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Formação de Amas Certificadas | Mirandela

74-N-1.08.21/22
UFCD 9183 - Desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos - iniciação

2ª Sessão Síncrona
Mod.CF.066/01

Mafalda Bento
mafalda.bento@hotmail.com
13/10/2022 a 21/10/2022
Conteúdos a explorar na sessão de hoje:
1. Fases do desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos
I. Desenvolvimento físico e psicomotor
II. Desenvolvimento cognitivo
III. Desenvolvimento da linguagem
IV. Desenvolvimento sócio afetivo
• Vinculação: a criança e o adulto de referência
• Primeiros comportamentos sociais
• Segurança afetiva
• Curiosidade e ímpeto exploratório
• Autoestima
Mod.CF.066/01
Alguns Pedagogos e as suas teorias de Desenvolvimento

Jean Piaget Lev Vygotsky


Mod.CF.066/01
Jean Piaget

Jean Piaget, de nacionalidade suíça, era


biólogo e psicólogo e viveu entre 1896-1980.

Nesta altura, ele rejeitou as duas teorias


existentes, no que trata ao desenvolvimento
da criança.
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Teorias anteriores na época de Jean Piaget
Inatismo – Na época considerava-se que as crianças
já nasciam com todas as suas competências, mas
como “telas em branco” ou “caixas vazias”, e o
adulto/professor apenas debitava a informação e a
criança aprendia.

A criança não precisava de se esforçar, bastava estar


quieta e sem falar, enquanto o professor transmitia a
informação.

Behaveorismo – Supunha a ideia de aprendizagem por repetição,


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ou seja, tantas vezes alguém repetia que a criança aprendia.


Primeira Teoria de Jean Piaget
A Teoria da Equilibração – Explicava que o cérebro funciona como
estruturas e esquemas e não como uma caixa vazia.
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Ele defendia que para a criança aprender não bastava ler ou


repetir um texto várias vezes. Daí nasce então a sua teoria….
Exemplificando….
Quando uma criança já conhece as característica do cão (p. ex. que possui 4
patas, pelo e focinho) e vê pela primeira vez um cavalo, ela pensa que todo
o animal que tenha as mesmas caraterísticas, ou seja, que possui 4 patas,
pelo e focinho é igualmente um cão! Mas aí acontece o chamado
Desequilíbrio.
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Exemplificando….
1. Assim, a criança primeiro assimila a informação: associa o que ela já
conhece (o cão), ao que está a ver (o cavalo);

2. Depois acomoda a informação: reflete no que já conhece e no que está


a ver, criando outra conceção, ampliando-a e transformando-a;

3. Por fim, chega o equilíbrio: a criança verifica a sua informação, ou


seja, quando ela volta a ver um cavalo ela já o reconhece como sendo
outro animal.

Piaget defendia que era desta forma que a criança aprendia…


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Etapas de desenvolvimento a nível cognitivo segundo
Jean Piaget

• Aos poucos o bebé torna-se capaz de


realizar atividades em relação ao
ambiente, segundo as atividades
Sensório Motor sensorial e motora (p. ex. a criança
desenvolve-se através da colocação de
(dos 0 aos 2 anos)
“coisas” na boca; começa a gatinhar e
depois a andar; começa com a fala
imitativa; e tem a noção de causa-
efeito).
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Etapas de desenvolvimento a nível cognitivo segundo
Jean Piaget (continuação)

• Nesta etapa o pensamento ainda não


é lógico; a linguagem e o jogo
Pré-Operatório imaginativo/simbólico são
manifestações essenciais; a criança
(dos 2 aos 7 anos) desenvolve um sistema
representacional e recorre a símbolos
para representar pessoas e lugares.
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Etapas de desenvolvimento a nível cognitivo segundo
Jean Piaget (continuação)

• A criança é capaz de resolver


Operatório Concreto problemas, logicamente, se estiver
(dos 7 a 11 anos) focada no aqui e agora, mas não
consegue pensar de forma abstrata.
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Etapas de desenvolvimento a nível cognitivo segundo
Jean Piaget (continuação)

• A criança consegue pensar de forma


Operatório Formal abstrata; consegue lidar com situações
(a partir dos 11 anos) hipotéticas e pensar sobre
possibilidades.
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Ainda, Jean Piaget reconhecia que cada caso é um caso e que as etapas de
desenvolvimento podem alterar-se dependendo dos estímulos/outros fatores.
Lev Vygotsky

Vygotsky tinha nacionalidade Bielorussa, era


psicólogo e viveu entre 1896-1934.

