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UFCD | 9632

25 horas

Sistema Nacional de
Intervenção Precoce na Infância

Formadora | Estefânia Vasconcelos


Índice

Âmbito do manual 3

Objetivos e conteúdos programáticos 4

1. Intervenção precoce 5
1.1 – Definição 5
1.2 – Destinatários 5
1.3 – Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e
Segurança Social 7
1.3.1 – Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI 7
1.3.2 – Organização e competências 7
1.3.3 – Critérios de elegibilidade e encaminhamento 10
1.3.4 – Metodologia de intervenção dos organismos competentes 10
1.3.5 – Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação
da intervenção multidisciplinar 11

2. Problemas de desenvolvimento 12
2.1 – Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade 12

3. Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil 14

4. Cuidados a prestar à criança 17

5. Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família 18

Referências bibliográficas 21

2
Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº
9632 - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.

3
Objetivos e conteúdos programáticos

Objetivos

§ Reconhecer o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância;


§ Reconhecer a importância da articulação entre as Equipas Locais de Intervenção e a família;
§ Caracterizar o modelo de intervenção e a sua articulação com os vários subsistemas;
§ Identificar sinais de alarme no desenvolvimento de crianças e jovens.

Conteúdos programáticos

- Intervenção precoce
Definição
Destinatários
Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social
Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI
Organização e competências
Critérios de elegibilidade e encaminhamento
Metodologia de intervenção dos organismos competentes
Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção multidisciplinar

- Problemas de desenvolvimento
Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade

- Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil

- Cuidados a prestar à criança

- Papel da família e da comunidade - Intervenção centrada na família

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1. Intervenção precoce

A Intervenção Precoce destina-se a crianças até à idade escolar (entre os 0 e 6 anos) que estejam em risco
de atraso de desenvolvimento, manifestem algum tipo de deficiência ou necessidades educativas
especiais, consistindo num conjunto de serviços prestados pelo Estado, articulando-se entre serviços
educativos, sociais e terapêuticos, que abrangem as crianças sinalizadas e as suas famílias, com o objetivo
de minimizar os efeitos nefastos no seu desenvolvimento e o impacte na sua vida.

Deste modo, a Intervenção Precoce pode ser de natureza preventiva primária ou secundária: procurando
contrariar a manifestação de problemas de desenvolvimento ou prevenindo a sua ocorrência. Deve
iniciar-se entre o nascimento e a idade de entrada na escola, e, sempre que possível, deverá decorrer em
ambiente familiar onde a criança viva ou que habite durante a maioria do seu dia.

Regra geral, a intervenção inicia-se a partir de uma sinalização que poderá ser feita pelo hospital, creche,
jardim infantil, ou pela própria família, seguindo-se depois uma avaliação e diagnóstico por técnicos
especializados que desenham e implementam um programa de intervenção específico e focado em cada
criança e no seu contexto familiar.

1.1. Definição

A Intervenção Precoce na Infância reflete-se


num conjunto de medidas de apoio integrado,
dirigido à criança e à sua família, que inclui
ações de natureza preventiva e reabilitativa,
atuando em três principais pilares: a
educação, a saúde e a ação social.

A intervenção precoce junto de crianças até aos 6 anos de idade, com alterações ou em risco de
apresentar alterações nas estruturas ou funções do corpo, tendo em linha de conta o seu normal
desenvolvimento, constitui um instrumento político do maior alcance na concretização do direito à
participação social dessas crianças e dos jovens e adultos em que se irão tornar. Quanto mais
precocemente for desencadeado o processo de intervenção e ativadas as políticas que afetam o
crescimento e o desenvolvimento infantil, mais capazes as crianças serão de se tornarem cidadãos
competentes e autónomos, participando ativamente na vida social da comunidade.

Depois de definidas as medidas a aplicar em cada caso e contexto, é desenhado e implementado um Plano
Individual de Intervenção Precoce (PIIP) por parte das Equipas Locais de Intervenção (ELI), constituídas
por profissionais multidisciplinares de cada área que é chamada a intervir (educação, saúde, ação social).
O PIIP é elaborado em função do diagnóstico de cada situação, envolvendo a avaliação da criança nos seus
diversos contextos (familiar, escolar, entre outros) e reflete-se no documento que reúne toda a
informação recolhida pelos técnicos, os registos de todos os aspetos de intervenção e ainda a descrição
do seu processo de implementação, sendo posteriormente subscrito e assinado pelas famílias de cada
criança.

Os objetivos da Intervenção Precoce na Infância são:

¨ Assegurar às crianças a proteção dos seus direitos e o desenvolvimento das suas capacidades;

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¨ Detetar e sinalizar todas as crianças com necessidades de intervenção precoce;
¨ Intervir junto das crianças e famílias, em função das necessidades identificadas, de modo a prevenir
ou reduzir os riscos de atraso de desenvolvimento;
¨ Apoiar as famílias no acesso a serviços e recursos dos sistemas de segurança social, de saúde e de
educação;
¨ Envolver a comunidade através da criação de mecanismos articulados de suporte social.

