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Acadêmico: Gustavo Henrique Santos Serpa

Professor: Gilmar Santos

Inscrição: 100019398

Data: 15/12/2022

CONCEITOS IMPORTANTES NO PENSAMENTO DE MARX


- Alienação: No sentido que lhe é dado por Marx, ação pela qual (ou estado no
qual) um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma sociedade se tornam (ou
permanecem) alheios, estranhos, enfim, alienados [1] aos resultados ou produtos de
sua própria atividade (e à atividade ela mesma), e/ou [2] à natureza na qual vivem,
e/ou [3] a outros seres humanos, e – além de, e através de, [1], [2] e [3] – também
[4] a si mesmos (às suas possibilidades humanas constituídas historicamente).
Assim concebida, a alienação é sempre alienação de si próprio ou autoalienação,
isto é, alienação do homem (ou de seu ser próprio) em relação a si mesmo (às suas
possibilidades humanas), através dele próprio (pela sua própria atividade). E a
alienação de si mesmo não é apenas uma entre outras formas de alienação, mas a
sua própria essência e estrutura básica. Por outro lado, a “auto-alienação” ou
alienação de si mesmo não é apenas um conceito (descritivo), mas também um
apelo em favor de uma modificação revolucionária do mundo (desalienação).

- Mais-valia: A extração de mais-valia é a forma específica que assume a


EXPLORAÇÃO sob o capitalismo, a differentia specifica do modo de produção
capitalista, em que o excedente toma a forma de LUCRO e a exploração resulta do
fato da classe trabalhadora produzir um produto líquido que pode ser vendido por
mais do que ela recebe como salário. Lucro e salário são as formas específicas que
o trabalho excedente e o trabalho necessário assumem quando empregados pelo
capital. Mas o lucro e o salário são, ambos, DINHEIRO e, portanto, uma forma
objetificada do trabalho que só se torna possível em função de um conjunto de
mediações historicamente específicas em que o conceito de mais-valia é crucial.

- Ideologia: Duas vertentes do pensamento filosófico crítico influenciam diretamente


o conceito de ideologia de Marx e de Engels: de um lado, a crítica da religião
desenvolvida pelo materialismo francês e por Feuerbach e, de outro, a crítica da
epistemologia tradicional e a revalorização da atividade do sujeito realizada pela
filosofia alemã da consciência e particularmente por Hegel. Não obstante, enquanto
essas críticas não conseguiram relacionar as distorções religiosas ou metafísicas
com condições sociais específicas, a crítica de Marx e Engels procura mostrar a
existência de um elo necessário entre formas “invertidas” de consciência e a
existência material dos homens. É essa relação que o conceito de ideologia
expressa, referindo-se a uma distorção do pensamento que nasce das contradições
sociais e as oculta. Em consequência disso, desde o início, a noção de ideologia
apresenta uma clara conotação negativa e crítica.

- Meios de produção: Meios de produção — como maquinaria e ferramentas —


usados por trabalhadores que nem os possuem nem controlam, mas que com eles
produzem riqueza em troca de salário. Quando uma máquina é de propriedade e
operada pela mesma pessoa, ela constitui um meio de produção, mas não capital,
porque as relações sociais através das quais é usada, possuída e controlada são
uma única e mesma coisa.

- Comunismo: Marx refere-se à comunismo – a palavra teve origem nas


sociedades secretas revolucionárias atuantes em Paris em meados da década de
1830 – em dois sentidos diferentes mas relacionados: como um movimento político
da classe operária atuante na sociedade capitalista e como uma forma de sociedade
que a classe trabalhadora criaria com sua luta. No primeiro sentido, ele escreveu no
terceiro de seus Manuscritos econômicos e filosóficos – provavelmente influenciado
não apenas pelo trabalho de Lorenz von Stein (1842) sobre o proletariado e o
comunismo (“a reação de toda uma classe”), mas também pelos seus contatos
pessoais com os comunistas franceses da Liga dos Justos – que “todo o
desenvolvimento histórico, tanto a gênese real do comunismo (o nascimento de sua
existência empírica) como a sua consciência pensante, é seu processo de vir-a-ser
compreensivo e consciente”. Alguns anos depois, ele e Engels, no Manifesto
comunista, asseveraram que “os comunistas não formam um partido separado e
oposto a outros partidos de classes trabalhadoras”, e “não têm quaisquer interesses
à parte daqueles do proletariado como um todo”; distinguem-se apenas por
enfatizarem sempre “os interesses comuns do proletariado como um todo” e por
representarem “os interesses do movimento como um todo”.