Socio-construtivista – A construção do
conhecimento é feita através do outro, ou seja,
o indivíduo é visto como um ser ativo e social
construído ao longo da sua vida por meio das
relações com outros indivíduos e com o meio
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que o envolve por isso ele dizia: “Na ausência do


outro, o homem não se constrói como homem”
Os Níveis de Desenvolvimento segundo Vygotsky
Desenvolvimento Real

• Para ele, nós nascemos com funções psicológicas elementares e com a


cultura, o meio e o outro, elas transformam-se em funções psicológicas
superiores… o nosso cognitivo vai amadurecendo em função do outro.

Desenvolvimento Proximal (ZDP)


• Funções que ainda não amadureceram mas que com o auxílio do outro,
o indivíduo consegue transformar. Distingue aquilo que sabe, daquilo
que consegue aprender com o próximo.

Desenvolvimento Potencial
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• Momentos sozinho, onde o indivíduo elabora todo o conhecimento.


Em resumo, o que interessa reter sobre as diferentes teorias…

• O desenvolvimento físico e psicomotor, cognitivo, linguístico e sócio


afetivo da criança é um processo que decorre da interação entre a
maturação biológica e as experiências proporcionadas pelo meio físico e
social;
• As relações e interações que a criança estabelece com adultos e outras
crianças e as experiências que lhe são proporcionadas pelos contextos
sociais e físicos em que vive, constituem formas de aprendizagem, que
vão contribuir para o seu desenvolvimento;
• Deste modo, a aprendizagem influencia e é influenciada pelo processo
de desenvolvimento físico e psicológico da criança, sobretudo numa
fase da vida em que essa evolução é muito rápida. Posto isto, em
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educação de infância, não se pode dissociar desenvolvimento de


aprendizagem.
Tipos/Níveis de Desenvolvimento

Cognitivo

Físico e Desenvolvimento Linguístico


Psicomotor
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Sócio
Afetivo
O que é o Desenvolvimento da Criança?

É o processo de aprendizagem pelo qual a criança passa,


para adquirir e aprimorar diversas capacidades de âmbito
cognitivo, motor, linguístico e sócio emocional.
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Desenvolvimento Físico e Psicomotor
É o conjunto de mudanças que acontecem na criança como
parte do seu processo de crescimento.
É um processo altamente organizado.

Princípio Céfalo-
Caudal

Princípio Próximo-
Distal
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Desenvolvimento Físico e Psicomotor
(continuação)

Processo de fortalecimento gradual dos


músculos e do sistema nervoso: os
movimentos bruscos e descontrolados
iniciais da criança, vão dando lugar a um
controlo progressivo da cabeça, dos
membros e do tronco.
Decorre por etapas e depende da
maturação do sistema nervoso central.
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Fonte: https://fb.watch/fM22Cc9CuG/
Desenvolvimento Físico e Psicomotor
(continuação)

Neste contexto importa distinguir os conceitos de:

MOTRICIDADE GLOBAL
• Diz respeito a movimentos amplos dos
membros.

MOTRICIDADE FINA
• Relaciona-se com a coordenação óculo-
manual.
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Desenvolvimento da Linguagem

É o sistema através do qual o ser humano


comunica ideias e sentimentos, seja
através da fala, da escrita ou de outros
signos convencionais.
O desenvolvimento da linguagem
influencia a forma como a criança
aprende a pensar.
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Desenvolvimento da Linguagem (continuação)
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Comunicação não verbal


Produção de sons

Estrutura das sílabas

Estrutura das frases

Diálogo
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Desenvolvimento Cognitivo

É definido como o processo pelo qual


se adquire conhecimento, ou seja, o
desenvolvimento cognitivo na criança
é o processo do surgimento da
capacidade de pensar, de
compreender e de aprender.
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Desenvolvimento Cognitivo (continuação)
FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO
Genética

• Refere-se à prevalência da importância na herança biológica, recebida


pelos progenitores e considera que as caraterísticas básicas da criança
(inteligência, personalidade, traços físicos,…) já estão formados ao
nascimento.

