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O livro “Um toque de clássicos” é uma introdução à teoria sociológica de três dos
maiores pensadores da disciplina: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Os
autores apresentam as principais ideias desses teóricos, bem como sua relevância
para a compreensão da sociedade contemporânea.
KARL MARX
INTRODUÇÃO
Karl Marx acreditava que a razão não era apenas um instrumento de apreensão da
realidade, mas também de construção de uma sociedade mais justa. As
experiências de desenvolvimento tecnológico e de revoluções políticas, que
tornaram o século XVIII único, inspiraram a sua crença no progresso em direção a
um reino de liberdade. Além da complexidade e extensão da obra de Marx, o que
aumenta o desafio de sintetizá-la, a natureza sucinta de algumas de suas teses deu
origem a interpretações controversas.
DIALÉTICA E MATERIALISMO
Segundo Marx e Engels, “os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições
materiais de existência, quer se trate daquelas que encontrou já elaboradas quando
do seu aparecimento, quer das que ele próprio criou (...) A primeira condição de toda
a história humana é, evidentemente, a existência de seres humanos vivos”. O fator
determinante para história humana é, evidentemente, a existência de seres
humanos vivos. Sem seres humanos, não há história. Estes são seres ativos, que
produzem sua própria história. Eles não são apenas movidos por forças externas,
mas também são capazes de agir de forma consciente e deliberada para transformar
o mundo.
Todos os animais vivos devem reconstruir as suas energias para garantir a sua
própria existência e a da sua espécie. Porém, ao interagir com a natureza Os
animais agem inconscientemente, não acumulam, apenas em resposta à escassez
direta e às condições naturais limitadas. Produzindo para conseguir o que desejam.
Para Marx, “A fome é a fome, mas a fome que se satisfaz com carne cozinhada,
comida com faca e garfo, não é a mesma fome que come a carne crua, servindo-se
das mãos, das unhas, dos dentes. Por conseguinte, a produção determina não só o
objeto do consumo, mas também o modo de consumo, e não só de forma objetiva,
mas também subjetiva. Logo, a produção cria o consumidor”. A citação defende a
ideia de que a produção social é determinante do modo de consumo. A fome, por
exemplo, é um impulso biológico universal, mas a forma como ela é satisfeita varia
de acordo com o modo de produção. A nossa relação com o mundo é moldada por
meio do que produzimos e consumimos. Isto pode ser evidenciado pelo crescimento
no consumismo e a mudança nos hábitos alimentares.
Marx salienta que, devido a percepções alienadas das relações sociais, estas coisas
são obra de pessoas. A primeira diz respeito à relação entre o homem e a natureza e
a segunda diz respeito às relações entre as pessoas no processo de produção. Em
síntese, a noção de forças produtivas refere-se aos instrumentos e incompetências
que permitem controlar as condições naturais de produção.
De acordo com Marx, “ o moinho movido a braço nos dá a sociedade dos senhores
feudais; o moinho movido a vapor, a sociedade dos capitalistas industriais. Os
homens, ao estabelecerem as relações sociais vinculadas ao desenvolvimento de
sua produção material, criam também os princípios, as ideias e as categorias
conformes às suas relações sociais. Portanto, essas ideias, essas categorias são
tão pouco eternas quanto as relações às quais servem de expressão “. Portanto, as
relações sociais estão interligadas ao desenvolvimento produtivo, uma vez que as
ideias são um produto da sociedade no qual estamos inseridos.
ESTRUTURA E SUPERESTRUTURA
Marx não deixou nenhuma conjectura sistematizada de classe social, embora esta
seja uma questão interessante para a compreensão das suas interpretações sobre a
desigualdade social, a exploração estatal e a revolução. Essa conjectura foi formada
a partir de elementos dispersos em diversas de suas obras. O ponto de partida é
que a produção é a atividade de vida do trabalhador e a expressão da sua vida, o
que permite a humanização do homem.
A configuração básica das classes é expressa num modelo dicotômico. Este é sem
dúvida um quadro teórico insuficiente para compreender as complexidades e
flutuações que existem em sociedades específicas. Marx acredita que a tendência
do modo de produção capitalista é separar cada vez mais o trabalho e os meios de
produção.
