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CAPITULO I: A IMPORTANCIA DA SEXUALIDADE NAS ESCOLAS

A sexualidade é um dos temas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais, e pode ser trabalhado em todos os ciclos do Ensino Fundamental e no Ensino

Médio.Com isto, temos a concepção geral de que a função da educação sexual nas escolas é

ampliar o conhecimento e implantar o hábito de prevenção do aluno para que este não venha

achar que praticar atos sexuais é impuro ou imoral, é mostrar que ele pode fazer, mas de forma

segura que não venha interferir no seu crescimento.

A sexualidade nas escolas teve sua pratica pedagógica bastante questionável, pois

antigamente na Europa, a implantação da educação sexual nas escolas foi idealizada para

combater a masturbação, as doenças venéreas e, além disso, ensinar as meninas a exercerem o

papel de mãe e esposa (Castro 2004), com isso, cultivando o hábito dos pais oferecerem suas

jovens filhas a se casarem e constituírem família muito cedo. Neste caso, a gravidez juvenil

não era vista como um problema, pois ela era prova de virilidade e fertilidade para o pai de

família, mas hoje em dia o sexo entre adolescentes está cada vez mais comum e sem

compromisso porque a sexualidade é uma energia vital que nasce com o ser humano e

continua até sua morte. Na adolescência, a sexualidade tem uma dimensão especial, porque é

nessa fase evolutiva que se manifestam a capacidade reprodutiva do ser humano e a

configuração de sua identidade sexual.

A sociedade emite mensagens sobre a sexualidade. Aceita e até incentiva a

banalização, deixando que crianças e adolescentes sejam bombardeados pelos estímulos

erotizantes da mídia.

Por força do relógio biológico, os adolescentes assumem a sua sexualidade e procuram

conhecer e experimentar as novas sensações e capacidades do seu corpo. Na adolescência, as

atividades sexuais auto-eróticas (como a masturbação) ou as experiências sexuais realizadas


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com parceiros são exploratórias, de aprendizagem, e preparatórias para a definição da

identidade sexual e para a sexualidade genital adulta.

A atividade sexual desprotegida entre os adolescentes é um dos principais problemas de

saúde pública. Para enfrentá-lo, são necessárias ações intersetoriais entre Saúde e principalmente

a Educação e também não ocorre a prevenção e com isso acarretam varias conseqüências.

A modernidade não é o único fator da propagação de jovens grávidas, mas também o grau

de escolaridade, a renda e o convívio familiar faz com que as meninas procurem condições

melhores de vida e acham que construindo uma nova família as coisas se modificariam, então se

deparam com vivencias anteriores, fazendo com que a história se repita.Há uma necessidade de

tratar este assunto de forma mais abrangente, e que não seja para combater a pratica ou promover

medos, mas formar jovens conscientes.

O trabalho e estudo sobre esta temática no Brasil, começou a ser implantada em meados

dos anos 80, é uma das autoras pioneiras sobre este assunto é a escritora Marta Suplicy que já foi

prefeita de São Paulo, ela sempre se preocupou com a informação e a formação da sexualidade

juvenil, e para a autora, nada melhor do que a escola para transmitir estes ensinamentos, fazendo

com que o tema não fosse tratado somente como disciplina de ciências para a aprendizagem de

forma limitada que acarreta a dificuldade nas realizações propostas do PCN-Sexualidade, que tem

por finalidade contribuir para o bem estar das crianças e dos jovens na vivência de sua

sexualidade atual e futura. Afinal para os jovens terem uma vida sexual saudável, é preciso ter

uma boa relação entre família, aluno e escola.

Mary Garcia Castro junto com Mirian Abramovay e Lorena Bernadete da Silva, todas da

UNESCO, promoveram uma pesquisa sobre juventudes e sexualidades. Foram coletados vários

depoimentos de jovens e adultos quanto ao diálogo familiar, docentes/discentes e diálogos entre


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os alunos; informações sobre a iniciação sexual dos jovens e a comparação destes resultados com

o decorrer dos anos.

