Você está na página 1de 25

b

UFCD | 10651 (25 horas)

Espaços educativos

Formadora | Estefânia Vasconcelos

1
Índice
Introdução, objetivos e conteúdos 3

1. Alterações na sociedade portuguesa 5

2. Conceito de espaço educativo 10

3. Conceito de espaço socioeducativo 12

4. Conceito de animação socioeducativa 13

5. Abordagem às características das crianças e dos jovens em função


da faixa etária, para garantir espaços seguros e promotores de bem-estar 14

6. Organização do ambiente educativo 15

7. Critérios para a escolha de equipamento adequado 20

8. Critérios para a escolha de materiais 23

9. Material educativo 24

Bibliografia e webgrafia

2
Introdução
O presente manual foi elaborado como instrumento de apoio à UFCD nº 10651 - Espaços
socioeducativos - de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos
- Identificar as mudanças na sociedade portuguesa que levam à necessidade de criar espaços
socioeducativos.
- Distinguir espaço pedagógico de espaço socioeducativo.
- Organizar um espaço socioeducativo de acordo com as características do grupo e do contexto
e normas de segurança aplicáveis.
- Reconhecer a organização do ambiente educativo como suporte do desenvolvimento
curricular.

Conteúdos
- Alterações na sociedade portuguesa
. Alteração na composição dos sectores produtivos e na distribuição da população ativa
. Crescente feminização do trabalho por razões económicas e sociais
. Crescente independência da mulher do ponto de vista económico e afetivo
. Novas formas de família
- Conceito de espaço educativo
- Conceito de espaço socioeducativo
- Conceito de animação socioeducativa
- Abordagem às características das crianças e dos jovens em função da faixa etária, para garantir
espaços seguros e promotores de bem-estar
- Organização do ambiente educativo
. Organização do/s grupo/s,
. Organização do espaço
- Funcionalidade e adequação do espaço interior e exterior
- Área totalmente aberta
- Áreas acolhedoras e reservadas
- Ateliers
- Espaço exterior
. Adequação às necessidades e evolução do grupo
. Organização do tempo
- Critérios para a escolha de equipamento adequado
. Seguro
. Funcional
. Qualidade estética
. Adequação ao nível etário
. Resistência
. Multiplicidade de utilizações

3
. Valorização de materiais naturais
. Utilização de materiais recicláveis
- Critérios para a escolha de materiais
. Funcionalidade
. Versatilidade
. Durabilidade
. Segurança
. Valor estético
. Igualdade de género
. Normas de segurança
. Rico e variado
. Polivalente
. Resistente
. Estimulante e agradável à vista e ao tato
. Acessível
. Manufaturado e/ ou feito pelas crianças ou jovens
- Material educativo

4
1. Alterações na sociedade portuguesa

- Alterações na composição dos setores produtivos e na distribuição da população ativa

Os setores de atividade são um conjunto de atividade exercidas pela população, que produzem
bens e/ou serviços:

. setor primário é constituído pelas atividades relacionadas com a exploração do meio


natural, tais como a agricultura, pecuária, pesca, silvicultura e indústrias extrativas; apesar dos
bons solos agrícolas, reside uma agricultura de subsistência.

. setor secundário é constituído pelas atividades transformadoras, ou seja as quais recebem os


produtos brutos e procedem à sua transformação, tais como a indústria, construção civil, obras
públicas e produção de energia; redução de importância, recuperação de indústrias por
atividades do sector terciário superior.

. setor terciário é constituído pelas atividades que proporcionam à sociedade uma enorme
quantidade de serviços como o comércio, os transportes, a saúde, a educação, as finanças e
outras profissões liberais, as quais são necessárias aos sectores anteriores; forte expansão
dos serviços (Tagus Parque, Lagoas Parque…) e Turismo.

Taxa de atividade

5
Os homens têm trabalhado em maior número do que as mulheres. Em 1970 a percentagem de
homens era bem maior que a de mulheres mas em 2006, a percentagem de homens e
mulheres já era quase igual. Este aumento de percentagem das mulheres que fazem
parte da população ativa deve-se à feminização do mercado de trabalho.

É ao nível do setor terciário que se verifica um forte crescimento, motivando a terciarização da


sociedade, devido ao incremento das funções sociais do Estado, à complexificação da atividade
económica, ao desenvolvimento dos meios de comunicação social e dos transportes.

Causas
- Turismo;
- Melhoria do nível de vida;
- Aumento do poder de compra;
- Crescimento das cidades;
- Estado providência;
- Ensino obrigatório;
- Disputa entre as empresas (internacionais).

Consequências
- Evolução da Economia;
- Pouca atividade nos outros setores;
- Progresso tecnológico;
- Desenvolvimento do Turismo;
- Poluição.

- Crescente feminização de trabalho por razões económicas e sociais

Nos primórdios da divisão social do trabalho, tanto a mulher livre quanto a mulher escrava
tinham o seu espaço de trabalho pertencente à esfera doméstica, pois eram responsáveis pela
manutenção, subsistência e reprodução.

Com o advento da Revolução Industrial a presença feminina ampliou-se intensamente,


em destaque na maquinaria.

A inserção da mulher na grande indústria, ou seja, a divisão do valor da força de trabalho, rebaixa
o valor masculino.

