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Índice
Introdução ………………………………………………………………………………………………………………………………2
Objetivos ………………………………………………………………………………………………………………………………..3
Conteúdos programáticos ..………………………………………………………………………………………….…………3
1. Intervenção precoce ………………….……………………………………………………………………………………….4
1.1 – Definição …………………………………………………………………………………………………………..4
1.2 – Destinatários …………………………………………………………………………………………………….6
1.3 – Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social
1.3.1 – Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI ……………6
1.3.2 – Organização e competências …………………………………………………………….7
1.3.3 – Critérios de elegibilidade e encaminhamento …………………………………..10
1.3.4 – Metodologia de intervenção dos organismos competentes ……………..11
1.3.5 – Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da
intervenção multidisciplinar ……………………………………………………………………….12
2. Problemas de desenvolvimento
2.1 – Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade ……………………………14
3. Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil …….17
4. Cuidados a prestar à criança ………………………………………………………………………………………….….22
5. Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família ……………………………….23
Bibliografia/webgrafia ……………………………………………………………………………………………………….….28
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Introdução
Com o presente manual procura-se fornecer um documento físico elementar que sirva de fio
condutor estruturante das sessões de formação, colmatando lacunas mais teóricas,
constituindo um suporte explanatório das questões relativas à UFCD 9632 – Sistema Nacional
de Intervenção Precoce na Infância, no âmbito do setor 761Serviços de Apoio a Crianças e
Jovens, do Curso EFA de Técnico de Ação Educativa – nível 4, tipologia desempregados com o
mínimo do 9.º ano de escolaridade, 3.03.
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Objetivos
Conteúdos Programáticos
1. Intervenção precoce
1.1. Definição
1.2. Destinatários
1.3. Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança
Social
1.3.1. Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI
1.3.2. Organização e competências
2. Problemas de desenvolvimento
2.1. Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade
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1. Intervenção precoce
1.1. Definição
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de Intervenção (ELI), constituídas por profissionais multidisciplinares de cada área que é
chamada a intervir (educação, saúde, ação social).
O PIIP é elaborado em função do diagnóstico de cada situação, envolvendo a
avaliação da criança nos seus diversos contextos (familiar, escolar, entre outros) e reflete-se
no documento que reúne toda a informação recolhida pelos técnicos, os registos de todos os
aspetos de intervenção e ainda a descrição do seu processo de implementação, sendo
posteriormente subscrito e assinado pelas famílias de cada criança.
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OS ESTUDOS RECENTES REALIZADOS NA ÁREA INDICAM QUE:
1.2. Destinatários
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A ação coordenada das várias entidades institucionais é distribuída entre o Ministério
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o Ministério da Educação e o da Saúde, em
conjunto com as famílias e a comunidade em que a criança se insere, tendo sido criado ao
abrigo do Decreto – Lei nº 281/2009 publicado em Diário da República, e regendo-se também
na sequência dos princípios estabelecidos na Convenção das Nações Unidas para os Direitos
da Criança e no âmbito do Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou
Incapacidade (2006-2009).
A) Comissão de Coordenação
Tem como principal atribuição assegurar a articulação das ações desenvolvidas ao
nível de cada ministério
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Principais competências:
1. Articular as ações dos ministérios através dos departamentos designados
responsáveis para o efeito;
2. Assegurar a constituição de equipas multidisciplinares interministeriais para
apoio aos PIIP;
3. Acompanhar, regulamentar e avaliar o funcionamento do SNIPI;
4. Definir critérios de elegibilidade das crianças, instrumentos de avaliação e
procedimentos necessários à exequibilidade dos PIIP;
5. Elaborar o plano anual de ação, estabelecendo objetivos a nível nacional;
6. Sistematizar informação e elaborar um guia nacional de recursos, enquanto
registo de cobertura da rede de IPSS, de agrupamentos escolares de
referência e da rede de cuidados de saúde primários;
7. Criar uma base de dados nacional, com vista à centralização da informação
pertinente relativa às crianças acompanhadas pelo SNIPI, nos termos a definir
em portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da
solidariedade social, da saúde e da educação, sujeita a consulta à Comissão
Nacional de Proteção de Dados;
8. Promover a formação e a investigação no âmbito da IPI;
9. Apresentar aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da
solidariedade social, da saúde e da educação, relatórios anuais de atividade;
