Você está na página 1de 8

Prevenção à sexualização precoce na Primeira infância

Luciana Maria Dias Mota1


Vanessa Alessandra Cavalcanti Peixoto Queiroz2

Resumo: A prioridade da primeira infância como período crucial para o desenvolvimento de


suas potencialidades recebe ênfase em diversos documentos norteadores de políticas
intersetoriais, tais quais a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o Plano
Nacional para a Primeira Infância (2010-2030). Dentre os muitos esforços dedicados a
assegurar o desenvolvimento integral das crianças encontra-se o Plano Nacional de Prevenção
Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez na Adolescência (2021), que engloba ações e
metas visando prevenir e combater o abuso e à exploração sexual com o olhar intersetorial em
que diversas áreas somam esforços na defesa dessa pauta, incluindo principalmente a
Educação, Cidadania e Saúde. Partindo dessa premissa, temos a Secretaria Nacional de
Atenção à Primeira Infância - SNAPI, no Ministério da Cidadania, que tem como
responsabilidade a atuação e coordenação de ações em prol da primeira infância, mobilizando
os atores governamentais e não governamentais para garantir que os direitos das crianças
sejam efetivados. Nesse sentido, atua na formação de profissionais por meio da elaboração de
conteúdos pertinentes e na qualificação dos visitadores, multiplicadores, supervisores e
coordenadores do Programa Criança Feliz, tanto no que tange às orientações para fomentar a
parentalidade positiva quanto para identificar possíveis contextos de abuso no seio
intrafamiliar. 

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil; visita domiciliar; vínculo; Programa Criança Feliz.

Abstract: The priority of early childhoold as a crucial period for the development of its
potential is emphasized in several documents that guide intersectoral policies, such as the
2030 Agenda for Sustainable Development and the National Plan for Early Childhood (2010-
2030). Among the many efforts dedicated to ensuring the integral development of children is
the National Plan for Primary Prevention of Early Sexual Risk and Adolescent Pregnancy
(2021) which encompasses actions and goals aimed at preventing and combating abuse and
sexual exploitation with a view to sector in which several áreas join efforts in the defense of
this agenda, including mainly Education, Ctitizenship and Health. Basead on this premise we
have agenda, including mainly Education, Citizenship and Health. Basead on this premise,
whe have the National Seretariat for Attention to Early Childhood – SNAPI, in the Ministry
of Citizenship, which is rseponsible for acting and coordinating actions in favor of early
childhood, mobilizing governamental and non-governmental actors to guarantee that the
rights of children to take effect. In this sense, it works in the treining of professionals through
the elabortion of relevant contente and in the qualification of visitors, multipliers, supervisors
and coordinators of the Happy Chidl Program, both in terms of guidelines to promote positive
parenting and to identify possible contexts of abuse in the intrafamilial breast.

1
Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília - UCB. Pós Graduada em Terapia Cognitivo
Comportamental, Neuroaprendizagem e Neuropsicologia. Atualmente está como Assessora Técnica na
Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância do Ministério da Cidadania.
2
Graduada em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UFRN e Mestre em
Educação pela UFP. Atuou como Coordenadora de Formação da Secretaria Nacional de Atenção à Primeira
Infância - SNAPI (2021) e atualmente professora do Núcleo de Educação da Infância - NEI/CAp - UFRN.
INTRODUÇÃO