- Força de trabalho: Força de trabalho é a capacidade de realizar trabalho útil que


aumenta o VALOR das mercadorias. É a sua força de trabalho que os operários
vendem aos capitalistas em troca de um salário em dinheiro. (...)A categoria força
de trabalho aparece, na teoria do valor – trabalho, na explicação da fonte da MAIS-
VALIA. O capitalista investe dinheiro para comprar mercadorias e, mais tarde, as
vende por mais dinheiro do que o investido inicialmente. Isso só pode ser feito
sistematicamente se houver alguma mercadoria cuja utilização aumente o valor de
outras mercadorias. A força de trabalho é precisamente essa mercadoria, e a única,
já que, com a compra e o uso da força de trabalho o capitalista obtém trabalho, e
este é a fonte do valor.

- Relações sociais de produção: As relações de produção são constituídas pela


propriedade econômica das forças produtivas. No capitalismo, a mais fundamental
dessas relações é a propriedade que a burguesia tem dos meios de produção, ao
passo que o proletariado possui apenas a sua força de trabalho.

- Dialética: Possivelmente o tópico mais controverso no pensamento marxista, a


dialética suscita as duas principais questões em torno das quais tem girado a
análise filosófica marxista: a natureza da dívida de Marx para com Hegel e o sentido
em que o marxismo é uma ciência. A dialética é tematizada na tradição marxista
mais comumente enquanto (a) um método e, mais habitualmente, um método
científico: a dialética epistemológica; (b) um conjunto de leis ou princípios que
governam um setor ou a totalidade da realidade: a dialética ontológica; e (c) o
movimento da história: dialética relacional. Todos os três aspectos encontram-se em
Marx.

- Infra-estrutura: Para Marx, a infraestrutura trata-se das forças de produção,


compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e
pelos próprios trabalhadores (onde se dá às relações de produção: empregados-
empregados, patrões-empregados). Trata-se da base econômica da sociedade,
onde se dão, segundo Marx, as relações de trabalho, estas marcadas pela
exploração da força de trabalho no interior do processo de acumulação capitalista.

- Superestrutura: A expressão “superestrutura” parece referir-se à consciência ou


visão do mundo de uma classe: “sobre as diferentes formas de propriedade, sobre
as condições sociais de existência, ergue-se toda uma superestrutura de
sentimentos, ilusões, modos de pensar e visões da vida distintos e formados
peculiarmente. Toda a classe cria e forma esses elementos a partir de suas bases
materiais e das relações sociais que a elas correspondem”. Não obstante, essa
metáfora procura explicar, quase sempre, a relação entre três níveis gerais de
sociedade, por meio da qual os dois níveis de superestrutura são determinados pela
base. Isso significa que a superestrutura não é autônoma, que não aparece por si
mesma, mas tem um fundamento nas relações de produção sociais. (...)A
superestrutura é fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e
perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura jurídico-política e a estrutura
ideológica.

- Manufatura: Marx define a manufatura como a forma de COOPERAÇÃO que se


fundamenta na DIVISÃO DO TRABALHO e cuja base é a produção artesanal (O
Capital, I, cap.XIV). (...)A manufatura se origina de dois modos diferentes. No
primeiro, seus produtos são o resultado de vários processos artesanais de trabalho
independentes (Marx usa os exemplos da manufatura de carruagens ou de relógios,
e dá a isso o nome de “manufatura heterogênea” no cap. XIV do livro primeiro de O
Capital). (...)No segundo, os artigos são totalmente produzidos por um trabalhador
artesanal individual que executa uma sucessão de operações (Marx usa os
exemplos da manufatura do papel e de agulhas, e chama a isso, no mesmo
capítulo, de “manufatura orgânica”).

