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Curso: Ciências Sociais
Professor: Siomara Marques
Atividade nº1: A organização industrial e a ordem moral.
Texto: O fenômeno urbano- Otávio Velho
Acadêmico: Emilly Mohr e Keren Barreto
Data: 09/04/2024
A relação entre doutrina social, idealismo social e fé religiosa nas ocupações é dinâmica e
variada, refletindo as complexidades da experiência humana ao longo do tempo. Esses
elementos muitas vezes se influenciam e se entrelaçam, em vez de se invalidarem ou
substituírem completamente.
A relação entre doutrina social, idealismo social e fé religiosa nas ocupações é complexa e
multifacetada. Ao longo da história, houve momentos em que esses elementos se influenciam
e se complementam, enquanto em outros casos houve conflitos e substituições.
Por séculos, a fé religiosa desempenhou um papel central na vida das pessoas,
moldando suas crenças, valores e comportamentos, inclusive no âmbito profissional. Muitas
ocupações foram impregnadas por princípios éticos e morais derivados de tradições religiosas. Por
exemplo, a ética do trabalho protestante, discutida por Max Weber em "A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo", argumenta que o trabalho diligente e a busca do sucesso são expressões da
vontade divina.
2. As classes sociais tendem a assumir o caráter de grupos culturais? Vale dizer, as classes
tendem a adquirir a exclusividade e independência de uma casta ou nacionalidade; ou cada
classe é sempre dependente da existência de outra classe correspondente ?
A relação entre classes sociais, grupos culturais e sua tendência à exclusividade ou interdependência
é um tema abordado por diversos teóricos sociais ao longo do tempo.
Pierre Bourdieu em sua obra "A Distinção: Crítica Social do Julgamento" discute como as classes
sociais não são apenas definidas por suas condições econômicas, mas também por padrões culturais
distintos. Ele argumenta que as diferentes classes sociais desenvolvem formas específicas de capital
cultural, como gostos, hábitos e valores, que contribuem para a reprodução das hierarquias sociais.
Bourdieu sugere que essas distinções culturais podem levar à formação de grupos sociais exclusivos,
mas também reconhece a interdependência entre as classes na reprodução do sistema social.
Max Weber, em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", discute como certos
grupos religiosos, como os protestantes, desenvolveram uma ética do trabalho que influenciou o
desenvolvimento do capitalismo. Embora Weber não aborde diretamente a relação entre classes
sociais e grupos culturais, sua análise sugere que fatores culturais podem moldar as características e
comportamentos das classes sociais, contribuindo para sua distinção e interdependência dentro do
sistema econômico.
Karl Marx analisa as relações de classe em termos de luta de classes, destacando a interdependência
entre a classe dominante (burguesia) e a classe trabalhadora (proletariado). Ele argumenta que a
existência de classes sociais é uma característica fundamental do sistema capitalista, onde a
exploração econômica é uma consequência das relações de produção. Embora Marx não se concentre
explicitamente na dimensão cultural das classes sociais, sua teoria destaca a dependência mútua entre
as classes dentro do sistema capitalista.
3. Em que medida os indivíduos passam de uma classe a outra e de que maneira este
fato modifica o caráter das relações de classe?
A mobilidade social, que envolve a capacidade dos indivíduos de passar de uma classe social
para outra, desempenha um papel crucial na dinâmica das relações de classe em uma
sociedade. Essa mobilidade pode ocorrer de várias maneiras e pode ter diferentes efeitos
sobre as relações de classe. A mobilidade social não apenas permite que os indivíduos
mudem suas circunstâncias materiais, mas também desempenha um papel significativo na
evolução das relações de classe, na distribuição de poder e recursos, na interação social e nas
normas e valores culturais de uma sociedade.
Os Indivíduos podem ascender socialmente através de conquistas pessoais, como educação,
empreendedorismo ou habilidades excepcionais. Da mesma forma, eles podem experimentar
uma queda social devido a fatores como perda de emprego, falência ou outros eventos
adversos. Essas mudanças afetam não apenas as condições materiais desses indivíduos, mas
também suas percepções de si mesmos e dos outros, bem como suas interações com
indivíduos de diferentes classes sociais.
A mobilidade social pode alterar o equilíbrio de poder entre diferentes classes sociais. Por
exemplo, se indivíduos de origens humildes ascendem a posições de liderança ou influência,
isso pode desafiar as estruturas de poder estabelecidas e criar oportunidades para uma
distribuição mais equitativa de recursos e oportunidades.
A mobilidade social muitas vezes implica uma maior interação entre pessoas de diferentes
classes sociais. Isso pode levar a uma maior compreensão e empatia entre as classes, mas
também pode gerar tensões e conflitos, especialmente se a mobilidade for percebida como
ameaçadora por aqueles que ocupam posições privilegiadas.
À medida que os indivíduos se movem entre diferentes classes sociais, podem ocorrer
mudanças nas normas, valores e expectativas sociais. Por exemplo, aqueles que ascendem
socialmente podem adotar valores e comportamentos associados à classe para a qual estão
ascendendo, enquanto aqueles que experimentam uma queda social podem enfrentar desafios
ao seu senso de identidade e autoestima.