Marx diferenciou as classes entre si, como sendo um conjunto de membros de uma
sociedade que são identificados por compartilharem certas condições objetivas, ou a
mesma situação envolvendo a propriedade de fatores de produção, das classes para
si, classes organizadas politicamente para a proteção consciente dos próprios
interesses. Cuja a identidade também é construída do ponto de vista subjetivo.
Segundo Marx, “Pelo que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto a
existência das classes na sociedade moderna, nem a luta entre elas. Muito antes de
mim, alguns historiadores burgueses tinham exposto o desenvolvimento histórico
desta luta de classes, e alguns economistas burgueses, a sua anatomia. O que
acrescentei de novo foi demonstrar: 1) que a existência das classes está unida
apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2) que a
luta de classes conduz, necessariamente, à ditadura do proletariado; 3) que esta
mesma ditadura não é mais que a transição para a abolição de todas as classes e
para uma sociedade sem classes”. O filósofo afirma que não é o primeiro a perceber
a existência das classes sociais e a luta entre elas. Ele reconhece que alguns
historiadores e economistas burgueses já haviam abordado essas questões. No
entanto, estes não forneceram uma análise científica e completa dessas questões. Pois,
eram representantes da classe dominante e, portanto, tinham interesses em ocultar a
exploração do proletariado. A luta de classes é o motor da história. A mesma só ocorre
devido a divergência de interesses, dado que burguesia, para manter sua posição de
dominação, precisa explorar o proletariado e o proletariado, por sua vez, luta para acabar
com essa exploração e alcançar a emancipação.
A ECONOMIA CAPITALISTA
Conforme Marx e Engels, “a burguesia não pode existir senão sob a condição de
revolucionar incessantemente os instrumentos de produção e, com isso, todas as
relações sociais (...) Uma revolução contínua na produção, um abalo constante de
todas as condições sociais, uma inquietude e um movimento constantes distinguem
a época burguesa de todas as precedentes. Rompem-se todas as relações sociais
estancadas e deterioradas, com seu cortejo de crenças e de ideias veneradas
durante séculos; as novas tornam-se velhas antes de terem podido se ossificar”. O
filósofo argumenta que a burguesia, a classe dominante no capitalismo, é
impulsionada por uma necessidade constante de inovação tecnológica. Essa
inovação, por sua vez, leva a um constante processo de mudança social, econômica
e cultural.
Mas uma nova sociedade “que surgiu sobre as ruínas da sociedade feudal não
elimina conflitos de classe. Substituiu a antiga classe. O velho estado de opressão
Apenas o antigo estilo de luta com a nova classe. “Desta forma, as condições da luta
de classes permanecer cada vez mais divididas. Dado que as sociedades de classes
se baseiam numa contradição inerente, o capitalismo também estaria condenado à
extinção com o início do processo de revolução social. Paralelamente ao
crescimento desta “massa” de humanidade sem património absoluto, aumenta a sua
concentração nos grandes centros industriais, a sua capacitância de organização e
luta, bem como a sua consciência da sua própria posição social. Marx e Engels
atribuem ao proletariado o papel transformador da sociedade capitalista. Através de
um processo revolucionário, desaparecem as condições de apropriação e
concentração dos meios de produção existentes nas mãos de uma classe e a partir
daí inicia-se um processo de construção da sociedade sobre novas bases.
Marx e Engels acreditavam que, “em dois vastos campos inimigos, em duas grandes
classes que se enfrentam diretamente: a burguesia e o proletariado... A burguesia
despojou de sua auréola todas as profissões que até então eram tidas como
veneráveis e dignas de piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do
poeta, do sábio fez seus servidores assalariados”. Os filósofos abordam a luta de
classes e como a burguesia está constantemente transformando a sociedade. Ela
usa sua riqueza e poder para impor sua ideologia e seus valores na sociedade. Isso
leva à perda de importância de instituições e profissões que antes eram
consideradas veneráveis, como o médico, o jurista, o sacerdote, o poeta e o sábio.
