Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO:
O presente trabalho tem como finalidade, refletir a possibilidade de utilização do Atendimento
Educacional Especializado como intervenção precoce em crianças de zero a três anos, na
Educação Infantil, visto que, é nessa etapa que elas apresentam maior plasticidade cerebral,
levando em consideração os marcos de desenvolvimento de cada criança como forma de alerta
às possíveis deficiências ou situações de risco. Através de um questionário responderam
perguntas como: Você consegue perceber se há algum atraso no desenvolvimento de acordo
com os marcos de cada etapa do desenvolvimento da criança? Você recebe ou recebeu alguma
orientação no que se refere ao conhecimento e observação dos marcos do desenvolvimento
infantil de zero a três anos? Como a escola se posiciona em relação à intervenção precoce no
desenvolvimento infantil? De que forma as EMEIs3 têm articulado dentro de sua proposta
pedagógica o AEE? Qual a forma de suporte que você gostaria de ter quando em sua turma tiver
um aluno com alguma necessidade educacional específica? Assim, foram entrevistados
professores de duas Escolas de Educação Infantil de São Borja/RS e uma Escola de Educação
Infantil de Itaqui/RS, deixando evidente a importância da intervenção precoce as crianças que
apresentem necessidades específicas através do Atendimento Educacional Especializado.
INTRODUÇÃO
Depois da família, a escola é um dos ambientes onde a criança amplia o seu contato
social e o seu desenvolvimento. Na Educação Infantil, mais precisamente nas creches, primeira
etapa da escolarização da criança, sendo reconhecida pela Lei nº 12.796, de 2013 que altera a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 94/96, na qual ela passa uma boa parte de sua
infância, já que a oferta desse modelo de educação é em turno integral, que se consegue
observar possíveis alterações em seu desenvolvimento, tanto as deficiências como os atrasos
1
Aluna do Curso de Pós-Graduação em AEE – Universidade Federal de Pelotas . Email:
uab.poloitaqui.faviani@gmail.com
2
Aluna do Curso de Pós-Graduação em AEE – Universidade Federal de Pelotas .
Email:lisa._.ribeiro@hotmail.com
3
EMEIs: Escola Municipal de Educação Infantil
inespecíficos, ou em risco de desenvolvê-los.
Assim sendo, entender como acontece o desenvolvimento infantil, conhecer os seus marcos,
nos fornece informações quando algo em seu desenvolvimento não se encontra ocorrendo como
esperado, trazendo com isso um alerta e a necessidade de uma investigação e produção de
soluções que minimizem as dificuldades que esta criança esteja apresentando, utilizando-se da
intervenção precoce através do Atendimento Educacional Especializado - AEE - como
estratégia, buscando o maior desempenho possível das suas potencialidades, levando em conta
que é nessa faixa etária que a criança possui maior plasticidade cerebral.
Para isso, deve-se discutir políticas públicas que trazem o AEE como forma de apoio no
desenvolvimento infantil, atuando como intervenção precoce, colaborando para ajudar a família
e professores no manejo dessas crianças, público-alvo desse atendimento especializado, sendo
que a falta de diagnóstico ainda na primeira infância afasta crianças de estímulos essenciais ao
desenvolvimento, quanto mais cedo se inicia uma intervenção adequada, maiores as chances de
seu desenvolvimento.
ABORDAGEM TEÓRICA
O desenvolvimento infantil é marcado pelos processos de aprendizagem pelos quais a
criança passa para adquirir e aprimorar sua capacidade cognitiva, motora, emocional e social,
que as tornam cada dia mais independentes e autônomas.