A primeira infância corresponde a uma etapa do desenvolvimento infantil bastante


relevante que denota cuidados especiais, com atenção aos diferentes aspectos na formação de
caráter, valores e comportamentos. Nessa etapa é o momento em que a criança está mais
suscetível e vulnerável às influências do meio, principalmente as relacionadas a construção da
sua identidade, da percepção de si e do outro, das relações que estabelece e da sua
sexualidade. Tais aspectos são essenciais na formação, aprendizagens e desenvolvimento das
crianças e que podem, a depender de como são conduzidas, contribuir para que haja a
sexualização infantil precoce.
Inicialmente, é preciso deixar claro que há diferença entre sexualidade e sexualização.
No que se refere à sexualidade, toda criança constrói sua percepção de si, do seu corpo, das
suas descobertas, das referências de masculino e feminino por meio da sua afetividade. No
que diz respeito à sexualização infantil, as mídias sociais, as propagandas, estilos musicais e
filmes estimulam, de forma precoce, a adultizacao e erotização das crianças. sobre isso, Linn
(2006, p.161) aponta que a televisão não mostra mais o sexo e a sexualidade por amor ou
afeto, mas como um meio de adquirir poder. Com isso, as crianças são alvo fácil para
consumo de tais conteúdos inapropriados, recebendo influências negativas e roubando delas a
sua infância, inocência, seu direito de ser criança e a colocando vulneráveis a abuso e
violência sexual. A primeira infância é tempo de ser criança e de viver sua infância e não ser
exposta a conteúdos que violem seus direitos.
Sobre esses direitos, nos balizamos na Constituição Federal, no artigo 227, ao afirmar
que proteger a infância é responsabilidade da família, da sociedade e do Estado. E o princípio
da proteção integral indica que a criança precisa ser protegida em seus aspectos físicos,
sociais, emocionais, intelectuais e espirituais. Deste modo, atentar para o cuidado e atenção
aos riscos sexuais aos quais as crianças e os adolescentes podem estar expostos é
imprescindível para que ela construa relações com seus cuidadores e pares de forma saudável
em que suas experiências e vivências fortaleçam e possibilitem sua formação cidadã, social,
emocional e intelectual, trazendo benefícios para ela, enquanto sujeito de direitos, para sua
família e, , consequentemente, para nossa sociedade.
Quando falamos em ser criança enquanto tempo de viver a infância, queremos afirmar
e enfatizar que as etapas da vida de uma pessoa precisam ser vividas de acordo com suas
possibilidades, especificidades e potencialidades. Não cabe a criança estar exposta a situações
e conteúdos de teor adulto. Adultizar a criança significa violar seu processo de
desenvolvimento essa antecipação rouba da criança viver seu tempo de viver de forma
saudável o que lhe cabe para suas aprendizagens nesta etapa. Antecipar as etapas da
adolescência e adulteza expõe em situações em que ela ainda não está preparada a nível
cognitivo, motor e psicológico.
Nessa medida, a Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância - SNAPI
juntamente com diversos órgãos governamentais e não governamentais se uniu em uma
agenda intersetorial, buscando ações conjuntas para atuar em caráter preventivo e combativo.
algumas dessas ações são efetivadas por meio do Programa Criança Feliz que atua na
formação dos profissionais que atendem crianças, gestantes e famílias fomentando a
parentalidade, o fortalecimento de vínculos familiares e a mediação de ações entre cuidador-
criança que proporcione seu desenvolvimento nas dimensões social, emocional, afetivo,
motor, linguagem e cognitivo. É sobre essa temática que vamos abordar no presente ensaio.