10. Proceder a uma avaliação bianual do SNIPI.
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Principais competências:
1. Apoiar a Comissão de Coordenação do SNIPI e transmitir as suas
orientações aos profissionais que compõem as Equipas Locais de Intervenção
(ELI);
2. Coordenar a gestão de recursos humanos, materiais e financeiros, segundo
orientações do plano nacional de ação;
3. Proceder à recolha e atualização contínua da informação disponível e ao
levantamento de necessidades da Região, contribuindo para a base de dados
nacional;
4. Planear, organizar e articular a ação desenvolvida com as equipas locais de
intervenção e os núcleos de supervisão técnica;
5. Acompanhar a implementação das equipas locais de intervenção;
6. Designar o elemento coordenador de cada ELI;
7. Integrar/acompanhar os núcleos de supervisão técnica de dimensão
distrital, constituídos por profissionais das várias áreas de intervenção das
entidades previstas no n.º 1, do artigo 1º do presente regulamento, podendo
convidar para o efeito personalidades das áreas científicas e académica.
Constituídos por profissionais das várias áreas de intervenção dos três ministérios
envolvidos, com formação e experiência na área da IPI, desenvolvendo a sua atuação
de acordo com os Planos de Ação das (SCR) e assumindo-se como estruturas de apoio
às SCR e às ELI.
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5. Apoiar a formação e a investigação no âmbito da IPI em estreita colaboração
com a SCR.
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5. Identificar necessidades e recursos das comunidades da sua área de
intervenção, dinamizando redes formais e informais de apoio social;
6. Articular, sempre que se justifique, com as comissões de proteção de
crianças e jovens, com os núcleos da saúde de crianças e jovens em risco
ou outras entidades com atividade na área da proteção infantil;
7. Assegurar, para cada criança, processos de transição adequados para
outros programas, serviços ou contextos educativos;
8. Articular com os docentes das creches e jardins-de-infância em que se
encontrem colocadas as crianças integradas em IPI.
Contudo, é importante também salientar que são elegíveis para acesso ao SNIPI, todas
as crianças do incluídas no primeiro critério, e todas as do segundo que acumulem quatro ou
mais fatores de risco biológico e/ou ambiental, constituindo este facto um ponto essencial na
tomada de decisão de inclusão ou exclusão de cada casa, pois representa um aumento
substancial do efeito do risco (efeito cumulativo do risco).
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Estruturas do corpo: partes anatómicas do corpo, tais como, órgãos, membros e os
seus componentes.
Todos os intervenientes dos locais onde a criança habita e com a qual interage são
potenciais referenciadores e indicadores para o desencadear do processo de integração no
SNIPI. Entre eles, é possível referir alguns como o hospital pediátrico, centro de saúde,
maternidade, creche e JI, IPSS, CPCJ, serviços sociais, e a própria família.
Depois de sinalizadas às ELI da área de abrangência, é iniciado o processo de avaliação
e diagnóstico de cada caso, sendo este o primeiro passo de uma intervenção centrada na
criança e na sua família. Neste sentido, é sempre dada a possibilidade de a família decidir
sobre a disponibilidade e local para os primeiros contactos com a equipa, assim como para
todo o processo de intervenção.
Este primeiro passo, o do diagnóstico pelas ELI é essencial, pois só dessa forma é
possível verificar a elegibilidade para o acompanhamento pela IPI, realizar a avaliação
diagnóstica através do levantamento de dados que permita detetar as necessidades e
potencialidades da criança e da família, e fazer o planeamento da intervenção.
No caso de haver critérios de elegibilidade e um parecer positivo para o
desencadeamento do restante processo, é indicado o membro Responsável de Caso, que,
junto com a família e restantes prestadores de cuidados, elaborará o Plano Individual de
Intervenção Precoce (PIIP), contando com a intervenção dos restantes elementos da ELI. É
decidido ainda a modalidade de acompanhamento que poderá ser domiciliário, misto
(domiciliário e institucional) ou outro.
