderá ser de uma
superior. Para Weber (1974):
O sentimento de dignidade que caracteriza os estamentos
positivamente privilegiados relaciona-se, naturalmente, com
seu “ser” que não transcende a si mesmo, isto é, relaciona-
se com sua “beleza e excelência”. Seu reino é “deste
mundo”. Vivem para o presente e explorando seu grande
passado. O senso de dignidade das camadas
negativamente privilegiados naturalmente se refere a um
futuro que está além do presente, seja desta vida ou de
outra. Em outras palavras, deve ser nutrido pela crença
numa “missão” providencial e por uma crença numa honra
específica perante Deus (WEBER, 1974, p.222).

Segundo Weber (1974), a estratificação por estamentos tende a ser


favorecida quando as bases da aquisição e distribuição de bens são mantidas
de modo estável.Estratificação aberta se caracteriza como uma sociedade
aberta, capitalista, onde a sociedade tem uma mobilidade ou seja a uma
frequente mudança de status social dos indivíduos dessa sociedade. Como por
exemplo sai de uma classe social baixa para a classe social media ou até
mesmo alta.

A análise das classes sociais tendo em vista os pontos das teorias


sociológicas maxista e weberiana. Para Karl Marx só existe duas classe socias
que é a classe burguesa e a classe do proletariado, a burguesia representa os
donos de fabricas, industrias, onde adequa-se aos donos dos meios de
produção. Já o proletariado adapta-se aos trabalhadores dessas empresas
ditas pelos burgueses. Karl Max identifica a absurda desconformidade de
classes visto que os proletariados na sua concepção são “explorados”.

O jurista Max Weber considerado um dos fundadores da sociologia leva


em consideração que o nível educacional e social estão relacionadas com a
renda. Visto que os graus de educação, nível de renda e o tipo de profissão
estão estreitamente interligados com a situação na qual cada individuo se
enquadra perante a sociedade. Segundo Max Weber o nível de renda mede a
diferenciação de classes. (smaus, 1998, pp 209- 213.)

A estratificação social é um conceito social usado para categorizar,


analisar e explicar as diferenças entre indivíduos ou grupos com base na
análise das condições sociais e econômicas comuns a esses grupos. A
definição mais simples de estratificação social é entendê-la como o número
infinito de desigualdades que afetam as pessoas que vivem em sociedade.
Percebe-se como a estratificação separa os grupos sociais, por exemplo, na
cidade ou em um espaço.

As classes mais abastadas que vivem em uma determinada cidade


frequentam determinados lugares e bairros geralmente seguros, bem
iluminados e bem servidos, além de preços mais elevados. Por outro lado, os
menos abastados tendem a residir em áreas mais afastadas das áreas
centrais, onde a disponibilidade de produtos e serviços é menor e há menor
preocupação com a segurança ou proteção dos espaços públicos.

A estratificação tem muitas características, especialmente nos séculos


XIX e XX, que foram identificadas por vários cientistas sociais.

Vale destacar as seguintes características:

• A estratificação é global e variável;

• Presente em todas as sociedades complexas;

• Os recursos materiais e culturais são distribuídos de forma desigual;

• Transcende gerações;

• Deve ser vista como socialmente carente;

• Não deve ser vista como um reflexo das diferenças individuais na


sociedade.
Alguns nomes importantes para o mundo das ciências sociais
analisaram a estratificação da sociedade e aplicaram diferentes definições.
Para Emile Durkheim, o pai da sociologia, a estratificação da sociedade tinha a
ver com a importância do que os indivíduos fazem. Esse é o critério moral e
excludente que divide a sociedade por ocupação e renda. Profissões
consideradas importantes pagam mais, enquanto trabalhos considerados
menos importantes pela sociedade pagam menos. A importância da
especialização também está relacionada às condições de aquisição, como a
escolaridade. Aqueles com acesso a mais oportunidades culturais e
educacionais ocuparão os cargos mais importantes, garantindo a manutenção
da desigualdade e da baixa mobilidade social. Para o sociólogo Karl Marx, a
estratificação da sociedade está relacionada diretamente aos modos sociais de
produção e à divisão social do trabalho.

