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Animação Socioeducativa

DESIGNAÇÃO DA UFCD: Animação socioeducativa

CÓDIGO DA UFCD: 4291

CARGA HORÁRIA: 25 horas

FORMADORA:

JOANA MOTA DE FREITAS


Animação Socioeducativa

Objetivos Gerais
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• Analisar a importância da animação socioeducativa no desenvolvimento social.

• Identificar os espaços e grupos-alvo da intervenção em animação socioeducativa

Objetivos Específicos

•Identificar conceito de animação, ensino e formação;

•Reconhecer as diferenças entre pedagogia social e participação social;

•Reconhecer o conceito de educação socioeducativa assim como a sua


intervenção;

•Identificar os espaços e grupos-alvo de intervenção em animação


socioeducativa;

•Identificar os espaços lúdicos e a sua importância;

•Planificar projetos de desenvolvimento local;

•Reconhecer as estruturas de formação e educação para adultos;

•Identificar as estratégias de intervenção.

Joana Mota de Freitas


Animação Socioeducativa

Conteúdos Programáticos
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• A Animação como função educativa

o Educação, ensino e formação

o Pedagogia social e participação social

o Animação socioeducativas – prevenir e intervir

• Espaços e grupos-alvo de intervenção em animação socioeducativa

o O espaço escolar e a comunidade educativa

o Estruturas complementares à escola (atl, ludoteca, biblioteca, ...)

o Espaços lúdicos

o Projetos de desenvolvimento local

o Estruturas de educação e formação de adultos

• Estratégias de Intervenção

o O estímulo da criatividade

o A promoção da literacia

o A diversidade cultural, fator de enriquecimento pessoal e da comunidade

o A interação com a comunidade local

o O envolvimento da família no processo educativo

Joana Mota de Freitas


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INTRODUÇÃO:
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A valorização do ser humano e a formação pessoal e social de crianças e jovens


foi sempre uma das preocupações que acompanhou a educação ao longo da sua
história. A justificá-lo, numa breve análise retrospetiva pelo século XX, são de salientar
os seguintes aspetos: a valorização que a 1ª República quis dar à formação cívica ao
incluí-la no currículo, em substituição da religião moral; a Lei nº 46/86, Lei de Bases do
Sistema Educativo, que estabelece o quadro geral do sistema educativo e cujo
imperativo é a introdução de uma dimensão ética e cívica que prepare crianças e jovens
para o exercício da cidadania, e que estimule nas crianças e jovens o seu
desenvolvimento pessoal e social.

A Educação veio assim adquirindo importância fundamental no e para o


Desenvolvimento Pessoal e Social, embora com o fim do século XX se tenha instalado
um certo fatalismo que persiste no começo do século atual, podendo mesmo dizer-se
que “vivemos um período em que as instituições educativas tradicionais estão a perder
a capacidade de transmitir eficazmente valores e modelos culturais de coesão social”
(Barbosa, 2001: 82), o que exige uma mudança profunda das estruturas e dinâmicas de
funcionamento, quer da escola quer das relações entre educadores/professores e
educandos, quer mesmo dos educadores/ /professores com a comunidade educativa.

Joana Mota de Freitas


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Para refletir:
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“a responsabilidade perante nós e perante os outros, consciência de deveres e direitos,


impulso para a solidariedade e para a participação, é sentido de comunidade e de
partilha, é insatisfação perante o que é injusto ou o que está mal, é vontade de
aperfeiçoar, de servir, é espírito de inovação, de audácia, de risco, é pensamento que
age e ação que se pensa”

Jorge Sampaio, 2000

O Animador é aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, deve ser capaz de
elaborar, e executar um plano de intervenção, seja numa instituição, ou numa comunidade,
utilizando diversas técnicas, desde culturais, sociais, educativas, desportivas, cognitivas, lúdicas
e recreativas. Para que o Animador desempenhe de forma eficaz as suas funções, existem três
áreas fundamentais que este deve ter em conta, são elas, o ser, o saber ser, e o saber fazer.

O ser é constituído pela sua identidade pessoal.

O saber ser remete aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar eficazmente a sua
tarefa formativa.

O saber fazer refere-se á metodologia usada para dar vida ao grupo que anima, a qual é
sempre o reflexo do seu ser e do seu saber.

Face ao exposto compete ao Animador dar tempo, e espaço para que a vida floresça nos
participantes. Através das suas atitudes, o Animador promove o protagonismo, a liberdade, a
responsabilidade, e o crescimento do destinatário (sejam crianças, jovens, séniores).

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1. A Animação como função educativa


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O que é Educação num contexto didático e num contexto Pedagógico?

Desde a época de Platão, o termo educação foi centro dos debates. Para ele era
dar ao corpo e a alma toda beleza e perfeição que fosse possível. Émile Durkheim
considerava a Educação a preparação para a vida. Para Pestalozzi, a educação do ser
humano deve responder às necessidades do seu destino e às leis de sua natureza. Para
José Martí, é depositar em cada homem toda a obra da humanidade vivida, é preparar
o ser humano para a vida.