Foi com o advento do capitalismo e da grande indústria, segundo Engels que o caminho da
produção social abriu-se novamente para o contingente proletário.

Mas o fez de modo excludente, uma vez que a mulher restrita aos seus deveres familiares
ficava excluída do trabalho social e da condição de assalariamento.

Portanto com o surgimento da Revolução Industrial e o advento do capitalismo, pode-se dizer que
o capital utilizou-se da mulher no mundo do trabalho, o que acarretou significados distintos.

A intensificação da precarização no trabalho é também uma dimensão relevante, visto que as


trabalhadoras “são menos” protegidas tanto pela legislação do trabalho quanto pelas organizações
sindicais.

6
Desde a década de 1960, do Norte ao Sul da Europa assistimos a um crescimento espetacular da
atividade feminina.

Durante os anos de 1960 as mulheres representavam 30% da população ativa europeia em


1996, essa cifra elevou-se para 42,5% entre 1983 e 1996 e a parcela feminina aumentou em quase
todos os países.

Homens e mulheres nos mesmos setores de atividades concentram-se em faixas distintas de


salários;
Pode-se verificar, por exemplo que a tendência do trabalho em tempo parcial está reservada mais
para a mulher trabalhadora

À medida que a mulher se torna assalariada, ela tem a possibilidade de lutar. É muito importante
o ingresso da mulher no mundo do trabalho!

Somos únicos seres multifuncionais e mesmo realizando várias tarefas não deixamos de perder o
foco e muito menos de ser mulher.

- Crescente independência da mulher do ponto de vista económico e afetivo

Num tempo em que o trabalho feminino surge como forma de afirmação pessoal, de sociabilidade
e de resistência à dominação masculina, é importante discutir temas como a crescente
competitividade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, uma também crescente
individualização para os dois sexos, bem como a adaptabilidade da instituição família perante
estas alterações. Esta reflexão vem assim de encontro às questões da família e das
transformações sociais do último século tão presentes no nosso dia-a-dia.

Nas questões relativas à “natureza” da mulher surgem na história noções de que as mulheres
desempenhariam papéis passivos e os homens teriam a preponderância nos papéis
ativos. No entanto, quando hoje pensamos na imagem de uma mulher “passiva, obediente,
dedicada aos seus filhos e ao lar”, esta está associada a uma imagem quase de “escravidão”. A
maternidade e a dedicação aos filhos é um dos fatores que leva à associação de que a mulher se
dedique menos a outras tarefas. Há assim um forte contributo de fatores inconscientes de
socialização e culturalização no reconhecimento do masculino e do feminino.

Ainda há poucos anos era raro assistir à difícil tomada de decisão, por parte das mulheres, entre
uma carreira profissionalizante e a família.

Eram poucas as mulheres que abdicavam de uma vida doméstica a cuidar dos filhos,
sofrendo sempre muitas pressões e imposições pelos estereótipos de género. No entanto, o passar
dos tempos e com as mudanças que a própria sociedade vive, a atividade profissional é valorizada
pelas mulheres por várias razões: o maior poder que lhes é atribuído na relação conjugal
perante o companheiro, bem como o reconhecimento de competências específicas
antes desvalorizadas no universo feminino, ou ainda a recusa no fechamento doméstico com o
intuito de desenvolver relações sociais.

A crescente individualização e independência financeira da mulher vem também atribuir-


lhe algum protagonismo na tomada de decisão aquando de um divórcio.

De facto, no contexto da relação familiar atual, embora persistam assimetrias, o ambiente é


mais democrático e a dominação masculina menos opressiva. No entanto, o não

7
reconhecimento do peso da carga doméstica e a idêntica não valorização deste contributo,
levaram a que vários movimentos feministas se formassem na luta pelos direitos da mulher.

Sob o impulso dos movimentos feministas dos anos 70’ pretendia-se exatamente acabar com a
extrema dependência da mulher para o homem de um ponto de vista económico. Na existência
de uma hierarquia social, a mulher estaria sempre colocada num ponto desvalorizado. O
trabalho doméstico é um trabalho que não é pago, logo é desvalorizado pela sociedade. Assim, a
proposta feminista veio no sentido do trabalho doméstico ser recompensado.

O feminismo conseguiu de facto resultados consideráveis no que respeita aos direitos das
mulheres no plano legislativo em diversos países. Tal como já referimos, atualmente, são cada vez
mais as mulheres que conseguem conciliar uma carreira com as responsabilidades familiares e o
lazer. Os homens têm também cada vez mais a consciência da importância de estar em família,
conjugando também eles cada vez mais a carreira, a família e os tempos livres. Mas isso não é
ainda suficiente para impor uma divisão menos assimétrica das responsabilidades familiares nem
mesmo para derrotar a desigualdade entre sexos no mercado de trabalho.

Quando pensamos na atividade feminina e na divisão dos cuidados com os filhos é impossível
não pensarmos na questão de quem é que fica com as crianças quando ambos os pais estão a
trabalhar. Normalmente as taxas de atividades das mães com filhos pequenos tendem a
estar diretamente proporcionais a uma existência e qualidade na rede de equipamentos
socioeducativos públicos.

Quando os países carecem destes equipamentos são então mais frequentes as situações em que
as mães estão em casa, interrompem a atividade laboral ou trabalham em part-time.