Marx acredita que os trabalhadores estão insatisfeitos com o trabalho que têm de
realizar fora de si mesmos e que esse trabalho é exaustivo para o corpo e destrutivo
para a mente. Se nenhuma compulsão persistisse, ele fugiria do trabalho como uma
praga. Somente em suas funções animais ele se sente verdadeiramente livre, e em
seu funcionamento humano ele se sente como um animal.
REVOLUÇÃO
COMUNISMO
Segundo Marx e Engels, “Com efeito, desde o momento em que o trabalho começa
a ser repartido, cada indivíduo tem uma esfera de atividade exclusiva que lhe é
imposta e da qual não pode sair; é caçador, pescador, pastor ou crítico e não pode
deixar de o ser se não quiser perder seus meios de subsistência. Na sociedade
comunista, porém, onde cada indivíduo pode aperfeiçoar-se no campo que lhe
aprouver, não tendo por isso uma esfera de atividades exclusiva, é a sociedade que
regula a produção geral e me possibilita fazer hoje uma coisa, amanhã outra, caçar
de manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer crítica depois da refeição, e tudo
isso a meu bel-prazer, sem por isso me tornar exclusivamente caçador, pescador ou
crítico”.
CONCLUSÕES
ÉMILE DURKHEIM
INTRODUÇÃO
A sociologia, segundo Durkheim, pode ser definida como a ciência das “instituições,
suas origens e funções”. Ele acreditava que, para se tornar uma ciência
independente, esse campo do conhecimento é obrigado a definir seus próprios
objetivos. Tais fenômenos incluem “qualquer forma de ação, fixa ou não, capaz de
exercer coerção externa sobre o indivíduo”
A sociedade não é o resultado de uma simples combinação de consciências ou da
soma dos indivíduos vivos que a compõem. As emoções que caracterizam este ser
possuem um poder e características que não são inerentes às emoções puramente
pessoais. Cada alma que se funde produz a manifestação de um ‘novo tipo de vida
espiritual’.
As representações coletivas são uma das locuções do fato social. Eles entendem ‘a
forma como a sociedade vê a si mesma e o mundo ao seu redor’. Os valores de uma
sociedade são outro elemento fundamental de todos os fatos sociais. Eles também
têm uma realidade objetiva independente dos sentimentos.
No estudo da vida social, uma das preocupações de Durkheim era avaliar qual
método lhe permitir fazer isso de forma científica, superando as falhas do bom
senso. Conclui que deve assemelhar-se ao adotado pelas ciências naturais, mas
não por isso a sua xerox, uma vez que os fatos estudados pela sociologia pertencem
ao campo social e apresentam características que os distinguem dos fenômenos
naturais. Tais métodos devem ser estritamente sociológicos. Com base nisso, os
cientistas sociais examinam possíveis relações e regularidades de causa-efeito com
o objetivo de descobrir leis e até mesmo “regras de ação para o futuro” e observar
fenômenos estritamente definidos. Durkheim expõe as regras que os sociólogos
devem seguir ao observar os fatos sociais. A primeira e mais importante delas é vê-
los como objetos. Daí decorrem alguns corolários: suprimir sistematicamente ideias
pré-concebidas; definir antecipadamente os fenômenos tratados de acordo com as
características externas que lhes são comuns; e considerá-los, independentemente
de suas manifestações individuais, da forma mais objetiva possível. Ele questiona o
comportamento do pesquisador que, mesmo diante de uma realidade externa
desconhecida, parece mover-se como se estivesse “entre coisas imediatamente
transparentes à mente, tamanha é a facilidade com que é cabido em resolver
questões obscuras”. “. Ao fazer isso, o cientista nada mais faz do que expressar
seus preconceitos, que eventualmente se tornam como um véu colocado entre as
coisas e ele mesmo. As recomendações do autor são expostas em seu livro. Então
as regras do método sociológico suscitaram debates acalorados. Fazendo com que
ele escrevesse longa introdução na segunda edição para esclarecer sua posição
original.