Segundo o ICCP (1988) entende-se por educação o conjunto de influências que a


sociedade exerce sobre o indivíduo. Isso implica que o ser humano é alvo de educação
durante toda a vida. A educação consiste num fenómeno social historicamente
condicionado e com um marcado caráter classista. Através da educação garantir-se-á a
transmissão de experiências de uma geração à outra. (ICCP, 1988, p.31) Segundo Lênin,
V (apud. ICCP, 1988), a educação é uma categoria geral e eterna, pois é parte inerente
da sociedade desde seu surgimento. Também, a educação constitui um elo essencial no
sucessivo desenvolvimento dessa sociedade, a ponto de não conceber progresso
histórico-social sem sua presença. Para Martins,J (1990) a educação é um processo de
ação da sociedade sobre o indivíduo, visando integrá-lo segundo os seus padrões sociais,
económicos, políticos, e os seus interesses. Reconhece-se aqui a necessária preparação
para a vida, já referida em outras definições e que só se logra a através de convicções
fortes e bem definidas de acordo com esses padrões. Por isso é tão importante, mais
que uma definição o mais precisa possível, a caracterização deste objeto de estudo e
pesquisa da Pedagogia. Para uns, Educação é processo, para outros é categoria, ou
fenómeno social, ou preparação, ou conjunto de influências, e muitos conceitos mais.

A educação tem as seguintes características:

•É fato histórico, pois perdura no tempo;

•É um processo que se preocupa com a formação do homem na sua plenitude;

•Busca a integração dos membros de uma sociedade ao modelo social vigente;

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•Simultaneamente, busca a transformação da sociedade em benefício dos seus


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membros;

•É um fenómeno cultural, pois transmite a cultura de um contexto de forma global;

•Direciona o educando para a autoconsciência;

•É ao mesmo tempo, conservadora e inovadora.

Deve-se analisar que a educação, mais que processo, mais que um conjunto de
influências, e outras, é uma atividade. Como toda atividade tem orientação, portanto,
pode ser planeada. É processo, pois está constituída por ações e operações que devem
ser executadas no tempo e no espaço concreto. É resultado que expressa ou manifesta
uma cultura, como fato sócio histórico.

Mas, o que é educação?

A Educação é uma atividade social, política e económica, que se manifesta de


diversas formas e cujo sistema de ações e operações exercem influência na formação
de convicções para o desenvolvimento humano do ser social e do ser individual. Neste
último aspeto vale destacar que o ser humano que se pretende construir, desde a ótica
como ser social, deve ser um cidadão culto, respeitador, com as principais virtudes. Esse
ser humano deve ser... ...desenvolvido simultaneamente nos planos, físico e intelectual,
com consciência clara das suas possibilidades e limitações. Um homem munido de uma
cultura que lhe permita conhecer, compreender e refletir sobre o mundo. Isso significa
que a educação pode ser direcionada, considerando a expressão social que deve refletir
na consciência de cada pessoa. Por outro lado, deve-se também trabalhar, nessas
influências que exerce a sociedade e o estado na formação humana do ser individual,
onde: O homem independente, mas não isolado, que conhecendo suas capacidades
físicas, intelectuais e emocionais, e senhor de uma visão crítica da realidade, seja capaz
de atuar de forma eficaz e eficiente nessa realidade. Resumindo, a educação, como
fenómeno inerente à sociedade, é orientação, é processo e expressão de uma cultura
sociopolítica. Pois como atividade, está constituída por esses aspetos. Por outro lado,

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sabe-se que o ser humano se realiza culturalmente em tempo e espaço, e que a


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complexidade dos fenômenos sociais e a quantidade de cultura emanada de muitas
gerações, precisam ser otimizadas no tempo. Resumindo, não deveria utilizar-se o
termo Educação como sinónimo de instrução ou ensino, ao menos seria factível a
palavra composta "Educação Escolar" o qual cientificamente falando, implicaria outra
coisa diferente de ensino ou instrução. Nessa distinção reside uma das questões das
ambiguidades no uso e diferenciação dos aspetos tratados aqui. Essas ambiguidades dão
origens a outras. Por isso, e em busca de seu aperfeiçoamento social e individual, surge
o processo pedagógico, que não deve confundir-se com o processo docente, com
educação, ou com o processo educativo. O processo pedagógico, como aspeto
consciente dentro do planeamento educacional, surge a partir das mudanças sofridas
pela sociedade e com o objetivo de construir determinado protótipo de ser humano.
Por isso, um dos meios importantes para influir na construção desse novo ser, é através
do adequado planeamento educacional. Aí, os programas, planos, e projetos, resultado
dessas atividades de gestão educativa, serão introduzidos e generalizados como forma
ideal para orientar, executar e controlar o trabalho educativo. Portanto, é nessa
perspetiva que o termo educação é considerado dentro do campo da didática.

