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Manual do Formando
Formadora
Filipa Rebelo
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Índice
1. Objetivos 3
2. Enquadramento geral 4
3. Elementos da comunicação 4
3.1. Comunicação não verbal 5
3.2. Comunicação como processo social 6
3.3. Barreiras à comunicação 6
4. Perturbações da comunicação 7
5. Desenvolvimento humano 7
6. Comunicar com crianças 8
6.1. Comunicar na família 8
6.1.1. Birras 10
7. Comunicar com adolescentes 11
8. Links para aprofundar conhecimentos 12
9. Referências bibliográficas 13
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Objetivos
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2. Enquadramento geral
Neste workshop, pretende-se possibilitar sobre a comunicação e os desafios no
comunicar com crianças e com adolescentes. Para tal, importa compreender que a
comunicação se trata de um processo que envolve mais do que uma pessoa, e que,
apesar de ser um termo utilizado amplamente no nosso quotidiano, se trata de uma
ação complexa e dinâmica.
Assim, a comunicação ocorre, entre seres humanos, num determinado contexto
ou enquadramento, e envolve diversos elementos a que devemos atender.
Várias são as formas de nos comunicarmos, e quando enquadradas, permitem-
nos dar um significado à comunicação, transpondo não apenas uma “mensagem per
si”, mas um conteúdo que nos possibilite que seja integrado na forma como
aprendemos a lidar connosco, com o mundo, com as experiências já vividas
previamente, com os contextos onde nos inserimos.
3. Elementos da comunicação
• Emissor;
• Receptor;
• Mensagem;
• Canal;
• Contexto/referente;
• Código.
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quer passar entre o emissor e o recetor, e que é, então, transmitida por um canal. O
canal de comunicação constitui-se por isso como o “veículo” que permite a circulação
da mensagem. Alguns exemplos de canais de comunicação são os meios digitais, a
televisão, a rádio, a folha de carta. No entanto, não devemos esquecer que todas as
mensagens que procuramos transmitir deverão estar enquadradas num certo
contexto/referente, que se relaciona com o significado dado à mensagem. Para além
disto, a mensagem será expressa através da utilização de um código – este será
conhecido do emissor e do recetor e ambos terão presente estas regras. Assim, será
constituído por elementos e regras comuns tanto ao emissor quanto ao receptor
(Silva et. al, 2000). O código usado para redigir esta mensagem no manual do
formando é a língua portuguesa.
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3.2. A comunicação como processo social
É através da comunicação que muita da nossa aprendizagem acontece.
Comunicar implica pensar, partilhar, compreender. Ao estabelecermos comunicação
com uma criança, podemos partilhar conhecimento, fazer correções, apresentar e
ouvir ideias, jogar. Assim, a linguagem e o pensamento constroem uma possibilidade
de aprendizagem social. “Interagir com o outro requer algumas capacidades
complexas, tais como o planeamento de objetivos, o processamento de informação
social, a conjugação de respostas e consequências adequadas às diferentes situações
Sociais.” (Silva & Costa, 2017).
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4. Perturbações de Comunicação:
5. O desenvolvimento humano:
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Estádio e idade Descrição do desenvolvimento cognitivo
Sensório-motor (0-2anos) Desenvolvimento de ação reflexa;
O bebé percebe o mundo pela coordenação de experiências
sensoriais e ações físicas
Pré-operatório (2-7anos) A criança começa a representar o mundo pelas próprias
palavras e imagens, demonstrando o desenvolvimento da
capacidade simbólica;
Operatório concreto A criança apresenta pensamento lógico relativamente a
(7-11 anos) acontecimentos concretos
Operatório formal Desenvolvimento do pensamento mais lógico, abstrato e
(12 - …. ) idealístico.
6. Comunicar na família:
É importante reter que o exercício da parentalidade deve ser ponderado perante
as necessidades únicas e as singularidades de cada família, uma vez que os contextos
familiares são distintos (Portugal & Alberto, 2010).
Uma família, representada por um sistema familiar tem caraterísticas próprias. Um
sistema familiar apresenta:
• Constantes mudanças (rotina, comportamento, atitudes…)
• É ativo e autorregulado;
• Está aberto a interações de outros sistemas;
• Existe uma hierarquia sistémica.
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6.1. Comunicar com crianças:
No entanto, as relações na família são frequentemente pautadas por conflitos
na relação pais-filhos. Tais conflitos procuram regular o poder dentro do seio familiar,
tentado negociar a autoridade exercida e os limites impostos. Para que servem,
então, os limites? Estes são securizantes para as crianças, possibilitando que elas
compreendam o que se espera delas (Alarcão, 2006 cit in Dias, 2015). Assim, é
necessário:
• Criar expetativas adequadas ao nível de desenvolvimento da criança;
• Definir limites e regras que sejam viáveis e negocia-los quando necessário;
• Partilhar regras e limites num tom de voz e postura assertiva e com linguagem
que seja compreensível.