A partir destes dados reforça-se que a escola precisa incluir a educação sexual, para que

os jovens tenham aprendam a conhecer seu próprio corpo, é preciso informá-los sobre a

importância da prevenção e as conseqüências que acarretam o sexo sem proteção e também a

ajudar as adolescentes a darem continuidade a seus estudos, pois muitas acham na gravidez ou

em seus filhos, uma desculpa para abandonar seus estudos, argumentando que não há como

conciliar a situação de “mãe estudante”. Para que estes argumentos não tenham peso, as equipes

pedagogias das escolas precisam elaborar junto aos professores, não só os de ciência mais

juntamente com todo o corpo docente da escola, formando uma interdisciplinaridade sobre esta

temática, envolvendo toda a unidade e quebrando o mito sobre a sexualidade no ambiente

escolar, que segundo castro “a sexualidade sempre foi tratada como complexa, pois a escola

ensina coletividade, e sexualidade é individualidade prazer e direito do outro” e também “a base

das dificuldades de se tratar sexualidade nas escolas está na incompatibilidade entre razão e

cultura, sentimentos e pulsões (Castro, 2004, p.33; 34)”. Destas afirmativas temos exemplos de

uma cultura organizacional que defende a fio uma ideologia com medo de mudanças.Intensifica-

se o objetivo dos temas transversais serem utilizados pelas escolas,

Os orientadores poderiam junto com a gestão escolar, dar possibilidades e criar

acompanhamento para aquelas que precisem se afastar por licença maternidade, através deste a

aluna fica envolvida nas praticas que serão realizadas na turma durante sua ausência, e quando

voltar, não terá dificuldades para acompanhar a turma; elaborar um espaço para que as jovens

mães deixem seus filhos e quando preciso ir até lá para amamentá-los, espaço este que dê um

pequeno conforto ao bebe, privando-o do estresse da sala de aula e cuidando para que não

atrapalhe o desempenho da mãe e dos demais alunos. Para isso a escola precisa ter boa estrutura e
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uma ótima organização para que esta pratica seja incluída no projeto político pedagógico da

escola e calendário escolar, sempre explorando a educação sexual para que este recurso não seja

utilizado de forma incorreta pelas alunas.

Estas medidas já são utilizadas em algumas instituições de ensino do país e tem

modificado bastante o quadro de meninas grávidas e diminuindo a evasão das adolescentes.Não

esquecendo que a educação sexual é para ser explorado em ambos sexo, pois muitos meninos

saem da escola por terem que trabalhar para sustentar sua nova família e até mesmo duas.

I.I.TRABALHANDO A SEXUALIDADE NAS ESCOLAS

Para quebrar as barreiras de dificuldade, o PCN-Sexualidade além de citar a importância

deste tema nas escolas, orienta os educadores através de dinâmicas e exercícios todos aplicáveis

por idade.

Assim propõe-se que a orientação sexual oferecida pela escola aborde as repercussões de

todas as mensagens transmitidas pela mídia, família e pela sociedade. Seria para preencher os

espaços vazios das informações que o educando já possui, pois o trabalho desta orientação é para

problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos criando a

possibilidade do educando formar opinião a respeito do que lhe foi apresentado.

A família é em primeira instância o elemento formador da criança, e os pais iniciam a

educação sexual de maneira informal e passando seus valores culturais e crenças através de tratos

com a criança.

A orientação sexual pressupõe uma sistematização do conteúdo adquirido sobre

sexualidade através de informações e experiências vivida. É um processo educacional de caráter


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preventivo, intencional e sistemático, então o educador precisa trabalhar através de

esclarecimentos, informações adicionais e reflexões sobre os fatos ligados a sexualidade.