A burguesia, proprietária dos meios de produção, usa o proletariado e,


neste caso, a força de trabalho do proletariado só pode ser vendida no
mercado. A exploração do proletariado pela burguesia indica desigualdade
social e agrava a divisão de classes. Marx também apontou que a divisão de
classes e a desigualdade criadas pelo modo de produção capitalista afetam
diretamente a luta de classes.

A desigualdade nos meios da industriais surgiu com a criação da mais-


valia que, segundo Marx, estava fortemente ligada ao estabelecimento e
manutenção de um sistema regido pela exploração. Para Max Weber, o
processo de estratificação ocorre de acordo com as condições de produção,
status social, poder político e econômico e acesso de indivíduos ou grupos
sociais às mercadorias.

Para ele, as oportunidades de progresso social têm relação direta


com as mudanças econômicas do mercado. Na teoria de Weber, o uso do
conceito de status torna-se mais importante do que o conceito de classe social
usado por Marx. Grupos no topo da hierarquia social são reconhecidos por
meio do reconhecimento de status, padrão de vida, oportunidades e fatores
econômicos. Assim, a renda se torna importante, mas não decisiva. No relato
de Weber sobre estratificação social, discriminação e mobilidade social, o
status também é afetado por sexo, estado de saúde, cor da pele e idade.

Qual é a relação entre estratificação e desigualdade social? A


estratificação social é a divisão da sociedade em hierarquias, enquanto a
desigualdade social se refere à distribuição desigual de recursos e
oportunidades entre essas hierarquias. Em outras palavras, a estratificação
social refere-se à divisão da sociedade em grupos sociais com diferentes
poderes, posições e privilégios, enquanto a desigualdade social refere-se às
diferenças no acesso a recursos como renda, educação, saúde e emprego
entre esses grupos. Portanto, a estratificação social pode ser considerada uma
das principais causas da desigualdade social, pois certos estratos sociais
possuem mais recursos e oportunidades do que outros, o que leva ao
estabelecimento de uma hierarquia social baseada em privilégios e privações.

Esse é um tema amplo na sociologia, e existem diferentes abordagens


teóricas para explicar suas causas e consequências na sociedade.

 A teoria de Weber sobre a relação entre o surgimento do direito


moderno e o capitalismo:

Hoje, especialistas no assunto voltam a pensar na relação entre direito e


desenvolvimento. No século XIX, pensadores como Maine, Durkheim e Weber,
que estudaram o surgimento da civilização industrial, viam o direito como fator
dominante nos processos que estudavam e, portanto, contribuíram
significativamente para o nosso conhecimento do papel social. a lei No entanto,
até recentemente, as ciências jurídicas e sociais não deram continuidade a
essa tradição, e o trabalho original dos teóricos sociais clássicos foi
complementado por uma literatura moderna, um tanto crescente, que busca
investigar a relação entre os fenômenos jurídicos e os mais importantes.
mudanças sociais, mudanças econômicas e políticas associadas à
industrialização, geralmente chamadas de modernização.

A literatura moderna deve muito à obra de Max Weber. De todos os


autores clássicos, Weber foi o que demonstrou maior interesse pelo direito e
pela experiência jurídica. Quer reconheçam ou não esse fato, os autores de
ensaios recentes sobre direito e modernização fazem uso vigoroso de seus
próprios conceitos e teorias e estudos históricos comparativos sobre o papel do
direito na ascensão do capitalismo. Apesar do novo interesse pela obra de
Weber e do crescimento geral da pesquisa do autor, não há nenhum trabalho
que sintetize e sistematize suas visões sobre a relação entre direito e
organização econômica capitalista.

 O conceito weberiano de direito: coação, legitimidade e


racionalidade.