A moda pode ser vista como uma indicação de mobilidade em várias dimensões, tanto social
quanto individualmente.
A moda muitas vezes reflete mudanças nas classes sociais e na distribuição de poder dentro
de uma sociedade. Por exemplo, certos estilos de moda podem ser associados a grupos
específicos de renda ou status social. À medida que indivíduos ascendem socialmente, eles
podem adotar novas tendências de moda para refletir seu novo status e identidade. Da mesma
forma, mudanças nas preferências de moda podem ser impulsionadas por aspirações de classe
e desejo de pertencimento a grupos sociais diferentes.
A moda muitas vezes requer recursos financeiros e acesso a determinados bens e serviços.
Indivíduos com maior mobilidade econômica têm mais probabilidade de poder acompanhar
as últimas tendências de moda, adquirindo roupas, acessórios e produtos relacionados.
Portanto, a adoção de moda pode ser indicativa da capacidade de uma pessoa de se mover
dentro das hierarquias econômicas e de consumo da sociedade.
Um autor que explorou essa relação é Thorstein Veblen, em seu trabalho clássico "A Teoria
da Classe Ociosa". Veblen discute o conceito de "consumo conspícuo", onde as pessoas
consomem bens e serviços não apenas para suas necessidades funcionais, mas também para
demonstrar seu status social e poder econômico. Nesse sentido, a moda pode ser vista como
uma forma de exibição de status, onde as pessoas buscam adotar roupas e acessórios que
simbolizem pertencimento a uma determinada classe social ou grupo de elite
A moda também está intimamente ligada à mobilidade cultural, que se refere à capacidade de
um indivíduo ou grupo de se mover dentro e entre diferentes culturas. À medida que as
pessoas viajam, migram ou têm acesso a uma variedade de influências culturais por meio da
mídia e da internet, elas podem incorporar elementos da moda de diferentes origens em seu
estilo pessoal. Isso pode indicar uma ampliação das experiências e perspectivas culturais,
refletindo uma forma de mobilidade cultural.
Em suma, a moda pode ser considerada como uma indicação de mobilidade em diferentes
aspectos da vida social, econômica, cultural e psicológica. O acompanhamento das tendências
de moda e a capacidade de experimentar e adotar novos estilos podem refletir não apenas
mudanças nas circunstâncias materiais, mas também na identidade, aspirações e relações
sociais de um indivíduo.
- De acordo com Gilles Lipovetsky, em seu livro "O Império do Efêmero: A Moda e Seu
Destino nas Sociedades Modernas", a moda é um fenômeno dinâmico que se baseia na
incessante busca por novidade e inovação. A transmissão da moda é amplamente mediada
pela mídia de massa, como revistas de moda, televisão, redes sociais e blogs de moda, que
desempenham um papel fundamental na disseminação de novas tendências e influências.
- Além disso, a natureza globalizada da indústria da moda significa que as tendências
podem se espalhar rapidamente em todo o mundo, tornando a moda um fenômeno altamente
acessível e influente para uma ampla gama de públicos.
Em resumo, enquanto as modas são caracterizadas por mudanças rápidas e são amplamente
mediadas pela mídia e pela indústria da moda, os costumes são mais estáveis e arraigados,
sendo transmitidos ao longo do tempo por meio da socialização e das práticas culturais
tradicionais.
Por outro lado, a inquietação social também pode levar a mudanças sociais positivas e
reformas políticas, especialmente quando os grupos afetados se unem para exigir justiça,
igualdade e mudança. Movimentos sociais, ativismo político e mobilização comunitária
podem desempenhar um papel importante na promoção de reformas sociais e na construção
de uma sociedade mais justa e equitativa.
Além disso, a teoria da mobilização de recursos, desenvolvida por Charles Tilly, sugere que
os movimentos sociais, como a luta dos educadores, são impulsionados pela mobilização
de recursos, como organização, dinheiro, habilidades e redes sociais. Nesse caso, os
educadores se mobilizaram coletivamente, utilizando recursos como sindicatos,
associações profissionais e redes sociais para protestar contra a lei e promover mudanças.
Além dessas teorias sociológicas, a inquietação social pode ser entendida à luz da
psicologia social, que explora como as pessoas formam percepções e atitudes em relação
aos outros e ao ambiente social. Os educadores podem ter experimentado sentimentos de
injustiça e frustração ao perceberem que a lei não reconhecia adequadamente seu trabalho
e contribuições para a sociedade.
Em suma, a inquietação social manifestada pelos educadores contra uma lei prejudicial
reflete um conflito de interesses, mobilização de recursos, ação coletiva e percepções de
injustiça e frustração. Essas abordagens teóricas ajudam a explicar por que e como os
educadores se mobilizaram em resposta à legislação considerada desfavorável às suas
condições de trabalho e à qualidade da educação.
