Você está na página 1de 6

GUSTAVO HENRIQUE SANTOS SERPA

ANTROPOLOGIA I

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

JUNHO – 2022
A cultura condiciona a visão de mundo do homem

Na parte dois, o autor tenta mostrar de uma forma mais prática como a
cultura se manifesta e como ela molda a vida de "num ser biológico preparado
para viver mil vidas". Nos diz que o homem vê o mundo através da cultura, e que
a cultura seria uma lente. “Homens de culturas diferentes usam lentes diversas
e, portanto, têm visões desencontradas das coisas”. (LARAIA, 2001, p. 65).

A explicação que o autor usa para exemplificar o assunto é a analogia


com a Floresta Amazônica, onde diz que para um antropólogo leigo no quesito
botânica, a floresta é só um amontoado de árvores e arbustos, e uma confusão
nas diversas tonalidades de verde. Só que para o nativo que ali vive, sua versão
da floresta é totalmente diversa, visto que cada árvore, vegetal, plantio ou
arbusto, tem uma significação qualitativa e sua referência.

Partindo dessa analogia, o mesmo nos remete a comparação lógica de


algum estabelecimento como ponto de referência, dizendo que os índios partem
do mesmo viés, usando as árvores como ponto de localização. Resumindo, a
visão que nós seres da “floresta de pedra” temos, é completamente distinta dos
povos nativos que vivem na Floresta Amazônica.

A partir dessa premissa desenvolvida pelo autor ele nos diz que:

O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem Moral


e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as
posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural,
ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura.
(LARAIA, 2001, p. 65).
A cultura interfere no plano biológico

Segundo o livro “Cultura um conceito Antropológico” escrito por Roque de


Barros Laraia, a cultura tem efeitos positivos e negativos em nossas vidas, de
várias maneiras, incluindo programas biológicos. A cultura afeta não apenas o
comportamento dos seres, mas também sua fisiologia através da maneira como
ela é imposta. Esbarrar-se com diferentes comportamentos ou diferentes
culturas pode levar à apatia, frustração, falta de entusiasmo, ou mesmo ao
abandono de suas crenças, que muitas vezes são o que mantém vivo os
indivíduos. A cultura define o que uma pessoa é, pode ser sistematicamente o
que ela tem, é a razão de sua existência.

O autor vem nos mostrar um exemplo histórico, que é o caso dos povos
africanos, que foram forçados a deixar suas terras, tiveram que se acostumar
com outros costumes, tipos físicos, uma linguagem completamente diferente da
que eles estavam habituados, e acabaram perdendo sua motivação de vida,
cometendo suicídio e sofrendo pelo mal chamado de banzo (saudades). E
trazendo para a contemporaneidade, crer que tomar leite e comer manga em
seguida pode faze mal para o organismo, acaba por influenciar outras pessoas
a não consumir esta combinação por julgar realmente causar algum maleficio
para a saúde, mesmo que tenham um certo conhecimento sobre a comprovação
científica de que isto é um mito da sociedade que começou na época do Brasil
colonial, já que o leite era um alimento caro e deveria ser reservado apenas ao
senhores de engenho, enquanto a manga era um mantimento abundante nas
fazendas.

Desta forma, como exposto pelo autor, o comportamento de um ser


perante uma sociedade, é influenciado por sua cultura. “A cultura também é
capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem
quando existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes
culturais.” (LARAIA, 2001, p. 77).
Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura

Os indivíduos de uma sociedade não participam de forma padronizada em


sua cultura, são diversos os motivos que devem ser levados em consideração,
como idade, sexo e entre outros. Desta forma, ninguém é capaz de participar
integralmente de sua cultura.

Em alguns lugares por exemplo, as mulheres são submissas aos homens,


tendo limite em seus afazeres. Voltando alguns anos na história do Brasil,
também era de a cultura manter as mulheres cuidando da casa enquanto os
homens saiam para trabalhar. E ainda hoje, em alguns lugares do continente
africano e indiano, ainda é assim.