- Materialismo: Em seu sentido mais amplo, o materialismo afirma que tudo o que
existe é apenas matéria ou, pelo menos, depende da matéria. (Em sua forma mais
geral, afirma que toda realidade é essencialmente material; em sua forma mais
específica, que a realidade humana o é.) Na tradição marxista, tem prevalecido, de
modo geral, um materialismo de tipo menos rígido, não reducionista; (...)As
principais conotações de significação filosófica da “concepção materialista da
história” de Marx são: (a) a negação da autonomia, e portanto do primado, das
ideias na vida social; (b) o compromisso metodológico com a pesquisa
historiográfica concreta, em oposição à reflexão filosófica abstrata; (c) a concepção
da centralidade da práxis humana na produção e a reprodução da vida social e, em
consequência disso, (d) a ênfase na significação do trabalho enquanto
transformação da natureza e mediação das relações sociais, na história humana; (e)
a ênfase na significação da natureza para o homem, que evolui de uma concepção
presente nas obras iniciais de Marx; (f) a preferência pelo simples realismo cotidiano
e o compromisso, que se desenvolve gradativamente, com o REALISMO científico,
através do qual Marx vê a relação homem-natureza como uma relação internamente
assimétrica, em que o homem é essencialmente dependente da natureza enquanto
esta, no essencial, independe do homem.
- Mercadoria: A mercadoria é a forma que os produtos tomam quando essa
produção é organizada por meio da troca. Nesse sistema, uma vez criados, os
produtos são propriedade de agentes particulares que têm o poder de dispor deles
transferindo-os a outros agentes. Os agentes que são donos de produtos diferentes
confrontam-se num processo de barganha pelo qual trocam os seus produtos.
Nesse processo, uma quantidade definida de um produto troca de lugar com uma
quantidade definida de outro. A mercadoria tem, portanto, duas características: pode
satisfazer a alguma necessidade humana, isto é, tem aquilo que Adam Smith
chamou de VALOR DE USO ; e pode obter outras mercadorias em troca, poder de
permutabilidade que Marx chamou de VALOR.

- Socialismo: Para Marx e Engels o socialismo não era um ideal para o qual se
podia fazer planos atraentes, mas o produto das leis do desenvolvimento do
capitalismo que os economistas clássicos haviam sido os primeiros a descobrir e
procurar analisar. A forma ou as formas que o socialismo poderia assumir só se
revelariam, portanto, em um processo histórico que ainda se estava desdobrando.
Tendo isso em vista, Marx e Engels abstiveram-se, muito logicamente, de qualquer
tentativa de descrição detalhada, ou mesmo de definição, do socialismo. Para eles,
o socialismo era, antes de qualquer outra coisa, uma negação do capitalismo, que
desenvolveria sua própria identidade positiva (o comunismo) através de um longo
processo revolucionário no qual o proletariado transformaria a sociedade e, com
isso, transformaria a si mesmo.

- Capital:

(...) o capital não é uma coisa, mas uma relação de produção


definida, pertencente a uma formação histórica particular da
sociedade, que se configura em uma coisa e lhe empresta um
caráter social específico (...). São os meios de produção
monopolizados por um certo setor da sociedade, que se
confrontam com a força de trabalho viva enquanto produtos e
condições de trabalho tomados independentes dessa mesma
força de trabalho, que são personificados, em virtude dessa
antítese, no capital. Não são apenas os produtos dos
trabalhadores transformados em forças independentes –
produtos que dominam e compram de seus produtores –, mas
também, e sobretudo, as forças sociais e a (...)forma desse
trabalho, que se apresentam aos trabalhadores como
propriedades de seus produtos. Estamos, portanto, no caso,
diante de uma determinada forma social, à primeira vista muito
mística, de um dos fatores de um processo de produção social
historicamente produzido. (O Capital, III, cap.XLVIII)
- Comunismo primitivo: Expressão que se refere ao direito coletivo aos recursos
básicos, à ausência de direitos hereditários ou de domínio autoritário e às relações
igualitárias que antecederam à exploração econômica e à sociedade de classes na
história humana.