Portanto, o sociólogo deve ter a atitude mental e comportar-se diante dos fatos como
qualquer cientista procriar: considerar que está lidando com objetos desconhecidos
porque “as representações que podem ser formuladas no decorrer da vida tendo
sido realizadas sem método ou crítica,“ eles não têm valor científico e devem ser
descartados ”. Temos que assumir que ele não tem ideia do que são as realidades
sociais. Mas mesmo que tenha tendências, é por isso que um dos fundamentos da
objetividade de uma ciência da sociedade deve necessariamente ser a vontade do
sociólogo de se colocar “num estado de espírito semelhante ao dos físicos, químicos
e químicos.” Fisiologistas quando se aventurar-se em uma região ainda inexplorada
de seu domínio científico ”assumindo assim sua ignorância, livrando-se de seus
preconceitos ou noções vulgares (já combatidas por Toicinho)e adotando finalmente
a prática cartesiana da dúvida metódica.
MORALIDADE E ANOMIA
Uma pessoa independente é aquela que controla seu ego natural. Está subordinado
ao desejo de ter o poder da vontade. Subordiná-los apenas às limitações.
Consequentemente, o individualismo indisciplinado pode resultar da falta de
disciplina e autoridade moral numa sociedade. A estima do indivíduo é obra da
sociedade e a sua liberdade é utilizada para o bem social.
RELIGIÃO E MORAL
A origem dos conceitos só pode ser a comunidade, pois é partilhada por todos e
“depende da forma como é constituída e organizada”. O conceito é universalizável:
ou é comum a todos os homens, ou pode ser-lhes comunicado. É, portanto, um facto
social.
CONCLUSÕES
Embora o método positivista – que o autor abraçou nos seus esforços para erigir
uma sociologia baseada em sólidos fundamentos empíricos – confunda por vezes os
analistas mais precipitados que o identificavam com as tendências conservadoras do
pensamento político e social da época Durkheim estava atento à surgimento da
sociologia. Novas crenças, ideias e representações nascidas em períodos
revolucionários ou de grande intensidade da vida social, capazes de extinguir o “frio
moral” por que traspassaram as sociedades industriais. Seriam precisamente os
momentos de exaltação da vida moral, quando as nascentes forças psíquicas
permitem aos homens redescobrir o vigor da sua fé no carácter sagrado das suas
sociedades e transformar o seu ambiente, atribuindo-lhe o pundonor de um ideal
mundial. Por outro lado, a profunda fé de Durkheim na capacitância de coexistência
entre indivíduos idiossincráticos, sem pôr em perigo a existência da vida social,
atesta a sua sensibilidade às tendências em mudança, mesmo que fossem de
natureza pacífica, mesmo reformista, bem como a sua esperança no exercício da
liberdade responsável num quadro de justiça social e de ideais cosmopolitas que se
estendem a toda a humanidade. No entanto, ele reconhece “que ainda não
chegamos ao momento em que este patriotismo possa reinar plenamente, se é que
esse momento poderá chegar”. 90 graças à liderança de Durkheim, o seu trabalho,
liderado por um grupo de ilustres intelectuais e investigadores formado em torno da
revista L’Année Sociologique, teve uma influência decisiva na sociologia. Sua
influência é particularmente evidente nos estudos da sociologia da religião e dos
sistemas simbólicos de representação. As reflexões de Durkheim com Marcel Mauss
(1872-1976) sobre as representações coletivas e os sistemas lógicos do mundo dos
diferentes grupos sociais formam uma ponte entre a sua teoria sociológica e as
preocupações que caracterizam a antropologia contemporânea. Por outro lado, um
ramo do pensamento durchemiano, mais especificamente os aspectos de consenso
e integração dos sistemas sociais, foi introduzido na teoria sociológica estado-
unidense contemporânea através da interpretação de Talcott Parsons. Suas ideias
também inspiraram estudos recentes sobre a dissolução de padrões tradicionais de
interação por meio de processos de urbanização, bem como pesquisas sobre
família, trabalho e socialização.
MAX WEBER
INTRODUÇÃO
A OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO
Weber: O cientista atribui aos aspectos da realidade e da história que examina uma
ordem através da qual procura estabelecer uma relação causal entre determinados
fenômenos. Ele conclui que a atividade científica é racional em termos de seus
objetivos – a verdade científica – e de valores – a busca pela verdade.
