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Universidade Estadual do Maranhão

Curso de Direito
Antropologia Jurídica
Manoel Cleber Sampaio Silva

RESUMO: ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. Brasiliense, 2017.

O Etnocentrismo não é um termo exclusivo das sociedades modernas. Na


realidade já existe há muito tempo. É fruto da construção do “eu”, do “nosso” e como
os outros são diferentes. É, em termos mais técnicos, o julgamento que fazemos da
cultura do outro nos termos da cultura do nosso, de nossa visão a partir do nosso
grupo. O etnocentrismo está relacionado com os próprios consumes e tradições dos
grupos, concepção de desenvolvimento e valores sociais seguidos. Exemplo disso, é
como é contada a história do descobrimento do Brasil e como os índios, digo indígena,
foram retratados na época, e como essa concepção de selvagem, preguiçoso,
ultrapassado e bárbaro dado ao indígena se reflete e é ressonante na sociedade atual.

O etnocentrismo está ligado à ideologia, à indústria cultural. Está ligada à


concepção que tenho do outro, contanto, é possível combater essa visão etnocêntrica
pela relativização das concepções. Nesse contexto, a Antropologia Social surge com o
compromisso de superação, vê as diferenças como alterativas, soluções e limites
existenciais do homem. Ela busca analisar entre as diversas culturas, sem, contudo,
comparar, criticar, julgar ou majorar.

O século XVI foi o grande impulsionador dessas descobertas: as grandes


navegações proporcionaram ir à além mar. É nessas viagens e em contato com a
diferença que se buscou explicar as diferenças. Chamou-se de evolucionismo.
Contanto, não foi capaz de superar todas as expectativas, mas foi a primeira tentativa
de sistematizar o pensamento sobre o outro. Houve um verdadeiro choque cultural
entre o velho e o novo mundo.

Já o século XX trouxe avanços significativos na área antropológica. O


Etnocentrismo se restringe, mas continua vivo e altivo, não se abate com a percepção
de relativização dentro do campo de saber da antropologia.
Embora o Evolucionismo tenha dado os primeiros passos, no século XX, Franz
Boas, rompe com a centralidade da cultura europeia frente aos demais povos. Para
ele, as culturas devem ser estudadas em seus pormenores, pois cada cultura é fruto de
diversas variáveis que devem ser consideradas. Nesse viés, a Antropologia se baseia na
relativização, enquanto as ideologias sobrevivem nos extremismos. Merece destacar a
grande obra de Gilberto Freire, “Casa grade e Senzala”, que descreve o Brasil a partir
de recortes minuciosos de clima, geografia, economia, colonização, formação do povo
brasileiro, por uma análise relativizada.

A relativização deu passos significativos em relação ao etnocentrismo. Nomes


como Durkheim, Malinowski, Radcliffe-Brown foram significativos para a Antropologia e
Ciências Sociais. Cada um à sua maneira contribui de forma significativa para o conhecimento
e maturidade da ciência. Logo os termos evolucionismo, como algo tende a mudar a se
melhorar, evoluir e difusionismo, como o estudo de cada história social, suas trocas,
contribuições e análise específica de cada cultura, particular, de Radcliffe-Brown. Ambos
tiveram preocupações diferentes de análise.

O Antropólogo precisa experienciar a cultura dos outros. Deve analisar sobre


sua própria lente, fazer trabalho de campo. Para ele é possível a comparação, mas
comparação relativizadora: cada objeto é analisado diferente de acordo com a cultura
a qual está submetido. E com Durkheim, busca-se refutar a explicação reducionista dos
fatos sociais pelos olhos individuais. Para ele, são os fatos sociais que movimenta o individuo
de forma coercitiva para a participação independente de sua vontade. Mas com Lewis-Strauss
que efetivamente se estabelece a Antropologia. Pensa-se numa análise a partir do complexo e
do relativo.

Indagações

O etnocentrismo pode ser definido como a análise do diferente a partir do conceito do eu.
Para Durkheim, os fatos sociais são externos e coercitivos. Como a sociedade atual pode se
movimentar para a relativização se vivemos presos as diversas ideologias (uma delas,
evolucionismo, progresso)?

Como vê o diferente de forma relativa se não conseguimos detectar as próprias ideologias que
nos movimentam coercitivamente?

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