O que é o Ensino? Este é um termo que tem sido utilizado indistintamente para
se referir ao que se define como educação, e também tem sido empregue com a
denotação dada aqui de ensino. Isso traz consigo um grande dilema. Soma-se a essa
ambiguidade do termo, o fato de existirem erros de tradução de um idioma a outro.
Assim, "a instrução constitui o aspeto da educação que compreende o sistema de
valores científicos culturais, acumulados pela humanidade". Nesta perspetiva nota-se a
coincidência com o próprio termo de educação. A instrução, não é diretamente um
aspeto da educação, nem reside dentro desta, nem é inerente a ela; porém, deve ser
considerada essa instrução, como uma das melhores formas de aperfeiçoar e otimizar o
processo educativo, o que é diferente. O Ensino não é inerente à educação; não
obstante, através da instrução/ensino pode-se desenvolver a educação. Se os
especialistas que consideram a instrução ou ensino como parte inerente à educação, se
eles estiveram certos, não existiriam pessoas bem instruídas, pessoas já formadas,

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porém “mal educadas”. Ou também, não existiriam analfabetos, sem alguma instrução,
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com uma "boa educação". Na literatura pedagógica o conceito de instrução emprega-
se, na maioria das vezes, com o significado de ministrar e assimilar conhecimentos e
habilidades, com a formação de interesses cognoscitivos e talentos, e com a preparação
para as atividades profissionais. O ICCP (1988), também valoriza a instrução com essa
mesma perspetiva profissionalizante quando expressa que: o conceito expressa o
resultado da assimilação de conhecimentos, hábitos e habilidades; caracteriza-se pelo
nível de desenvolvimento do intelecto e das capacidades criadoras do homem. A
instrução pressupõe um determinado nível de preparação do individuo para sua
participação numa ou outra esfera da atividade social. Portanto, a instrução não forma
parte do conceito de educação, nem existe uma denominada lei de unidade da instrução
e a educação. A instrução, como manifestação concreta do ensino, é uma ação didática
que desenvolve o intelecto e a criatividade dos seres humanos com conhecimentos e
habilidades que os prepara para desenvolver atividades socioculturais.

A Educação centra-se na formação do ser humano, especificamente na


construção da personalidade, enquanto o Ensino reflete o processo de otimização da
aprendizagem, a qual ajuda na formação do ser humano, mas não o define. Já a
Instrução é uma forma de manifestar-se o ensino, onde se focaliza os aspetos de
conhecimentos e saberes da realidade objetiva e subjetiva, que complementam o treino
e a formação qualificada. A Educação às vezes confunde-se com ensino, o que fica claro
é que o processo inverso não acontece.

Podemos considerar a expressão ensino-aprendizagem como uma relação e não


um objeto de estudo. Quando alguém denomina um homem de pai, utilizando o termo
de pai com a significação de pai biológico, é porque esse ser humano masculino tem,
como mínimo, um filho. Portanto, qualquer homem não é pai; só aquele que gerou um
descendente. Algo parecido, salvando a analogia, sucede com a palavra ensino. Se um
determinado professor realiza uma atividade que não gere uma "aprendizagem"
objetivada, essa atividade não pode ser denominada de ensino. Portanto, se não é lógico
utilizar a palavra composta pai-filho, para designar um ser humano masculino que gerou
um descendente dele, também é ilógico supor que a palavra composta "ensino

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aprendizagem", substitua o objeto: ensino. O ensino é "um processo bilateral de ensino


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e aprendizagem".

Considerando estas ideias, fica claro que não é preciso a utilização da


composição léxica "ensino aprendizagem" para destacar a importância da
"aprendizagem" neste processo, pois ela é inerente ao ensino.

"Educar a um homem não é ensinar alguma coisa que não sabia, senão fazer dele
o homem que não existia." (GUYAU, J apud. ISÓIS, J. 1976)

Formação: do conceito à prática

A ação e do efeito de formar ou de se formar (dar forma a/constituir algo ou,


tratando-se de duas ou mais pessoas ou coisas, compor o todo do qual são partes).

A formação também se refere ao modo como uma pessoa foi criada na sua
infância e adolescência, isto é, à educação que recebeu.

A formação académica é algo muito importante para se desempenhar


determinadas funções, sendo que para muitas delas é obrigatória. A formação
académica é um processo pelo qual o estudante passa a fim de desenvolver as
capacidades e competências necessárias, bem como, para aperfeiçoar os seus
conhecimentos. Desse modo, o estudante adquire o que precisa para desempenhar uma
atividade profissional.

Pedagogia social

A Pedagogia Social fixa a sua base epistemológica nas áreas das Ciências da
Educação. É considerada uma ciência por possuir campo próprio de atuação e a área
própria de conhecimento, a Educação Social. A ação sociopedagógica é a técnica de
trabalho. Utiliza-se dos métodos observação, descrição, comparação, análise e síntese

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para executá-lo. O objeto de estudo da pedagogia social é a educabilidade social do


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sujeito. Caliman (2010) define a pedagogia social como: uma ciência, normativa,
descritiva, que orienta a prática sociopedagógica voltada para indivíduos ou grupos, que
precisam de apoio e ajuda em suas necessidades, ajudando-os a administrarem seus
riscos através da produção de tecnologias e metodologias socioeducativas e do suporte
de estruturas institucionais (CALIMAN, 2010, p. 352).