Apesar de sua propensão para definições precisas, não acho que


Weber tivesse uma ideia muito clara do que era "correto". Embora muitas
vezes ele defina exatamente o que acha certo, em seus outros trabalhos a
discussão extrapola os limites que ele define. O termo "Direito" é usado para
descrever vários fenômenos; No entanto, é possível identificar os elementos
essenciais do direito e determinar as áreas onde os fenômenos jurídicos
apresentam suas variações mais importantes. A discussão jurídica de Weber
tem temas centrais.

O direito está associado à aplicação à legitimidade e normatividade; e


à racionalidade. Esses elementos merecem consideração especial. Weber é
freqüentemente citado por sua famosa definição no Capítulo I de Economia e
Sociedade, onde o direito é igualada apenas ao poder organizado ou à
coerção organizada. Estabelecendo os conceitos básicos de seu sistema
sociológico, Weber argumentou que:Uma ordem será considerada... direitos e
for externamente garantida pela probabilidade de que coação, física ou
psicológica, será aplicada por um staff de pessoas autorizadas a fazer cumprir
a ordem ou castigar sua violação.Tais desdobramentos, por sua vez, deram
força ao estado burocrático moderno, que baseia suas demandas na criação
e manutenção de regras racionais de obediência.
Assim, o direito racional e a supremacia judicial criaram uma relação
simbiótica. E à medida que evoluíram, deslocaram outras formas de controle
social. Esse evento não apenas foi único, mas foi essencial para o surgimento
da racionalidade lógico-formal e está subjacente a grande parte da dinâmica
do legalismo moderno.

Em sua sociologia econômica, Weber enfatizou a importância de dois


aspectos do direito para o desenvolvimento capitalista:seu relativo grau de
calculabilidade sua capacidade de desenvolver provisões substantivas–
principalmente relacionadas à liberdade de contrato – necessárias ao
funcionamento do sistema de mercados A primeira razão era a mais importante
das duas. Weber argumentou que o capitalismo requer uma organização
normativa altamente calculável. Seu estudo dos tipos de direito mostrou que
apenas o direito racional moderno ou a racionalidade lógico-formal poderiam
fornecer a calculabilidade necessária. O legalismo contribuiu para o
desenvolvimento do capitalismo ao fornecer uma atmosfera estável e
previsível. O capitalismo encorajou o legalismo porque a burguesia estava
ciente da necessidade de tal estrutura de governança.

O legalismo é a única forma de garantir a segurança necessária ao


funcionamento do sistema capitalista Weber afirmou que o capitalismo "não
teria continuidade se a gestão de seus recursos não fosse garantida pela
coerção legal do Estado; se seus direitos formalmente "legais" não fossem.
garantida pela ameaça do uso da força. “Além disso, Weber especificou o
seguinte: "A racionalização e sistematização da legislação em geral e (...) a
crescente calculabilidade da ação, especialmente no processo legal, são um de
(...) as condições mais importantes para a existência das empresas
capitalistas, que não podem passar sem segurança jurídica.’’

É importante ressaltar que Weber nunca criou um modelo detalhado da


produção capitalista que pudesse explicar por que a determinação do valor em
processos legais foi tão importante para o desenvolvimento do capitalismo. Eu
desenvolvi tal modelo e acredito que, enfatizando a repetida ênfase de Weber
na calculabilidade do direito, é uma visão semelhante ao ideal moderno,
centrado em um conflito de vontades egoístas; características do capitalismo
competitivo. No capitalismo de mercado puro, que corresponde ao tipo
idealizado de textos microeconômicos, cada participante é obrigado a
promover seus interesses em detrimento de todos os outros participantes do
mercado. Em teoria, o desejo de lucro é insaciável e não é limitado por
quaisquer considerações éticas. ou os participantes, portanto, não se importam
com as consequências de suas ações sobre o bem-estar econômico dos
outros.