- Capitalismo: Denominação do modo de produção em que o capital, sob suas


diferentes formas, é o principal meio de produção. O capital pode tomar a forma de
dinheiro ou de crédito para a compra da força de trabalho e dos materiais
necessários à produção, a forma de maquinaria física (capital em sentido estrito),
ou, finalmente, a forma de estoques de bens acabados ou de trabalho em processo.
Qualquer que seja a sua forma, é a propriedade privada do capital nas mãos de
uma classe, a classe dos capitalistas, com a exclusão do restante da população,
que constitui a característica básica do capitalismo como modo de produção.

- Exército de reserva de mão-de-obra: A existência de uma reserva de força de


trabalho desempregada e parcialmente empregada é uma característica inerente à
sociedade capitalista, criada e reproduzida diretamente pela própria acumulação do
capital, a que Marx chamou exército de reserva do trabalho ou exército industrial de
reserva. A acumulação de capital significa o crescimento deste, mas significa
também novos métodos de produção, de maior escala e mais mecanizados, que a
concorrência obriga os capitalistas a adotar. O crescimento do capital aumenta a
demanda por trabalho, mas a mecanização substitui os trabalhadores por máquinas
e, com isso, reduz essa demanda. A demanda líquida por trabalho depende,
portanto, da força relativa de cada um desses dois efeitos, e são precisamente
essas forças relativas que variam de modo a manter o exército industrial de reserva.
Quando o efeito do emprego é mais forte do que o efeito de dispensa da força de
trabalho e atua por tempo suficiente para esgotar o exército industrial de reserva, a
escassez de força de trabalho disso resultante e a aceleração dos salários
fortalecerão automaticamente a tendência à dispensa em detrimento do emprego.
Uma elevação dos salários reduz o crescimento do capital e, portanto, do emprego,
e juntamente com a escassez do trabalho, intensifica o ritmo de mecanização e,
portanto, de dispensa de trabalhadores. Dessa forma, a acumulação de capital
reabastece automaticamente o exército industrial de reserva (O Capital, I, cap.XXIII;
Mandel, 1976, p.63-4). (...)Quaisquer que fossem suas fronteiras históricas, o
sistema capitalista sempre criou e manteve um exército industrial de reserva.

- Burguesia: Em seus Princípios do comunismo (1847), Engels definiu burguesia


como “a classe dos grandes capitalistas que, em todos os países desenvolvidos,
detém, hoje em dia, quase que exclusivamente, a propriedade de todos os meios de
consumo e das matérias-primas e instrumentos (máquinas, fábricas) necessários à
sua produção”. E, em uma nota à edição inglesa de 1888 do Manifesto comunista,
como “a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios da produção
social e empregadores do trabalho assalariado”. A burguesia, enquanto classe
economicamente dominante nesse sentido, que também controla o aparelho de
Estado e a produção cultural, opõe-se a, e está em conflito com, a CLASSE
OPERÁRIA, mas, entre essas “duas grandes classes” da sociedade moderna, há
“camadas intermediárias e de transição”, que Marx também chamou de CLASSE
MÉDIA.
- Idealismo: Marx se opôs ao idealismo em suas formas metafísica, histórica e
ética. O idealismo metafísico vê a realidade como constituída, ou dependente, do
espírito (finito ou infinito) ou de ideias (particulares ou transcendentes); o idealismo
histórico entende as ideias ou a consciência como os agentes fundamentais ou
únicos da transformação histórica; o idealismo ético projeta um estado
empiricamente infundado (“superior” ou “melhor”) como uma maneira de julgar ou
racionalizar a ação. O anti-idealismo ou “materialismo” de Marx não pretendia negar
a existência e/ou a eficácia causal das ideias (pelo contrário, por oposição ao
materialismo reducionista, insistia nisso), mas apenas a autonomia e/ou o primado
explicativo a elas atribuído.

