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9632 - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância

Formadora: Joana Pereira


Objetivos
 Reconhecer o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância.
 Reconhecer a importância da articulação entre as Equipas Locais de Intervenção
e a família.
 Caracterizar o modelo de intervenção e sua articulação com os vários
subsistemas.
 Identificar sinais de alarme no desenvolvimento de crianças e jovens.
Conteúdos
 Intervenção precoce
 Definição
 Destinatários
 Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social
 - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI
 - Organização e competências
 - Critérios de elegibilidade e encaminhamento
 - Metodologia de intervenção dos organismos competentes
 - Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção multidisciplinar
 Problemas de desenvolvimento
 Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade
 Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil
 Cuidados a prestar à criança
 Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família
Intervenção precoce: Uma questão de
direitos
 A convenção sobre os direitos da criança,
para além dos direitos comuns a todas as
crianças , estabelece ,no artigo 23º, direitos
específicos para crianças com NEE ou em
risco
 Diversas convenções e decretos-lei veiculam
os principais direitos da criança . Destacamos
como principais a convenção sobre os
Direitos da Criança ( uniceF, 1989) e a
convenção sobre os direitos das pessoas com
deficiência (UNICEF, 2009)
Conceito de Intervenção Precoce
 Prevenção primária: procurando atuar antes que surjam
situações problemáticas, ao nível das condições de risco
(gravidez de risco, mães adolescentes, desvantagens
sócio económicas etc…)Visa baixar a incidência.

 Prevenção secundária: procurando intervir numa


situação problemática tentando evitar o seu
agravamento, reduzindo ao máximo o número de casos.
Visa baixar a prevalência dos problemas.

 Prevenção terciária: procurando desenvolver uma


intervenção reabilitativa dos casos já diagnosticado,
reduzindo as sequelas e promovendo as capacidades.
Segundo Pinto (1991:49), a Intervenção Precoce surge "como
uma forma de ajudar e apoiar a família e a criança deficiente
ou em risco, a potencializar ao máximo as suas capacidades,
de forma a atenuar ou a ultrapassar os seus potenciais
atrasos". Em sentido lato, Intervenção
Precoce engloba vários serviços, tais como serviços médicos,
serviços educativos e serviços sociais, que procuram
implementar e realizar projetos e programas adequados às
necessidades especiais das crianças abrangidas.
Enfoque etário
 . A intervenção precoce de acordo com a legislação deverá
abranger as crianças dos 0 aos 6 anos, preferencialmente
dos 0 aos 3 anos.

 O termo precocidade abrange um conjunto de ações que tem


inicio mesmo antes do nascimento, valorizando a importância
da qualidade de vida da família e especialmente da grávida.

 A precocidade da intervenção tem relação com a deteção e


o diagnóstico e a sinalização para os programas adequados
Objetivos da intervenção precoce
 Dar apoio às famílias para que atinjam os seus próprios
objetivos;
 Promover o envolvimento, a independência e as
competências da criança;
 Promover o desenvolvimento da criança em domínios
chave;
 Promover e apoiar a competência social das crianças;
 Promover a generalização das competências da criança;
 Proporcionar experiencias de normalização
 Prevenir a emergência de problemas e alterações futuras
 É agora evidente que os programas de intervenção
precoce não serão se os objetivos forem direcionados
apenas para a criança . Torna-se assim importante
prestar atenção a fatores ecológicos em que as
crianças e as suas famílias estão inseridas .

 Esta é uma abordagem psicobioecologicas e holísticas


do IPI e que engloba as seguintes práticas :
 Intervenções centradas na família e baseadas nas rotinas;
 Intervenções em contextos naturais de aprendizagem
 Trabalho em equipa, preferencialmente transdisciplinar
Teoria Ecológica Bronfenbrenner
Permitiu situar a criança em interação com o meio,
colocando o ponto de partida para uma nova forma de
encarar a Intervenção.

https://www.youtube.com/watch?v=mjTFgDHI0ZA&t=21s
–1
Sistema Nacional de Intervenção
Precoce na Infância – SNIPI

 O SNIPI funciona através da atuação coordenada dos


Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da
Educação e da Saúde, conjuntamente com o envolvimento
das famílias e da comunidade.

 O SNIPI tem a missão de garantir a Intervenção Precoce na


Infância (IPI), entendendo-se como um conjunto de medidas
de apoio integrado centrado na criança e na família,
incluindo ações de natureza preventiva e reabilitativa, no
âmbito da educação, da saúde e da ação social.
Evolução da IPI em Portugal
 A operacionalização do SNIPI pressupõe assegurar um
sistema de interação entre as famílias e as
instituições e, na primeira linha, as da saúde, para
que todos os casos sejam devidamente identificados e
sinalizados tão rapidamente quanto possível.