É importante intervir precocemente porque:

¨ Quanto mais cedo se iniciar a intervenção, maior será o sucesso do potencial desenvolvimento da
criança;
¨ É necessário proporcionar também apoio e assistência às famílias nos momentos mais críticos;
¨ Quanto mais cedo se iniciar o processo de intervenção, maiores serão os benefícios sociais prestados
à criança e à família;
¨ A investigação científica realizada nesta área já demonstrou que grande parte das aprendizagens e do
desenvolvimento ocorre de forma mais célere na idade pré-escolar, pelo que os resultados são
potencialmente mais positivos nesta fase.

Os estudos recentes realizados na área indicam que:

¨ O potencial de cada criança só é completamente evidente se houver uma identificação precoce e uma
intervenção programada e individualizada;
¨ Os serviços de Intervenção Precoce podem ter um impacto significativo nos familiares das crianças em
risco, pois, de forma geral, estes experienciam sentimentos de deceção, isolamento social, stress,
frustração e desespero;
¨ O stress acrescido das dificuldades no apoio a uma criança com algum tipo de deficiência influência
negativamente o bem-estar de toda a família, perturbando esse mesmo apoio e o desenvolvimento da
criança;
¨ As famílias de crianças com deficiência são mais suscetíveis a viver situações como o divórcio e o
suicídio e, de igual forma, as crianças com deficiência são mais suscetíveis ao abuso e negligência do
que as crianças sem deficiência;
¨ A Intervenção Precoce deve resultar no desenvolvimento de melhores atitudes parentai,
proporcionando mais informação e melhores ferramentas para lidar com a sua criança;
¨ A Intervenção Precoce resulta em ganhos sociais alcançados, uma vez que se verifica uma diminuição
das situações de dependência de instituições sociais e um aumento da capacidade da família para lidar
com a presença de um filho com deficiência.

1.2. Destinatários

Os destinatários da Intervenção Precoce na Infância são as famílias de crianças entre os 0 e os 6 anos, com
alterações nas funções ou estruturas do corpo que limitam a participação nas atividades típicas para a
respetiva idade e contexto social ou com risco grave de atraso de desenvolvimento.

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1.3. Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social

1.3.1 Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI

O Sistema Nacional de Intervenção Precoce na


Infância (SNIPI) consiste num conjunto
organizado de entidades institucionais que têm
como missão garantir a Intervenção Precoce na
Infância (IPI), de forma integrada e articulada
entre os vários agentes.

A ação coordenada das várias entidades institucionais é distribuída entre o Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social, o Ministério da Educação e o da Saúde, em conjunto com as famílias e
a comunidade em que a criança se insere, tendo sido criado ao abrigo do Decreto – Lei nº 281/2009
publicado em Diário da República, e regendo-se também na sequência dos princípios estabelecidos na
Convenção das Nações Unidas para os Direitos da Criança e no âmbito do Plano de Ação para a Integração
das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade (2006-2009).

A operacionalização do SNIPI pressupõe assegurar um sistema de interação entre as famílias e as


instituições e, na primeira linha, as da saúde, para que todos os casos sejam devidamente identificados e
sinalizados tão rapidamente quanto possível. Assim, devem ser acionados os mecanismos necessários à
definição de um plano individual (Plano Individual de Intervenção Precoce – PIIP) atento às necessidades
das famílias, elaborado por Equipas Locais de Intervenção (ELI), multidisciplinares, que representem todos
os serviços envolvidos.

O PIIP deve constituir-se como um instrumento de organizador para as famílias e para os profissionais
envolvidos, estabelecer um diagnostico adequado, tendo em conta não apenas os problemas, mas
também o potencial de desenvolvimento da criança, a par das alterações a introduzir no meio ambiente
para que tal potencial se possa afirmar.

Por estes motivos, SNIPI deve assentar na universalidade de acesso, na responsabilização dos técnicos e
dos organismos públicos e na correspondente capacidade de resposta. Deste modo, é crucial integrar, tão
precocemente quanto possível, nas determinantes essenciais relativas à família, os serviços de saúde, as
creches, os jardins-de-infância e a escola.

1.3.2. Organização e competências

a) Comissão de Coordenação

Tem como principal atribuição assegurar a articulação das ações desenvolvidas ao nível de cada ministério

Constituída por representantes do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ministério


da Educação e Ministério da Saúde.

Principais competências:
1. Articular as ações dos ministérios através dos departamentos designados responsáveis para o efeito;

2. Assegurar a constituição de equipas multidisciplinares interministeriais para apoio aos PIIP;


3. Acompanhar, regulamentar e avaliar o funcionamento do SNIPI;

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4. Definir critérios de elegibilidade das crianças, instrumentos de avaliação e procedimentos necessários
à exequibilidade dos PIIP;
5. Elaborar o plano anual de ação, estabelecendo objetivos a nível nacional;
6. Sistematizar informação e elaborar um guia nacional de recursos, enquanto registo de cobertura da
rede de IPSS, de agrupamentos escolares de referência e da rede de cuidados de saúde primários;
7. Criar uma base de dados nacional, com vista à centralização da informação pertinente relativa às
crianças acompanhadas pelo SNIPI, nos termos a definir em portaria dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas da solidariedade social, da saúde e da educação, sujeita a consulta à Comissão
Nacional de Proteção de Dados;
8. Promover a formação e a investigação no âmbito da IPI;
9. Apresentar aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da solidariedade social, da saúde e da
educação, relatórios anuais de atividade;
10. Proceder a uma avaliação bianual do SNIPI.

b) Subcomissões de Coordenação Regional (SCR)

Subcomissão Regional Norte


Subcomissão Regional Centro
Subcomissão Regional Lisboa e Vale do Tejo
Subcomissão Regional Alentejo
Subcomissão Regional Algarve

Constituídas por profissionais designados pelo três Ministérios.