Sexualidade e sexualização infantil

Como já foi citado anteriormente, a sexualidade é inerente ao ser humano,


indissociável do processo de desenvolvimento e se apresenta de maneira diferente em cada
etapa da vida fazendo parte também da primeira infância. A sexualidade infantil pode se
apresentar através da curiosidade espontânea, do reconhecimento do próprio corpo e do
diálogo com os pais do que acontece com ela de acordo com a fase de desenvolvimento de
maneira saudável e natural. Desta forma, a criança precisa ter um adulto de referência que seja
seu/sua cuidador/a para garantir que sua sexualidade seja desenvolvida de forma sadia e com
orientação no tempo adequado a sua compreensão. orientando-a de forma lúdica a cuidar do
seu próprio corpo e entendendo os limites com o corpo do outro. Essas orientações e
esclarecimentos adequados a cada faixa etária possibilitam, à criança diferenciar e aprender a
estabelecer limites entre carinho e abuso e quem pode fazê-lo.
Por outro lado, existe um outro processo que não é natural da criança e que,
diferentemente da sexualidade, acontece através de estímulos e conteúdos externos e
inadequados à fase da primeira infância: a sexualização precoce. A sexualização, ao
contrário da sexualidade, não é algo inato, natural ao ser humano, ela é estimulada de fora
para dentro, adultiza a criança e expõe a criança a repetir padrões de comportamento
inadequados para sua faixa etária.
Diante disso, a sexualização infantil leva à mudança de comportamentos, não apenas
da parte da abre-se um espaço para o assédio e abuso destas crianças.
Isto posto, os dados mais recentes extraídos do Sistema Nacional de Agravos de
Notificação (SINAN), apresentados no Plano Nacional pela Primeira Infância 2010-2030
(PNPI) para o período 2011-2017, contabilizam 58.037 atos de violência sexual na forma do
abuso (REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA, 2020). Ademais, comparados os dados
de 2011 com os de 2017, percebe-se um aumento de 64,6% da violência notificada. Tais
números referem-se apenas às notificações por denúncia mediante o Disque 100 e, por essa
razão, cabem dois comentários: a) a notificação é apenas uma parte dos casos que
aconteceram e que são denunciados; suspeita-se   que o número real seja dez vezes maior; e b)
o aumento de notificações pode advir do encorajamento que se faz às pessoas para  
realizarem a denúncia. De acordo com a mesma fonte, mais de 70% das crianças que sofrem
abuso sexual são do sexo feminino e mais da metade refere-se a crianças de 1 a 5 anos de
idade, sendo 45% delas da cor preta (sic). Duas outras observações relevantes são a de que
70% dos abusos sexuais contra as crianças acontecem nos domicílios e a de que a violência
sexual não é ato único contra uma criança, mas repetitivo – isto é, a criança a sofre mais de
uma vez.
Assim sendo, o tema sexualização precoce na Primeira Infância é uma discussão de
suma importância, além de desafiadora, ademais se considerar as inúmeras influências
ambientais recebidas diariamente, como consumismo infantil, utilização excessiva das mídias
e violação às leis de proteção às crianças. Por isso, há de se pensar nas possibilidades de
fortalecimento das redes de apoio às crianças e agentes públicos dos diversos setores:
assistência Social, Justiça, Saúde, Cultura e Educação, dos entes federados e da sociedade
como um todo.
Cabe destacar que a família é fundamental na defesa e garantia dos direitos das
crianças no que tange a protegê-las da adultizacao e sexualização precoce. É a família que,
por meio dos seus valores, hábitos, princípios e crenças que vai efetivar ações que
influenciarão o comportamento das crianças no acesso a conteúdo adequado a sua idade e, por
sua vez, é no ambiente familiar que a criança permanece a maior parte do tempo, além de ser
a principal fonte de estímulos. Nesse sentido, promover diálogos, ações preventivas, mudança
de atitudes, modelo de educação e todos os cuidados possíveis são necessários para que a
infância seja vivida de forma plena.
Além das medidas preventivas, articular redes no âmbito de diversas políticas públicas
é mais um fator de proteção às crianças. Por essa e outras razões a SNAPI investiu em várias
parcerias, buscando capacitar os profissionais do Programa Criança Feliz, articular ações para
implementação do Plano de Estratégia Nacional de Fortalecimento de Vínculos Familiares
junto ao Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos, além de confeccionar o
material de apoio: Guia para supervisor e visitador sobre “Estratégia para apoiar pais e mães
adolescentes no Programa Criança Feliz”, publicação sobre Prevenção à sexualização precoce
na Primeira Infância e Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e
Gravidez na Adolescência, como apontaremos a seguir.