O caso de Portugal parece fugir a estas duas situações, pois embora sejam escassos os
equipamentos apoiados pelo Estado, são mesmo os recursos exteriores à família os mais utilizados
pelas famílias portuguesas. Assim, o recurso às creches, amas, infantários, jardins-de-infância,
prolongamentos na escola, colégios ou centros de ATL são uma constante.

Existe mesmo um esforço financeiro das famílias para assegurar a guarda das crianças. As
consequências deste esforço financeiro, reproduzem-se posteriormente num esforço físico e
culpabilização face às dificuldades em conciliar trabalho e vida familiar, e levam a que muitas
mães portuguesas se sintam frustradas quanto ao desempenho do seu papel materno.

Há ainda um longo caminho a percorrer, sendo que, esta ambiciosa gestão igualitária entre
família e carreira só traz benefícios para todos os intervenientes. Além do aumento da
autoestima e motivação para as mulheres e das excelentes oportunidades de se relacionarem
com os filhos e de criarem laços fortes para os homens, as crianças são as que ganham mais ao
ao poderem interagir em tempo de qualidade com ambos os progenitores/cuidadores, podendo
estas tirar um enorme proveito quando esta gestão de tempo é equilibrada e simétrica.

- Novas formas de família

Um ponto interessante na evolução do conceito de família refere-se a união estável que se


refletiu na expansão da definição do conceito família. A ideia da união estável foi reapreciar
vínculos afetivos que não necessariamente estariam sendo reconhecidos pelo casamento e
baseia-se em convivência, em respeito, harmonia. Observou-se que o casamento deixou de ser um
requisito para a formação da família, uma vez que aquela família patriarcal carregada pelos
nossos ancestrais onde o “Pai” era o administrador e a mãe colocada como a guardiã do lar,

8
perdeu completamente essa visão limitada. O conceito de família foi abrangido, não tendo mais um
caráter limitado. A família passa a ser compreendida como entidade socioafetiva que tem o
dever de afeto e cooperação entre seus membros.

É na família onde as primeiras noções de regras são apresentadas às crianças. E, neste processo, é
preciso manter um ambiente seguro para que essa criança possa crescer e se desenvolver. Pois,
temos ciência de que: “O lar da criança é onde podem ocorrer as experiências mais ricas (…) A
família é tremendamente valiosa para os jovens ou adolescentes, especialmente quando ele ou
ela ficam completamente aterrorizados a maior parte do tempo, ainda que no âmbito da saúde
(..)” WINNICOTT, 2011

Afinal, a família é a base central, a unidade indispensável do indivíduo, para sua formação
educação e envolvimento harmonioso de respeito e amor com a sociedade.

Sabe-se que atualmente vivemos em uma sociedade extremamente ativa. O tempo urge. As
responsabilidades são grandes. As pressões sociais intensas. E constituir uma família tem gerado
momentos conflituosos para os pais.

Em momentos mais conflituantes, é bom saber que existem técnicas que podem ajudar a
amenizar o impacto de tantas cobranças. Muitas pessoas têm recorrido a serviços de orientação
de pais. Essa orientação aos pais ocorre por meio de sessões cujo foco é uma abordagem mais
psicoeducativa onde se privilegia a pessoa e não o problema, zelando pela saúde mental tanto
do paciente quanto de seus cuidadores.

9
2. Conceito de espaço educativo

O espaço educativo é aquele pensado para promover o aprendizado através da interação do


educando com o espaço físico. Para que um espaço escolar seja considerado educativo, de
acordo com o Ministério da Educação (MEC), é necessário que o projeto arquitetónico seja
adequado à proposta pedagógica. Sendo assim, as instalações físicas devem ser adequadas às
atividades escolares.

O espaço educativo não se limita às salas de aula e ambientes construídos. A interação das
pessoas com o espaço é fundamental para que elas cumpram os seus objetivos e sejam
efetivamente educativos.

As organizações educativas são contextos que exercem determinadas funções, dispondo para
isso de tempos e espaços próprios e em que se estabelecem diferentes relações entre os
intervenientes. A organização dinâmica destes contextos educativos pode ser vista segundo
uma perspetiva sistémica e ecológica. Esta abordagem assenta no pressuposto de que o
desenvolvimento humano constitui um processo dinâmico de relação com o meio, em que o
indivíduo é influenciado, mas também influencia o meio em que vive de relação com o meio, em
que o indivíduo é influenciado, mas também influencia o meio em que vive.

Para compreender a complexidade do meio, importa considerá-lo como constituído por


diferentes sistemas que desempenham funções específicas e que, estando em interconexão, se
apresentam como dinâmicos e em evolução. Assim, o indivíduo em desenvolvimento interage
com diferentes sistemas que estão eles próprios em evolução.

10
Nesta abordagem, importa distinguir os sistemas restritos e imediatos, com características
físicas e materiais particulares — a casa, a sala de jardim de infância, a rua, etc. — em que há uma
interação direta entre atores que aí desempenham diferentes papéis — pai ou mãe, filho/a,
docente, aluno/a, etc. — e desenvolvem formas de relação interpessoal, implicando-se em
atividades específicas que se realizam em espaços e tempos próprios. São exemplos destes
sistemas restritos, com particular importância para a educação da criança, o meio familiar e o
contexto de educação pré-escolar.