Há uma grande diferença entre dar sentido à realidade histórica através de ideias de
valor e conhecer as suas leis. A explicação de um fato significativo em sua
particularidade nunca estará isenta de pressupostos, pois foi escolhido com base em
valores. Weber nega a possibilidade de as ciências sociais reduzirem a realidade
empírica ou as leis.
OS TIPOS IDEAIS
Os sociólogos aproveitam este objeto, que é apenas uma fração limitada desta
realidade, para realizar tarefas completamente diferentes daquelas ditadas pelos
cientistas naturais. O que é necessário é compreender a individualidade
sociocultural como constituída por elementos historicamente agrupados. Isso nem
sempre pode ser quantificado onde o seu passado remonta para explicar o presente.
O agente não se interessa pelo aspecto da racionalidade com a mesma paixão com
que exige respeito pelos seus valores. Esta irracionalidade será tanto maior quanto
mais absoluto para o sujeito for o valor que inspira a sua ação. O sentido da ação,
portanto, não se encontra no seu resultado ou nas suas consequências, mas no
próprio desenvolvimento de uma conduta.
Uma ação afetiva é uma ação motivada por ciúme, raiva ou vários outros desejos.
Tais ações podem ter consequências não intencionais, catastróficas ou graves. O
comportamento emocional difere do comportamento racional orientado por valores.
Neste último caso, o sujeito age racionalmente, “detalhando conscientemente o
ponto final da direção da atividade e consequentemente orientando-se nessa
direção”
Quando hábitos e costumes arraigados levam alguém a agir de acordo com eles,
estamos lidando com uma ação tradicional. Weber compara estímulos que levam a
uma ação tradicional com aqueles que produzem uma imitação reativa. Os
sociólogos tentam compreender o significado da pessoa referente à ação e seu
significado.
Uma ação estritamente social deve ser distinguida de dois modos de conduta
simplesmente reativos, sem caráter social. Ação resultante de imitação ou realizada
sob influência ou condicionada pela conduta de outrem ou da massa. Enquanto o
sujeito não direcionar causalmente suas ações para as ações dos outros, nenhuma
relação de sentido será estabelecida simplesmente porque ele imita.
RELAÇÃO SOCIAL
A reciprocidade da relação social não significa que cada um dos atores envolvidos
realize o mesmo tipo de ação. Todos sabem quais são os riscos, mesmo que não
haja interação. Os sinais de amor podem ser compreendidos e percebidos sem
retribuir esse amor. As relações sociais são os conteúdos significativos atribuídos
por quem age com referência a um ou mais outros.
Weber chama estados, igrejas, casamentos, etc. das chamadas estruturas sociais
que existem na realidade na medida em que as relações sociais podem emergir com
o conteúdo material de que são compostas. Quanto mais racionais existem as
relações sociais, mais facilmente elas podem ser expressas na forma de normas,
seja através de um contrato ou de um acordo.
O sentido de uma relação social é dado pela ordem econômica, ou seja, pela
distribuição de serviços e propriedades. Neste contexto, a justificação e o significado
das ações sociais são definidos pelo mercado em que os indivíduos lutam pelo
poder económico. Weber estabeleceu conceitos referentes ao plano coletivo – a)
classes, b) grupos sociais ou grupos de status e c) partidos.
O conceito de classe de Weber é baseado nas ações dos agentes orientadas para o
mercado. Mas o significado das ações também pode ser definido de acordo com
critérios vigentes na ordem social. Aqui, o conteúdo das relações sociais é baseado
em regras de pertença a um grupo, estatuto ou herança. A luta pela honra e pelo
prestígio acontece e onde é distribuída.
Weber cita exemplos de reconhecimento social desfrutado nos EUA pelos
descendentes das Primeiras Famílias da Virgínia, da princesa nativa Pocahontas,
dos Pilgrim Fathers e dos Knickerbockers. Os grupos de status asseguram a
validade do comportamento desejado através de convenções, através das quais é
expressa a desaprovação geral do comportamento incompatível.