A orientação sexual é um trabalho que vai lidar diretamente com conceitos pré-

estabelecidos e vivencias que a criança ou o adolescente tem introjetado sobre o tema em

evidencia e com a relação de valor que estabelece diante das circunstancias. Para tanto, é

imprescindível que o orientador crie um clima afetivo e de confiança e faça uma intervenção

pertinente, para suprir as carências dos educandos na temática trabalhada. É necessário que este

profissional tenha apoio de uma equipe pedagógica que lhe dê suporte técnico para garantir a

atualização profissional e assegurar ações preventivas efetivas.

O trabalho de educação preventiva ligada à sexualidade envolve a definição de diretrizes

que contemplem a formação integral dos alunos e a participação efetiva de todos os integrantes

do universo escolar. Na realização da orientação sexual, são fundamentais, para a credibilidade

das ações preventivas, posturas seguras e assertividade, bem como o corpo docente passe por

uma capacitação profissional mais ampla com relação ao conteúdo técnico-científico como

também metodológico e vivêncial.

Vê-se então que é necessário manter uma postura em relação às questões levantadas sobre

sexualidade e suas manifestações na escola e também na escolha de conteúdos a serem

trabalhados com os alunos.

Está temática mais do que nunca é necessária na formação de jovens conscientes de seus

atos em relação a sua vida sexual, podendo assim diminuir o numero nas estatísticas de jovens

portadores de doenças sexualmente transmissíveis e também à gravidez precoce, que pode

interferir nos planos, e se não houver planos, atrapalham em sua formação, pois uma da causas de

evasão escolar acontece devido a necessidade da menina cuidar da criança e ñ conseguir conciliar

a escola, e o menino abandona para trabalhar e cuidar da nova família.


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A sexualidade nas escolas, pode ser trabalhada em caráter preventivo e ou orientador.


Ao tratar o tema orientação sexual, busca-se considerar a
sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se
expressa no ser humano, do nascimento até a morte.Relaciona-
se com o direito ao prazer e ao exercício da sexualidade com
responsabilidade (PCN-Sexualidade, p.287).

Quando preventivo, cabe ao orientador, transmitir aos alunos, os métodos preventivos,

para uma vida sexual saudável; quando orientador, o profissional procura ajudar os alunos

quando estes passam por dificuldades que venham interferir em sua vida escolar e ou social,

exemplo, uma gravidez não planejada e os alunos ficam sem ação ao que está acontecendo.
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II CAPITULO: GRAVIDEZ NA ESCOLA - SERÁ QUE É UM PROBLEMA?

A gravidez em si não, pois muitas alunas continuam freqüentando as aulas durante a

gestação, mas o problema surge após o nascimento da criança. Uma trabalhadora assalariada ou

autônoma tem direito a licença maternidade, sem que esta lhe prejudique em sua atuação

profissional em seu retorno, mas uma adolescente em idade escolar, como esta pode continuar

seus estudos sem prejuízo de conteúdo quando esta deseja dar continuidade a eles.Muitas

conseguem na família apoio e retornam a escola, mas que chances estas alunas terão ao retornar a

classe e acompanhar a turma e também avançar de série.

Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de


acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez
tem maior probabilidade de ser levada a termo normalmente e sem
grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de
relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá
sentir-se profundamente só nessa experiência difícil e desconhecida,
poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda
sorte de atitudes que, acredita, resolverão o seu problema. Ballone
(2003)

Uma opção precisa ser questionada e planejada pelos gestores, coordenadores e

professores, pois um dos índices de evasão escolar, está relacionada a jovens parturientes que não

encontram apoio nas famílias e/ou nas escolas para continuarem seus estudos e na grande maioria

das vezes, o abandono à escola por causa da gravidez acontece nas classes baixas da população.