A Educação Infantil é a base para o desenvolvimento da criança e por essa razão, valorizar
as instituições que trabalham com essa modalidade de ensino constitui a melhor maneira para
contribuir com a qualidade de seu desenvolvimento, promovendo um ambiente de
aprendizagem e trocas com todos que fazem parte desse espaço.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em sua seção II, artigo 29, entende-se
a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB, p.22, 1996)
Deste modo, reunir nesse espaço, profissionais e oferta de recursos que contribuam com
o desenvolvimento da criança traz um ganho para o seu futuro, pois é nas EMEIs que se
consegue perceber se o desenvolvimento do educando não está acontecendo conforme o
esperado, sempre levando em conta os marcos do desenvolvimento, que determinam a
capacidade motora e cognitiva em cada fase da vida, a plasticidade cerebral do indivíduo, sendo
que, a falta de diagnóstico ainda na primeira infância afasta a criança dos estímulos essenciais
ao seu desenvolvimento, bem como, quanto mais cedo inicia-se a intervenção devida, maior
será a sua chance de desenvolver-se, e menor será a carga familiar e social, desta forma
corroborando temos que:
A Intervenção Precoce, tem por princípio prestar atendimento a criança que esteja em
risco de atraso em seu desenvolvimento, que manifeste algum tipo de deficiência, através de
uma equipe multidisciplinar que forneça suporte nas áreas de educação, saúde e sociabilização,
sendo de natureza preventiva ou remediadora, ocorrendo de preferência no meio ambiente onde
ela esteja inserida, dando suporte a família, começando o mais cedo possível, dito isso entende-
se que:
Desta forma pretende-se com a intervenção precoce, trazer um efeito positivo a todos que
estão envolvidos direta ou indiretamente com a criança em risco, buscando orientar a família
de quais as melhores atitudes a serem tomadas, incentivando a procura de informações sobre
seus direitos, e apoiando-a, minimizando assim a frustração e o desespero que muitas delas
apresentam assim que recebem a notícia que algo em seu filho não está se desenvolvendo como
esperado, salientando que o envolvimento dos pais através da IP, tem um papel importante para
o seu sucesso.
O diagnóstico e o atendimento precoce são muito importantes, pois pode prevenir
sequelas ou atraso, quanto mais cedo se estimular à criança e conscientizar a família
das suas potencialidades, mais resultados positivos se conseguirão. Citando “quanto
mais cedo à criança portadora de deficiência ou vulnerável as mesmas dores
detectadas e submetidas a programas de estimulação tanto melhor será o prognóstico
de sua reabilitação”. (ESTIMULAÇÃO PRECOCE, 1996, p. 10, apud LEÃO,
Aparecida, et al, 2014).
A plasticidade cerebral, é a capacidade do cérebro de adaptar-se encontrando maneiras de
suprir funções, fazendo interações e aquisições de novas competências. Assim, utilizar-se dessa
habilidade para estimular a criança e melhorar seu desenvolvimento, tem sido um desafio para
os educadores, visto que há pouca ou quase nenhuma formação nessa área para que se possa
desenvolver esse trabalho.
Desta forma, fortalecendo a ideia, temos Lacalendola, 2020, que diz: “A plasticidade
cerebral é a capacidade de aprender através de estímulos do ambiente, de experiências e de um
mediador. Quanto mais experiências, maior a capacidade de aprender, mais conexões o cérebro
realizará”. (LACALENDOLA, 2020)
Como uma remodelagem cerebral a plasticidade também ocorre em função das novas
experiências pelas quais a criança passa, através de estímulos e novas aprendizagens, o cérebro
cria caminhos e uma rede neural que registra aquele conhecimento e quanto mais exercitar,
mais fortes ficarão as ligações neurais chamadas de sinapses, pois elas são fortalecidas quanto
maiores forem as ações repetidas, e essa capacidade está diretamente relacionada com a
qualidade e duração da Intervenção Precoce.
De acordo com Lima e Fonseca (2004, apud Ministério da Saúde, 2016), a plasticidade
neural é fundamental e justifica a Intervenção Precoce para bebês que apresentem risco
potencial de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Isso porque é justamente no período
de zero a três anos que o indivíduo é mais suscetível a transformações provocadas pelo ambiente
externo.