Ao mesmo tempo, os indicadores econômicos desse sistema são


necessariamente independentes. Nenhum participante do mercado pode atingir
seus objetivos sem ganhar poder sobre as ações dos outros. Por exemplo, não
é uma vantagem para o proprietário de uma indústria têxtil agir de forma
egoísta com base em seus próprios interesses, se ele não pode ter certeza de
que outros atores lhe fornecerão os insumos necessários à produção e ao
consumo do seu produto, se os fornecedores não entregarem as matérias-
primas prometidas, se os trabalhadores se recusarem a trabalhar, se os
clientes não puderem pagar pelas mercadorias entregues, o impiedoso
egoísmo racional do mundo não tem valor para o fabricante têxtil em sua sua
busca de lucro.

 Desigualdade social

A desigualdade é
uma realidade
histórica deste
país. A novidade
são os níveis que
isso
aparentemente irá
chegar, como
consequência de
uma opção
deliberada -
Arquivo/Agência
Brasil
A desigualdade social é um mal que afeta todo o mundo, em especial os
países que ainda se encontram em vias de desenvolvimento. McCarty, Poole e
Rosenthal (2006) corroboram com esse argumento ao demonstrarem que a
relação entre a desigualdade de renda e a polarização na determinação dos
resultados de eleições democráticas tendem a ser de mão dupla .A
desigualdade pode ser medida por faixas de renda, em que são consideradas
as médias dos mais ricos em comparação às dos mais pobres. Também podem
ser utilizados, como dados para o cálculo de desigualdade, fatores como o
IDH, a escolarização, o acesso à cultura e o acesso a serviços básicos como
saúde, segurança, saneamento etc.

Nesse viés, o Brasil é um importante caso para se estudar a pobreza,


não somente porque possui uma grande parte da população pobre da América
Latina, mas também porque apresenta um grande potencial para erradicar a
pobreza. O relativamente alto PIB per capita brasileiro, combinado com o alto
grau de desigualdade da renda, gera condições favoráveis para o desenho de
políticas redistributivas. Esse potencial é exemplificado pela alta sensibilidade
dos índices de desigualdade e pobreza, e mudanças em certos instrumentos
de política (por exemplo, mudanças no salário mínimo e nas taxas de inflação).
Por outro lado, talvez devido a instabilidades anteriores, o Brasil não tenha
avançado muito na implementação de políticas estruturais de combate à
pobreza e desigualdade, através do reforço do portfólio de ativos dos pobres.

Assim, em uma mesma sociedade, alguns grupos possuem total acesso a


seus direitos e a uma vida digna, enquanto outros grupos são excluídos. Uma
grande parcela da população tende gradativamente à miséria, à ausência de
condições materiais que garantam a sua própria existência.

Sobre a questão da saúde, a Constituição de 1988 determina que a


equidade foi tomada como igualdade no acesso aos serviços de saúde, uma
vez que garantiu a universalidade da cobertura e do atendimento, com o
propósito de fornecer igual oportunidade de acesso aos serviços de saúde para
indivíduos com as mesmas necessidades. Entretanto, a sustentabilidade desse
sistema depende de aportes financeiros que estão além da capacidade de
financiamento do setor, o que faz com que indivíduos com maior poder
aquisitivo busquem os serviços privados de saúde como forma de garantir o
acesso quando necessário. De acordo com o princípio de equidade vertical, os
serviços de saúde deveriam ser distribuídos segundo a necessidade de
cuidados com a saúde, independente das características socioeconômicas
individuais.

É nesse sentido que se procura investigar equidade vertical no Brasil,


com base no rendimento auferido pelas pessoas, ou seja, pretende-se verificar
se indivíduos pobres e não-pobres possuem diferentes necessidades de
cuidados com a saúde, e também tratamentos diferenciados quanto ao acesso
aos serviços de saúde. Utilizou-se como proxy do acesso aos serviços de
saúde uma variável de consumo, que permitiu avaliar não só a existência de
desigualdade no uso dos serviços de saúde entre pobres e não-pobres, mas
também a probabilidade de procurar esse tipo de serviços segundo a presença
ou não de algumas características individuais, domiciliares e regionais.