As relações que se estabelecem entre estes e outros sistemas restritos formam um outro tipo de
sistema com características e finalidades próprias (as relações entre famílias e o contexto de
educação de infância). Por seu turno, estes sistemas são englobados por sistemas sociais mais
alargados que exercem uma influência sobre eles (por exemplo, a organização da educação de
infância no sistema educativo e no sistema social influenciam o funcionamento dos jardins de
infância).

11
3. Conceito de espaço socioeducativo

O espaço socioeducativo destina-se essencialmente a complementar a aprendizagem


do Jardim-de-infância (pré-escolar) e está dividido em três momentos: acolhimento,
almoço e prolongamento de horário, dependendo das necessidades sociais apresentadas pelas
famílias:

. acolhimento - proporciona um ambiente acolhedor, onde as crianças possam brincar e


falar enquanto esperam a chegada do resto dos colegas;
. almoço - cria nas crianças hábitos adequados;
. prolongamento de horário - desenvolve atividades com crianças, conviver, proporcionando um
bom desenvolvimento global.

A organização do espaço, no jardim-de-infância, reflete as intenções educativas do educador pelo


que os contextos devem ser adequados para promover aprendizagens significativas, alegria,
o gosto de estar no jardim e que potenciam o desenvolvimento integrado das crianças.

12
4. Conceito de animação socioeducativa

A Animação Sociocultural é, segundo a UNESCO, um conjunto de práticas sociais que têm como
finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do
seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados.

A Animação Sociocultural (ASC) é um processo que visa a consciencialização participante e


criadora das populações. Tem uma metodologia própria que, em termos gerais, tem as
seguintes linhas mestras:
. é um processo deliberado e constante destinado a estimular as pessoas e os grupos para que
se autodesenvolvam, mobilizando todas as suas faculdades, no sentido da resolução dos seus
problemas reais e coletivos;
. é um despertar para a descoberta e desenvolvimento das potencialidades e capacidades de
cada comunidade;
. é a aquisição da competência necessária para que os grupos (as comunidades)
sejam agentes e não meros espectadores passivos.

Por via do jogo e das atividades em grupo, observa-se a educação como algo que vai mais além
do que proporcionar/transmitir conhecimentos, atua:
. no desenvolvimento local e intervenção comunitária;
. na animação e gestão sociocultural;
. na educação e formação de adultos;
. na inclusão social e diversidade.

13
5. Abordagem às características das crianças e
dos jovens em função da faixa etária,
para garantir espaços seguros e
promotores de bem-estar

A creche desenvolve um papel importante com as crianças, mostrando um mundo de novas


experiências, o que possibilita a ampliação de horizontes. Os espaços têm de ser acolhedores,
com materiais adequados à criança, espaços de criatividade, e liberdade para que se sintam bem.
A proposta para se trabalhar com crianças na creche, tem como parâmetros, conhecer os
seus interesses e necessidades, as características de sua faixa etária, a fase de desenvolvimento
em que se encontra. Portanto, é um trabalho que apresenta preocupação com os cuidados
básicos e fundamentais.

O cuidar e o educar são essenciais no desenvolvimento cognitivo, afetivo, físico e


linguístico da criança; todas as situações diárias na creche são atos educativos, pois as
brincadeiras, os jogos, as atividades dirigidas, as rotinas diárias devem procurar ter autonomia e
a formação da identidade, e tudo isso é cuidar e educar as crianças em creches para a vida.

Surgiu alteração no acompanhamento escolar das crianças, devido a antigamente


abandonarem o pré-escolar por dificuldades financeiras dos agregados. Atualmente a lei
obriga a escolaridade obrigatória até mais tarde.
Antigamente as brincadeiras e diversões das crianças era mais em conjunto com a família e
amigos, sendo substituído hoje em dia por as novas tecnologias.

14
6. Organização do ambiente educativo

- Organização do/s grupo/s

As organizações educativas são contextos que exercem determinadas funções, dispondo para
isso de tempos e espaços próprios e em que se estabelecem diferentes relações entre
os intervenientes. A organização dinâmica destes contextos educativos pode ser vista
segundo uma perspetiva sistémica e ecológica. Esta abordagem assenta no pressuposto de
que o desenvolvimento humano constitui um processo dinâmico de relação com o meio,
em que o indivíduo é influenciado, mas também influencia o meio em que vive.

Para compreender a complexidade do meio, importa considerá-lo como constituído por


diferentes sistemas que desempenham funções específicas e que, estando em interconexão, se
apresentam como dinâmicos e em evolução. Assim, o indivíduo em desenvolvimento interage
com diferentes sistemas que estão eles próprios em evolução.

Nesta abordagem, importa distinguir os sistemas restritos e imediatos, com características


físicas e materiais particulares — a casa, a sala de jardim de infância, a rua, etc. — em que há
uma interação direta entre atores que aí desempenham diferentes papéis — pai ou mãe,
filho/a, docente, aluno/a, etc. — e desenvolvem formas de relação interpessoal, implicando-
se em atividades específicas que se realizam em espaços e tempos próprios. São exemplos
destes sistemas restritos com particular importância para a educação da criança, o meio familiar e
o contexto de educação pré-escolar.