Para garantir esse atendimento nas instituições que atende criança na faixa etária de 0
(zero) a 3 (três) anos, contamos com a Nota Técnica Conjunta nª 02/2015/MEC/SECDI/DPEE-
SEB/DICEI, 2015, que estabelece orientações para a organizações e a oferta do AEE na
Educação Infantil determinando:
Deste modo, se torna parte indispensável nas Escolas de Educação Infantil a oferta desse
atendimento, que é assegurado também pela Nota Técnica Conjunta nª
02/2015/MEC/SECDI/DPEE-SEB/DICEI, 2015, trazendo:
Diante disso é importante salientar, que as atividades desenvolvidas pelo AEE são
diferentes das realizadas na sala de aula comum, não substituindo-a, elas servem como
complemento da formação do aluno, para que colabore com o desenvolvimento de sua
autonomia e independência, dentro e fora da instituição educativa.
O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio
da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem
as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua
aprendizagem. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009)
METODOLOGIA:
Como metodologia, utilizamos uma pesquisa de campo através da aplicação de um
questionário com perguntas abertas de cunho investigativo com 8 professoras participantes,
sendo quatro professoras que atuam em duas EMEI de São Borja/RS e quatro professoras que
atuam em uma EMEI de Itaqui/RS.
Tais participantes responderam com base no atendimento de bebês e crianças pequenas,
de zero a três anos de idade, que compõem as turmas de berçário nas escolas de Educação
Infantil.
São
PEI 3 32 F Educação Pedagogia 7 anos
Borja
Física Pós-graduação em
Professores Alfabetização e
da Letramento
Educação
Infantil
PEI 4 48 F Magistério ________ 14 anos
Fonte: As autoras.
As entrevistas foram realizadas em três Escolas Municipais de Educação Infantil de
período integral, duas situadas no município de São Borja e uma no município de Itaqui, ambas
cidades da fronteira oeste do Rio Grande do Sul.
RESULTADOS
Foram entrevistados professores das EMEIs dos referidos municípios já mencionados,
que responderam perguntas que foram formuladas para servir como base deste artigo, aqui será
transcrito algumas das respostas que servirão como amostra de nossa pesquisa e com isso
obtendo os seguintes resultados.
E quanto a forma de como escola de Educação Infantil tem articulada dentro de sua
proposta pedagógica o Atendimento Educacional Especializado, dizem que não há nada
específico no Projeto Político Pedagógico, o PPP, que contemple o Atendimento Educacional
Especializado, mas acreditam ser de extrema importância, afirmando que, se em cada
instituição tivesse uma sala de recurso e um profissional de AEE para atendimento, iria ser de
grande ajuda, pois quando é necessário, é a família que vai buscar o suporte que a criança
precisa.
Acerca da forma de suporte que gostariam de ter quando na turma tivesse um aluno com
alguma necessidade educacional específica, são unânimes em dizer o quanto o AEE nas escolas
infantis seria importante para ajudá-las, para que se consiga, pelo menos, viabilizar o diálogo
com a família, fazendo essa ponte, assim, conseguindo nortear as ideias, relatam estarem
sozinhas porque não têm suporte pedagógico específico para isso dentro da escola.
CONCLUSÃO
O Atendimento Educacional Especializado como forma de Intervenção Precoce, atuando
na etapa da Educação Infantil, fase em que a criança possui maior plasticidade cerebral, traz
um ganho ao desenvolvimento cognitivo, motor e melhora a relação com a família, trazendo
maior qualidade de vida, autonomia e independência.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Nota Técnica Conjunta nº02/2015/MEC/SECADI/DPEE – SEB/DICEI. Disponível
em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=18047-ntc-
02-orientacoes-para-organizacao-oferta-do-aee-na-educacao-infantil&category_slug=agosto-
2015-pdf&Itemid=30192. Acessado em: 17.11.21.
COSTA, T. Sinais de alerta dos 0 aos 6: Identificar e Saber Intervir. Disponível em:
https://www.clinicadaeducacao.pt/2016/12/14/sinais-de-alerta-dos-0-aos-6-identificar-e-
saber-intervir/. Acessado em 17.11.21.