Nos dias de hoje está voltada ao caráter de desenvolvimento social, à formação


dos indivíduos. As Instituições socioeducativas, assim chamadas por desenvolverem
atividades de cuidado e ajuda que se situam tanto no âmbito da assistência social como
da educação social, emergem inúmeras experiências, saberes, metodologias em torno
de suas práxis. Segundo Caliman (2010), as experiências dentro das práticas educativas,
tendem a ser pesquisadas e sistematizadas resultando num amplo laboratório para a
pedagogia social. Esta pedagogia nasceu da urgente necessidade de desenvolver ações
organizadas, para pessoas em situações sociais adversas. Estas ações concretizam-se nas
instituições socioeducativas, com diversas tipologias ou modalidades de atendimento,
que reformulam programas assistencialistas de ações caritativas em projetos
educativos, aumentando o número de educadores sociais e acrescente demanda de
formação específica no âmbito da educação social. A pedagogia social oferece bases
metodológicas e teóricas que viabiliza a educação social.

A educação social é um conjunto fundamentado e sistematizado de práticas


educativas não convencionais realizadas preferencialmente _ ainda que não
exclusivamente _ no âmbito da educação não formal, orientadas para desenvolvimento
adequado e competente dos indivíduos, assim como para dar respostas aos seus
problemas e necessidades sociais. A educação social constitui-se numa dimensão prática
de aplicação das técnicas, metodologias, dinâmicas geradas na Pedagogia Social.
Ressalta também que as duas devem caminhar juntas, pois uma associa à teoria, a outra
à prática. Muitos confundem e associam educação não formal e educação social, porém
são claramente diferentes. A educação social constitui uma possibilidade de dar
respostas às necessidades educativas do mundo contemporâneo, com propostas
destinadas a um público determinado, com objetivos específicos. Já a educação não
formal tem caráter universal, visualiza processos educativos de aprendizagem e

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produção de saberes na sociedade como um todo. As práticas da educação não formal


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são passíveis de serem aplicadas a todos os grupos etários, de todas as classes sociais e
em contextos socioculturais diversos. O trabalho com essa modalidade educativa não
implica e nem exige, em princípio, uma diferenciação de classe. A educação não formal
não se confunde com educação social, ela somente delimita certos campos de atuação
da educação social. Ainda assim, a consolidação da pedagogia social ocorre
preferencialmente, ainda que não exclusivamente na educação não formal, nos campos
voltados a questões de cidadania, ambiental, ecológica, cultural, mobilização urbana,
enfoques da pedagogia social.

Existem ainda outros enfoques dos trabalhos realizados na pedagogia social:


atenção à infância com problemas (ambiente familiar desestruturado, abandono);
atenção à adolescência (orientação pessoal e profissional, tempo livre, férias; atenção à
juventude (política de juventude, associacionismo, voluntariado, atividades, emprego)
atenção à família em suas necessidades existenciais (famílias desestruturadas, adoção,
separações); atenção à terceira idade; atenção aos deficientes físicos, sensoriais e
psíquicos; pedagogia hospitalar; prevenção e tratamento das toxicodependências e do
alcoolismo; prevenção da delinquência juvenil; atenção a grupos marginalizados
(imigrantes minorias étnicas, presos e ex-reclusos); promoção da condição social da
mulher; educação de adultos; animação sociocultural.

A pedagogia social possui os princípios que buscam ter a educação como


processo de formação integral do ser humano e como essência das relações com ele
próprio, com o outro, com a vida e com o meio ambiente. A pedagogia social não se
subordina a determinações político-ideológicas, doutrinárias ou dogmáticas e tem na
história, na cultura, no direito e no contexto social, as categorias orientadoras das ações
pedagógico-sociais.

Os três domínios da pedagogia social, com suas áreas específicas de


conhecimento, lócus e objetivos, dos quais:

a) o domínio sociocultural: tem como áreas de conhecimento as manifestações


expressas por meio da arte, da cultura, da religião, da música, da dança, nas diferentes
manifestações e modalidades esportivas, a culinária e a saúde. Tem como lócus todos

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os espaços públicos e privados de ações socioculturais, com objetivos de recuperação


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de suas dimensões históricas, culturais e políticas, com finalidade de dotá-las de sentido
para o público-alvo desta modalidade de ação;

b) o domínio sociopedagógico: tem como áreas de conhecimento a infância,


adolescência, juventude e terceira idade. O objetivo principal é promover intervenção
sociopedagógica para o desenvolvimento de competências sociais que permitam às
pessoas a rutura e superação da exclusão social dadas por condições de marginalidade,
violência e pobreza. Os abrigos, lares para idosos, instituições psiquiátricas e unidades
prisionais, a rua, a família e a empresa, são lócus privilegiado para a ação
sociopedagógica;

c) o domínio sociopolítico: tem como áreas de conhecimento os processos sociais


e políticos, expressos na forma de participação, protagonismo, associativismo,
cooperativismo, empreendedorismo, geração de renda e gestão social. Esta ação tem
como objetivo desenvolver competências para qualificar o indivíduo a participar da vida
social, política e económica da comunidade. Tem como lócus privilegiado as associações
estudantis, associações de pais, conselhos de escola, associações de moradores,
conselhos de direitos, movimentos sociais, organizações não-governamentais,
sindicados, partidos políticos e as políticas públicas e sociais.

Paulo Freire (representante nacional da pedagogia social), defendia a


transformação social por meio da consciencialização e mudança na mentalidade de
pessoas. A pedagogia social baseia-se na crença de que é possível decisivamente
influenciar circunstâncias sociais por meio da educação. Assim, a Pedagogia Social
começa com esforços em confrontar pedagogicamente aflições sociais na teoria e na
prática.

