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2. Segundo Roque de Barros Laraia (Cultura: um conceito antropológico.

Rio de
Janeiro: Zahar, 2008, pág. 21), “o determinismo geográfico considera que as
diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural”. A partir de 1920,
antropólogos procuraram demonstrar que existe uma limitação na influência geográfica
sobre os fatores culturais.
Explique como a Antropologia compreende as relações entre os fatores culturais e o
ambiente físico.

3. Os Bambara (grupo que vive no Mali) consideram a velhice uma conquista. Para
eles, o envelhecimento é concebido como um processo de crescimento que ensina,
enriquece e enobrece o ser humano. (....) Para os Bambara, a idade é um elemento
determinante da posição de cada indivíduo na sociedade. Toda a vida social é
organizada segundo o princípio da senioridade. Considera-se que os mais velhos
estão mais próximos dos ancestrais e, por esta razão, detêm a autoridade. Respeito e
submissão marcam o conjunto de atitudes e comportamentos dos mais jovens para
com os mais velhos.
(UCHÔA, Elizabeth. “Contribuições da antropologia para uma abordagem das
questões relativas à saúde do idoso”. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro,
19(3): 849-853, mai-jun, 2003.)
A partir da leitura do trecho acima, explique de que modo o envelhecimento é
fenômeno que ultrapassa a dimensão biológica.

4. Nas abordagens sobre o homem como objeto da Antropologia, é necessário


compreender as relações fundamentais entre cultura e biologia. Com base em Laraia
(LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2008), explique como a cultura pode interferir no plano biológico.

2. Como a humanidade foi uma só na origem, sua trajetória tem sido essencialmente
uma, seguindo por canais diferentes, mas uniformes, em todos os continentes, e muito
semelhantes em todas as tribos e nações da humanidade que se encontram no
mesmo status de desenvolvimento. Segue-se daí que a história e a experiência das
tribos indígenas americanas representam, mais ou menos aproximadamente, a história
e experiência de nossos próprios ancestrais remotos, quando em condições
correspondentes.
MORGAN, L. H. A Sociedade Antiga. In: Evolucionismo Cultural. Org: Celso Castro.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p. 22.
Qual tipo de postulado está colocado no texto acima? Explique-o.

3. (...) parece razoável julgar que, de modo geral, eles são verdadeiros, e que sua
proximidade e regular coincidência devem-se ao surgimento de fatos semelhantes em
vários distritos da cultura. Os fatos mais importantes da etnografia são provados dessa
maneira. A experiência leva o estudante, depois de algum tempo, a esperar que os
fenômenos da cultura, como resultados de causas similares de ampla atuação, devam
surgir repetidamente no mundo, e é isso que irá constatar. Ele chega mesmo a
desconfiar de afirmações isoladas das quais não conhece paralelo em outros lugares,
e espera que sua autenticidade seja demonstrada por relatos correspondentes vindos
do outro lado da terra, ou da outra ponta da história.
TAYLOR, E. B. A Ciência da Cultura. In: Evolucionismo Cultural. Org: Celso Castro.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p. 36.
Como é tratada, com base no texto, a suposta evidência científica para a construção
da teoria da evolução cultural unilinear defendida pelos antropólogos evolucionistas?

4. Já foi o tempo em que se admitia existirem sistemas culturais lógicos e sistemas


culturais pré-lógicos. Levy Bruhl, em seu livro A mentalidade primitiva, admitia mesmo
que a humanidade podia ser dividida entre aqueles que possuíam um pensamento
lógico e os que estavam numa fase pré-lógica. Tal afirmação não encontrou, por parte
dos pesquisadores de campo, qualquer confirmação empírica. Todo sistema cultural
tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar
transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é
de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de
irracionalismo.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2003, p. 87.
Levando em consideração o texto acima e os seus conhecimentos sobre o conceito de
cultura, explique a abordagem etnocêntrica dos antropólogos evolucionistas.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA AS QUESTÕES 2 E 3.

