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Karl Marx e Max weber deram contributos pioneiros para a sociologia das classes sociais e da estratificação.

Apresente os contributos de cada um dos autores indique os pontos de convergência e de divergência entre eles
no que se refere a este domínio da sociologia.

Importa ressalvar que nesta época em que os autores contribuíram com os seus trabalhos, a sociedade, atravessava
uma transformação social, na medida em que esta, era uma sociedade a nível económico assente na manufatura,
agricultura e pastorícia, onde existiam três grandes divisões sociais como a nobreza, clero e povo (servos ,mercadores
e artesãos), e ainda a a burguesia, as posições sociais eram impostas por lei ou costume,maioritariamente por meio
de herança). Assim com o aparecimento e desenvolvimento da indústria, transformou a sociedade maioritariamente
agrária numa sociedade industrial, fazendo existir fluxos migratórios da população que deixam os campos dos
senhorios, ou deixando manufatura, pelos meios urbanos, para venderem o seu trabalho nas indústrias, o que
provocou uma transformação não só a nível económico como a uma expansão urbanística, transportes coletivos,
investimento em redes rodoviárias, ETC, levando à expansão dos mercados.

Karl Marx defende que as classes sociais se definem a partir da estrutura económica das sociedades, em que
identifica na sociedade capitalista um grupo de pessoas com uma posição comum face aos meios de produção, sendo
estes a forma de obterem dinheiro. Assim existem duas grandes classes assinaladas, classe proprietária, industriais,
capitalistas ou burguesia industrial que possuem os meios de produção e classe assalariada, trabalhador”
proletariado” que vendem a sua força de trabalho, aos capitalistas.

Marx considera esta relação entre estas duas classes, uma relação de produção e exploração num sentido menos
evidente, em que o valor que cada operário vende o seu trabalho ao seu patrão é maior do que o valor do salário que
recebe, isto é, os operários trabalham mais do que o necessário para que os padrões reponham os custos de
contratar os mesmos. Sendo considerado lucro ou mais- valia, este excedente, que é usado em seu próprio proveito.
Perante este cenário Marx assinala este fenómeno como causador de grandes desigualdades sociais procedendo a
uma estratificação na sociedade através destas duas classes os capitalistas e o proletariado. Estes últimos eram
expostos a inúmeras horas de trabalho ganhando o suficiente para as suas necessidades básica, levando ao
empobrecimento, desqualificação tornando monótono e opressivo. Assim estas duas classes seriam divergentes nos
seus interesses. Marx via a previa na seu trabalho uma luta de classes, ou seja um conflito de Classes, onde as classes
sociais competem pelos recursos e pelo controle dos meios de produção. Ele previa que essa luta culminaria em uma
revolução proletária, na qual o proletariado derrubaria a burguesia capitalista e estabeleceria uma sociedade sem
classes, o comunismo.

Marx assinala também outras classes, mas com menos expressão na sociedade o campesinato, pequena burguesia
(artesãos e pequenos proprietários industriais) e classes medias assalariadas, que eram considerados mais
escolarizados colocando-os numa posição de amortecimento entre os capitalistas e proletariado.

Em suma a estratificação social de acordo com Marx é principalmente baseada na relação de classe no contexto do
sistema capitalista. Ele via a exploração econômica como a base da estratificação, com a burguesia deter o poder
econômico e os meios de produção, enquanto o proletariado é explorado e desprovido de propriedade. A luta de
classes era vista como o motor da mudança social, com a eventual superação do capitalismo e a criação de uma
sociedade comunista sem classes como seu objetivo final.