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Animação Socioeducativa

Animação socioeducativa – prevenir e intervir


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Animação Socioeducativa: conceitos, métodos e finalidades

Na apresentação e caracterização da Animação Socioeducativa é imprescindível


analisar a Animação Sociocultural – a base de todas as vertentes que a Animação
contém. De várias definições existentes para a Animação Sociocultural Jaume Trilla
(1998) descreve-a como um conjunto de ações executadas por indivíduos, grupos ou
instituições numa comunidade (ou num sector da mesma) e dentro do campo de ação
de um território concreto, com o objetivo primordial de impulsionar nos seus membros
uma postura de participação ativa no decurso do seu próprio desenvolvimento social e
cultural. A complementar esta afirmação, Matoso (2008) confere que
independentemente do contexto, as atividades implementadas pela animação são
sempre complexas e multidisciplinares, envolvendo os diversos ingredientes da
sociedade: economia, política, educação, cultura, meio ambiente, etc.

A robustez da Animação tem início na carência profunda do Homem atual fazer


experiências dinâmicas e intensas, por antítese à monotonia e à repetição do seu
quotidiano. Desta forma, buscam-se espaços e tempos que permitam sensações fortes
e experiências onde seja possível revelar criativamente as magnificências de cada um.
Assim, a animação possui princípios e instrumentos pedagógicos essenciais ao seu
método. Em larga escala a animação tem como missão apelar à universalidade do que é
comum entre as comunidades, destacando as diferenças; evidenciar a existência da
democracia e da sua realidade que é o conhecimento da cidadania individual e coletiva.
A animação surge a consciencializar para a diversidade, para a diferença, para a
liberdade, para a multiculturalidade e para a solidariedade. Embora a Animação seja
uma forma de promover o desenvolvimento individual e coletivo, a participação e a
educação, é essencial não confundir os conceitos de educação e escolaridade, pois a
educação é anterior à escola, antes de existirem escolas já existem práticas educativas.

A animação e a promoção da saúde: investir na prevenção

O sistema educativo deve permitir a coabitação das três variantes da educação:


formal, não formal e informal. Intrinsecamente inserida na educação não formal, a

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vertente educativa da Animação – A Animação Socioeducativa – é definida como uma


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forma de animação que procura essencialmente a educação do e no tempo livre das
crianças, jovens e também adultos, por via do jogo e das atividades aprazíveis em grupo.
Esta animação educativa ou pedagógica trabalha no sentido de desenvolver a motivação
para a formação contínua, recorrendo a métodos ativos e técnicas de participação nos
procedimentos de ensino aprendizagem. “A animação é um estilo educativo entre os
muitos existentes na tarefa educativa das sociedades contemporâneas: pressupõe uma
intencionalidade (objetivos educativos), uma operacionalização dos objetivos através de
um modo específico de intervir (estratégias educativas) e um processo sucessivo com
ações graduais (itinerário educativo)”. Esta via educacional extra sala de aula, a
animação, estritamente direcionada para conteúdos educativos e de forma mais geral
para o desenvolvimento humano saudável assenta a sua estratégia na promoção de uma
educação em contexto não formal e tende a uma educação global e permanente de
carácter lúdico, criativo e participativo.

O vigente método de interação social, neste caso com os mais novos, não se
limita à introdução dos diversos conceitos, trabalha-os e incita-os a um desenvolvimento
social e comunitário de forma participada. Por outras palavras é urgente observar a
educação como algo que vai mais além do que proporcionar/transmitir conhecimentos,
ou seja, como um elo de ligação do indivíduo à comunidade, uma forma para comunicar,
um meio para promover a expressividade, a criatividade e a confiança. Apesar de ser
indispensável trabalhar este aspeto educativo não formal, não se pode minimizar a
importância das outras duas vertentes da educação, considerando que o desejável seja
implementar as três de forma equilibrada.

De modo geral, no contexto escolar, geram-se processos destes três tipos de


educação: a formal; a informal, através das relações de pares; e a não formal constituída
pelas atividades extracurriculares. Indispensável é também o papel da família, pois a
intervenção socioeducativa pode verificar e tentar combater fragilidades e
instabilidades familiares.

Juntamente com a negligência surgem outras problemáticas: uma criança que


padece de negligência pode ser em simultâneo uma criança que se sente desmotivada
para brincar e para o jogo, em situação de abandono escolar, com pouca mobilização de

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recursos, que vive situações de habitabilidade precária e que não dispõe de proteção à
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saúde.

A animação sociocultural na Infância define uma tríade de funções constituída


pelo desenvolvimento social que consiste em fomentar o carácter transversal e inter
geracional, pelo desenvolvimento cultural que estimula potencialidades educativas,
terapêuticas e de variados desafios e o trabalho socioeducativo com a elaboração de
programas de tempo livre e ócio. No contexto da animação infantil confirma-se que “(…)
nos programas de intervenção, nas atividades e metodologias, encontraremos
processos específicos e diferenciais, fruto, por um lado do ajustamento às características
e necessidades dos grupos destinatários da sua ação e, por outro lado, da estreita
relação com a pedagogia do ócio”, ou seja, os métodos de ensinos usados nesses
momentos de tempos livres. A atividade lúdica afirma-se como um método que colabora
para a autonomia, flexibilidade e criatividade da criança, desenvolvendo através do jogo
soluções inovadoras, contrariando a reprodução de ideias convencionais.

