Você está na página 1de 3

Fabio Andrade da Fonseca

Fichamento do texto sobre Karl Marx

Karl Marx formulou teorias sobre a vida social que o fizeram integrar o seleto grupo
de pensadores clássicos como Emile Durkhein e Max Weber. Seu foco era dirigido para a
analise da sociedade capitalista, criando questionamentos que ate a atualidade ainda não
foram esclarecidos. Para ele, a razão não era só um instrumento de apreensão da realidade
mas, também, de construção de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização
de todo o potencial de perfectibilidade existente nos indivíduos. Por outro lado, as
experiências do desenvolvimento tecnológico e das revoluções políticas, que tornaram o
setecentos uma época única, alimentaram sua crença no progresso em direção a um ``reino
da liberdade``.
O método utilizado por Marx indica a dialética com seus questionamentos sobre a
identidade absoluta do ser e da razão como forma primeira para a resolução dos conflitos. A
dialética termina por indicar as contradições construtivas da vida social que resultam na
negação de uma determinada ordem.
A dialética adotada por Marx é oposta a tradicional originada por Hegel, por quem
ele é influenciado mas não se permite ater aos conceitos por Hegel criados. Marx utilizou a
dialética numa proporção alem da convencional de interpretação material e objetiva do
mundo. Ele queria transformar o mundo através de atividades revolucionarias ou mesmo
critico-praticas, dependendo apenas da ação humana para tanto.
O materialismo utilizado por outros era expurgado do pensamento de Marx pois,
para ele, a analise da vida social não poderia ser apenas a analise de fatos concretos na
tentativa de estabelecer leis que poderiam reger os fenômenos sociais. Essa forma de ver os
fenômenos sociais foi chamada posteriormente de materialismo histórico e se baseava na
perspectiva materialista e dialética onde todo fenômeno social ou cultural é efêmero, e a
analise da evolução dos processos econômicos e de produção de conceitos de vê partir do
reconhecimento de que as formas econômicas sob as quais os homens produzem,
consomem e trocam são transitórias e históricas. Ao adquirir novas forcas produtivas, os
homens mudam seu modo de produção, e com o modo de produção mudam as relações
econômicas, que não eram mais as que as relações necessárias daquele modo concreto de
produção.
Marx ainda comprara o raciocínio dos economistas de seu tempo ao dos teólogos,
que diziam que toda religião estranha é pura invenção humana, enquanto a deles é pura
emanação de Deus. Marx compara as relações burguesas de produção com essa afirmação,
dizendo que os economistas vêem como uma relação natural de produção, como se
estivesses de acordo com as leis da natureza, e portanto, imutáveis. A critica se estende às
idéias, concepções, crenças, gostos e ideologias que foram criadas pela sociedade tendo
influencias do modo de produção e da forma de organização da sociedade.
A premissa da analise marxista da sociedade é, portanto, a existência de seres
humanos que por meio da interação com a natureza e com outros indivíduos, buscam suprir
suas carências, nessa atividade, recriam a si próprios e se reproduzem sua espécie num
processo que é continuamente transformado pela ação de sucessivas gerações. Todos os
seres vivos devem refazer suas energias a fim de assegurar suas condições de existência e
as de sua espécie. Os animais, todavia, interagem com a natureza de forma inconsciente,
não cumulativa, visando atender suas privações imediatas. As condições naturais, as vezes,
lhes servem como limite, e seu consumo pode ser aniquilador.
Nas observações de Marx, ele propõe uma divisão técnica do trabalho como forma
de cooperação e posterior aumento de produtividade. Essa divisão social acaba por segregar
a sociedade, uma vez que qualifica setores exclusivamente para o trabalho manual e outro
para o trabalho intelectual. Essa divisão, da forma que é feita acaba por corresponder a
estrutura de classes da sociedade, portanto, pode-se ver o grau de desenvolvimento da
sociedade observando-se o desenvolvimento atingido pelas forcas produtivas. O conceito
de forças produtivas refere-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle
das condições naturais, e seu desenvolvimento é cumulativo. O conceito de relações sociais
de produção implica em diferentes formas de organização da produção e distribuição, de
posse e propriedade dos meios de produção, bem como em suas garantias legais,
constituindo-se, dessa forma, no substrato para a estruturação das classes sociais.
Marx chama de infra estrutura o conjunto dessas forças produtivas e das relações
sociais de produção, ao passo que chama de superestrutura o conjunto de produtos criados
pelo homem que não tem origem material, como as ideologias políticas, concepções
religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o
conhecimento filosófico e cientifico, representações coletivas, etc.
A explicação das formas sociais, jurídicas, políticas, espirituais e de consciência
encontra-se nas relações de produção que constituem a base econômica e material da
sociedade. A superestrutura seria condicionada pelo modo como os homens estão
organizados no processo produtivo.
As sociedades estão limitadas por sua capacidade produtiva, sendo ela exígua, a
sobrevivência de seus membros só se dará através de uma luta constante para obter o
mínimo de sua natureza. Conforme a capacidade produtiva evoluiu, evoluíram também as
formas de divisão do trabalho. No inicio era apenas a divisão natural, segundo idade e sexo,
para, com a evolução, passasse a haver um excedente na produção que seria dividido em
um sistema de organização social do trabalho.
De acordo com a evolução, as classes sociais e suas diferenças foram se tornando
mais e mais marcantes no cenário da sociedade. Essas diferenças não satisfaziam a todos,
uma vez que apenas a burguesia se beneficiava, enquanto as classes mais baixas eram cada
vez mais exploradas e se distanciavam mais de seus sonhos. Dá-se assim a luta de classes
definida por Marx como um mal das estruturas produtivas baseadas na apropriação privada
dos meios de produção. A única forma de fazer com que a diferença entre as classes
diminuísse seria a revolução, que acabaria promovendo a transformação das forcas
produtivas e nas relações sociais.
A revolução levou a própria burguesia ao poder. Utilizando o poder econômico ela
dominou os meios produtivos e criou a figura do capitalismo, trazendo em si termos como
salário. Partindo do mesmo conceito anterior, o excedente que fez a sociedade evoluir
passou a estar destinado a uma pessoa só, o empregador. Todo o excedente de trabalho fica
na mão do proprietário do meio de produção, pois trabalho excedente é trabalho não pago e,
portanto seu rendimento é agregado ao capital sendo lucro.
Esse trabalho humano passou a ser quantificado e mais uma vez a característica das
pessoas foi reforçada pela imutabilidade social. A exploração do trabalho é continua e
prolongada pelo crescimento do mercado consumidor que faz a economia girar e
movimenta o eixo que move todas as classes da sociedade.

Você também pode gostar