No que toca a Max Weber este considera que a sociedade capitalista era estratificada numa ordem económica e
caracterizava-se por conflitos pelo poder e pelos recursos, nesse sentido Weber considera ser um fenómeno
complexo e multifacetado que não podia ser explicado apenas com base em fatores económicos, como propriedade
e classe social tal como Marx propunha. Weber propôs uma abordagem mais abrangente que considera vários
fatores interligados influenciando a posição social do indivíduo onde ele enumera as 3 principais formas de
distribuição de poder: o primeiro é a classe económica que vai de encontro à ideia do autor Marx em que este
definiu as classes como grupos de pessoas que partilham uma posição similar no mercado de trabalho e têm acesso a
recursos económicos semelhantes a segunda forma de distribuição do poder é o status social: este refere-se ao
prestígio social e ao reconhecimento que um grupo ou indivíduo recebe na sociedade o status pode estar
relacionado à profissão, educação, origem étnica, religião, estilos de vida padrões de consumo, a endogamia
residência e outras características, a terceira dimensão de distribuição de poder refere-se ao partido (poder politico)
este refere-se à capacidade de um indivíduo ao grupo influenciar a tomada de decisões políticas e ter acesso ao
poder político. Assim a estratificação social de acordo com a teoria de Weber é influenciada não apenas por fatores
económicos mas também por fatores sociais e políticos ele acredita que estas multidimensões de distribuição de
poder, classe social, status social e partido se interligavam de maneira complexa para determinar a posição social de
uma pessoa na sociedade para além disso Weber argumentava que a estratificação não é só baseada em categorias
fixas mas numa variável combinação desses fatores o que torna a análise da estratificação mais flexível do que a
abordagem puramente económica de Marx.

Apresente-se e compare as teorias das classes sociais desenvolvidas por Erik Olin Wright Pierre Bourdieu

A teoria de Erik Olin Wright ele aponta as limitações á teria de Marx onde identifica o fato de não se ter dado a
polarização de classes e que a exclusividade da propriedade económica não é suficiente para definir classes, assim o
autor define que as classes sociais não são entidades fixas, mas sim uma construção dinâmica e fluida, enfatizando a
complexidade das posições sociais em sociedades modernas e estratificadas. Ele reconhece que as pessoas podem
ocupar posições que têm elementos de diferentes classes sociais, que o autor apelida de lugares contraditórios de
classe” que referem-se a posições sociais em que os indivíduos ou grupos têm elementos contraditórios de diferentes
classes sociais ou seja nem são capitalistas nem operários. Ou seja, uma pessoa pode ter características de mais de
uma classe social ao mesmo tempo, o que cria uma tensão ou contradição na sua posição social, poe exemplo
gestores ou supervisores.

Assim Wright propõe uma nova estratificação de classes baseada em três tipos de critérios.Sendo elas : A
propriedade- assenta na posse de meios de produção e autonomia de empregar e despedir pessoas.

Posse de competências(Qualificaçoes)conhecimentos e competências necessárias para no mercado de trabalho de


natureza mais complexa.

Autoridade Hierarquica- exercer autoridade sobre outros indivíduos em contexto laboral e poder de tomar decisões
dentro da organizações.

Assim a tipologias das classes que Wright apresenta são:

Proprietários e não proprietários ( capitalistas, peritos gestores e gestores não qualificados) qua possuem autoridade

Proprietários e não proprietários (pequena burguesia, peritos e operários) que não possuem autonomia.

No entanto os peritos e gestores têm qualificações, enquanto que gestores não qualificados e operários não têm
qualificações elevadas.

Lugares de classe dos economicamente não-ativos e formas de desigualdade não classista


Wright analisa ainda outros quetoes importantes que são o lugar de classe da população economicamente não
ativa(desempregados, estudantes, etc)

A e existência de relação entre classes e outras formas de desigualdade.

Pierre Bourdieu define classe social como um conjunto complexo de relações sociais que estão interligadas por meio
de diferentes formas de capital, que o individuo possui, o capital econômico(bens materiais, salários e outros
rendimentos), o capital cultural( cultura adquirida no seio familiar, qualificações literárias, bens culturais(quadros,
esculturas)), capital social(relações e contatos sociais) e capital simbólico é prestigio social(reputação e ao
reconhecimento que uma pessoa adquire dentro de um determinado campo social), em que as classes sociais são
definidas como um espaço social a três dimensões sendo estas : o Volume de capital ou seja a soma de todos os
capitais que cada pessoa dispõe; a Estrutura do Capital é a composição da somas total em termos de tipos de capital;
e por ultimo a trajetória do capital que é a evolução no tempo do volume e estrutura de capital.