A gravidez precoce realmente está se tornando um grande problema na educação,

já que a maior parte desta clientela que ainda está na escola, acaba abandonando-a em

função do bebê. “Os números são alarmantes considerando-se que se 25% (vinte e cinco

por cento) das meninas de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos grávidas deixam a escola,

significa dizer que 254 (duzentas e cinqüenta e quatro) mil param anualmente de

estudar. E 2% (dois por cento), ou seja, 20000 (vinte mil), abandonam os estudos para
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casar”, segundo Miriam Abramovay, professora da Universidade Católica de Brasília,

vice-coordenadora do Observatório Violência na Escola-Brasil e uma das coordenadoras

da pesquisa “Juventudes Brasileiras”, da Unesco. (“O Globo”, 07/03/2005).

No Brasil, cerca de 20%(vinte por cento) das crianças que nascem são filhas de

adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15(quinze)

anos grávidas que na década de 70(setenta). A grande maioria dessas adolescentes não

tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da

pressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos.

(“Saúde e Vida On-Line, Gravidez na Adolescência”).

Este fator, não atinge somente as meninas, os meninos também sofrem modificações em

seu cotidiano. Muitas vezes levam a culpa pela gravidez, então, as meninas recebem os chamegos

de ambas as partes familiares, e eles precisam sair à procura de emprego.Estes jovens, muitas

vezes, são praticamente abandonados pela família, escola e sociedade; são invisíveis até para as

estatísticas sobre gravidez na adolescência.Contudo, a menina durante a gravidez continua a

freqüentar as aulas, os meninos na maioria das situações são obrigados a trocar de turno para

trabalhar e comprar as coisas do bebê, então muitos justificam o cansaço para abandonar a escola,

na grande maioria dos casos, o abandono à escola por causa da gravidez acontece nas classes

baixas da população, mais uma boca para alimentar representa a necessidade imediata e urgente

de entrar no mercado de trabalho para ajudar no sustento da casa.

Intensifica-se a importância das escolas trabalharem a temática da sexualidade para:

— Diminuir os índices de jovens que contraem DST’S/AIDS;

— Erradicar o número de adolescentes grávidas;

— Prevenir a evasão escolar, devido aos itens acima mencionados.


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Algumas ONG’S e Instituições Educacionais têm se esforçado para reintegrar

estas alunas.

A falta de apoio e afeto da família, para uma adolescente cuja auto-estima é

baixa, com mau rendimento escolar, grande permissividade familiar e disponibilidade

inadequada do seu tempo livre, poderiam induzi-la a buscar na maternidade precoce o

meio para conseguir um afeto incondicional, talvez uma família própria, reafirmando

assim o seu papel de mulher, ou sentir-se ainda indispensável a alguém. Sumano (1998)

nos diz:

“A facilidade de acesso à informação sexual não garante maior proteção contra

doenças sexualmente transmissíveis e gravidez não desejada”.

Segundo a socióloga e diretora da Ong Cais do Parto, Maria Carvalho, as

meninas engravidam de forma consciente:

“_Hoje não tem mais ninguém inocente. Elas conhecem os


meios contraceptivos. Muitas acreditam que, com um filho
vão retomar as rédeas de suas vidas, ficam mais
independentes e respeitadas. Normalmente, muitas delas
levam antes uma vida só de obrigações e quase nenhum
direito. Com filhos assumem responsabilidades maiores,
mas passam a ser vistas de outra forma pela comunidade”.

Já a consultora da Unesco, Myriam Abramovay, em artigo no Jornal “O Globo”,

em 2005, afirma que um filho significa uma esperança que essas meninas não têm na

vida. A perpetuação da espécie é a resignificação de suas próprias vidas sem muitas

vezes se darem conta das conseqüências desastrosas para si mesmas. Até porque, a

escola não representa, para grande parte dos jovens e adolescentes, degrau significativo

para ascensão social. O grande sonho de melhoria de vida é tornarem-se modelos ou, na

parte masculina, jogadores de futebol famosos. A escola é a obrigação e, por conta disso,

não é considerada perda no momento de resignificação de suas vidas.