Os debates em torno do chamado “infanticídio indígena” — o assassinato de crianças


portadoras de deficiência física ou mental, ou de crianças gêmeas, praticado por
determinadas comunidades indígenas — têm gerado polêmica entre aqueles
interessados na questão indígena no Brasil. Atualmente, tramita no Senado Federal
um projeto de lei que visa combater esta prática, tida como uma “tradição cultural
cruel”, sob a alegação de que se deve garantir o direito à vida das crianças indígenas.
Defensores dos direitos indígenas alegam que o projeto desrespeita a autonomia dos
povos indígenas no Brasil, e seus modos de vida, além de criminalizá-los.

2. A partir da leitura do trecho, aponte três exemplos de concepções etnocêntricas em


relação aos povos indígenas.

3. Defina e exemplifique o conceito de relativismo cultural.

4. Admitamos por ora que a estrutura genética de um indivíduo determine sua cultura.
As ações de suas glândulas, seu metabolismo basal etc. são elementos que
encontram expressões em sua personalidade. A personalidade neste sentido significa
as características emocionais, volitivas e intelectuais biologicamente determinadas que
governam a maneira como um indivíduo reage à cultura em que vive. A constituição
biológica não faz a cultura. Ela influencia as reações do indivíduo à cultura. Assim
como o meio geográfico ou as condições econômicas não criam uma cultura,
tampouco o caráter biológico de uma raça cria uma cultura de tipo definido. (...) os
êxitos de negros cultos como cientistas, médicos, advogados, economistas são ampla
prova de que a condição racial de um indivíduo não é um obstáculo à sua participação
na civilização moderna. A cultura é, assim, resultado de inúmeros fatores que
interagem entre si e não existe evidência de que as diferenças entre as raças
humanas, particularmente não entre os membros da raça branca, tenham qualquer
influência diretiva sobre o curso do desenvolvimento da cultura.
BOAS, Franz. A mente do ser humano primitivo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p. 135.
Explique a crítica de Boas expressa no texto acima.

2. Imagine-se o leitor sozinho, rodeado apenas de seu equipamento, numa praia


tropical próxima a uma aldeia nativa, venda a lancha ou o barco que o trouxe afastar-
se no mar até desaparecer de vista. Tendo encontrado um lugar para morar no
alojamento de algum homem branco – negociante ou missionário – você nada tem
para fazer a não ser iniciar imediatamente seu trabalho (...). Suponhamos, além disso,
que você seja apenas um principiante, sem roteiro e sem ninguém que o possa auxiliar
– pois o homem branco está temporariamente ausente ou, então, não se dispõe a
perder tempo com você. Isso descreve exatamente minha iniciação na pesquisa de
campo, no litoral sul da Nova Guiné. Lembro-me das longas visitas que fiz às aldeias
durante as primeiras semanas; do sentimento de desespero e do desalento real com
os nativos e deles conseguir material para a minha pesquisa. Passei por fases de
grande desânimo, quando então me entregava à leitura de um romance qualquer,
exatamente como um homem que, numa crise de depressão e tédio tropical, se
entrega à bebida.
(MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: A bril Cultural,
1995, p. 19)

Explique a abordagem sincrônica da sociedade e também apresente a novidade que o


autor traz para a obtenção de dados no trabalho de campo.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA AS QUESTÕES 3 E 4.

Malinowski, assim como Boas, apresentou um dos mais importantes exemplos


etnográficos da antropologia: o anel de Kula: colares eram trocados no sentido horário
de uma ilha Trobriand para outra, e braceletes eram trocados no sentido anti-horário.
(...) o intercâmbio aumentava o nível de interação e diminui o grau de hostilidade entre
os povos das várias ilhas (...).
STANLEY, R. B. Antropologia: guia do estudante à teoria e ao método antropológico.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015, p. 79.

3. Explique a metodologia defendida por Malinowski para entender o funcionamento


das sociedades.