Esse desiquilíbrio social é um problema histórico e estrutural, herança do


nosso período colonial e que funciona como um ciclo que se alimenta com o
passar dos anos, sustentado pela má distribuição de renda. Ou seja,
determinados indivíduos se encontram em condições estruturalmente mais
vantajosas do que outros, e esta posição os permite acumular ainda mais
riquezas em detrimento dos demais.

O primeiro intelectual a falar sobre a desigualdade entre as classes foi o


alemão Karl Marx. Para ele, a desigualdade social era um fenômeno causado
pela divisão de classes. Por haver as classes dominantes, estas se utilizavam
da miséria gerada pela desigualdade social, graças ao lucro e acúmulo de
propriedades, para dominar as classes dominadas, numa espécie de ciclo.

Já para o filósofo alemão Karl Marx, a desigualdade social era um


fenômeno causado pela divisão de classes. Por haverem as classes
dominantes, estas se utilizavam da miséria gerada pela desigualdade social,
graças ao lucro e acúmulo de propriedades, para dominar as classes
dominadas, numa espécie de ciclo.
Ainda mais, para os filósofos do liberalismo, como John Locke e Adam
Smith, a desigualdade social faz parte da natureza humana e da forma como
os indivíduos se organizam na sociedade.

Ademais, apesar da divergência sobre sua origem, é consensual a


definição de alguns fatores que são causas da desigualdade social como, má
distribuição de renda, má administração dos recursos públicos, falta de
investimentos em políticas sociais, corrupção, desemprego.

Essa disparidade social tem como efeito uma série de outras


desigualdades, como a desigualdade de gênero, desigualdade
racial, desigualdade regional, entre outras.Segundo Moore e Hossain (2005, p.
208):

Embora as políticas do mundo em desenvolvimento


sejam muito diversas, uma regularidade é que o
poder tende a se concentrar relativamente nas
mãos dos tipos de pessoas que temos entrevistado
– pequenas elites nacionais. Essas têm atitudes
ambíguas em relação à redução da pobreza e da
desigualdade e têm interesse nela. Por um lado,
eles podem se beneficiar de serem poderosos e
ricos no meio da pobreza, e temer as
consequências de qualquer mudança significativa.
Por outro lado, eles podem frequentemente
perceber a pobreza como um problema e uma
ameaça - ao bem-estar de ‘pessoas como elas’ ou
à prosperidade, segurança ou dignidade de uma
comunidade política e moral (nacional) maior com a
qual eles se identificam

Além de ter como consequência o surgimento de vários problemas


sociais que afetam a sociedade como, favelas (favelização), gentrificação
(pessoas pobres são levadas a morar em zonas periféricas das cidades),
insegurança alimentar (aumento dos índices de fome e miséria), mortalidade
infantil, diminuição da expectativa de vida média, manutenção/aumento do
desemprego, aumento da evasão escolar, diminuição da escolaridade média
da população, aumento da criminalidade e etc.

Nessa perspectiva, um desafio sofrido pela sociedade recentemente é a


pandemia da Covid-19 que aumentou o desequilíbrio social para um nível
recorde, diminuiu a renda do trabalho e deixou os brasileiros mais infelizes e
com sentimentos negativos superiores às da média global.

O índice de Gini, medida para a desigualdade, cresceu para 0,674 no


primeiro trimestre, contra 0,642 de um ano antes, renovando o recorde
histórico. Quanto mais perto de 1, maior é a concentração de renda. O
aumento no intervalo foi de igual magnitude entre a crise anterior, de 2015, até
o início de 2020.

A renda média per capita recuou pela primeira vez abaixo de mil reais
mensais, para R$ 995 nos três primeiros meses de 2021. O dado representa
uma queda de 11,3% ante um ano antes, quando estava em R$ 1.122, o maior
nível da série iniciada em 2012.

Com isso, retomando o debate sobre a saúde fica evidente que um


sistema público de saúde, como o SUS, é essencial para mitigar essa falta de
acesso da população mais pobre à saúde básica. Esse é um direito que jamais
deveria ser discutido, mas o que vemos é a tentativa constante de
sucateamento do sistema.