Principais competências:
1. Apoiar a Comissão de Coordenação do SNIPI e transmitir as suas orientações aos profissionais que
compõem as Equipas Locais de Intervenção (ELI);
2. Coordenar a gestão de recursos humanos, materiais e financeiros, segundo orientações do plano
nacional de ação;
3. Proceder à recolha e atualização contínua da informação disponível e ao levantamento de necessidades
da Região, contribuindo para a base de dados nacional;
4. Planear, organizar e articular a ação desenvolvida com as equipas locais de intervenção e os núcleos de
supervisão técnica;
5. Acompanhar a implementação das equipas locais de intervenção;
6. Designar o elemento coordenador de cada ELI;
7. Integrar/acompanhar os núcleos de supervisão técnica de dimensão distrital, constituídos por
profissionais das várias áreas de intervenção das entidades previstas no n.º 1, do artigo 1º do presente
regulamento, podendo convidar para o efeito personalidades das áreas científicas e académica.

c) Núcleos de Supervisão Técnica (NST)

Constituídos por profissionais das várias áreas de intervenção dos três ministérios envolvidos, com
formação e experiência na área da IPI, desenvolvendo a sua atuação de acordo com os Planos de Ação
das (SCR) e assumindo-se como estruturas de apoio às SCR e às ELI.

Principais funções de apoio às (SCR):


1. Apoiar a SCR na articulação direta com as entidades locais responsáveis pelos profissionais afetos às
ELI (ACES, Agrupamentos de Escolas e Instituições com protocolos com o ISS);
2. Planear, organizar e avaliar o funcionamento das ELI em articulação com a SCR;

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3. Proceder à recolha e atualização contínua da informação disponível nas ELI e ao levantamento das
necessidades na sua área de Intervenção;
4. Identificar, em cada Distrito, personalidades das áreas científica e académica com formação e
reconhecida experiência na área da IPI, que possam colaborar com os NST;
5. Apoiar a formação e a investigação no âmbito da IPI em estreita colaboração com a SCR.

Principais funções de apoio às ELI e à comunidade:


1. Análise e verificação da aplicação dos critérios de elegibilidade de crianças referenciadas para as ELI;
2. Análise e monitorização da aplicabilidade dos conceitos de vigilância e de encaminhamento das
situações referenciadas para outros serviços;
3. Suporte e acompanhamento técnico ao trabalho desenvolvido pelas ELI, nomeadamente no que se
refere à monitorização da construção e organização dos Processos Individuais das Crianças abrangidas,
bem como à avaliação das medidas e ações previstas no PIIP, promovendo a sua readequação, sempre
que os progressos se manifestem insuficientes;
4. Apoiar e acompanhar a capacitação dos profissionais das ELI, face ao modelo conceptual, o qual que
se traduz num modelo de intervenção centrado na família e na comunidade, baseado nas
preocupações e forças da família e no reforço das suas competências,
5. Apoiar as ELI na adoção de um modelo de funcionamento transdisciplinar, promovendo uma dinâmica
de partilha de saberes teóricos e teórico-práticos entre os vários profissionais;
6. Apoiar as ELI na articulação com as diferentes entidades com competência em matéria de infância e
juventude, no sentido de definir procedimentos e circuitos de sinalização;
7. Promover com as ELI o diagnóstico de necessidades e de recursos da comunidade, por forma a
dinamizar redes de suporte formais e informais.

d) Equipas Locais de Intervenção (ELI)

Constituídas por equipas pluridisciplinares com base em parcerias institucionais envolvendo vários
profissionais (educadores de infância; enfermeiros; médicos de família/pediatras; assistentes sociais;
psicólogos; terapeutas; entre outros).

Principais funções das ELI:


1. Identificar as crianças e famílias imediatamente elegíveis para o SNIPI;
2. Assegurar a vigilância às crianças e famílias que, embora não imediatamente elegíveis, requeiram
avaliação periódica, devido à natureza dos seus fatores de risco e probabilidade de evolução;
3. Encaminhar crianças e famílias não elegíveis, mas carenciadas de apoio social;
4. Elaborar e executar o PIIP em função do diagnóstico da situação;
5. Identificar necessidades e recursos das comunidades da sua área de intervenção, dinamizando
redes formais e informais de apoio social;
6. Articular, sempre que se justifique, com as comissões de proteção de crianças e jovens, com os
núcleos da saúde de crianças e jovens em risco ou outras entidades com atividade na área da proteção
infantil;
7. Assegurar, para cada criança, processos de transição adequados para outros programas, serviços
ou contextos educativos;
8. Articular com os docentes das creches e jardins-de-infância em que se encontrem colocadas as
crianças integradas em IPI.