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combinado fazer uma prova de atletismo implica existir um
compromisso com treinador, clube, colegas,…)!
• Time-out: esta estratégia pressupõe que a criança saiba que o
comportamento que deve analisar é errado. Pretende-se:
▪ Ajudar a criança a gerir emoções relacionadas com o
comportamento;
▪ Promover maior autorregulação;
Ao abordar a temática da comunicação com crianças deve atender-se também ao
contexto onde as crianças se inserem. Aquando da entrada para a escola, pais e filhos
são confrontados com novas rotinas, novas regras, e novas formas de aprendizagem
(Portugal & Alberto, 2010). Assim, a família deixará de ser “exclusiva” e a criança irá
desenvolver mais autonomia e responder a outros adultos com outros papéis na sua
vida (Ex: professores, diretores, etc.).
6.1.1 Birras:
As birras ocorrem mais frequentemente entre os 2 e os 4 anos de idade, e, muitas
vezes apresentam formas de comportamento desagradáveis e muito intensas. Vários
são os comportamentos que se podem enquadrar nas birras, tais como chorar, gritar,
pontapear, etc. Nesta fase desenvolvimental, as crianças apresentam
frequentemente birras muitas vezes por dificuldades de compreensão das
expetativas que têm para eles, dificuldades de expressão emocional, sensação de
confusão. É, então, frustrante para a criança, procurar explicar-se aos adultos quando
a sua linguagem e capacidade de comunicar ainda estão numa fase precoce.
De uma forma geral, ao comunicar com os mais novos devemos ter em atenção
os pontos que se seguem, recordados por Dias (2015):
• Promover e ajudar a que as crianças possam expressar as suas ideias e
sentimentos;
• Escutar com atenção, mesmo que isso implique pedir para repetir;
• Atender não apenas ao que é dito mas também procurar compreender
atitudes, comportamentos e ajudar a identificar emoções dos mais novos;
• Procurar “ir ao encontro” da criança, cruzando o olhar;
• Atenção ao tom de voz: baixo, amistoso e seguro;
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• Atenção à linguagem apropriada: simples e direta, com sinceridade.
Note-se que Queirós et. al (2003) já frisavam a birra como uma componente
existente no desenvolvimento da criança, salientando aspetos disfuncionais das
alterações de comportamentos na primeira infância. Assim, referiam que “A total
ausência de birras numa criança é um sinal de alarme, uma vez que sugere a existência
de dificuldades a nível do processo de separação/ /individuação.”
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2010), é pertinente aborda-lo utilizando as estratégias mais adequadas, de modo a
melhorar as competências para a resolução dos mesmos.
É também neste período que o grupo de pares exerce grande influência na
sensação de bemestar, e representa um fator fundamental para o desenvolvimento
do jovem no seu todo (Matos, Dadds & Barrett, 2008).
Resumidamente, a família tem um papel importância na transmissão de
valores e significados culturais, sendo a primeira fonte de socialização dos mais
novos. No entanto, é na família que se vivem muitas exigências e desafios, nos quais
a comunicação tem um papel fundamental para o desenvolvimento de estratégias
adaptativas e de melhoria (Milanez, Zolnei, Castro, & Fraga, 2019).
Sugestões de vídeos
▪ Anúncio com linguagem verbal e linguagem não verbal:
https://www.youtube.com/watch?v=PSzoqvFTlOA
▪ Comunicar com os filhos: https://www.youtube.com/watch?v=MCJ5m3uSd4M
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▪ Promoção de autoestima nas crianças:
https://www.youtube.com/watch?v=V3Fnk6fQQ88
Sugestão de leituras:
▪ Comunicação, gestão de conflitos e saúde na escola, de Margarida Gaspar de
Matos
▪ Brincar a dois tempos – estilos de comunicação entre Pais e Filhos em jogo livre,
de Pinto et.al
9. Referências bibliográficas
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• Milanez, C., Zolnei, C., Castro, A. & Fraga, C. (2019). O funcionamento familiar
na saúde emocional e psicológica de crianças e adolescentes. IdonLine Revista
Multidisciplinar e de Psicologia, 13, 47,
• Ordem dos Psicólogos Portugueses (retirado em maio 2020) de
• Portugal, A. & Aberto, I., (2010). O Papel da Comunicação no Exercício da
Parentalidade: Desafios e especificidades. Psychologica, 52, 2, 387-400
• Queirós, O., Goldschmidt, T., Almeida, S. & Gonçalves, M. (2003). O outro lado das
birras: Alterações de comportamento na 1.ª infância. Análise Psicológica, 1 (XXI):
95-102
• Silva, L. et al (2000). Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem
corporal. Rev.latino-am.enfermagem, 8, 4, p. 52- 58
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