Dessa forma, a desigualdade social também reduz a solidariedade entre


grupos participantes de diferentes estratos, mas uma causa extremamente
cruel é a sua íntima ligação com o aumento da violência. Para efeito ilustrativo,
basta compararmos a diferença de tratamento da força policial em ações na
favela e em bairros nobres.

A instabilidade do sistema político é outro efeito da desigualdade, e ela


gera consequências que reforçam ainda mais as diferenças em uma
sociedade. Por exemplo, desencoraja os investimentos e mergulha a nação em
uma situação econômica ainda mais crítica intensificando novamente as
diferenças sociais, educacionais, salariais e de oportunidades.

Diante disso, estudiosos afirmam que, se não houvesse desigualdades,


também não existiria motivação para a ascensão social, financeira e
profissional. No entanto, ainda que ela seja um fator motivador para algumas
pessoas, suas consequências são desumanas e indignas e isso jamais deveria
ser tolerado.

5-CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estratificação social refere-se à divisão hierárquica da sociedade em


diferentes grupos com base em critérios como classe social, gênero, raça, etnia
e outros. As desigualdades resultantes desses critérios de estratificação são
acentuadas quando consideramos a interseccionalidade entre eles. Por
exemplo, mulheres negras podem enfrentar múltiplas formas de discriminação
e experimentar desvantagens significativas na escala social. Isso ocorre
porque, além do sexismo, enfrentam também o racismo, o que as coloca em
uma posição de maior vulnerabilidade social.

Para combater essas desigualdades e garantir a igualdade de direitos, é


necessário adotar uma abordagem interseccional nos sistemas jurídicos e
políticas públicas. Isso implica reconhecer as diferentes formas de opressão e
discriminação que os indivíduos enfrentam com base em sua interseção de
identidades, para então implementar medidas que promovam a inclusão, a
equidade e a justiça social.

Em suma, a interseccionalidade entre gênero, origem racial,


preconceito social, racismo e machismo afeta profundamente a estratificação
social e o acesso aos direitos. É fundamental promover uma abordagem mais
inclusiva e igualitária nos sistemas jurídicos e políticas públicas para enfrentar
essas desigualdades e garantir uma sociedade mais justa e equitativa para
todos.

Para combater essa realidade, é necessário adotar uma abordagem


interseccional que reconheça as múltiplas formas de discriminação e
desigualdade enfrentadas por indivíduos e grupos. Políticas públicas, leis e
ações afirmativas devem ser implementadas para promover a igualdade de
direitos, o combate ao preconceito e a criação de uma sociedade mais
inclusiva.

Devemos lembrar que a luta contra o preconceito, o racismo, o machismo


e outras formas de discriminação é uma jornada contínua. É nosso dever
coletivo trabalhar juntos para construir um mundo mais justo, equitativo e
acolhedor para todos.
REFERÊNCIAS

MARX, Karl. O dezoito brumário de Luís Bonaparte. Rio de Janeiro: Paz e


Terra, 1986.

MILLS, Wright. A nova classe média. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.

OXFAM BRASIL. A distância que nos une: um retrato das desigualdades


brasileiras. São Paulo: Oxfam Brasil, 2017.

SAINT-PIERRE, Héctor. Max Weber: entre a paixão e a razão. São Paulo:


Unicamp, 1994.

SODRÉ, F. R. A. Os impactos da corrupção no desenvolvimento humano,


desigualdade de renda e pobreza dos municípios brasileiros. Recife: UFPE,
2014.

WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo:


Companhia das Letras, 2006.

https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/939564/mod_resource/content/1/
weber1.pdf
https://www.google.com/search?q=artigos+sobre+estratifica
%C3%A7%C3%A3o+social+e+direito&oq=a&aqs=chrome.1.6

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/estratificacao-social-e-direito-a-partir-das-
abordagens-de-marx-e-weber/319965742

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