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1.3.3 Critérios de elegibilidade e encaminhamento

De acordo com o Decreto-lei 281/09 de 6 de outubro, são elegíveis para apoio no âmbito do SNIPI, as
crianças entre os 0 e os 6 anos e respetivas famílias, que apresentem:

- “Alterações nas funções ou estruturas do corpo” que limitam o normal desenvolvimento e a participação
nas atividades típicas, tendo em conta os referenciais de desenvolvimento próprios para a respetiva idade,
nível de desenvolvimento e contexto social;
- “Risco grave de atraso de desenvolvimento” pela existência de condições biológicas, psicoafectivas ou
ambientais que implicam uma alta probabilidade de atraso relevante no desenvolvimento da criança;

Contudo, é importante também salientar que são elegíveis para acesso ao SNIPI, todas as crianças do
incluídas no primeiro critério, e todas as do segundo que acumulem quatro ou mais fatores de risco
biológico e/ou ambiental, constituindo este facto um ponto essencial na tomada de decisão de inclusão
ou exclusão de cada casa, pois representa um aumento substancial do efeito do risco (efeito cumulativo
do risco).

Algumas definições importantes:

Funções do corpo: funções fisiológicas dos sistemas orgânicos (incluindo as funções psicológicas ou da
mente).

Estruturas do corpo: partes anatómicas do corpo, tais como, órgãos, membros e os seus componentes.

Participação do indivíduo ou criança: envolvimento de um indivíduo ou criança numa situação da vida


real.

1.3.4 Metodologia de intervenção dos organismos competentes

Todos os intervenientes dos locais onde a criança habita e com a qual interage são potenciais
referenciadores e indicadores para o desencadear do processo de integração no SNIPI. Entre eles, é
possível referir alguns como o hospital pediátrico, centro de saúde, maternidade, creche e JI, IPSS, CPCJ,
serviços sociais, e a própria família.

Depois de sinalizadas às ELI da área de abrangência, é iniciado o processo de avaliação e diagnóstico de


cada caso, sendo este o primeiro passo de uma intervenção centrada na criança e na sua família. Neste
sentido, é sempre dada a possibilidade de a família decidir sobre a disponibilidade e local para os
primeiros contactos com a equipa, assim como para todo o processo de intervenção.

Este primeiro passo, o do diagnóstico pelas ELI é essencial, pois só dessa forma é possível verificar a
elegibilidade para o acompanhamento pela IPI, realizar a avaliação diagnóstica através do levantamento
de dados que permita detetar as necessidades e potencialidades da criança e da família, e fazer o
planeamento da intervenção.

No caso de haver critérios de elegibilidade e um parecer positivo para o desencadeamento do restante


processo, é indicado o membro Responsável de Caso, que, junto com a família e restantes prestadores de
cuidados, elaborará o Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP), contando com a intervenção dos
restantes elementos da ELI. É decidido ainda a modalidade de acompanhamento que poderá ser
domiciliário, misto (domiciliário e institucional) ou outro.

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Por fim, a intervenção pressupõe a articulação entre todos os intervenientes, potenciando melhores
resultados para o desenvolvimento da criança.

1.3.5 Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção multidisciplinar

A articulação das Equipas Locais de Intervenção – ELI, faz-se através da análise multidisciplinar das
sinalizações recebidas e da elaboração e aplicação do Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP), que
é simultaneamente um documento que permite organizar toda a informação recolhida, registar todos os
aspetos da intervenção bem como o processo que conduz à sua implementação. Este documento é
elaborado em função do diagnóstico da situação, envolve a avaliação da criança nos seus contextos
(familiar e outros) e define as medidas e ações a desenvolver, sendo sempre subscrito pelas famílias.

Estas equipas multidisciplinares são constituídas por técnicos de todos os serviços sociais que são
chamados a intervir (educação, saúde e serviço social) e existe ainda a identificação do técnico
responsável por cada caso.

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2. Problemas de desenvolvimento

2.1. Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade

Crianças com alterações nas funções ou estruturas do corpo

Estão abrangidas por estes critérios todas as


crianças com um atraso de desenvolvimento
sem etiologia conhecida, podendo abranger
uma ou mais áreas de entre a motora, física,
cognitiva, comunicacional, emocional, social ou
adaptativa; e crianças com condições
específicas de atraso no desenvolvimento,
sendo todas as patologias validadas por
avaliação fundamentada, feita por um
profissional competente e com formação para o
efeito.