O animador socioeducativo está creditado para trabalhar os tempos livres e o


ócio com os mais pequenos e até mesmo com os adolescentes ou idosos, ou seja,
realizar intervenção socioeducativa com crianças e jovens, mas também se apresenta
capaz de cumprir com outros âmbitos de atividade, tais como o desenvolvimento local
e intervenção comunitária, a animação e gestão sociocultural, educação e formação de
adultos e inclusão social e diversidade. De um modo geral o trabalho sociocultural
funda-se num conjunto de ações desenvolvidas a partir do conhecimento de uma
realidade, que procura incentivar os indivíduos, para a sua participação com o objetivo
de se transformarem em agentes dos seus próprios processos de desenvolvimento e das
comunidades onde se encontram.

As estratégias da Animação Sociocultural podem ser visualizadas de uma forma


tridimensional, sendo elas: a dimensão etária, ou seja, os públicos com que trabalha
desde o infantil à terceira idade como já foi anteriormente referido; o espaço de
intervenção remetendo para áreas urbanas ou rurais; e a pluralidade de âmbitos no que
diz respeito a sectores de áreas temáticas como, por exemplo, a educação, os tempos
livres, a saúde, o ambiente, o turismo, a comunidade, o comércio, o trabalho, etc.

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Animação Socioeducativa

O trabalho socioeducativo é completo, visto que se inicia com um diagnóstico


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atravessando as fases do planeamento e da intervenção e termina com a avaliação de
todo o processo. A evolução de um projeto prevê planeamento, execução e avaliação.
No decorrer destas várias fases é fulcral existir cooperação de modo que o
conhecimento possa ser partilhado e dividido entre os indivíduos da comunidade de
aprendizagem. O animador não é um portador de soluções, mas sim um gestor do
projeto onde trabalha “com” e não “para” o público-alvo de encontro ao seu objetivo.

O papel dos animadores através do estatuto do animador sociocultural onde


refere que o animador sociocultural, sendo detentor de formação adequada, possui a
competência de elaborar e executar um plano de intervenção, numa comunidade,
instituição ou organismo, empregando técnicas culturais, sociais, educativas,
desportivas, recreativas e lúdicas. Em suma, ter a animação como profissão é posicionar-
se entre a do educador social e a do agente social puro. E todo o trabalho sociocultural
e socioeducativo remete para um “(…) conjunto de técnicas e metodologias que têm a
finalidade de potenciar os processos de normalização das atividades da vida quotidiana
das pessoas, de provocar o desenvolvimento das capacidades preservadas e ao mesmo
tempo ajudar a recuperar as perdidas.”

2. Espaços e grupos-alvo de intervenção em animação socioeducativa

Em qualquer das suas modalidades, a animação adquiriu grande importância nas


sociedades ocidentais da atualidade. A finalidade de potenciar e de desenvolver as
capacidades humanas de relação, de convivência e de interajuda tem feito acreditar,
«que tudo é possível se as pessoas se reúnem para criar projetos comuns e participativos
na procura de maior qualidade de vida e de um renovado bem-estar social».

O Espaço escolar e a comunidade educativa: o envolvimento da família no processo


educativo

Na sociedade da informação, o número e a pluralidade de agentes multiplicou-


se. Não podemos alcançar aprendizagens de elevado nível se as famílias e a comunidade

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Animação Socioeducativa

não forem incluídas no processo e se as experiências dos alunos não forem trazidas para
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o processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento científico dispõe de evidências
sobre a importância da participação das famílias e de outras pessoas da comunidade,
nas escolas, em acordos de cooperação, entre todos os diferentes agentes educativos.
São diferentes os tipos de participação educativa da comunidade e o impacto que cada
uma pode ter na educação dos alunos. Uma das formas de participação, que propicia
melhores resultados educativos é a participação educativa de famílias e outros
membros da comunidade educativa (vizinhos, associações e entidades culturais, pessoal
não docente, voluntariado, etc.).

A participação da comunidade nas escolas também desempenha um papel muito


importante na superação das desigualdades de género na educação, sobretudo através
da colaboração dos membros femininos da família e de outras mulheres da comunidade.
A comunicação entre a Escola e as Famílias constitui o ingrediente básico para o
envolvimento parental na escola. Quando esta comunicação é eficaz, os Pais tendem,
com maior probabilidade, a confiar e a cooperar com os Professores e com a Escola, a
melhorar as interações com a Escola, a perceber a Escola e os Professores de modo mais
positivo, a compreender melhor as políticas da Escola e as ações dos Professores e a
acompanhar melhor os progressos da criança. A escola deve promover a comunicação
com as Famílias, disponibilizando canais de comunicação diversos, de modo a alcançar
todas as Famílias (ex. reuniões com encarregados de educação, telefonemas, caderneta,
e-mail) e a garantir tempo de interação entre os Pais e os profissionais da escola. Deve
inclusive promover o desenvolvimento das famílias, através de oportunidades de
formação e programas de educação parental, que tenham em conta as necessidades
particulares dos alunos e das suas famílias e a realidade sociocultural em que estão
inseridas, proporcionadas por técnicos especializados, onde se incluem os Psicólogos. A
comunicação da Escola com a Família não deve ser exclusivamente centrada nas
dificuldades do aluno na escola, a nível do comportamento e aprendizagem, mas deve
também constituir um momento de partilha e clarificação do Projeto Educativo da
escola. As reuniões individuais podem fornecer elementos acerca dos progressos e
dificuldades do aluno, mas também do potencial das famílias e de como estas podem
apoiar os filhos na resposta às suas necessidades ou a ultrapassar dificuldades mais