As relações que se estabelecem entre estes e outros sistemas restritos formam um outro tipo de
sistema com características e finalidades próprias (as relações entre famílias e o contexto de
educação de infância). Por seu turno, estes sistemas são englobados por sistemas sociais mais
alargados que exercem uma influência sobre eles (por exemplo, a organização da educação

15
de infância no sistema educativo e no sistema social influenciam o funcionamento dos
jardins de infância).

Estas interações podem ser representadas de forma esquemática:

A abordagem sistémica e ecológica constitui, assim, uma perspetiva de compreensão da


realidade que permite adequar, de forma dinâmica, o contexto do estabelecimento educativo às
características e necessidades das crianças e adultos, tornando-se, ainda, um instrumento de
análise para que o/a educador/a possa adaptar a sua intervenção às crianças e ao meio
social em que trabalha, pois possibilita:
. compreender melhor cada criança, ao conhecer os sistemas em que esta cresce e se
desenvolve, de forma a respeitar as suas características pessoais, cultura e saberes já adquiridos,
apoiando a sua maneira de se relacionar com os outros e com o meio social e físico;
. contribuir para a dinâmica do contexto de educação pré-escolar na sua interação
interna (relações entre crianças e crianças e adultos) e na interação que estabelece com outros
sistemas que também influenciam a educação das crianças (relação com as famílias) e
ainda com o meio social envolvente e a sociedade em geral, de modo a que esse contexto se
organize para responder melhor às suas características e necessidades;
. perspetivar o processo educativo de forma integrada, tendo em conta que a criança constrói o
seu desenvolvimento e aprendizagem, de forma articulada, em interação com os outros e com o
meio;
. permitir a utilização e gestão integrada dos recursos do estabelecimento educativo e de
recursos que, existindo no meio social envolvente, podem ser dinamizados;
. acentuar a importância das interações e relações entre os sistemas que têm uma influência
direta ou indireta na educação das crianças, de modo a tirar proveito das suas potencialidades e
ultrapassar as suas limitações, para alargar e diversificar oportunidades educativas das crianças e
apoiar o trabalho dos adultos.

16
- Organização do espaço

O estabelecimento educativo deve organizar-se como um contexto facilitador do desenvolvimento


e da aprendizagem das crianças, proporcionando também oportunidades de formação
dos adultos que nele trabalham. Estabelece procedimentos de interação entre os
diferentes intervenientes (entre crianças, entre crianças e adultos e entre adultos), tem um
papel na gestão de recursos humanos e materiais, o que implica a prospeção de meios para
melhorar as funções educativas da instituição. O estabelecimento educativo tem uma
influência determinante no trabalho que o/a educador/a realiza com o seu grupo de crianças e
pais/famílias, bem como na dinâmica da equipa educativa.

Cada estabelecimento educativo tem as suas características próprias e uma especificidade que
decorre da rede em que está incluído (pública, privada solidária ou privada cooperativa), da
dimensão e dos recursos materiais e humanos de que dispõe, diferenciando-se ainda pelos
níveis educativos que engloba. Muitos estabelecimentos educativos, para além da educação
pré-escolar, incluem outros níveis educativos como a creche ou os ensinos básico e secundário.
Esta inserção num contexto organizacional mais vasto permite tirar proveito de recursos
humanos e materiais, facilitando ainda a continuidade educativa.

A dinâmica própria de cada estabelecimento educativo está consignada no seu projeto educativo,
como instrumento de orientação global da sua ação e melhoria, complementado pelo
regulamento da instituição, que prevê as funções e formas de relação com os diversos grupos que
compõem a comunidade (órgãos de gestão, profissionais, pais/famílias e alunos). Estas
linhas gerais de orientação, e nomeadamente o projeto educativo de estabelecimento
educativo/agrupamento de escolas, enquadram o trabalho educativo dos profissionais e a
elaboração do projetos curriculares de grupo. A contribuição dos educadores na elaboração do
projeto educativo e o modo como o concretizam confere-lhes também um papel na sua avaliação.

Há ainda determinados aspetos da gestão do estabelecimento educativo que têm uma


influência direta nas salas de jardim de infância, tais como a distribuição de grupos e
horários dos diferentes profissionais, critérios de composição dos grupos e organização global
do tempo (horas de entrada e saída, horas de almoço, disponibilidade de utilização de recursos
comuns).

Os estabelecimentos educativos proporcionam, também, um espaço alargado de desenvolvimento


e aprendizagem de todas as crianças, em que a partilha dos espaços comuns (entrada,
corredores, refeitório, biblioteca, ginásio, etc.) deverá ser planeada em conjunto pela equipa
educativa.

A organização do tempo não letivo é também decidida a nível do estabelecimento educativo,


importando que o/a educador/a planeie e supervisione a sua concretização, tendo em
conta as finalidades que a distinguem da componente letiva, mas assegurando uma coerência
de princípios educativos entre estes dois tempos.

Neste contexto global, cada sala organiza-se de forma a dar resposta ao


desenvolvimento e aprendizagem de um determinado grupo de crianças.

17
- Adequação às necessidades e evolução do grupo

Na educação pré-escolar, o grupo proporciona o contexto imediato de interação social e


de socialização através da relação entre crianças, crianças e adultos e entre adultos. Esta
dimensão relacional constitui a base do processo educativo.

Há diferentes fatores que influenciam o modo próprio de funcionamento de um grupo, tais como
as características individuais das crianças que o compõem, o maior ou menor número de crianças
de cada sexo, a diversidade de idades ou a dimensão do grupo.