Condições Específicas – Baseiam-se num diagnóstico relacionado com situações que se associam a atraso
do desenvolvimento, podendo ser, entre outras:
¨ Anomalia cromossómica (p. ex. Trissomia 21, Trissomia 18, Síndrome de X- Frágil)
¨ Perturbação neurológica (p. ex. paralisia cerebral, neurofibromatose)
¨ Malformações congénitas (p. ex. sindromes polimalformativos)
¨ Doença metabólica (p. ex. mucopolisacaridoses, glicogenoses)
¨ Défice sensorial (p. ex. baixa visão/cegueira, surdez)
¨ Perturbações relacionadas com exposição pré-natal a agentes teratogénicos ou a narcóticos, cocaína
e outras drogas (p. ex. síndrome fetal alcoólico)
¨ Perturbações relacionadas com infeções severas congénitas (p. ex. HIV, grupo TORCH, meningite)
¨ Doença crónica grave (p. ex. tumores do SNC, D. renal, D. hematológica)
¨ Desenvolvimento atípico com alterações na relação e comunicação (p. ex. perturbações do espectro
do autismo)
¨ Perturbações graves da vinculação e outras perturbações emocionais

Crianças com Risco Grave de Atraso de Desenvolvimento

Crianças expostas a fatores de risco biológico: Inclui crianças que estão em risco de vir a manifestar
limitações na atividade e participação na vida ativa por condições biológicas que interfiram claramente
com a prestação de cuidados básicos, com a saúde e o desenvolvimento.

Baseiam-se num diagnóstico relacionado com, entre outros:


¨ História familiar de anomalias genéticas, associadas a perturbações do desenvolvimento
¨ Exposição intra-uterina a tóxicos (álcool, drogas de abuso)
¨ Complicações pré-natais severas (Hipertensão, toxémia, infeções, hemorragias,
etc.)
¨ Prematuridade < 33 semanas de gestação
¨ Muito baixo peso à nascença (< 1,5Kg)
¨ Atraso de Crescimento Intra-Uterino (ACIU): Peso de nascimento <percentil 10 para o tempo de
gestação

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¨ Asfixia perinatal grave (Apgar ao 5º minuto <4 ou pH do sangue do cordão <7,2 ou manifestações
neurológicas ou orgânicas sistémicas neonatais)
¨ Complicações neonatais graves (sépsis, meningite, alterações metabólicas ou hidroeletrolíticas,
convulsões)
¨ Hemorragia intraventricular
¨ Infeções congénitas (Grupo TORCH)
¨ Criança HIV positiva
¨ Infeções graves do sistema nervoso central (Meningite bacteriana, meningoencefalite)
¨ Traumatismos cranianos graves
¨ Otite média crónica com risco de défice auditivo

Crianças expostas a fatores de risco ambiental: Consideram-se condições de risco ambiental a existência
de fatores parentais ou contextuais, que atuam como obstáculo à atividade e à participação da criança na
vida ativa, limitando as suas oportunidades de desenvolvimento e impossibilitando ou dificultando o seu
bem-estar.

São entendidos como fatores de risco parentais, entre outros:


¨ Mães adolescentes < 18 anos
¨ Abuso de álcool ou outras substâncias aditivas
¨ Maus-tratos ativos (maus-tratos físicos, emocionais e abuso sexual) e passivos (negligência nos
cuidados básicos a prestar à criança (saúde, alimentação, higiene e educação)
¨ Doença do foro psiquiátrico
¨ Doença física incapacitante ou limitativa

Consideram-se fatores contextuais, entre outros:


¨ Isolamento (ao nível geográfico e dificuldade no acesso a recursos formais e informais; discriminação
sociocultural e étnica, racial ou sexual; discriminação religiosa; conflitualidade na relação com a
criança) e/ou Pobreza (recurso a bancos alimentares e/ou centros de apoio social; desempregados;
famílias beneficiárias de RSI ou de apoios da ação social)
¨ Desorganização Familiar (conflitualidade familiar frequente; negligência da habitação a nível da
organização do espaço e da higiene)
¨ Preocupações acentuadas, expressas por um dos pais, pessoa que presta cuidados à criança ou
profissional de saúde, relativamente ao desenvolvimento da criança, ao estilo parental ou interação
mãe/pai-criança

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3. Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao
desenvolvimento infantil

No trabalho desenvolvido com cada criança, este não


se limita apenas por este elemento, envolvendo
sempre a família e tendo em consideração o
contexto familiar e ambiental em que a criança se
desenvolve. Por esse motivo, os profissionais devem
estar conscientes das interações entre os vários
atores que interagem com a criança para que
estejam aptos a avaliar se a intervenção será feita
em equilíbrio ou desequilíbrio no sistema familiar,
permitindo assim melhorar o processo de mudança
e de evolução de cada situação.

Uma abordagem centrada na família implica o desenvolvimento das capacidades da família, para que elas
possam por si, responder às necessidades da sua criança, sem ter que se tornarem dependentes dos
serviços de apoio. Deste modo, as fontes de stress devem ser identificadas, no sentido serem reduzidos
os seus efeitos, pois a definição de objetivos de forma colaborativa entre pais e os profissionais pode
contribuir para aliviar o stress resultante destes comportamentos. Esta relação de proximidade e
intimidade entre técnicos e familiares só se garante se existir confiança e empatia de ambas as partes,
procurando o sucesso do programa de intervenção.

Por sua vez, os profissionais devem desenvolver capacidades de comunicação que lhes permitam
estabelecer interações positivas com as famílias, pois a sua relação com os profissionais pode ser uma
experiência agradável e gratificante e não apenas mais uma experiência de stress igual a outras que a
família inevitavelmente já enfrenta, devendo sim ser uma fonte de apoio e suporte. Quando esta relação
positiva se estabelece, as famílias sentem-se progressivamente mais autónomas, competentes e
confiantes para apoiar a criança.