 Assim, devem ser acionados os mecanismos


necessários à definição de um plano individual (Plano
Individual de Intervenção Precoce – PIIP) atento às
necessidades das famílias, a ser elaborado por
Equipas Locais de Intervenção (ELI),
multidisciplinares, que representem todos os serviços
que são chamados a intervir.
Modelo Legal do IPI em Portugal

A organização da Intervenção Precoce era regulamentada


pelo Despacho conjunto nº 891/99;alterada pelo Decreto Lei
nº 281 de 6 de Outubro.
O Decreto-Lei 281/2009 criou formalmente o Sistema
Nacional de Intervenção Precoce na Infância com o objetivo
de “garantir condições de desenvolvimento das crianças dos
0 aos 6 anos.
Estrutura do SNIPI
Saúde , Educação e Segurança Social
 Os elementos da saúde , Educação e Segurança Social devem
participar numa perspetiva transdisciplinar , envolvendo-se
ativamente
 O Ministério da Saúde tem competências especificas relevantes
no âmbito do SNIPI. Compete de uma maneira geral o rastreio ,
deteção e referenciação de crianças elegíveis para apoio
 Às consultas e centros de desenvolvimento cabe de uma forma
geral o diagnostico , orientação e acompanhamento
especializados . Realizando diagnóstico ,exames complementares
e encaminhamento para especialidade (genética , oftalmologista
etc…
 Ao ministério da Educação compete essencialmente organizar
uma rede de agrupamentos de escolas de referência e
disponibilizar profissionais de Educação para as ELI
https://www.youtube.com/watch?v=59R2VIQl_mE - 2
ELI-EQUIPAS LOCAIS DE INTERVENÇÃO
 As Eli são a base funcional de todo o sistema. Compete
intervir em contextos naturais e de facilitar o envolvimento
dos cuidados de saúde primários . Integram diferentes
profissionais de diferentes serviços tais como: médicos e
enfermeiros , educadores , assistentes sociais , psicólogos e
terapeutas
 Entre as funções das Eli , destacam-se :
 Identificação das crianças elegíveis
 Elaboração e implementação do PIIP
 Identificação da necessidades e recursos disponíveis na respetiva área
de influência
 Articulação com outras entidades comunitárias envolvidas
 Preparar a transição para o 1º Ciclo do Ensino Básico
Plano Individual Intervenção Precoce
(PIIP)
 No centro de todo o processo de IPI É ELABORADO UM PLANO ,
ESSE PLANO DEVE RESULTAR DA AVALIAÇÃO DA CRIANÇA NO SEU
CONTEXTO FAMILIAR E SOCIAL. Deve incluir medidas e ações a
desenvolver de forma a garantir uma intervenção ajustada às
caraterísticas individuais de criança e família e otimizar a
transição entre serviços e instituição
PIIP deve conter:
 Identificação de recursos e necessidades da
criança e família
 Identificação dos apoios a prestar
 Inicio do plano e duração previsível
 Definição da frequência das avaliações efetuadas
com criança e família com base nos problemas
iniciais e evolução
 Declaração de aceitação das famílias
Código de Ética do Profissional de IP

Na relação/interface com as
crianças
 Vejo cada criança, primeiramente, como uma criança, e valorizo as suas
competências únicas.
 Respeito o facto de cada criança ser parte de uma família e incorporo esta
compreensão em todas as minhas interações com as crianças e suas famílias.
 Reconheço o papel fundamental do brincar no desenvolvimento e sou sensível
aos direitos da criança a brincar, às suas necessidades de estimulação,
diversão, escolha e preferência.
 Interajo com as crianças em modos que promovem o seu desenvolvimento e
valorizo as suas aquisições (desenvolvimentais).
 Identifico, valorizo e construo sobre as competências e forças de cada criança.
 Promovo ambientes seguros, saudáveis e estimulantes, que otimizam o bem-
estar e desenvolvimento das crianças.
 Trabalho no sentido de assegurar que não há discriminação contra as crianças
com base em competências, diagnósticos, rótulos, género, religião, linguagem,
cultura ou nacionalidade de origem.
 Reconheço a diversidade cultural e linguística das crianças e famílias, e
adapto práticas de acordo com esse conhecimento (ex. consultadoria
cultural, intérpretes gestuais e outros).
 Envolvo-me em práticas respeitadoras e que garantem a segurança
emocional, física e cultural das crianças, e que de forma alguma as
degradam, colocam em perigo, exploram, intimidam ou magoam.
 Ajo em benefício das crianças para proteger o seu bem-estar físico e
emocional, incluindo fazer notificações em sua proteção, quando necessário.
 Garanto privacidade apropriada e confidencialidade (incluindo questões de
saúde e das dinâmicas do agregado familiar).
 Reconheço e encorajo o direito de todas as crianças a viver em território
português a aceder a educação e serviços de intervenção. 13 Assumo os
princípios da parceria, participação e proteção.
 Assumo os princípios da parceria, participação e proteção.
Código de Ética do Profissional de IP