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No mesmo artigo, falando ainda do problema da gravidez na adolescência, foi

evidenciado o crescimento da evasão detectado pelo Ministério de Educação (MEC).

Notou-se também que muitos estudantes que abandonaram a escola acabam voltando

para a sala de aula. Nas escolas públicas, 19,5%(dezenove e meio por cento) dos alunos

que hoje estão matriculados já haviam abandonado os estudos ao menos uma vez. Nos

cursos noturnos, essa proporção chega a 35%(trinta e cinco por cento).

A pesquisadora educacional Mary Castro (23/9/2003-SINTEAL) justifica estes

dados, afirmando que apesar dos alunos alegarem problemas para permanecerem na

escola, ao se defrontarem com as barreiras de acesso no mercado de trabalho acabam

voltando para ela com o objetivo de aumentar suas chances de obter um emprego.

No caso de adolescentes que tiveram bebê na adolescência, esse reingresso é

urgente e contraditoriamente muito mais difícil, dada a necessidade de sustentar-se e ao

filho e também coordenar a tarefa de ao mesmo tempo dar conta dos cuidados de uma

criança, quando ela própria ainda necessita desses cuidados.

II.I. Um Olhar Sobre os Números da Gravidez na Adolescência

Considerando a faixa etária tão baixa na iniciação da maternidade, vemos

deflagrado um problema social de dimensões catastróficas. Este problema toca toda a

sociedade. Embora a família seja a parte mais atingida, indiretamente toda a sociedade

sofre com a gestação prematura dessas meninas.

Observando-se os dados abaixo, oriundos de pesquisa em site da Internet

(Gravidez na adolescência), temos dimensão desse problema.


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 18%(dezoito por cento) das adolescentes de 15(quinze) a 19(dezenove)

anos já haviam ficado grávidas alguma vez.

 1(uma) em 3(três) mulheres de 19(dezenove) anos já são mães ou estão

grávidas do 1º(primeiro) filho.

 1(uma) em 10(dez) mulheres de 15(quinze) a 19(dezenove) anos já

tinham 2(dois) filhos.

 49,1%(quarenta e nove, ponto um por cento) destes filhos foram

indesejados.

 20%(vinte por cento) das adolescentes residentes na zona rural tem pelo

menos 1(um) filho.

13% (treze por cento) das adolescentes residentes na área urbana tem pelo menos 1(um)

filho.

 54%(cinqüenta e quatro por cento) das adolescentes sem escolaridade já

haviam ficado grávidas.

 6,4%(seis ponto quatro por cento) das adolescentes com mais de

9(nove) anos de escolaridade ou já eram mães ou estavam grávidas do 1º(primeiro) filho.

 20%(vinte por cento) das adolescentes residentes na região norte tem

pelo menos 1(um) filho.

9%(nove por cento) das adolescentes residentes na região centro-oeste tem pelo menos

1(um) filho.
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É alarmante observar que quase um terço das mulheres tiveram seu primeiro

filho até os 19(dezenove) anos e um décimo deste mesmo limite de idade chega ao

2º(segundo) filho na maioria das vezes sem planejamento.

É importante orientar as adolescentes para procurar uma unidade de saúde e

começar a utilizar algum método contraceptivo, logo após o nascimento do bebê.

Estudos apontam que, as adolescentes não passam a usar algum método contraceptivo

em alguns meses após o parto, mais da metade delas estarão grávidas novamente.

A saída da escola constitui um rompimento abrupto, muitas vezes traumático e

violento, que gera um grande número de jovens despreparados para o exercício de uma

vida social plena. Não conseguem ingressar no mercado de trabalho em condições de

igualdade com jovens da mesma idade que não têm este compromisso.

Analisando o problema a uma distância maior ainda, é mais alarmante observar

que quase metade dos bebês nascidos de uma gravidez prematura não era desejada. Este

dado, embora muitas vezes revertido depois do nascimento do bebê, vai determinar o

grau de rejeição a este pequeno ser, que não foi responsável por sua vinda ao mundo.