Por fim, a intervenção pressupõe a articulação entre todos os intervenientes,
potenciando melhores resultados para o desenvolvimento da criança.
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1.3.5 Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da
intervenção multidisciplinar
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2. Problemas de desenvolvimento
Crianças expostas a fatores de risco biológico: Inclui crianças que estão em risco de vir
a manifestar limitações na atividade e participação na vida ativa por condições
biológicas que interfiram claramente com a prestação de cuidados básicos, com a
saúde e o desenvolvimento.
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Baseiam-se num diagnóstico relacionado com, entre outros:
História familiar de anomalias genéticas, associadas a perturbações do
desenvolvimento
Exposição intra-uterina a tóxicos (álcool, drogas de abuso)
Complicações pré-natais severas (Hipertensão, toxémia, infeções,
hemorragias, etc.)
Prematuridade < 33 semanas de gestação
Muito baixo peso à nascença (< 1,5Kg)
Atraso de Crescimento Intra-Uterino (ACIU): Peso de nascimento <percentil 10 para o
tempo de gestação
Asfixia perinatal grave (Apgar ao 5º minuto <4 ou pH do sangue do cordão <7,2 ou
manifestações neurológicas ou orgânicas sistémicas neonatais)
Complicações neonatais graves (sépsis, meningite, alterações metabólicas ou
hidroeletrolíticas, convulsões)
Hemorragia intraventricular
Infeções congénitas (Grupo TORCH)
Criança HIV positiva
Infeções graves do sistema nervoso central (Meningite bacteriana, meningoencefalite)
Traumatismos cranianos graves
Otite média crónica com risco de défice auditivo
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CONSIDERAM-SE FATORES CONTEXTUAIS, ENTRE OUTROS:
Isolamento (ao nível geográfico e dificuldade no acesso a recursos formais e informais;
discriminação sociocultural e étnica, racial ou sexual; discriminação religiosa;
conflitualidade na relação com a criança) e/ou Pobreza (recurso a bancos alimentares
e/ou centros de apoio social; desempregados; famílias beneficiárias de RSI ou de
apoios da ação social)
Desorganização Familiar (conflitualidade familiar frequente; negligência da habitação a
nível da organização do espaço e da higiene)
Preocupações acentuadas, expressas por um dos pais, pessoa que presta cuidados à
criança ou profissional de saúde, relativamente ao desenvolvimento da criança, ao
estilo parental ou interação mãe/pai-criança
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3. Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao
desenvolvimento infantil
No trabalho desenvolvido com cada criança, este não se limita apenas por este
elemento, envolvendo sempre a família e tendo em consideração o contexto familiar e
ambiental em que a criança se desenvolve. Por esse motivo, os profissionais devem estar
conscientes das interações entre os vários atores que interagem com a criança para que
estejam aptos a avaliar se a intervenção será feita em equilíbrio ou desequilíbrio no sistema
familiar, permitindo assim melhorar o processo de mudança e de evolução de cada situação.
Uma abordagem centrada na família implica o desenvolvimento das capacidades da
família, para que elas possam por si, responder às necessidades da sua criança, sem ter que se
tornarem dependentes dos serviços de apoio. Deste modo, as fontes de stress devem ser
identificadas, no sentido serem reduzidos os seus efeitos, pois a definição de objetivos de
forma colaborativa entre pais e os profissionais pode contribuir para aliviar o stress resultante
destes comportamentos. Esta relação de proximidade e intimidade entre técnicos e familiares
só se garante se existir confiança e empatia de ambas as partes, procurando o sucesso do
programa de intervenção.
Por sua vez, os profissionais devem desenvolver capacidades de comunicação que
lhes permitam estabelecer interações positivas com as famílias, pois a sua relação com os
profissionais pode ser uma experiência agradável e gratificante e não apenas mais uma
experiência de stress igual a outras que a família inevitavelmente já enfrenta, devendo sim ser
uma fonte de apoio e suporte. Quando esta relação positiva se estabelece, as famílias sentem-
se progressivamente mais autónomas, competentes e confiantes para apoiar a criança.