A DOMINAÇÃO
Uma das questões que a sociologia enfrenta diz respeito à estabilidade das relações
sociais. O que leva os indivíduos a atribuir às suas ações um significado definido
que perdura regularmente no tempo e no espaço? Qual é a base da regularidade
nas ações das pessoas se o que lhes dá sentido não é uma instituição abstrata?
Weber entende que o social é construído pelas ações individuais, surge um
problema teórico.
As pessoas não lutam pelo poder apenas pela riqueza económica. Frequentemente
aspiram às honras sociais que isso evoca. A realidade social emerge como um
complexo de estruturas de dominação. A possibilidade de dominar é a de dar
valores, o conteúdo das relações sociais, o sentido que interessa ao agente ou
agentes em luta.
Weber estava particularmente interessado em duas formas de governo: burocrático
e carismático. O primeiro corresponde ao tipo de governo particularmente moderno e
racionalmente organizado seguido pelas sociedades ocidentais. A segunda pode ser
aplicada a empresas económicas e políticas, bem como a empresas de natureza
religiosa e profissional.
Havia até uma dimensão de iluminamento em sua mente. Que a história revela
como um avanço É um Weber pessimista que aponta para as consequências de um
processo de racionalização negativa. Mas inevitavelmente isso dá ao seu trabalho o
tom de resignação muito importante. Participando ativamente na produção cultural
do seu tempo, Weber partilhava a ideia de que o progresso da racionalidade também
levou a um declínio geral da cultura clássica, especialmente da alemã. O processo
de evolução funciona no sentido de que “limita cada vez mais o leque de opções
eficazes disponíveis aos humanos . Estas alternativas não só são poucas, como
também se tornam cada vez mais modestos. Tudo isso é resultado do que é
conhecido como o desânimo do mundo. A humanidade deixou um cosmo repleto de
sacralidade, magia e especialidade e chegou a um mundo de objetos racionais
governados pela tecnologia e pela ciência. O mundo dos deus e dos mitos foi
despovoado, seu fascínio foi substituído pelo desenvolvimento do conhecimento
científico e de formas de organização racionais e burocráticas, e “os valores últimos
e supremos foram retirados da vida pública para o reino transcendente de qualquer
vida mística. Pela fraternidade das relações humanos diretas e pessoais”. Quais são
as consequências da racionalização levada a cabo através da ciência e da
tecnologia? Ela pode garantir que os homens encontrarão o caminho para o
verdadeiro deusas ou para a felicidade? Para autor Isso nada mais é do que uma
ilusão ou optimismo ingênuo. Mas será que podemos, pelo menos hoje, ter uma
ideia mais clara do nosso estado de vida do que os povos primitivos? Contudo, a
história não é o único movimento linear em direção ao mundo da burocracia. Ainda
há uma lacuna e um estado de crise quando “As estruturas institucionais que se
combinam podem entrar em colapso. E estilos de vida normais não são suficientes
para dominar num estado de tensão, pressão ou sofrimento crescentes.”. O agente
da ruptura é o líder, o herói ou o profeta que carrega o carisma. Weber enfatiza o
individualismo extraordinária que transcende as fronteiras da rotina diária, um tipo de
liderança que é capaz de produzir mudanças significativos nas relações sociais
marcadas pela racionalidade – tanto na esfera política quanto na religiosa, uma
espécie de liderança. Regra tradicional ou burocrática. Ao opor-se aos poderes
hierárquicos tradicionais dos mágicos ou dos presbíteros, o profeta ou o salvador «
opõe-se ao seu apelo pessoal à sua dignidade, consagrada pela tradição para
quebrar o seu poder ou colocá-los ao seu serviço ». 52 Weber acreditava que, na
maior parte, a burocracia dominante, como o confucionismo, era caraterizada por
uma blasfêmia totalmente irracional. Pelo respeito apenas em benefício do cultivo
em massa. Classes e propriedades (paisanos, artesãos, mercadores, industriais,
etc.) tinham atitudes religiosos diferentes. A maior parte do proletariado moderno e
da burguesia moderna, se tiverem uma postura religiosa não linear, muitas vezes se
sintam indiferentes ou rejeitados pela religião. A consciência da dependência do
próprio rendimento, diz ele, está centrada ou complementada pela da dependência
de constelações sociais puros, de situações económicos e de relações de poder
sancionadas pela lei, a poupança. Mas apesar e talvez graças ao seu carácter
inovador e irracional, o carisma é absorvido pela lógica férrea das instituições e é
necessariamente otimizado ou adaptado à vida quotidiana, retornando ao caminho
da institucionalização tradicional ou racional. É esse um lócus perfeito para o
surgimento de lideranças carismáticas de cunho religioso ou político, de salvadores.