Ações do Programa Criança Feliz nos Eixos Estratégicos do Plano Nacional de


Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez na Adolescência

As ações do Programa Criança Feliz (PCF) alinham-se ao Plano Nacional de


Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez na Adolescência (BRASIL, 2021),
conjugando esforços no combate e prevenção dada sexualização e adultização sofridas pelas
crianças. Assim, o primeiro resultado está consubstanciado no Guia de Orientação e
Prevenção à Sexualização Precoce na Primeira Infância, elaborado em estreita cooperação
com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Neste material, constam
conceitos e definições sobre primeira infância; especificidades das crianças, infâncias e
adolescência; a garantia dos direitos das crianças e adolescentes; as diferenças entre
sexualidade e sexualização; as mídias e o impacto na sexualização precoce das crianças;
erotização infantil e adultização e suas consequências; as redes de apoio; parentalidade
positiva e sua importância na prevenção aos riscos sexuais; finalizando com as ações do
Programa Criança Feliz nos Eixos Estratégicos do Plano Nacional de Prevenção Primária do
Risco Sexual Precoce e Gravidez na Adolescência.
Lembrando que um dos alicerces do Programa é o fomento à parentalidade positiva, é
notório constatar que a habilidade que pais e/ou cuidadores adultos exercem com suas
crianças em seu processo de desenvolvimento diário é crucial para a formação de crianças
saudáveis e que tem seus direitos garantidos. Pais e cuidadores/as, desde o princípio da vida,
na gestação, suprem e respondem às demandas da mãe e do bebê, a fim de atender para além
das necessidades básicas de fome, frio, higiene, segurança, mas também às suas necessidades
de cuidado, afeto, carinho, vínculo e proteção. Isto é, pais ou cuidadores/as sensíveis aos
sinais da criança estão sempre atentos e percebem quando sua criança está insegura. Em
situações de estresse, a criança sente confiança para expressar, com ou sem palavras, algo
desconfortável que esteja acontecendo e gerando ansiedade e medo, como inquietações e
dúvidas acerca de seu corpo e dos relacionamentos em diversas situações. Tal interação
positiva, atenta e afetiva, orientada e reiterada pelos agentes do PCF durante as visitas
domiciliares, é uma maneira eficaz para pais e/ou cuidadores mitigarem possíveis riscos
sexuais à infância.
Por outro lado, as ações do Plano supramencionado estão inseridas em eixos
específicos, fundamentados em dois aspectos de grande relevância para todas as ações
intersetoriais, concebidas em parceria com os demais setores, áreas, secretarias e ministérios:
formação e elaboração de conteúdo sobre a temática da sexualidade na primeira infância.
Nesse trilho, nos Eixos II e III estabeleceu-se a cargo da Secretaria Nacional de Atenção à
Primeira Infância (SNAPI), a capacitação de visitadores do PCF nos temas “Crianças na
primeira infância filhas de mães adolescentes” e “Prevenção à Sexualização Precoce de
crianças na primeira infância” (Eixo II) e a produção de um Guia sobre Sexualidade na
Primeira Infância (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2022, Eixo III).
Além disso, fixa em suas metas e indicadores o objetivo de capacitar 50% dos
visitadores do PCF no tema: Sexualidade e afetividade na primeira infância. Atualmente, há
tratativas da SNAPI com o MMFDH para a contratação de consultorias especializadas nos
tópicos aludidos por meio de carta-acordo celebrada com a Universidade de Brasília (UnB).
Salvo mudanças subsequentes de atribuições, prevê-se que os especialistas contratados
elaborem o curso e os materiais correspondentes e a SNAPI se encarregue da multiplicação
para seus agentes país afora, com meta mínima aproximada de 14 mil visitadores a alcançar
até 2 de agosto de 2023.
Somando-se a isso, estabelecemos parceria com o MMFDH somando esforços e
pensando ações para atuar na Estratégia Nacional de Fortalecimento dos Vínculos Familiares
visando contribuir para a construção e formação de famílias mais fortes e, consequentemente,
uma sociedade mais forte.