Na relação/interface com as
Famílias / Prestadores de Cuidados
 Elevo os princípios da parceria, participação e proteção.
 Respeito a perspetiva e prioridades de cada família para a sua criança e
faço delas o ponto de partida da intervenção.
 Desenvolvo parcerias colaborativas com as famílias, respeitando a
família enquanto especialista acerca das suas crianças, e o seu modo de
prestar cuidados, e partilho o meu conhecimento e compreensão
profissional de modo sensível e respeitador.
 Trabalho para desenvolver com as famílias relações positivas, baseadas
em tomadas de decisão partilhadas, confiança mútua e comunicação
aberta.
 Reconheço e respeito a unicidade de cada família, e o significado da
sua cultura, hábitos, linguagem, crenças, e o contexto - comunidade em
que a família opera.
 Garanto que as famílias tenham acesso a serviços de apoio
cultural, incluindo intérpretes gestuais, etc., quando necessário.
 Apoio cada família no sentido de desenvolver um sentido de
confiança e conexão com os serviços em que as suas crianças
participam.
 Mantenho confidencialidade e respeito o direito de cada família à
privacidade.
 Providencio informação plena e acurada às famílias em linguagem
clara e compreensível, criando condições para a sua capacitação
para que possam tomar decisões de forma esclarecida.
 Providencio informação para ambos os pais, a não ser que
considerações legais contrariem esse princípio
Código de Ética do Profissional de IP

Na relação/interface com a
Comunidade e Sociedade
 Apoio o desenvolvimento e implementação de políticas e leis
que promovem o bem-estar de crianças e famílias.
 Promovo a cooperação entre serviços e disciplinas profissionais
trabalhando no melhor interesse de crianças e famílias.
 Promovo o melhor interesse das crianças através da educação
da comunidade e advogando por elas.
 Apoio a avaliação contínua do serviço e a respetiva
disponibilidade para utentes e para a comunidade.
Código de Ética do Profissional de IP

Na relação/interface com colegas


 Trabalho no sentido de comunicar com eficácia, ajo com
integridade e construo confiança, respeito e abertura
profissional.
 Valorizo as forças pessoais e profissionais que os meus
colegas trazem para a equipa.
 Apoio os profissionais de IP para terem acesso a suporte e
desenvolvimento profissional de alta qualidade.
 Respeito as perspetivas que diferentes disciplinas
oferecem à compreensão das necessidades de cada
criança, família, serviço e comunidade.
 Mantenho confidencialidade apropriada.
Código de Ética do Profissional de IP

Na relação/interface comigo
mesma/o
 Envolvo-me em desenvolvimento profissional contínuo e
mantenho-me actualizado/a relativamente a novo
conhecimento no campo da IP.
 Reflicto consistentemente sobre a minha prática e asseguro-me
de que me envolvo em actividades de revisão e supervisão
apropriada.
 Trabalho dentro das fronteiras da minha profissão e das minhas
qualificações.
 Sou advogado/a pelas crianças, IP e pelos serviços que apoiam
as crianças e as suas famílias.
 Promovo o conhecimento da comunidade sobre a minha
profissão.
 Asseguro que as minhas práticas sejam culturalmente apropriadas
e promovo ativamente atitudes anti-racistas.
 Demonstro, através do meu comportamento e linguagem, que
não há discriminação contra as crianças.
 Asseguro que mantenho standards profissionais em toda a
documentação que utilizo e produzo.
 Asseguro que mantenho integridade pessoal, autenticidade e
honestidade em todas as atividades profissionais.
 Comprometo-me a manter intactos os standards, valores e
práticas expressos no Código de Ética do Profissional de IP.
Abordagem centrada na família

https://www.youtube.com/watch?v=XmyrtNB5Ff8 – 3
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Uma abordagem centrada na família – Porquê?
Mahoney e Macdonald (2007) apresentam três razões para justificar a
influência dos pais no desenvolvimento da criança
 Em primeiro lugar porque estabelecem com ela uma relação de afeto e
vinculação que mais ninguém pode substituir
 Em Segundo lugar , porque a aprendizagem e o desenvolvimento das
crianças é um processo contínuo que pode ocorrer em qualquer situação
do dia a dia em que a criança esteja envolvida
 Por ultimo , porque mesmo que tenham tempo limitado para estar com a
criança devido a responsabilidades laborais ou outras , os pais têm muito
mais oportunidades para integrar e promover o desenvolvimento das
crianças do que qualquer outro adulto ou profissional alguma vez terá
Assim , nenhum profissional pode esquecer que é a família que tem a
responsabilidade sobre a criança e que é ela quem a acompanhará ao longo
do seu percurso de vida .
Como se implementa?

 Um dos profissionais escolhido pela equipa para assumir o


contacto regular com a família e representar todos os
outros elementos. Este é responsável por fazer a maior
parte das visitas ao contexto familiar , ou outro . Todos os
profissionais da equipa participam , sendo que o mediador
é responsável por implementar o plano de intervenção com
a família.
Exemplos de qualidade técnica em ipi
 Deter conhecimentos sobre o desenvolvimento normativo
da criança
 Reconhecer patologias de desenvolvimento
 Conhecer e denominar o uso de determinado instrumento
de avaliação
 Conhecer práticas recomendadas e baseadas na evidencia
Exemplos de práticas relacionais em IPI

 Tratar a família com dignidade e respeito em todos os momentos


 Valorizar a respeitar as crenças culturais e os valores pessoais da família
 Disponibilizar informação à família de forma completa e isenta
 Reconhecer a valorizar as forças dos membros individuais da família

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