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Animação Socioeducativa

específicas. A escola deve garantir que as famílias compreendem os objetivos, o


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currículo e os objetivos sociais da escolarização (por exemplo, através do envio de
newsletters com linguagem clara e oportunidades de feedback; criação de um manual
de informação para os pais com a missão, objetivos, políticas, regras da escola; sessões
de perguntas e respostas sobre as políticas escolares). A escola deve envolver os Pais e
facilitar a sua participação nos processos de tomada de decisão da escola (por exemplo,
assegurar a participação de representantes dos pais nas reuniões, constituir equipas de
pais para transformação da escola numa Escola Saudavelmente). Os pais podem ser
envolvidos em atividades promovidas pela escola no espaço escolar. As famílias podem
ser convidadas a participar nos tradicionais dias comemorativos (por exemplo, no Dia
do Pai) mas participar também na melhoria do espaço escolar, na supervisão dos
recreios, no apoio à biblioteca e salas de estudo, na organização de tempos livres. Estas
ações pressupõem conhecimento pela escola da disponibilidade e competências das
famílias e, muitas vezes, a formação dos pais para funções específicas a desempenhar
na escola. Os pais são fundamentais na aprendizagem e no progresso académico dos
seus filhos. Neste sentido, é essencial que o professor informe os pais sobre as
competências que a criança deve adquirir nos vários momentos da aprendizagem e de
como se podem envolver em ações de aprendizagem articuladas com o trabalho do
Professor na sala de aula. O professor pode, por exemplo, semanalmente, comunicar
aos pais os seus objetivos de aprendizagem, apoiando-os a monitorizar e a encorajar
trabalhos para casa, por exemplo, de interação positiva com os pais. A escola pode
também apoiar os pais no desenvolvimento de condições que permitam a aprendizagem
em casa. Por exemplo, organizando formações, workshops ou newsletters sobre temas
relacionados com o sucesso educativo – literacia, trabalhos de casa, transições e
percursos escolares, entre outros temas pertinentes. Em anos de transição escolar,
surgem níveis de ansiedade consideráveis em algumas crianças, que se associam com
frequência a mudanças de estabelecimento de ensino e/ou de ciclo, que se traduzem
por vezes em diminuição significativa no desempenho escolar. É importante prevenir na
transição do 1º para o 2º ciclo de estudos, a dificuldade em responder adequadamente
às exigências e tarefas escolares, através por exemplo do desenvolvimento de
competências de gestão do tempo e de competências de estudo; ou prevenir a
vitimização de alunos mais novos pelos alunos mais velhos, por exemplo, através de uma

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boa monitorização dos recreios. Estas transições traduzem períodos de maior


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vulnerabilidade, correspondendo também a mudanças desenvolvimentais significativas
(por exemplo, o 5º ano de escolaridade e o aparecimento da puberdade). Importa que
as famílias sejam apoiadas a compreender estas tarefas desenvolvimentais e
necessidades e a encontrar respostas favoráveis a cada situação. A representação dos
pais nos órgãos de decisão da escola consiste numa estratégia de envolvimento dos pais
com carácter mais alargado. A representação dos pais nos conselhos gerais ou nas
turmas, por exemplo, está prevista na legislação em vigor. Contudo, os pais podem ainda
organizar-se através de associações de pais ou de grupos de reflexão para a resolução
de problemas e melhoria da vida escolar. As escolas devem ajudar a manter as
associações de pais ativas, procurando incentivar à participação pais de diferentes
grupos socioeconómicos ou profissionais, facilitando a cedência de instalações e de
encontros com as equipas diretivas das escolas.

3. Estratégias de Intervenção

Interação com a comunidade local

O envolvimento da comunidade é também importante. As famílias e os alunos podem


ser informados acerca dos recursos existentes na comunidade bem como acerca de
atividades recreativas e de ocupação de tempos livres, acontecimentos culturais,
serviços de saúde, serviços sociais. A colaboração em rede de diferentes instituições
pode ser importante para desenvolver atividades de formação/sensibilização aos pais
e aos alunos, disponibilizar recursos que satisfaçam necessidades da escola e promover
a integração e transição de alunos para instituições de ensino ou de trabalho.

A Animação Educativa como estratégia de desenvolvimento pessoal e social – A


diversidade cultural, fator de enriquecimento pessoal e da comunidade

A Animação Educativa potencia o desenvolvimento de atitudes de formação


pessoal e grupal adaptadas às contínuas mudanças. É um meio excecional para a
alteração do comportamento e de mentalidades que persistem, designadamente

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quando promove valores de solidariedade, de entreajuda e autoestima entre as pessoas,


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quando estimula a capacidade dos participantes para transformar ideias em projetos.