Ambiente

• Baseia a sua premissa na ideia de que o ambiente, isto é, as condições e


experiências de vida, é o principal responsável pela formação das
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características básicas do ser humano, especialmente das suas


competências intelectuais.
Desenvolvimento Sócio Afetivo
Está relacionado com os sentimentos e as emoções.

É através das sensações, que o afeto possibilita que a criança


passe a sentir-se segura e a desenvolver a sua aprendizagem.

Assim, o estabelecimento de vínculos afetivos desde o


nascimento do bebé e durante o seu desenvolvimento é crucial,
visto que é através dos primeiros vínculos, bem como da
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qualidade dos mesmos, que se vai determinar a evolução e o


desenvolvimento afetivo saudável da criança.
Desenvolvimento Sócio Afetivo (continuação)

É a partir dos vínculos afetivos, que criamos a


nossa visão de mundo, por isso eles são tão
importantes!

O principal fator potenciador para


criá-los é estar próximo e disponível
emocionalmente para os mais
pequenos. 
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Vinculação
“Relações consistentes e estimulantes com as
mesmas pessoas que cuidam da criança,
incluindo a figura principal, desde cedo e ao
longo da infância, são as pedras angulares da
competência emocional e intelectual
permitindo à criança formar o elo de
VÍNCULO profundo que se desenvolve
originando um sentimento partilhado, empatia
e de compaixão”

Stanley Greenspan (1997)


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Vinculação (continuação)
• É uma ligação emocional recíproca e longa entre o bebé e a figura
parental, em que cada um colabora para a qualidade da relação;
• A vinculação tem um valor adaptativo para o bebé, pois pode
assegurar as suas necessidades físicas, psicológicas e sociais;
• Tanto as mães como os bebés colaboram para a segurança da
vinculação, segundo a sua personalidade/temperamento e
comportamento, o que determina o modo como respondem um
ao outro;
• Quanto mais segura for a vinculação da criança à figura de
referência, mais fácil parece ser para a criança tornar-se
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independente desse adulto e desenvolver boas relações com os


outros.
Tipos de Vinculação

Segura

Vinculaçã
o

Insegura Ambivalente
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Qual a importância do vínculo afetivo?

Proporciona elementos
para que as crianças
descubram as suas
potencialidades.

É o primeiro passo de uma


educação socio-emocional de boa
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qualidade.
Como incentivar a criação de vínculos afetivos?

Durante a primeira infância alguns bons exemplos são: o


cuidar, uma boa conversa e gestos de carinho;

Nas fases seguintes, quando a criança já tem mais


autonomia, os vínculos são criados, sobretudo, por meio do
diálogo e das relações familiares.
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Segurança Afetiva
A existência de uma relação sócio afetiva estável reduz
consideravelmente o stress que o bebé ou a criança mais nova
sentiriam, caso se tivessem de adaptar a vários educadores em
constante mudança.

Esta segurança ajuda também a proporcionar a confiança e


previsibilidade que permitem à criança passar pelas frustrações e
desafios necessários para o crescimento e desenvolvimento.

Numa abordagem ativa, o cuidador responsável representa uma


âncora para a criança, a pessoa em que esta pode confiar para ser
tranquilizada, orientada e cuidada.
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A Criança e o Adulto de Referência
Um adulto que demonstra
O modelo “adulto” é raiva excessiva ao lidar
fonte de aprendizagem com situações em que não
fundamental para as apresentam gravidade
crianças.  para que tal aconteça,
confundirá a criança,
dar-lhe-á a entender que
o mundo é um lugar
frustrante e aquilo que
não corresponde às
expectativas é motivo
para manifestações
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raivosas.
 