- Modo de produção:

Na produção social de sua vida, os homens estabelecem determinadas relações


necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção que
correspondem a uma determinada fase do desenvolvimento de suas forças
produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura
econômica da sociedade – a base real sobre a qual se ergue a superestrutura
jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência
social. O modo de produção da vida material determina o caráter geral do processo
da vida social, política e espiritual (...). Em um certo estágio de seu
desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em conflito
com as relações de produção existentes, ou – o que não é senão a sua expressão
jurídica – com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até
ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, essas relações se
convertem em obstáculos a elas. Abre-se então uma época de revolução social.
(Contribuição à crítica da economia política, “Prefácio”, 1859)

- Proletariado: Por proletariado, se entende a classe dos operários assalariados


modernos que, não possuindo meios próprios de produção, reduzem-se a vender a
força de trabalho para poderem viver. (...)O proletariado atravessa várias fases de
desenvolvimento. Com seu nascimento, começa a sua luta com a burguesia. A
princípio essa luta é realizada pelos trabalhadores individualmente, em seguida
pelos trabalhadores de uma fábrica, depois pelos de um mesmo ramo da indústria,
em uma mesma localidade (...). Mas, com o desenvolvimento da indústria, o
proletariado não só tem seu número aumentado, como se concentra em maiores
massas, sua força aumenta (...) os trabalhadores começam a se articular”.

- Revolução social: Revolução é uma MUDANÇA SOCIAL que altera aspectos


básicos de uma sociedade ou outro sistema social. Em política, por exemplo, a
revolução consiste de mais do que uma mudança de liderança, não importa o quão
violenta ou súbita possa ser. Para que a mudança política seja revolucionária, o
próprio sistema político tem de passar por alguma mudança básica, como da
aristocracia para a democracia ou da democracia para a ditadura militar. Dada essa
definição, as verdadeiras revoluções são muito raras e difíceis de manter, uma vez
que as forças da LEGITIMAÇÃO, que promovem o status quo, tendem a ser muito
fortes, até nos sistemas mais opressivos.

- Forças produtivas: O conceito de forças produtivas de Marx abrange os meios de


produção e a força de trabalho. O desenvolvimento das forças produtivas
compreende, portanto, fenômenos históricos como o desenvolvimento da
maquinaria e outras modificações do PROCESSO DE TRABALHO, a descoberta e
exploração de novas fontes de energia e a educação do proletariado. Restam,
porém, vários elementos cuja definição é discutida. Alguns autores encaram a
própria ciência como uma força produtiva (e não apenas as transformações dos
meios de produção que dela resultam), e há quem considere o espaço geográfico
como uma força produtiva (Cohen, 1978, cap.II).

- Classe social: Classe social, um dos conceitos mais importantes no estudo da


ESTRATIFICAÇÃO, é uma distinção e uma divisão social que resultam da
distribuição desigual de vantagens e recursos, tais como riqueza, poder e prestígio.
Sociólogos definem classe social principalmente na base de como essas divisões
são identificadas.
Karl MARX argumentava que as divisões de classe baseiam-se em diferenças nas
relações entre indivíduos e processo de produção, em especial na propriedade e
controle dos meios de produção (tais como maquinaria, terra e fábricas). Sob o
capitalismo, esses meios são possuídos e controlados por uma única classe — a
classe burguesa, ou capitalista —, cujos membros porém não os usam
concretamente a fim de produzir riqueza. Em vez disso, esse trabalho é feito por
membros da classe operária ou proletariado, que produz riqueza mas nem possui
nem controla os meios de produção. Uma vez que os próprios capitalistas tampouco
produzem riqueza de fato, sua prosperidade depende necessariamente do trabalho
de outras pessoas. Dessa maneira, eles controlam os meios de produção e, por
extensão, a riqueza produzida. Trabalhadores satisfazem suas necessidades
através de salários, que lhes são pagos em troca da venda de seu tempo; salários
que, do ponto de vista marxista, representam apenas uma parte do valor da riqueza
que eles produzem. Daí, classe e relações de classe baseiam-se em tensão e luta
sobre interesses conflitantes.