4. Malinowski era um relativista? Justifique.

4. Cultura é o quê? Cultura são mãos empoeiradas, pés rachados, no chão, árido, seco, mas
com uma esperança de que tudo vai melhorar. Cultura são mãos calejadas da roça, sofrida, da
criança brincando de esconde-esconde, de bolinhas de gude, de pião, arrastando a bunda no
chão, das roupas rasgadas, mas feliz com apenas um pedaço de pão.
Trecho extraído do pronunciamento do Secretário Estadual de Cultura, Márcio
Meirelles, no vídeo de apresentação da II Conferência Estadual de Cultura.
Cultura é mulher rendeira, oleira, tecendo tricô, crochê, costurando cobertor de tacos de
panos. É valorizar a vida das pessoas conforme seus princípios, sua criação... mais o amor
valendo em tudo para superar os maus tratos as dores... e você se vê valorizado pelo que é, faz,
e projeta. Cultura é tudo que você imagina, realiza, sonha, projeta e ajuda a transformar
realidades.
Joeldo Santana São José do Jacuípe-BA, 22/01/2004.
Considerando os textos acima explique o conceito de cultura para as Ciências Sociais,
enfatizando a diferença entre o plano biológico/natural e o plano cultural. (1,0)
(5 linhas)

5.
Frase 1:
“Nós todos sabemos que as pessoas precisam de cultura neste país. Um povo sem
educação é um povo condenado”.
Frase 2:
“A cultura brasileira é riquíssima. Vejam só nossa música, nossa culinária, nossas
festas!”
As duas frases acima apresentam o termo cultura com conotações diferentes. Qual das
duas apresenta a utilização de cultura no sentido antropológico? Justifique sua resposta.
(1,0)
(4 linhas)

6. Explique a seguinte frase: (1,0)


“A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que
pertence”.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008).
(5 linhas)
7. Por muito tempo, os antropólogos acreditaram que o mundo caminha para a
homogeneização definitiva. Por isso a pressa de estudar as outras culturas antes que elas
desapareçam, antes que tudo fique igual para sempre. O estudo de fenômenos como o mundo
funk carioca mostra que novas diferenças podem ser criadas a qualquer momento, mesmo
dentro de uma realidade ‘controlada’ pelas multinacionais do disco e da televisão.
VIANNA, Hermano. Funk e cultura popular carioca. Estudos Históricos, Rio de
Janeiro, vol. 3, n. 6, 1990, p. 244-253.
A partir da concepção antropológica de cultura, haveria uma forma de hierarquizar
estilos musicais? Explique. (1,0)

4. Leia com atenção o texto a seguir.


Há alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma palavra em
inglês e que estava evidentemente perplexo com os costumes americanos. Pelo 'sangue',
era tão americano como qualquer outro, pois seus pais haviam nascido em Indiana e
tinham ido para a China como missionários. Órfão desde a infância, o rapaz fora
criado por uma família chinesa, numa aldeia perdida. Todos os que o conheceram o
acharam mais chinês que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros
impressionava menos que o andar, os movimentos dos braços e das mãos, a expressão
facial e os modos de pensar que caracterizam os chineses. A herança biológica era
americana, mas a formação cultural fora chinesa. Ele acabou retornando à China, seu
verdadeiro lar.
KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia: um espelho para o homem, pág. 30.
Levando em consideração o texto acima e os seus conhecimentos sobre o conceito de
cultura, explique detalhadamente a diferença existente entre o plano biológico e o plano
cultural. (6,0)
(6 linhas)
5. “Do ponto de vista da antropologia é impossível uma pessoa, grupo ou mesmo uma
sociedade inteira ser desprovida de cultura.”
Explique a afirmação acima mobilizando os argumentos das escolas antropológicas
vistas em sala. (6,0)
(5 linhas)
Leia o texto a seguir e responda as questões 6 e 7:
Já foi o tempo em que se admitia existirem sistemas culturais lógicos e sistemas
culturais pré-lógicos. Levy Bruhl, em seu livro A mentalidade primitiva, admitia mesmo
que a humanidade podia ser dividida entre aqueles que possuíam um pensamento
lógico e os que estavam numa fase pré-lógica. Tal afirmação não encontrou, por parte
dos pesquisadores de campo, qualquer confirmação empírica. Todo sistema cultural
tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar
transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é
de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de
irracionalismo.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2003, p. 87)
6. Levando em consideração o texto acima e os seus conhecimentos sobre o conceito de
cultura, explique a abordagem etnocêntrica dos antropólogos evolucionistas. (6,0)
(6 linhas)
7. Explique as críticas a teoria evolucionista feita pela abordagem relativista da cultura
produzida por Franz Boas. (6,0)
(7 linhas)

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