Bourdieu argumentou que a posição social de uma pessoa é condicionada por propriedades principais e
propriedades secundarias, ou seja a condição de classe.

As propriedades principais são o capital económico, cultural ,social e simbólico. Já as propriedades secundárias dizem
respeito ao sexo , idade,localização geográfica etnicidade,entre outras.
A teoria funcionalista formulada por Kingsley Davis e Wilbert E. Moore é conhecida como a "Teoria da Estratificação
Funcional". Essa teoria procura explicar como a estratificação social, ou a divisão da sociedade em diferentes
camadas ou estratos, é funcional para a sociedade como um todo, no sentido de incutir nos indivíduos certos a
pretensão de preencher certas posições importantes, garantindo que cumprem os deveres associados a essas
posições.

A estratificação é um procedimento que assegura a hierarquia das posições sociais em uma sociedade, sendo
determinada pela função que essas posições desempenham no funcionamento da sociedade como um todo. Eles
acreditam que as posições sociais não são distribuídas aleatoriamente, mas sim com base na meritocracia e na
importância funcional das funções desempenhadas por indivíduos em diferentes estratos sociais, diferenciando
assim a pessoas o que conduz um determinado nível de desigualdades institucionalizadas, ou seja recompensas
maiores para quem tem qualificações e qualidades e que ocupam posições mais importantes, aliado ao facto da
escassez de pessoas para ocupar os cargos.

Teoria das elites

Mosca analisa precisamente o elitismo político e salienta que em toda sociedade, seja ela arcaica, antiga ou
moderna, existe sempre uma minoria que é detentora do poder em detrimento de uma maioria que dele está
privado. Os poderes económicos, ideológicos e políticos são igualmente importantes, mas Mosca deu ênfase à força
política das elites.

Assim o autor afirma que existe sempre um grupo restrito de pessoas que detém a força politica, denominado de
classe dirigente, assim as sociedades estão divididas entre dois grupos: os governantes e os governados. Os
governantes são menos numerosos, monopolizam o poder e impõem sua vontade porque ao constituírem uma
minoria detentora do poder tornam-se um grupo mais coeso e homogéneo tornando-os mais organizados em
contraposição, os membros mais numerosos da sociedade, encontram-se divididos, desarticulados e
consequentemente, desorganizados tornando-se na classe dos governados.

Dentro das elites política existe uma tendência para hereditariedade para que possam conservar o poder e passarem
aos seus descendentes, perpetuação as elites no poder, pois a elite estabelecida geralmente busca manter seu
domínio e transmiti-lo às gerações seguintes.: podemos ter com exemplo a sociedade chinesa com Xi jiping.

Ao mesmo tempo G.Mosca reconhece que novas elites podem surgir com qualidades, ideias e aspirações diferentes,
provocando uma luta entre a elite que quer conservar o poder e transmiti-lo aos seus filhos, facto que se perpetua
historicamente e que também outros autores salientam este fenómeno como Maquiavel.

Vilfredo Pareto é conhecido pela sua distinção entre a elite que governa (ou elite política) e as elites que não
governam (ou elite não política), bem como por seu foco na questão do mérito. Quer isto dizer que ele reconhece,
que aqueles que estão na elite são, em grande parte, indivíduos que demonstraram habilidades, competência e
mérito nas suas áreas de atuação. Eles alcançam posições de poder devido ao seu desempenho superior, no entanto
existem exceções, ou seja, pessoas que conseguem entrar na elite sem ter as qualidades correspondentes. Isso pode
ocorrer devido a fatores como influência política, herança de riqueza ou outros privilégios que não estão
estritamente ligados ao mérito.As exceções são maiores entre a elite de governo do que nas profissões liberais ou
artísticas.

Pareto argumentava que a circulação de elites é essencial para a manutenção do equilíbrio social em uma sociedade.
Pareto dá-nos o conceito de desvio hereditário que significa, a ascensão de pessoas não qualificadas com base na sua
herança ou posição social de nascimento, que quando atinge um nível elevado, isso perturba o equilíbrio social
gerando conflito de classes e insatisfação nas camadas inferiores, gerando consequentemente o aparecimento de
novas elites e a decadência de outras.

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