- Fetichismo da mercadoria: Marx analisa o fetichismo da mercadoria no primeiro


livro de O Capital (cap.I, 4), sob o título “O fetichismo da mercadoria: seu segredo”.
Tendo mostrado que a produção de mercadorias constitui uma relação social entre
produtores, relação essa que coloca diferentes modalidades e quantidades de
trabalho em equivalência mútua enquanto valores, Marx indaga como tal relação
aparece para os produtores ou, de modo mais geral, na sociedade. (...)O fetichismo
da mercadoria é o exemplo mais simples e universal do modo pelo qual as formas
econômicas do CAPITALISMO ocultam as relações sociais a elas subjacentes,
como, por exemplo, quando o CAPITAL, como quer que seja entendido, e não a
MAIS-VALIA, é tido como a fonte do lucro. A simplicidade do fetichismo da
mercadoria faz dele um ponto de partida e uma boa referência para a análise das
relações não econômicas. Sua análise estabelece uma dicotomia entre aparência e
realidade ocultada (sem que a primeira seja necessariamente falsa) que pode ser
levada para a análise da IDEOLOGIA; discute relações sociais vividas como e sob a
forma de relações entre mercadorias ou coisas, o que tem aplicação na teoria da
REIFICAÇÃO e da ALIENAÇÃO.
- Práxis: A expressão práxis refere-se, em geral, a ação, a atividade, e, no sentido
que lhe atribui Marx, à atividade livre, universal, criativa e autocriativa, por meio da
qual o homem cria (faz, produz), e transforma (conforma) seu mundo humano e
histórico e a si mesmo; atividade específica ao homem, que o torna basicamente
diferente de todos os outros seres. Nesse sentido, o homem pode ser considerado
um ser da práxis, entendida a expressão como o conceito central do marxismo, e
este como a “filosofia” (ou melhor, o “pensamento”) da “práxis”.

- Acumulação primitiva de capital: Marx define e analisa a acumulação primitiva


na parte sétima do primeiro livro de O Capital. Tendo examinado as leis do
desenvolvimento da produção pelo capital, Marx volta sua atenção para o processo
pelo qual o CAPITALISMO se afirmou historicamente. A sua compreensão geral do
capitalismo é uma condição prévia para isso, tal como a sua análise mais geral da
categoria MODO DE PRODUÇÃO, pois é preciso ter conhecimento de como um
conjunto de relações de produção entre classes se transforma em outro: em
particular, o que faz com que uma classe despossuída (isto é, desprovida da
propriedade de seus meios de produção) de trabalhadores assalariados, o
PROLETARIADO, entre em confronto com uma classe de capitalistas que
monopolizam os meios de produção.
A resposta de Marx é extremamente simples. Uma vez que as relações de produção
pré-capitalistas são predominantemente agrícolas, dispondo os camponeses dos
principais meios de produção, como a terra, o capitalismo só se pode afirmar
esbulhando os camponeses de sua terra. Assim sendo, as origens do capitalismo
encontram-se na transformação das relações de produção no campo. A separação
entre os camponeses e a terra é o manancial de onde provêm os trabalhadores
assalariados, tanto para o capital agrícola como para a indústria. É essa a
observação básica que Marx põe em evidência com sua referência irônica ao
“chamado segredo da acumulação primitiva”.