Estes fatores são influenciados pelas condições institucionais em que o jardim de infância se
insere e pelas características demográficas da população que serve. A decisão da composição
etária deve, porém, corresponder a uma opção pedagógica, tendo em conta que a interação entre
crianças em momentos diferentes de desenvolvimento e com saberes diversos é facilitadora do
desenvolvimento e da aprendizagem. A existência de grupos com crianças de diferentes idades
acentua a diversidade e enriquece as interações no grupo, proporcionando múltiplas
ocasiões de aprendizagem entre crianças.

Qualquer que seja a composição do grupo, a relação individualizada que o/a educador/a
estabelece com cada criança é facilitadora da sua inclusão no grupo e das relações com as outras
crianças. Na educação de infância, cuidar e educar estão intimamente relacionados, pois ser
responsável por um grupo de crianças exige competências profissionais que se traduzem,
nomeadamente, por prestar atenção ao seu bem-estar emocional e físico e dar resposta às
suas solicitações (explícitas ou implícitas). Este cuidar ético envolve assim a criação de um
ambiente securizante, em que cada criança se sente bem e sabe que é escutada e valorizada.

A relação que o/a educador/a estabelece com as crianças assume diversas formas, que têm
de ser intencionalmente pensadas e adaptadas às situações. Estar atento/a e escutar as crianças,
ao longo dos vários momentos do dia, permite ao/à educador/a perceber os seus interesses e
ter em conta as suas propostas para negociar com elas o que será possível fazer, ou para se
decidir em conjunto o que é de continuar ou o que está terminado, para se passar a uma nova
proposta. Neste processo relacional, o/a educador/a: apoia as atividades escolhidas pelas
crianças e a realização das que propõe; valoriza de forma empática os trabalhos apresentados
pelas crianças, as suas descobertas e as soluções que encontram para resolver problemas e
dificuldades; estimula quem tem mais dificuldade em partilhar o que pensa; modera debates e
negociações; propõe ainda ideias que levem as crianças a terem vontade de melhorar o seu
trabalho.

As dinâmicas de interação que se estabelecem têm implicações nos processos de aprendizagem,


no sentido de promover:
. Respeito por cada criança e sentimento de pertença a um grupo - a forma como o/a
educador/a está atento/a e se relaciona com as crianças, apoia as interações e relações no
grupo, contribuem para o desenvolvimento da autoestima e de um sentimento de pertença que
permite às crianças tomar consciência de si mesmas na relação com outros. A vivência num grupo
social alargado constitui ainda a base do desenvolvimento da área de Formação Pessoal e Social e
da aprendizagem da vida democrática, o que implica que o/a educador/a crie situações
diversificadas de conhecimento, atenção e respeito pelo outro, bem como de desenvolvimento do
sentido crítico e de tomada de decisões baseada na negociação;

. Trabalho cooperado - O trabalho entre pares e em pequenos grupos, em que as crianças têm
oportunidade de confrontarem os seus pontos de vista e de colaborarem na resolução de
problemas ou dificuldades colocadas por uma tarefa comum, alarga as oportunidades

18
educativas, ao favorecer uma aprendizagem cooperada em que a criança se desenvolve
e aprende, contribuindo para o desenvolvimento e para a aprendizagem das outras.
Trabalhar em grupos constituídos por crianças com diversas idades ou em momentos diferentes
de desenvolvimento permite que as ideias de uns influenciem as dos outros. Este processo
contribui para a aprendizagem de todos, na medida em que constitui uma oportunidade de
explicitarem as suas propostas e escolhas e como as conseguiram realizar;

. Entendimento da perspetiva do outro - O desenvolvimento social faz-se através de duas


vertentes contraditórias: a necessidade de relação de proximidade com os outros e o desejo de
afirmação e de autonomia pessoal.

Neste sentido, o/a educador/a deve apoiar a compreensão que as crianças têm, desde muito
cedo, dos sentimentos, intenções e emoções dos outros, facilitando o desenvolvimento da
compreensão do que os outros pensam, sentem e desejam. Cabe também ao/à educador/a,
em situações de conflito, apoiar a explicitação e aceitação dos diferentes pontos de vista,
favorecendo a negociação e a resolução conjunta do problema.

- Organização do tempo

O tempo educativo tem uma distribuição flexível, é conhecida pelas crianças, que sabem o
que podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão, tendo a liberdade de propor
modificações. Nem todos os dias são iguais, as propostas do/a educador/a ou das crianças podem
modificar o quotidiano habitual.

O tempo diário inscreve-se num tempo, semanal, mensal e anual, que tem ritmos próprios e
cuja organização tem, também, de ser planeada. A vivência destas diferentes unidades de
tempo permite que a criança se vá progressivamente apropriando de referências temporais
que são securizantes e que servem como fundamento para a compreensão do tempo: passado,
presente, futuro.
Porque o tempo é de cada criança, do grupo e do/a educador/a, importa que a sua organização
seja decidida pelo/a educador/a e pelas crianças.

Um tempo que contemple de forma equilibrada diversos ritmos e tipos de atividade, em


diferentes situações — individual, com outra criança, com um pequeno grupo, com todo o
grupo — e permita oportunidades de aprendizagem diversificadas.