Contudo, a confiança entre técnicos e família não se estabelece automaticamente
nem autonomamente, pelo que se vai construindo ao longo do tempo, acarretando muita
responsabilidade por parte das equipas no que à privacidade e confidencialidade diz respeito,
pois as informações partilhadas não poderão ser divulgadas, prevalecendo sempre o respeito
e a honra pelo compromisso feito entre ambas as partes.
Os técnicos das equipas envolvidas regem as suas funções e a sua atuação a partir de um
Código de Ética Profissional que se organiza e estrutura entre os diferentes atores.
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No Código de Ética Profissional, na relação com as crianças, o técnico:
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No Código de Ética Profissional, na relação com as famílias, o técnico:
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3. Promove o melhor interesse das crianças através da educação da comunidade e
advogando por elas;
4. Apoia a avaliação contínua do serviço e a respetiva disponibilidade para utentes e
para a comunidade.
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7. Demonstra, através do seu comportamento e linguagem, que não há
discriminação contra as crianças;
8. Assegura que mantém standards profissionais em toda a documentação que utiliza e
produz;
9. Assegura que mantém a integridade pessoal, autenticidade e honestidade em todas
as atividades profissionais;
10. Compromete-se a manter intactos os standards, valores e práticas expressos no
Código de Ética do Profissional.
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4. Cuidados a prestar à criança
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5. Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na
família
A mudança do alvo de intervenção da criança para a família, faz com que esta seja
percecionada como um todo que deve ser considerada simultaneamente como recetora e
agente ativo do programa, pretendendo-se que a família participe em verdadeira parceria
com os profissionais no desenrolar do programa e que lhe seja a ela dada a tomada de
decisão em tudo aquilo que tenha a ver com a criança e com a família. Assim, procura-se que
a família consiga desenvolver o sentido de pertença à comunidade através de uma maior e
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melhor inserção, nomeadamente através da utilização dos recursos disponíveis como a
constituição de uma rede social de apoio consistente, promovendo uma crescente
autonomização relativamente aos profissionais e serviços, para que, após a intervenção, a
família seja capaz de se gerir a si e aos seus recursos de forma independente.
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Atingir este princípio constitui uma tarefa facilitada quando a família em
questão tem crenças e valores semelhantes aos profissionais e por outro lado, tem
uma grande bagagem de conhecimentos, capacidades e recursos que lhe permitem
dar resposta às suas prioridades. Quando não é assim é mais difícil, mas "essas
famílias não deixam de ser capazes e competentes" e com a necessária informação,
ensino de capacidades e apoio adequado "podem demonstrar as suas capacidades e
abordar as suas prioridades de modo eficaz". Reconhecer e assumir os pontos fortes
da família constitui "o primeiro passo" para uma "abordagem otimista", em que " os
pontos fortes devem ser usados e exponenciados durante o desenvolvimento e a
implementação dos planos de intervenção". Para que tal aconteça, os pais deverão ser
ajudados a reconhecer os seus próprios pontos fortes e as suas capacidades e
encorajados a usá-los, deverão desenvolver os conhecimentos e capacidades que já
detém e deverão ainda ser ajudados a localizar e usar os recursos de que têm
necessidade.
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As prioridades da família "não são estáticas, pelo contrário, estão em
constante mudança", o que pode implicar a necessidade de mudanças quer nos
serviços necessários à criança/família, quer estratégias de intervenção.
Procurando "não perturbar ainda mais as rotinas familiares, mas antes, ajudar
as famílias a atingirem o equilíbrio que desejam". As crenças e valores não podem ser
articulados, porque fazem parte da nossa vida e por vezes nem temos a perceção da
sua influência, e quando ocorrem nem sempre as famílias querem partilhar esse
aspeto pessoal sobretudo com pessoas com pouca proximidade.
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com os filhos com necessidades especiais. Os principais resultados da Intervenção com a
família dizem respeito ao aumento da capacidade dos pais para lidarem com o problema da
criança, que leva necessariamente à redução do stress familiar. Em conjunto, estes fatores
aparentam desempenhar um papel importante no sucesso dos programas de intervenção
junto da criança.
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Bibliografia / Webgrafia
https://snipi.gov.pt/
https://www.anip.pt/
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