Contudo, a confiança entre técnicos e família não se estabelece automaticamente nem autonomamente,
pelo que se vai construindo ao longo do tempo, acarretando muita responsabilidade por parte das equipas
no que à privacidade e confidencialidade diz respeito, pois as informações partilhadas não poderão ser
divulgadas, prevalecendo sempre o respeito e a honra pelo compromisso feito entre ambas as partes.

Os técnicos das equipas envolvidas regem as suas funções e a sua atuação a partir de um Código de Ética
Profissional que se organiza e estrutura entre os diferentes atores.

No Código de Ética Profissional, na relação com as crianças, o técnico:

1 - Vê cada criança, primeiramente, como uma criança, e valoriza as suas competências únicas;
2 - Respeita o facto de cada criança ser parte de uma família e incorpora esta compreensão em todas as
suas interações com as crianças e suas famílias;
3 - Reconhece o papel fundamental do brincar no desenvolvimento e é sensível aos direitos da criança a
brincar, às suas necessidades de estimulação, diversão, escolha e preferência;
4 - Interage com as crianças em modos que promovem o seu desenvolvimento e valoriza as suas
aquisições de desenvolvimento;
5 - Identifica, valoriza e constrói sobre as competências e forças de cada criança;

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6 - Promove ambientes seguros, saudáveis e estimulantes, que otimizam o bem-estar e desenvolvimento
das crianças;
7 - Trabalha no sentido de assegurar que não há discriminação contra as crianças com base em
competências, diagnósticos, rótulos, género, religião, linguagem, cultura ou nacionalidade de origem;
8 - Reconhece a diversidade cultural e linguística das crianças e famílias, e adapta práticas de acordo com
esse conhecimento (ex. consultadoria cultural, intérpretes gestuais e outros);
9 - Envolve-se em práticas respeitadoras e que garantem a segurança emocional, física e cultural das
crianças, e que de forma alguma as degradam, colocam em perigo, exploram, intimidam ou magoam;
10 - Age em benefício das crianças para proteger o seu bem-estar físico e emocional, incluindo fazer
notificações em sua proteção, quando necessário;
11 - Garante privacidade apropriada e confidencialidade (incluindo questões de saúde e das dinâmicas do
agregado familiar);
12 - Reconhece e encoraja o direito de todas as crianças a viver em território português a aceder a
educação e serviços de intervenção;
13 - Assume os princípios da parceria, participação e proteção.

No Código de Ética Profissional, na relação com as famílias, o técnico:

1 - Eleva os princípios da parceria, participação e proteção;


2 - Respeita a perspetiva e prioridades de cada família para a sua criança e faz delas o ponto de partida
da intervenção;
3 - Desenvolve parcerias colaborativas com as famílias, respeitando a família enquanto especialista acerca
das suas crianças, e o seu modo de prestar cuidados, e partilha o meu conhecimento e compreensão
profissional de modo sensível e respeitador;
4 - Trabalha para desenvolver com as famílias relações positivas, baseadas em tomadas de decisão
partilhadas, confiança mútua e comunicação aberta;
5 - Reconhece e respeito a unicidade de cada família, e o significado da sua cultura, hábitos, linguagem,
crenças, e o contexto - comunidade em que a família opera;
6 - Garante que as famílias têm acesso a serviços de apoio cultural, incluindo intérpretes gestuais, etc.,
quando necessário;
7 - Apoia cada família no sentido de desenvolver um sentido de confiança e conexão com os serviços em
que as suas crianças participam;
8 – Mantém a confidencialidade e respeita o direito de cada família à privacidade;
9 - Providencia informação plena e acurada às famílias em linguagem clara e compreensível, criando
condições para a sua capacitação para que possam tomar decisões de forma esclarecida;
10 - Providencia informação para ambos os pais, a não ser que considerações legais contrariem esse
princípio.

No Código de Ética Profissional, na relação com a comunidade e sociedade, o técnico:

1 - Apoia o desenvolvimento e implementação de políticas e leis que promovem o bem-estar de crianças


e famílias;
2 - Promove a cooperação entre serviços e disciplinas profissionais trabalhando no melhor interesse de
crianças e famílias;
3 - Promove o melhor interesse das crianças através da educação da comunidade e advogando por elas;
4 - Apoia a avaliação contínua do serviço e a respetiva disponibilidade para utentes e para a comunidade.

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No Código de Ética Profissional, na relação com colegas, o técnico:

1 - Trabalha no sentido de comunicar com eficácia, agindo com integridade e construindo confiança,
respeito e abertura profissional;
2 - Valoriza as forças pessoais e profissionais que os seus colegas trazem para a equipa;
3 - Apoia os profissionais de Intervenção Precoce no acesso a suporte e desenvolvimento profissional de
alta qualidade;
4 - Respeita as perspetivas que diferentes disciplinas oferecem à compreensão das necessidades de cada
criança, família, serviço e comunidade;
5- Mantém a confidencialidade apropriada;
6 - Apoia ativamente um ambiente de trabalho que é espiritualmente, fisicamente, culturalmente,
emocionalmente e profissionalmente seguro.