Também esta geração de bebês sofrerá em longo prazo por ter uma mãe que

ainda era uma menina e um conseqüente lar fragmentado. Nas classes mais pobres,

quase ousamos afirmar que repetirão a façanha de seus jovens pais.

É um ciclo perverso que reproduz uma triste realidade: gravidez prematura x

evasão escolar.

As jovens da zona rural engravidam um pouco mais talvez pela falta de

esclarecimento, ou como vimos no capítulo anterior, pela esperança de dias melhores.

Pela autonomia que pode representar a gravidez, tornando-a mãe responsável por um

novo ser.
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Outro fator importante é a baixa taxa de escolaridade. Segundo a BENFAM

(1977), aproximadamente 51%(cinqüenta e um por cento) das meninas de 15(quinze) a

19(dezenove) anos sem escolarização já haviam se tornado mães na época da pesquisa

realizada por aquela instituição. Já entre com 11(onze) anos de escolarização, esta

proporção caiu para 2%(dois por cento). Porém, algumas pesquisas têm demonstrado

que muitas mães adolescentes não estão preocupadas com o fato de terem abandonado

seu estudos em função da gravidez, e não associam às dificuldades que posteriormente

possam ter para ingressar no mercado de trabalho. Parece que o que para umas é

pesadelo, para outras é sonho e projeto de vida que estão sendo atingidos com o seu

novo status social: “ser mãe”.

A influência da mídia no comportamento de crianças e adolescentes, a falta de

diálogo entre pais e filhos, a dificuldade na obtenção e utilização de métodos

contraceptivos podem ser identificados, também, como fatores relevantes para a

gestação na adolescência.

Para conter estes números, questiona-se imediatamente por que a adolescente

com tantos recursos acessíveis na sociedade para evitar um filho cai numa armadilha da

gravidez fora de época.

Assim, o acesso à contracepção e a aquisição de competências para sua


utilização sistemática precisam fazer parte de uma aprendizagem muito mais
ampla da sexualidade. Por isso a orientação sexual nas escolas é tão
importante e a discussão precisa ser ampliada no meio familiar. É preciso,
também, criar mais serviços de atenção a adolescentes e capacitar um número
maior de profissionais de todas as áreas sociais para o trabalho com a
adolescência.
( Camarano, 1998).

Os números em si são frios, mas tornar-se-ão grandes problemas se não forem

consideradas estratégias preventivas para reverter estes índices. Saúde, Educação e

Família devem unir-se para a educação preventiva a fim de juntas tentarem sanar a
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interrupção do período infanto-juvenil que afasta a menina do seu direito de concluir

seus estudos para o exercício pleno da cidadania.


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CAPÍTULO III - O PAPEL DO GESTOR E AS ALTERNATIVAS PARA

COMBATER A EVASÃO DE JOVENS MÃES

A orientação sexual, como propõe os temas transversais dos Parâmetros Curriculares

Nacionais, torna-se complementar à educação familiar, contribuindo decisivamente para a

superação dos novos desafios que se apresentam ao adolescente para o exercício de uma

sexualidade saudável.

É importante que as escolas prestem mais atenção a estes problemas, para as metas

educacionais serem alcançadas, é preciso planejar atividades para o progresso dos alunos e

também impedi-los de se afastarem das aulas.

A inclusão da orientação sexual nas escolas é necessária para contribuir com os objetivos

educacionais, e se torna preventivo tanto para os alunos como para a instituição, além de

suprirem os objetivos propostos pelo PCN – Sexualidade.

Os coordenadores, os professores, enfim, toda a comunidade escolar, precisam elaborar

em conjunto as definições para implantarem projetos ligados a prevenção e evasão dos alunos

que se afastam da escola por motivo de gravidez e o primeiro passo, é idealizar algum projeto que

venha atingir estes alunos, projeto que se ajuste à infra-estrutura, orçamento e que não prejudique

nas demais atividades do colégio.

