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A Sociologia

Vivemos num mundo marcado pelas transformações permanentes do conhecimento e nas


maneiras de estar e de ser das pessoas e num grupo. Desde a revolução industrial que o
mundo tem vindo a sofrer alterações quer a nível tecnológico quer a nível socioeconómico.

A Sociologia é uma disciplina que estuda a vida social humana, grupos e comunidades desde
uma simples interação até à investigação de processos sociais globais. A tarefa desta disciplina
é interessante e difícil, uma vez que o tema de estudo é o nosso próprio comportamento
enquanto seres sociais. Ou seja, é uma ciência que através de vários dados tenta compreender
as relações humanas. Além disso, ensina-nos que o que consideramos normal ou natural é
influenciado pelo nosso contexto, por isso é que devemos apostar numa perspetiva mais
abrangente.

Na perspetiva sociológica é importante compreender as maneiras, ao mesmo tempo subtis,


complexas e profundas, pelas quais as nossas vidas individuais refletem os contextos da nossa
experiência social. Ademais, é igualmente importante o ver para além das definições dadas. A
sociologia permite olhar para o mundo social a partir de múltiplos pontos de vista.

Outro elemento igualmente importante para estudar sociologia é a imaginação sociológica.


Esta implica, acima de tudo, abstrairmo-nos das rotinas familiares da vida quotidiana de
maneira a poder olhá-las de forma diferente. Além disso, permite-nos perceber que muitos
dos fenómenos, que aparentemente dizem respeito apenas ao indivíduo, na verdade refletem
questões mais amplas, como por exemplo, o divórcio ou até o “tomar café”.

O conceito de estrutura social refere-se ao facto de os contextos sociais das nossas vidas não
consistirem apenas aos acontecimentos e ações ordenadas aleatoriamente. Há regularidades
nos modos como nos comportamos ou nas relações que temos com outras pessoas. A
estrutura social não é um dado independente das ações humanas. A sociedade nunca deixa de
estar em estruturação.

Contudo, esta disciplina nunca teve um corpo de ideias unanimemente aceite como válidas.
Ainda hoje, os sociólogos discutem entre si acerca da melhor maneira de estudar o
comportamento humano e a forma como os resultados da pesquisa devem ser interpretados,
uma vez que estudar-nos a nós próprios é uma tarefa complexa e polémica.

As origens desta disciplina inserem-se no contexto da Revolução Francesa e Industrial. A


revolução Industrial implicou um amplo conjunto de transformações económicas, socias e
tecnológicas. O desenvolvimento da indústria conduziu a migrações em massa do campo para
a cidade e teve como consequências um aumento das cidades e alterações nas relações
sociais, como, por exemplo, a criação de novas classes sociais.

Vários foram os autores que contribuíram para o pensamento sociológico, entre eles foi
Comte. Este acreditava que a Sociologia era como uma ciência exata, ou seja, para ele o
mundo era guiado por regras científicas que explicam o comportamento dos fenómenos por
meio de relações causais. Comte era positivista, acreditava que na produção de conhecimento
com base nas provas empíricas retiradas da observação, comparação e experimentação.

Outro autor importante foi Durkheim. Este via a Sociologia como uma nova ciência que
poderia ser usada para elucidar questões filosóficas tradicionais, examinando-as de modo
empírico. Defendia que devemos estudar a vida social com a mesma objetividade com que se
estuda o mundo natural, ou seja, temos que deixar de lado preconceitos e ideologias nos
estudos de factos sociais. Tal como outros, estava preocupado com as mudanças que afetavam
a sociedade do seu tempo. Estava especialmente interessado na solidariedade social e moral
(naquilo que mantém a sociedade unida e impede o caos). A solidariedade é mantida quando
os indivíduos se integram com sucesso em grupos sociais e se regem por um conjunto de
valores e costumes partilhados. Contrastou dois tipos de solidariedade – a mecânica
(similaridade e consenso nas crenças) e a orgânica (maior diferenciação social) - relacionando-
os com a divisão do trabalho e com as distinções entre ocupações diferentes.

Um autor que diferencia nas ideias de Comte e Durkheim é Karl Marx. Este autor interessava-
se pelo movimento operário e pelas ideias socialistas. Para ele, as mudanças mais significativas
que estavam a ocorrer eram ligadas ao capitalismo- um sistema completamente diferente ao
anterior implicando a produção de bens e serviços para serem vendidos a uma grande massa
de consumidores. Acreditava que aqueles que detêm o capital (capitalistas) constituem a
classe dominante, enquanto a grande massa da população constitui uma classe de
trabalhadores assalariados (classe operária/proletariado). A relação entre estas duas classes é
de conflito e exploração por parte dos capitalistas. A mudança social assenta nos fatores
económicos. Além disso, acreditava na inevitabilidade de uma revolução da classe operária
que derrubaria o sistema capitalista e a partir desse momento deixaria de existir classes sociais
e não haveria divisões entre pobres e ricos. Estas suas ideias deram origem à Teoria do
Conflito.

Como Marx, Weber também dava atenção ao capitalismo moderno e até se inspirava em
algumas ideias de Marx, porém também criticava outras, como por exemplo dar pouco
significado ao conflito entre classes. Segundo Weber, os fatores económicos eram tão
importantes como os valores e as ideias nos processos de mudança social. Defendeu que a
sociologia devia se centrar na ação social e não nas estruturas. Usou o conceito de tipo ideal
no estudo da burocracia. Para ele, o capitalismo não é dominado pela luta de classes, mas pelo
desenvolvimento da burocracia e da racionalização, sendo a burocracia a única maneira eficaz
de organizar um grupo grande de pessoas.

Comte e Durkheim foram os antecedentes da Teoria Funcionalista. Esta defende que a


sociedade é um sistema complexo cujas as partes se conjugam para manterem a estabilidade e
solidariedade, ou seja, tem que haver harmonia entre as instituições para beneficiarem a
sociedade. ( como os órgãos do corpo humano)

Weber foi mentor da Teoria da Ação Social. Estas teorias dão grande importância ao papel
desempenhado pela ação e interação dos membros da sociedade na formação das estruturas
sociais.

A Teoria do Interacionismo Simbólico foi defendida por Mead. Este acredita que a linguagem
permite-nos tornar seres auto conscientes- cientes da nossa própria individualidade e capazes
de nos vermos por fora, tal como os outros nos veem. Mead defendia que os seres humanos
dependem de símbolos partilhados e entendimentos comuns nas suas interações como um
todo.

Em suma, existe um consenso quanto ao facto de a Sociologia ser uma disciplina em que nos
pomos de lado o nosso modo particular de ver o mundo, para observarmos atentamente as
influências que condicionam as nossas vidas e a dos outros. A Sociologia é uma disciplina que
se debruça sobre o desenvolvimento das sociedades modernas, mas os investigadores estão
também preocupados com a natureza das interações sociais em geral.

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