Teoria da Agenda-Setting: Esta teoria, desenvolvida por Maxwell McCombs e Donald Shaw,
sugere que os meios de comunicação, incluindo os jornais, têm o poder de influenciar a
agenda pública ao selecionar e enfatizar determinados temas, questões e eventos. Embora os
jornalistas possam não ser capazes de direcionar diretamente as mudanças sociais, eles
podem influenciar a percepção pública sobre determinados problemas, o que pode, por sua
vez, afetar a agenda política e social.
- Referência: McCombs, M. E., & Shaw, D. L. (1972). The agenda-setting function of mass
media. Public opinion quarterly, 36(2), 176-187.
Espiral do Silêncio: Proposta por Elisabeth Noelle-Neumann, esta teoria sugere que as
pessoas tendem a se abster de expressar opiniões que percebem como minoritárias, por medo
de isolamento social ou represálias. No contexto das reportagens jornalísticas, a cobertura
intensa de determinados assuntos pode reforçar a percepção de uma opinião majoritária e,
consequentemente, inibir a expressão de opiniões divergentes, o que pode tanto acelerar
quanto retardar mudanças sociais, dependendo do contexto e das narrativas predominantes.
- Referência: McCombs, M. E., & Shaw, D. L. (1972). The agenda-setting function of mass
media. Public opinion quarterly, 36(2), 176-187.
Teoria do Gatekeeping: Esta teoria sugere que os gatekeepers, como editores de jornais e
produtores de notícias, desempenham um papel crucial na seleção e filtragem das
informações que chegam ao público. Quando as fontes de informações acuradas são cortadas,
os rumores e a propaganda podem encontrar menos obstáculos para serem divulgados, pois
não há verificações adequadas de autenticidade e credibilidade.
Ao longo da história, regimes autoritários e ditatoriais têm utilizado a censura como uma
ferramenta para controlar a informação e reprimir dissidências políticas. A censura pode
assumir várias formas, incluindo restrições à imprensa, proibição de reuniões públicas,
monitoramento da internet e detenção de ativistas. Exemplos históricos incluem regimes
totalitários como a Alemanha Nazista e a União Soviética durante o regime stalinista.
Michel Foucault, cujo trabalho sobre poder e controle social oferece insights sobre como as
estruturas de poder buscam regular e normalizar o comportamento humano. Em obras como
"Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão", Foucault discute como a censura pode ser uma
ferramenta de controle social utilizada pelas instituições dominantes para manter a ordem e
suprimir dissidências. No entanto, ele também destaca como o poder não é exercido apenas
de cima para baixo, mas é objeto de resistência e luta por parte dos sujeitos subalternos.
Em resumo, embora a censura possa ser usada como uma ferramenta temporária para
controlar movimentos sociais, greves e revoluções, ela pode ter consequências imprevistas e
muitas vezes não consegue suprimir efetivamente o descontentamento popular a longo prazo.
Além disso, o uso excessivo de censura pode minar a legitimidade do governo e desencadear
formas de resistência e protesto mais determinadas.
Referência bibliográfica:
- Tilly, Charles. "Contentious Politics." Oxford University Press, 2003.
Essa situação exemplifica uma forma de censura institucional, na qual o governo local utiliza
seu poder para controlar a narrativa pública e silenciar a oposição. A censura é uma
ferramenta poderosa que pode ser usada para manipular a percepção pública e minar a
resistência popular contra políticas impopulares ou injustas.
A situação é um exemplo claro de como a censura pode ser utilizada para reprimir
movimentos sociais e opiniões contrárias ao status quo. A censura é uma ferramenta poderosa
frequentemente empregada por governos ou autoridades para controlar a narrativa pública e
suprimir a dissidência.
A teoria da censura e controle da informação, discutida por autores como Noam Chomsky em
sua obra "Manufacturing Consent", argumenta que os meios de comunicação e as instituições
governamentais muitas vezes trabalham em conjunto para moldar a opinião pública de acordo
com os interesses dominantes. Nesse caso, a prefeitura pode estar tentando promover uma
narrativa favorável à lei, distorcendo os fatos e suprimindo as vozes contrárias por meio da
censura online.
Além disso, a teoria do controle social, desenvolvida por sociólogos como Michel Foucault,
sugere que as instituições de poder exercem controle sobre a população não apenas por meio
da repressão física, mas também por meio do controle do discurso e da informação. Ao
censurar comentários críticos e promover uma narrativa falsa sobre a lei, a prefeitura está
tentando exercer controle sobre a percepção pública e minar a resistência dos professores e
daqueles que se opõem à legislação.
Esse tipo de censura pode ter consequências profundas para a democracia e os direitos
humanos. A liberdade de expressão é um direito fundamental que permite às pessoas
expressarem suas opiniões e participarem do debate público. Quando esse direito é violado
por meio da censura, a democracia fica enfraquecida e a legitimidade das instituições
governamentais é questionada.
Em resumo, a censura empregada pela prefeitura para promover uma narrativa falsa sobre a
lei e silenciar as vozes contrárias representa uma forma de controle social e manipulação da
opinião pública. Essa prática mina os princípios democráticos e os direitos fundamentais dos
cidadãos, destacando a importância de proteger a liberdade de expressão e combater a
censura em todas as suas formas.