No Código de Ética Profissional, na relação consigo mesmo, o técnico:

1 - Envolve-se no seu desenvolvimento profissional contínuo e mantém-se atualizado relativamente a


novo conhecimento no campo da Intervenção Precoce;
2 - Reflete consistentemente sobre a sua prática e assegura que se envolve em atividades de revisão e
supervisão apropriada;
3 - Trabalha dentro das fronteiras da sua profissão e das suas qualificações;
4 – Assume o papel de advogado pelas crianças, pela IP e pelos serviços que apoiam as crianças e as suas
famílias;
5 - Promove o conhecimento da comunidade sobre a sua profissão;
6 - Assegura que as suas práticas são culturalmente apropriadas e promove ativamente atitudes
antirracistas;
7 - Demonstra, através do seu comportamento e linguagem, que não há discriminação contra as
crianças;
8- Assegura que mantém standards profissionais em toda a documentação que utiliza e produz;
9 - Assegura que mantém a integridade pessoal, autenticidade e honestidade em todas as atividades
profissionais;
10 - Compromete-se a manter intactos os standards, valores e práticas expressos no Código de Ética do
Profissional.

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4. Cuidados a prestar à criança

Depois de identificar as crianças e famílias elegíveis para o SNIPI deve:

- Assegurar a vigilância às crianças e famílias que,


embora não imediatamente elegíveis para o SNIPI,
requerem avaliação periódica, devido à natureza dos
seus fatores de risco e probabilidade de evolução;
- Encaminhar crianças e famílias não elegíveis, mas
carenciadas de apoio social;
- Organizar um processo individual por criança;
- Elaborar e executar o Plano Individual de
Intervenção Precoce (PIIP) em função do diagnóstico
da situação;
- Identificar necessidades e recursos da comunidade,
dinamizando redes de apoio social;
- Articular com a CPCJ e com os núcleos de saúde de crianças e jovens em risco ou outras entidades da
área da proteção infantil;
- Assegurar, para cada criança, processos de transição adequados para outros programas, serviços ou
contextos educativos;
- Articular com os educadores das creches e jardim-de-infância em que se encontram colocadas as
crianças integradas em IPI;
- Desenvolver trabalho de prevenção do risco, junto das creches e jardins-de- infância, nomeadamente
através de dinamização de ações de sensibilização de país e qualificação de pessoal das Instituições.

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5. Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família

As práticas centradas na família são práticas que


colocam o foco no desenvolvimento de uma
relação com os pais, relação essa que utiliza e se
desenvolve partindo das competências e
capacidades demonstradas nos cuidados e
apoios aos filhos. Quando os programas são
centrados apenas na criança, apresentam
limitações, tendo o papel dos pais sido cada vez
mais valorizado.

Além dos principais elementos de cada uma das dimensões, é ainda possível considerar as zonas de
interseção entre eles, sendo também importantes na Intervenção Precoce e na transversalidade de todo
o processo de intervenção.

A mudança do alvo de intervenção da criança para a família, faz com que esta seja percecionada como
um todo que deve ser considerada simultaneamente como recetora e agente ativo do programa,
pretendendo-se que a família participe em verdadeira parceria com os profissionais no desenrolar do
programa e que lhe seja a ela dada a tomada de decisão em tudo aquilo que tenha a ver com a criança e
com a família. Assim, procura-se que a família consiga desenvolver o sentido de pertença à comunidade
através de uma maior e melhor inserção, nomeadamente através da utilização dos recursos disponíveis
como a constituição de uma rede social de apoio consistente, promovendo uma crescente autonomização
relativamente aos profissionais e serviços, para que, após a intervenção, a família seja capaz de se gerir a
si e aos seus recursos de forma independente.

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Existem princípios fundamentais para uma abordagem verdadeiramente centrada na família, e que,
embora sejam aceites, nem sempre são simples de incorporar no trabalho diário realizado. Esses
princípios são:

1.Encarar a família como a unidade de prestação de serviços

Afirmações frequentemente proferidas por profissionais da IP, tais como "os pais são os primeiros e os
mais marcantes educadores na vida dos seus filhos", fez com que estes tivessem uma maior perceção das
suas capacidades e predisposição para receberem formação. Os profissionais da IP eram vistos como
peritos na identificação das necessidades da criança e na definição de estratégias de intervenção,
necessárias e ajustadas ao seu desenvolvimento. Os pais recebiam formação para poderem implementar
as intervenções, mas o enfoque era a criança. Na perspetiva da abordagem centrada na família, a unidade
de intervenção não remete só para a criança, mas para toda a família, dado que é uma abordagem que
"reconhece que o bem-estar de cada membro da família afeta todos os outros", sendo pois o grande
objetivo "melhorar o bem estar de toda a família", procurando "minimizar o stress, manter ou melhorar
os relacionamentos entre os membros de toda a família" e permitindo à família seguir o mesmo trajeto
que seguiria se a sua criança não tivesse qualquer dificuldade. A concretização deste objetivo possibilita
o recurso a vários tipos de intervenções diferentes, não está limitado exclusivamente ao desenvolvimento
da criança e ao respeitar os modos de vida da família, crenças e valores o sucesso do mesmo será diferente
consoante a família.