Outro fator importante a ser considerado ao comparar duas pessoas


distintas dentro de uma sociedade e cultura, é a sua faixa etária. Uma criança no
Brasil, por exemplo, não pode sair para trabalhar, da mesma forma que um
adulto não pode dirigir e votar se não tiver na faixa etária permitida. Há um
sistema de leis implicado na cultura da associação que a impede de fazer certas
tarefas, sendo assim ela não poderá exercer total papel em sua cultura.

A participação do indivíduo em sua cultura é sempre


limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os ele
mentos de sua cultura. Este fato é tão ver dadeiro nas
sociedades complexas com um alto grau de especialização,
quanto nas simples, onde a especialização refere-se a penas às
determinadas pelas diferenças de sexo e de ida de. (LARAIA,
2001, p. 80).

No entanto, os indivíduos devem ter um conhecimento mínimo de sua


cultura para se comunicar com outros membros da sociedade. Todos precisam
saber como agir em determinadas situações e também como prever o
comportamento dos outros para controlar a situação, e mesmo assim a
insanidade pode ocorrer porque “em nenhuma sociedade todas as condições
são previsíveis e controladas”. No entanto, o conhecimento mínimo ajuda a
manter a ordem social.
A cultura tem uma lógica própria

Cada sistema cultural tem sua própria lógica e nada mais é do que ações
etnográficas. A coerência das práticas culturais só pode ser analisada em função
do sistema a que pertencem. O pensamento selvagem tem um intelecto mágico
que aproxima e que faz do primeiro uma metáfora para o segundo, ao invés de
um contínuo, religião e ciência.

O fenômeno da presença da vida é explicado apenas pela mediação de


dispositivos ópticos. As tentativas de explicar o início e o fim da vida humana
são, sem dúvida, responsáveis pelo surgimento de vários sistemas filosóficos
que esclarecem o que o grupo aceita para a procriação humana que regulará
todo o comportamento social.

Entrando nesse contexto, todas as sociedades humanas proporcionam


uma justificativa valida para seus comportamentos. A partir disso, pode se dizer
que o que é determinado para um grupo pode não ser para outro, surgindo as
diversas etnias presente pelo mundo, cada uma com sua cultura e costume.

Outra é concepção dos índios Tupi, também do Brasil.


Para estes, a criança exclusivamente do pai. Ela existe
anteriormente como uma espécie de semente do interior do
homem, muito tempo mesmo antes do ato sexual que a
transferirá para o ventre da mulher. No interior desta, a criança
se desenvolve sem estabelecer nenhuma consanguínea com a
esposa do PAI. A mulher não passa, então, de um recipiente
próprio para o desenvolvimento do novo ser. E ela será sempre
uma parente afim tanto de seu marido quanto de seu filho. Esta
teoria permite o matrimônio entre meio-irmãos, isto é, jovens que
tenha a mesma mãe e pais diferentes. (LARAIA, 2001, p. 78).
A cultura é dinâmica

No texto, Roque Laraia afirma que a cultura é dinâmica, já que sofre


alterações ao decorrer do tempo. E essas mudanças culturais resultam de
influências internas ou externas. Então a cultura está sempre se modificando,
seja qual for o seu ritmo, lento ou mais instantâneo e independentemente do que
motiva essa ação cultural.

A mudança cultural interna é praticamente imperceptível para quem não


possua uma boa base de observação dos fatores. Essa mudança é motivada
sucintamente pelas necessidades práticas, e pequenas reformulações nas
informações enviadas pelo senso comum.

Entretanto, nas mudanças culturais externas, essas alterações são mais


intensas, causando um maior impacto. Geralmente são causadas por
adversidades históricas, logo como catástrofes naturais, guerras e grandes
revoluções tecnológicas.

Da mesma forma que é fundamental para a humanidade


a compreensão das diferenças entre povos de culturas
diferentes, é necessário saber entender as diferenças que
ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento
que prepara o homem para enfrentar serenamente este
constante e admirável mundo novo porvir. (LARAIA, 2001, p.
101).

Você também pode gostar