- Trabalho: De modo geral, trabalho é toda atividade que gera um produto ou


serviço para uso imediato ou troca. Há muito tempo, sociólogos têm se mostrado
interessados em certo número de questões fundamentais sobre trabalho: como o
trabalho é definido e organizado e como isso afeta a experiência de trabalho; como
indivíduos são distribuídos entre as ocupações (em termos de sexo, raça ou
composição etária da FORÇA DE TRABALHO; como a organização do trabalho se
vincula aos sistemas de ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE; e como ele se
relaciona com grandes instituições, como o ESTADO, a RELIGIÃO e a FAMÍLIA.

- Trabalho socialmente necessário: Conceito relacionado com a medida


quantitativa do valor.

o tempo de trabalho socialmente necessário é o tempo de


trabalho necessário à produção de qualquer valor de uso sob
as condições de produção normais em uma determinada
sociedade e com o grau médio de habilidade e de intensidade
de trabalho predominantes nessa sociedade (...). O que
determina exclusivamente a magnitude do valor de qualquer
produto é, portanto, a quantidade de
trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho
socialmentenecessário à sua produção. (I, cap.I)
- Trabalho abstrato/Trabalho concreto: Como uma MERCADORIA encerra ao
mesmo tempo um VALOR DE USO e um VALOR, o trabalho que a produz tem duplo
caráter. Em primeiro lugar, qualquer ato de trabalho é uma “atividade produtiva de
um determinado tipo, que visa a um objetivo determinado” (O Capital, I, cap.I);
assim considerado, é “trabalho útil” ou “trabalho concreto”, cujo produto é um valor
de uso. Esse aspecto da atividade de trabalho “é uma condição da existência
humana independentemente de qual seja a forma de sociedade; é uma necessidade
natural eterna que medeia o metabolismo entre o homem e natureza e, portanto, a
própria vida humana” (ibid.). Em segundo lugar, qualquer ato de trabalho pode ser
considerado separadamente de suas características específicas, simplesmente
como dispêndio de FORÇA DE TRABALHO humana, “o trabalho humano puro e
simples, o dispêndio do trabalho humano em geral” (ibid.). O dispêndio de trabalho
humano considerado sob esse aspecto cria valor e é chamado de “trabalho
abstrato”. O trabalho concreto e o trabalho abstrato não são atividades diferentes,
mas sim a mesma atividade considerada em seus aspectos diferentes.

De um lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho


humana, no sentido fisiológico, e é nessa qualidade, de
trabalho humano igual, ou abstrato, que ele constitui o valor
das mercadorias. Por outro lado, todo trabalho é um dispêndio
de força de trabalho humana de uma determinada forma e com
um objetivo definido e é nessa qualidade de trabalho concreto
útil que produz valores de uso. (ibid.)

- Teoria do valor: De acordo com a teoria do valor do trabalho, de Karl MARX, a


verdadeira medida do valor de alguma coisa depende não das forças de mercado,
mas do trabalho necessário para produzi-la, especialmente como é medida pelo
volume de tempo requerido. Nesse sentido, bens “contêm” trabalho humano, do
qual deriva seu autêntico valor. Se é preciso duas vezes mais trabalho para fazer
um par de sapatos do que para fazer uma camisa, os sapatos valem duas vezes
mais.

- Valor de uso: Todas as sociedades dependem até certo ponto do valor de uso:
alguma coisa tem valor no grau em que pode ser posta em uso prático. Um
computador altamente sofisticado, por exemplo, teria alto valor de uso em uma
universidade, mas virtualmente nenhum em uma tribo que vive nas florestas úmidas
do Brasil.

- Valor de troca: O valor de troca é determinado pelo que podemos conseguir por
um produto ou serviço em uma troca com alguém. O valor de troca tende a ser
menos estável que o de uso porque se baseia em várias considerações diferentes,
incluindo mudanças nos desejos e necessidades das pessoas, oscilações na oferta
e procura e motivos de lucro.

Referências Bibliográficas

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar,


2013.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: Guia Prático da Linguagem
Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

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