Trata-se de prever e organizar um tempo simultaneamente estruturado e flexível, em que os


diferentes momentos tenham sentido para as crianças e que tenha em conta que precisam de
tempo para fazerem experiências e explorarem, para brincarem, para experimentarem novas
ideias, modificarem as suas realizações e para as aperfeiçoarem.

19
7. Critérios para a escolha de
equipamento adequado

A creche deve dispor de todo o equipamento e mobiliário necessários para poder prestar
adequadamente os serviços previstos. O mobiliário e equipamento deve ter características
adequadas às necessidades de conforto e estimulação do desenvolvimento das crianças, de
acordo com a sua fase evolutiva.

O mobiliário a utilizar pelas crianças deve satisfazer as normas de segurança aplicáveis e a um


conjunto de requisitos de qualidade, nomeadamente:

a) Ser adequado à idade, facilitando uma correta postura física;


b) Ser estável, cómodo e seguro;
c) Ser simples e sem arestas agressivas.
d) Utilizar materiais naturais, evitando materiais sintéticos;
e) Ser de fácil limpeza, garantindo condições de higiene;
f) Ter resistência mecânica adequada;
g) Ser estimulante e agradável à vista e ao tato;
h) Permitir uma multiplicidade de utilizações;
i) Todos os móveis, estantes ou prateleiras devem estar bem fixos à parede de forma a não
tombarem sobre a criança se esta se apoiar neles ou tentar trepar;
j) Não devem existir móveis de vidro e tampos de mesas soltos;
k) As mesas e cadeiras devem permitir o empilhamento para facilitar o desenvolvimento
de outras atividades no mesmo espaço (p.e. repouso ou ginástica);
l) Os armários e as portas devem estar protegidos com travões ou fechaduras para que as
crianças não lhes acedam facilmente, entalando os dedos ou manuseando, sem
vigilância, material com potencial risco;
m) Nas paredes, não devem ser colocados quadros pesados com vidro ou outros objetos que
possam cair sobre a criança enquanto dorme ou brinca;
n) Todo o material didático utilizado deve ser não tóxico.

20
O mobiliário e equipamento a utilizar pelos adultos, mas localizado em espaços utilizados pelas
crianças (ou onde elas podem aceder), deve satisfazer um conjunto de requisitos de qualidade,
nomeadamente:
a) O mobiliário deve ter em conta as necessidades dos adultos, mas também as das crianças;
b) Os armários guarda-loiça, prateleiras e armários devem estar bem fixos à parede;
c) As gavetas que têm material perigoso (facas, canivetes, etc.) devem ser fechadas à chave
ou ter dispositivos que impeçam a sua abertura por crianças;
d) As gavetas devem ter travões que previnam a sua eventual queda sobre as crianças.

O estado de conservação do mobiliário e equipamento deve ser verificado regularmente,


para impedir que a sua degradação cause acidentes.

Nas zonas de circulação com acesso a escadas, varandas e galerias devem existir dispositivos
de segurança como guardas e corrimãos adequados à idade dos utilizadores.

Os Gabinetes e Espaço de Reuniões devem incluir mobiliário que permita a realização de


trabalho administrativo e/ou pedagógico, receção e atendimento de crianças e familiares e
arrumação de arquivos. Deste modo, deve incluir mesas/secretárias, cadeiras/sofás, mesas
de apoio e armários/arquivos.

O equipamento fixo e móvel na Zona Administrativa, quando este esteja contido no Acesso
Principal, não deve apresentar risco para as crianças que transitem nesse espaço.

Todos os gabinetes devem ter ponto de acesso à Internet e telefone ligado à rede fixa.

A Sala Parque deve dispor de:


a) Brinquedos adaptados à idade da criança e que sejam adequados às suas necessidades lúdicas
e de desenvolvimento; os brinquedos devem respeitar as normas de segurança portuguesas
em vigor;
b) Espaços acolchoados e devidamente protegidos para os bebés;
c) Cadeiras de repouso;
d) Espelho inquebrável;
e) Pavimento amortecedor e facilmente lavável

As Salas de Atividades devem ser bem equipadas, quer ao nível do mobiliário, que deve ser
adequado à faixa etária a que se destina, quer ao nível do material didático. Estas salas devem
permitir uma grande diversidade de atividades através de um ambiente flexível. As crianças
devem ter acesso direto a uma quantidade razoável de brinquedos, livros e outros
equipamentos, permitindo-lhes tomar decisões de forma independente.

As Salas de Atividades devem possuir o seguinte equipamento:


a) Lugares sentados e mesas para crianças (na sala de 24 a 36 meses, estes lugares sentados
devem ser no mesmo número das crianças);
b) Lugares sentados para adultos;
c) Arrumos para brinquedos, tais como armários, estantes e prateleiras. Para o conveniente
arrumo de material pedagógico, os armários devem ser constituídos por uma parte fechada e
outra com prateleiras acessíveis às crianças;
d) Espelho inquebrável;
e) Equipamento que permita escalada (subir e descer);

21
f) Brinquedos adaptados à idade da criança e que sejam adequados às suas necessidades
lúdicas e de desenvolvimento, contemplando os variados gostos e características das
crianças. Os brinquedos devem respeitar as normas de segurança portuguesas em vigor e ser
inspecionados regularmente e substituídos sempre que partidos ou danificados;
g) Superfícies horizontais e verticais para trabalhar, colocar objetos, etc.;
h) Bancada com ponto de água acessível pelas crianças e equipada com prateleiras e
outros espaços de arrumos de materiais de trabalho para a realização de atividades de
expressão plástica com água, tintas, barro, etc.
i) Nas paredes, deve prever-se a colocação de painéis que possibilitem a
decoração/execução/afixação de desenhos, sem risco para as crianças;
j) nos tetos, deve prever-se um sistema que possibilite a suspensão de objetos, sem risco para as
crianças;
k) Espaço livre de piso revestido com material macio, lavável e quente para o desenvolvimento de
atividades físicas, como dançar e correr, e para construções de grandes dimensões.