Considerações Finais
De acordo com a projeção populacional do IBGE para 2020, 8,91% da população
brasileira seria composta por pessoas na faixa etária dos 0 aos 6 anos, ou seja,
aproximadamente 19 milhões de crianças. Juntamente com as gestantes, este é, portanto, o
público-alvo da atuação concentrada da SNAPI junto aos órgãos parceiros das áreas de saúde,
educação, justiça, assistência social e direitos humanos em todas as esferas de governo.
Na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (NAÇÕES UNIDAS BRASIL,
2015), o Objetivo 5 contempla a eliminação de todas as formas de violência contra todas as
mulheres nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e a exploração sexual e de outros
tipos; e as Recomendações Gerais do PNPI preconizam a realização de ações de educação e
orientação às crianças para que aprendam a perceber e a se defender de insinuações, convites,
tentativas e atos de exploração sexual, dentre outras de caráter intersetorial, por exemplo a
elaboração de material educativo para os pais lerem com filhos/as de zero a oito anos e para
cuidadores, para aprenderem sobre seus corpos, os cuidados, o papel da família, quem pode
ajudar e como se proteger das investidas de abuso.
Em um tema tão sensível, permeado por tantas incertezas e julgamentos de valor, é
imprescindível trazer alguns esclarecimentos. Sabe-se que os que vitimizam, em geral, são
pessoas muito próximas das crianças e adolescentes, tanto em classes sociais abastadas quanto
nas não favorecidas, independentemente de fatores como escolaridade, condição intelectual e
cultural. Esses aspectos tornam impossível criar um perfil único do agressor, sobretudo
porque ele não é necessariamente pedófilo. No entanto, se por um prisma os abusadores não
se caracterizam por desvios aparentes ou acentuados, observa-se, em contrapartida, a
existência de um aspecto marcante que é a incapacidade de cuidar e de perceber as
necessidades da criança. (ROMERO, 2007). As famílias com dinâmica de risco, propícia ao
abuso, também são identificáveis e encaminhados para tratamento especializado. Os
treinamentos devem estar afinados para reconhecer o limite da intervenção dos visitadores,
para que não estigmatizam a família nem revitimizar a criança com a exploração de questões
inoportunas.
As consequências do abuso sexual para a criança envolvem aspectos físicos,
psicológicos, sexuais e sociais, e os efeitos físicos e psicológicos podem ser devastadores e
perpétuos, com modificações permanentes a nível biológico (ANDERSEN et al, 2008). Sabe-
se que a precipitação da puberdade nas meninas está firmemente relacionada ao trauma em
idade precoce e às experiências adversas, particularmente o abuso sexual (ref). Em outras
palavras, uma violação em tal gravidade acelera o curso de vida de uma pessoa, subtrai-lhe a
infância, prejudica seu êxito profissional (BARRETT et al, 2014) e coloca em risco a sua
vida, mesmo décadas após o incidente (RICH-EDWARDS et al, 2012).
Concluímos esse texto apontando alguns pontos importantes sobre o que se tem feito
para prevenir e combater a sexualização infantil precoce e para reflexão de todos que
defendem a atuam nessa pauta. O primeiro ponto é que a criança é sujeita de direitos e precisa
ter sua infância preservada para viver seus tempos, vivências e experiências necessárias às
suas aprendizagens e desenvolvimento.
O segundo ponto é que essa bandeira deve ser levantada por todos. A primeira infância
e suas especificidades deve ser pauta de atores governamentais, não governamentais,
sociedade civil e demais responsáveis por cuidar educar delas. As políticas públicas devem
partir de uma visão intersetorial em que todos se responsabilizam e a veem de forma integral
em suas dimensões.
O terceiro e último ponto é que a SNAPI vem cumprindo seu dever de fomentar,
coordenar, aglutinar e somar esforços para que essa pauta da primeira infância e garantia do
direito de ser criança e viver sua infância sejam efetivadas. Nas ações formativas, na produção
de conhecimento científico e prático, na conscientização que a primeira infância é prioridade
absoluta, a SNAPI cumpre sua responsabilidade enquanto agente de mudança na sociedade.

REFERÊNCIAS

ANDERSEN, S. et al. Preliminary evidence for sensitive periods in the effect of child- hood
sexual abuse on regional brain development, 2008 The Journal of Neuropsychiatry and
Clinical Neurosciences. 20 (3), 292–301.
BARRETT, A. et al. Childhood sexual abuse and later-life economic Consequences. Journal
of Behavioral and Experimental Economics, 2014. 5310–16.

BRASIL. Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez na


Adolescência, 2022. Programa Protege Brasil.

MENDLE J. et al. Early childhood maltreatment and pubertal development: repli- cation in a
population-based sample. Journal of Research on Adolescence, 2015. [Online]
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jora.12201/abstract.

MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Guia de Orientação Sobre Prevenção à Sexualização


Precoce na Primeira Infância, 2021. Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível


em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Brasil_Amigo_Pesso_Idosa/
Agenda2030.pdf. Acesso em: 3.10.2022.

REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA. Plano Nacional Primeira Infância: 2010 - 2022
| 2020 - 2030 / Rede Nacional Primeira Infância (RNPI); ANDI Comunicação e Direitos. - 2ª
ed. (revista e atualizada). - Brasília, DF: RNPI/ANDI, 2020

RICH-EDWARDS, J. W. et al. Physical and sexual abuse in childhood as predictors of early


onset cardiovascular events in women. Circulation, 2012. 126 (8), 920–927.

ROMERO, K.R.P.S. Crianças Vítimas de Abuso Sexual: Aspectos Psicológicos da Dinâmica


Familiar, 2007. Ministério Público do Paraná. Centro de Apoio Operacional das Promotorias
da Criança e do Adolescente. 127p.

Você também pode gostar