A Criança e o Adulto de Referência
(continuação)

O seu exemplo é tomado como


referência pelas crianças. A
partir da observação das
atitudes, escolhas e respostas
emocionais do adulto, as
crianças encontram referências
para: como comportar-se e
expressar-se, mas mais do que
isso, compreendem que reações
devem apresentar em cada
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situação.
A Criança e o Adulto de Referência
(continuação)

Da mesma maneira, exemplos mais positivos de


expressão de um desconforto, como firmeza na
colocação de limites e oferecimento de alternativas
mais adequadas de comportamento, ajudam a criança a
descobrir outros meios de se posicionar frente às
frustrações.
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A Criança e o Adulto de Referência
(continuação)

Temos que perceber que as vivências


da criança são momentos de
aprendizagem e nós somos as
principais figuras que elas têm como
referência. Não somos perfeitos,
erramos, mas devemos sempre tentar
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ser mais tolerantes e mais


cuidadosos.
Autoestima
A autoestima ou valor dado a cada pessoa por si mesma é fundamental
para o bem-estar mental e físico de qualquer um, já que a aceitação de
si mesmo se reflete em cada aspeto da vida!

O desenvolvimento de um sentido de segurança e autoestima positiva


envolve um:
 sentimento de domínio sobre o próprio corpo, comportamento e
mundo;
 sentido de identidade e de pertença;
 sentimento de que nas diferentes atividades, as probabilidades
de sucesso são maiores que as de insucesso e que os adultos
podem ajudar.
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No fundo, sentido de confiança e competência são bases da


autonomia.
Como ajudar a criança a desenvolver a Autoestima?

 Tocar, segurar, falar e brincar de forma calorosa e tranquila;


 Ter prazer nas interações;
 Responder de forma facilitadora às necessidades e às
chamadas de atenção;
 Dar às crianças tempo para interagirem e responderem à sua
maneira;
 Apoiar as relações das crianças com os pares e outros;
 Observar e ouvir as crianças.
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Ímpeto Exploratório

O desenvolvimento da curiosidade
e ímpeto exploratório envolve o
sentimento de que descobrir coisas
é positivo e gera prazer, o desejo e
capacidade de perceber e ter um
efeito nas coisas e de atuar nesse
sentido com persistência.
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Qual a importância do brincar para Desenvolvimento da
Criança?

Brincar A importância de brincar está consagrada no sétimo


dos dez princípios dos Direitos das Crianças,
declarados, em 1959, pela Organização das Nações
Unidas (ONU): “o direito à educação gratuita e ao
lazer infantil”. Mas, hoje em dia, o “lazer infantil”
parece estar meio adormecido. Entre a escola,
trabalhos de casa, natação, ginástica ou outros
desportos, mais as aulas de música e o inglês… o
espaço para brincar tem sido relegado para segundo
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plano!
Qual a importância do brincar para Desenvolvimento da
Criança?
Mod.CF.066/01

Fonte: https://youtu.be/lGpHrwrmt8A
Quais as vantagens do brincar para o Desenvolvimento da
Criança?
Estimula a criatividade e a imaginação

Permite um melhor autoconhecimento

Ensina a negociar

Auxilia o sistema imunitário


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Melhora a saúde mental


Quais as vantagens do brincar para o Desenvolvimento da
Criança?
Estimula a atenção

Promove a interação social

Desenvolve o raciocínio

Ensina a lidar com a frustração


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Aumenta a capacidade de trabalhar em


equipa
Porque é que é importante observar o Desenvolvimento da
Criança?
• Visto que negligenciar essa tarefa pode afetar
negativamente o crescimento dela, tendo em conta que
é a partir da observação que identificamos dificuldades
e transtornos comuns em diferentes estágios da
infância e para formularem tratamentos e
metodologias que resolvam ou pelo menos estabilizem
essas dificuldades;
• E porque permite ainda a pais, educadores, psicólogos,
pedopsiquiatras, pediatras que possam elaborar
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estratégias de ensino que estimulem ainda mais esse


desenvolvimento da criança.
Na próxima “roda”
iremos abordar quais
os fatores que
condicionam o
Desenvolvimento da
Criança.
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Obrigada!

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