Contribuir para a formação de uma autoestima forte é o objetivo principal da


Animação Educativa, o que é particularmente relevante na medida que “quanto mais
positiva é a nossa autoestima mais preparados estamos para enfrentar as adversidades
e resistir às frustrações, mais possibilidades temos de ser criativos no nosso trabalho e
de encontrar mais oportunidades de estabelecer relações enriquecedoras, mais
dispostos nos sentimentos para tratar os outros com respeito e mais satisfação
encontramos pelo simples facto de vivermos” . A sua força reside no facto de que
“enquanto a educação necessita normalmente de motivações externas para se manter
como tal, a animação encontra em si mesma a sua própria motivação”, o que faz dela
uma ferramenta privilegiada ao serviço da construção da pessoa. Confrontada com a
missão de formar o homem cidadão, a escola atual é o lugar por excelência para levar a
cabo projetos de animação, uma vez que esta é “um instrumento nas mãos dos grupos
humanos que a utilizam para facilitar aos seus membros o acesso a determinados
valores, conhecimentos, habilidades e estratégias que se consideram importantes” e um
modo fundamental de transformação da ação educativa.

Estruturas de educação e formação de adultos

A animação educativa, enquanto meio ativo de desenvolvimento pessoal e


social, num contexto de formação com futuros formadores, visa ser um complemento
do desenvolvimento pessoal e social dos futuros educadores/professores, de forma a
desenvolver neles, ou a trazer à superfície princípios e valores fundamentais para que
se estabeleça uma dimensão humana no processo de ensino-aprendizagem e na
promoção de capacidades de invenção e realização individual e grupal, que contribuam
para a criação do novo paradigma educativo que a atual sociedade requer.

Estruturas complementares à escola (atl, ludoteca, biblioteca, …) e espaços lúdicos:


contexto de intervenção

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Compete ao Animador motivar o seu público-alvo, através da criação de condições que


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orientem a sua vontade para participar nas atividades propostas, assim como propor atividades
adaptadas ao desejo de todos, atendendo às suas necessidades. O Animador deve também
utilizar um vocabulário adaptado, estabelecer um clima de confiança, favorecer o dinamismo,
melhorar a autoconfiança e valorização do grupo de intervenção.

Estruturas onde se insere a animação socioeducativa:

• Acompanhamento pós-letivo
• Refeições
• Transporte escolar
• Vigilância permanente – exemplo, CAF
• Biblioteca
• Campos de jogos
• Salas polivalentes para atividades
• Ludoteca

O estímulo da criatividade e a promoção da literacia

A realização de atividades/dinâmicas realizadas através de jogos lúdico-


pedagógicos revelam-se fundamentais, não só na infância como também na
adolescência e idade adulta, uma vez que contribuem para um melhor desenvolvimento
global.

Estes jogos caracterizam-se por ativar determinados processos que têm como
finalidade a tomada de consciência de dimensões psicológicas internas e também, a
aquisição de novas formas de pensar, sentir e relacionar-se com os outros. Deste modo,
o trabalho com crianças e jovens/adultos exige bastante criatividade e como tal, é
importante que os profissionais que trabalhem com estas faixas etárias, adquiriram
métodos e técnicas que estimulem o desenvolvimento tanto cognitivo, como
psicológico, ou lúdico.

Em suma, para dinamizar e animar grupos são necessários instrumentos e


ferramentas que estão dentro de um processo de formação e organização, que
possibilitam a criação e recriação do conhecimento, que apelem à criatividade de
animador e participantes, com enfase na importância de atualização permanente dos
conhecimentos, a qual se promove maioritariamente através da literacia.

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Conclusão
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A animação socioeducativa é uma formação permanente, desde que se nasce até


que se morre, que visa resolver os problemas, não apenas animar ou ocupar o individuo,
que deve ser usada para uma aprendizagem não formal. É algo de útil, pertinente, válido
para o desenvolvimento dos indivíduos. O animador socioeducativo é o agente
intermediário para detetar, identificar os problemas e mobilizar os meios para os tentar
resolver. A animação socioeducativa não faz, cria condições para fazer, é dar a
possibilidade do individuo evoluir, desenvolver, quer seja em movimento ou mesmo no
seu espaço. O animador tem que ser pró-ativo, mostrar trabalho e produzir, motivar as
pessoas a participar nas suas atividades, indo ao encontro dos seus interesses e das suas
necessidades, rentabilizando as suas capacidades e competências. O animador deve ser
um líder com capacidade para gerir o seu grupo de trabalho para que este se torno
autónomo. O animador trabalha com grupos, tendo em conta a individualidade de cada
um. Deve ter um projeto bem elaborado e seguir todas as suas fases para que o seu
trabalho seja bem concretizado cumprindo os objetivos pretendidos, pois só desta
forma o seu trabalho será bem-sucedido. Enquanto futuros animadores, temos que dar
o nosso melhor e garantir que merecemos toda a credibilidade como qualquer outro
profissional.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção.”

Paulo Freire

Joana Mota de Freitas


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Joana Mota de Freitas

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