Mas apesar de e talvez graças ao seu caráter renovador e irracional, o carisma é
engolido pela lógica férrea das instituições e obrigatoriamente é otimizado ou
adaptado ao cotidiano, sendo retomado o caminho da institucionalização tradicional
ou racional.
A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Weber viu isto como um fenómeno fundamental que mudou as práticas económicas
e moldou as estruturas sociais modernas. O estudo da religiosidade é, portanto,
essencial para compreender as diferentes formas de vida social, bem como a sua
evolução. A racionalização das relações sociais é a tendência mais clara presente
nas sociedades ocidentais.
A Igreja é definida por Weber como uma comunidade dominante que utiliza os bens
da salvação através da coerção hierocrática exercida através de uma estrutura
administrativa. Ao contrário de uma igreja – que consiste num grupo de assistentes
permanentes, unidos pessoalmente a um profeta portador de carisma – os clérigos
são pessoas socializadas através da hierarquia administrativa, portanto constituem
uma burocracia.
Em geral, as religiões mais antigas forneciam a teodiceia dos mais abastados. Para
atender às necessidades dos menos afortunados, os mágicos e clérigos começaram
a desempenhar funções mais mundanas de aconselhamento de vida. No caso do
cristianismo, uma explicação racional da história humana foi construída em torno da
figura de um salvador, sendo a humilhação e a abstinência voluntária justificadas
pelo seu papel na salvação.
A salvação não pode ser atribuída às obras. Em vez disso, vem das ações de heróis
em seu estado digno ou de deuses encarnados como humanos. O pecador que
obtém a absolvição através de atos religiosos pode prescindir de uma vida moral-
pessoal metódica. A salvação pela fé não requer domínio mundial e mudança sábia
do mundo.
Duas alternativas são oferecidas para escapar da relação sempre tensa entre o
mundo dos negócios e a moralidade da fraternidade: a ética de trabalho puritana e o
misticismo. O Puritano “negou a universalidade do amor e racionalizou todo o
trabalho neste mundo, como um serviço à vontade das deusas e um teste ao seu
estado de graça”
Weber acreditava que a racionalização seria mais evidente nas sociedades onde a
propriedade dos meios de produção fosse coletivizada. Weber liga estes temas e
responde às suas questões mais persistentes e fundamentais sobre o
desenvolvimento do capitalismo no Ocidente na sua obra mais conhecida, A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo.
RACIONALIZAÇÃO E CAPITALISMO
CONCLUSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O legado por Marx, Durkheim e Weber não foi desperdiçado. Teoria sociológica
clássica – debatida, interpretada e criticada em instituições acadêmicas e de
pesquisa, bem como em partidos e movimentos políticos. Novas correntes de
pensamento continuam a desenvolver-se, explicitamente afiliadas ou não à
produção marxista ou weberiana.
Marx foi talvez, entre os clássicos, aquele que gerou o debate mais prolífico. A teoria
marxista foi incapaz de resolver o dilema entre o potencial transformador da ação
individual e os limites que lhe são impostos pela estrutura socioeconómica. A sua
afirmação de que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem por
vontade própria” pode ser entendida como uma expressão da dificuldade de
integração destes diferentes níveis conceituais.
Durkheim tentou abordar esta questão do ponto de vista da desintegração dos laços
individuais e sociais. Seu foco foi direcionado para a consideração do
enfraquecimento ou da falta de uma moralidade pressuposta. Afinal, o indivíduo é o
produto de um ser que adquiriu vida própria.