2.Reconhecer os pontos fortes da criança e da família

Atingir este princípio constitui uma tarefa facilitada quando a família em questão tem crenças e valores
semelhantes aos profissionais e por outro lado, tem uma grande bagagem de conhecimentos, capacidades
e recursos que lhe permitem dar resposta às suas prioridades. Quando não é assim é mais difícil, mas
"essas famílias não deixam de ser capazes e competentes" e com a necessária informação, ensino de
capacidades e apoio adequado "podem demonstrar as suas capacidades e abordar as suas prioridades de
modo eficaz". Reconhecer e assumir os pontos fortes da família constitui "o primeiro passo" para uma
"abordagem otimista", em que " os pontos fortes devem ser usados e exponenciados durante o
desenvolvimento e a implementação dos planos de intervenção". Para que tal aconteça, os pais deverão
ser ajudados a reconhecer os seus próprios pontos fortes e as suas capacidades e encorajados a usá-los,
deverão desenvolver os conhecimentos e capacidades que já detém e deverão ainda ser ajudados a
localizar e usar os recursos de que têm necessidade.

3.Dar resposta às prioridades identificadas pela família

As prioridades da família consistem naquilo que os pais "consideram importantes para os seus filhos e
para toda a família". A identificação dessas prioridades assegura que "as intervenções foram concebidas
e serão implementadas de forma a ajudar as famílias a conseguirem o que é importante para elas, e não
o que os profissionais julgam ser importante".

4.Individualizar a prestação de serviços

Se as famílias são únicas as suas prioridades também o são e consequentemente tem que ser criado um
plano individual de serviços, que incluam as prioridades da família e as necessidades da criança.

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5.Dar resposta às prioridades, em constante mudança, da família

As prioridades da família "não são estáticas, pelo contrário, estão em constante mudança", o que pode
implicar a necessidade de mudanças quer nos serviços necessários à criança/família, quer estratégias de
intervenção.

6. Apoiar os valores e o modo de vida de cada família

Procurando "não perturbar ainda mais as rotinas familiares, mas antes, ajudar as famílias a atingirem o
equilíbrio que desejam". As crenças e valores não podem ser articulados, porque fazem parte da nossa
vida e por vezes nem temos a perceção da sua influência, e quando ocorrem nem sempre as famílias
querem partilhar esse aspeto pessoal sobretudo com pessoas com pouca proximidade.

Aspetos essenciais para a eficácia da Intervenção Precoce

Após alguma investigação sobre os aspetos mais importantes na garantia da eficácia da IP, verificou-se
que existem alguns fatores predominantemente importantes, nomeadamente:
¨ A idade da criança à data do início da intervenção
¨ O envolvimento dos pais
¨ A intensidade e/ou estruturação do modelo do programa de Intervenção Precoce adotado

Os resultados da investigação científica indicam que, quanto mais cedo se iniciar a intervenção, maior é a
sua eficácia e eficiência, pois, quando a intervenção se inicia logo após o nascimento ou depois de ter sido
diagnosticada alguma deficiência ou risco, os ganhos ao nível do desenvolvimento são maiores e a
probabilidade de se manifestarem outros problemas é menor.

Do mesmo modo, o envolvimento dos pais na intervenção é também muito importante, uma vez que as
famílias de crianças com deficiência ou em risco, necessitam de um maior apoio social e instrumental e
de desenvolver as competências necessárias para lidar com os filhos com necessidades especiais. Os
principais resultados da Intervenção com a família dizem respeito ao aumento da capacidade dos pais
para lidarem com o problema da criança, que leva necessariamente à redução do stress familiar. Em
conjunto, estes fatores aparentam desempenhar um papel importante no sucesso dos programas de
intervenção junto da criança.

A estruturação dos programas de Intervenção Precoce está também relacionada com os seus resultados,
independentemente do modelo curricular utilizado. Os programas de maior sucesso são geralmente os
mais estruturados. Isto significa que os casos de sucesso se registam em programas que:
¨ Definem operacionalmente e monitorizam frequentemente os objetivos;
¨ Identificam com precisão os comportamentos a desenvolver e as atividades que serão desenvolvidas
em cada sessão;
¨ Utilizam procedimentos de análise de tarefas;
¨ Avaliam regularmente o desenvolvimento da criança e utilizam os registos de progressão no
planeamento da intervenção.

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Referências bibliográficas

Bibliografia

Abreu, M. R. T. (1996) Intervenção Precoce. Direcção-Geral da Ação Social Lisboa, Núcleo de


Documentação Técnica e Divulgação
Aleixo, E. (2012) Práticas de Intervenção Precoce centradas nos contextos naturais e o seu contributo para
a promoção do desenvolvimento de uma criança. Tese de Mestrado em Educação Especial, ESEC
Gronita, J. et all (2016) E Quando Atendemos Crianças… diferentes – Boas Práticas na IP. Fundação
Calouste Gulbenkian, 2º Edição, Lisboa
Gronita, J. et all. Crianças Diferentes - Intervenção Precoce - O processo de construção de boas práticas -
Relatório final. Fundação Calouste Gulbenkian

Webliografia

https://snipi.gov.pt/
https://www.anip.pt/

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