Espaços distribuídos pela idade, para a creche e para o jardim-de-infância, para evitar choques
entre as crianças:
. Zona de brincadeiras livres, com equipamentos que promovam a relação da
criança com os outros e com o seu próprio corpo.
. Zona exterior coberta para os dias de chuva ou de muito sol.

Os baloiços, escorregas e rotativos, entre outros, devem estar bem concebidos e conservados,
sem arestas cortantes, ferrugem, parafusos ou madeira desgastada.

Os equipamentos não devem estar instalados sobre superfícies rígidas, como cimento, ladrilho ou
piso empedrado. Se estiverem sobre areia ou gravilha fina esta deve ser totalmente renovada uma
vez por ano.

A zona circundante deve ser de terra batida ou de relva.

Os materiais ou equipamentos e a área de brincadeira devem ser diversos. Deve fazer com que
as crianças se sintam livres e autónomas.

Nesta área a criança:


- brinca livremente;
- faz atividades de motricidade;
- faz exploração do espaço;
- interage com outros;
- o espaço tem de ser amplo.

22
8. Critérios para a escolha de materiais












Todos os materiais existentes na creche deverão ser didáticos de modo a que a criança aprenda
sempre algo com eles:
- acesso direto das salas e com uma zona de transição ou semicoberta para resguardar do
calor e da chuva;
- espaços que estejam ao sol e outros à sombra;
- ter objetos simbólicos-afetivos;
- equipamento de materiais naturais para o jogo sensorial;
- solo variado; areia, terra, cimento, para provocar nas crianças reações diferentes;

Deve-se dar preferência a objetos e materiais que coloquem as crianças em situações


“abertas”. Equipamentos que não estejam totalmente acabados nem totalmente definidos para
dar maiores oportunidades de criação e imaginação.

- Escolha do mobiliário adequado

. Seguro: Mobiliário e equipamentos á medida das crianças; local limpo (chão, paredes e tetos);
arrumação adequada para os objetos das crianças, brinquedos e roupa de reserva; armários
estantes e caixas de arrumação e cabides adequados ás crianças; armários fechados, com
materiais que possam ser perigosos para as crianças (em que apenas os adultos tenham
acesso);

. Funcional: Almofadas, cadeiras e tapetes acolhedores; luz natural; uma zona de entrada
acolhedora; espaço para as produções e alimentos e refeições, áreas para a sesta e áreas e higiene;
um espaço de chão livre; um espaço central livre para jogos ativos; áreas especializadas à volta
do espaço central; mobiliário, equipamento e caixas móveis; fácil acesso à área exterior
protegida;

. Atrativo: Atividades lúdicas, matérias que despertem os sentidos das crianças (coisas
para tocar, cheirar, ouvir, saborear e ver); ambiente com texturas variadas (superfícies
interiores, exteriores, mobiliário); vistas interessantes (janelas, aquário); locais adequados a
diferentes níveis de atividades; jogo ativo; jogo calmo.

23
9. Material educativo

- Material que deve existir nas creches e jardins de infância:

- Revistas e Livros
Devem ser adequados a cada faixa etária, ajudando no desenvolvimento a nível linguístico.

- Bricolage
É importante para o desenvolvimento da criança, uma vez que esta pode criar o seu próprio
brinquedo.

- Jogos
Os jogos devem ser adequados à idade, devem ser seguros e divertidos.

- Material Reciclável
Utilizando materiais recicláveis, podemos aproveitar e recuperar alguns destes materiais em
vez de irem para o lixo.

- Psicomotricidade
Desenvolve a interdependência entre o desenvolvimento motor, afetivos e intelectuais.

- Brinquedos
Os brinquedos para as crianças são uma forma de fotografar a realidade, é através destes que as
crianças desenvolvem as capacidades cognitivas utilizando a imaginação.

24
Bibliografia e webgrafia
COSTA J. e Santos, A. L. (2003). A falar como os bebés. O desenvolvimento linguístico das
crianças. Primeiros passos. Editorial Caminho, SA. Lisboa.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.

DESPACHO NORMATIVO n.º 99/89, de 27 de Outubro – Normas Reguladoras das Condições de


Instalação e Funcionamento das Creches com fins lucrativos, nomeadamente referentes à
localização, aos compartimentos e espaços necessários e respetivas dimensões, equipamento e
material pedagógico, procedimentos de acolhimento das crianças, alimentação e higiene.

DESPACHO CONJUNTO n.º 268/97, de 25 de Agosto. – Caracterização dos locais de


funcionamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar.

25

Você também pode gostar