Se antes a sexualidade na escola era um “tabu”, ela precisa deixar de ser, pois a cada vez

mais cedo os jovens iniciam sua vida sexual e sem orientação. Cabe a escola passar por cima de

qualquer paradigma que lhe impeça o desenvolvimento e acompanhar as mudanças. É necessário

que as escolas se atualizem porque esta temática está presente em várias ocasiões, sejam elas

formais, nas novelas nas ruas e porque não na escola.


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O papel do gestor da instituição de ensino deve ser esclarecedor, orientador e em

momento nenhum deixar que seus pré-conceitos ou suas concepções venham a interferir no

cuidado e atenção com o educando estimulado a brincar desde muito cedo com os jogos da

sedução. Porque muitas vezes, suas necessidades naturais precoces, o apelo da mídia e a

concepção por parte dos pais e da escola que ainda é cedo para falar do assunto acabam

provocando uma gravidez precoce. Apesar da facilidade de comunicação para esclarecimentos. O

entendimento família-adoscelente-escola é precário impossibilitando que um atendimento às

duvidas sejam sanadas, e contribuindo cada vez mais a iniciação sexual destes se saber as

medidas de prevenção e os riscos de viver sem elas.

Quando a escola não consegue por meio de palestras ou cursos conter a gravidez fora

do tempo, devido aos hormônios que naturalmente geram a vida, nada mais resta a fazer a não

ser apoiar e reintegrar as alunas que, por este ou qualquer outro motivo, abandonam a escola.

Se a aluna, gestante ou não, já está com sua auto-estima debilitada; não pode ser

tratada como mais uma. Se necessário esta deve ser procurada pelo gestor, ou por alguém por

ele indicado, e ser reconduzida à vida escolar. Quando impossibilitada por razões médicas de

freqüentar o convívio do grupo escolar por período da gravidez, deve ser atendida com

exercícios domiciliares e tarefas que demonstrem para a gestante o quanto é importante sua

participação nas atividades escolares.

Este cuidado e compreensão certamente repercutirão como um afago e um motivo para

desejar estar na escola. Cultivar-se-á no ideário da aluna a consciência de que a vida continua e,

mais do que nunca, é importante sua permanência num espaço que é seu.
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III.I.Busca de Soluções para Prevenir a Gravidez na Adolescência.

A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro criou em 1996 os Núcleos de

Adolescentes.Estes atendem aos alunos em escolas-pólo. O objetivo é atender às

necessidades imediatas dos adolescentes, no sentido de falar abertamente de assuntos

polêmicos que os afligem como: drogas, doenças sexualmente transmissíveis, prevenção

à gravidez indesejada, violência social e doméstica e saúde na adolescência.

Tem, como objetivos gerais a médio e longo prazo, provocar mudanças de

comportamento, de valores e internalização de conceitos e práticas. Para levar adiante tal

projeto, a Secretaria de Educação tem contado com professores sensíveis a este

problema que têm recebido, com uma certa periodicidade, treinamento com profissionais

afins: sociólogos, antropólogos, psicólogos, terapeutas, médicos ginecologistas e

obstetras.

A partir desta reciclagem, estes profissionais passam a funcionar como elementos

multiplicadores em suas unidades escolares de origem. Por sua vez, estas unidades

recebem adolescentes de diferentes procedências da Rede Municipal. Os resultados têm

sido animadores.

Estes adolescentes têm participado ativamente de dinâmicas de grupo, jogos e

brincadeiras, no sentido de criar laços afetivos a fim de que encontrem no dinamizador

um amigo para se abrirem sobre suas dúvidas e medos.


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É um projeto que tem esclarecido bastante os adolescentes. Porém não se tem

dado numérico sobre a eficácia do mesmo. São medidas preventivas. O maior problema

enfrentado para estender este projeto é a falta de verbas.

Algumas soluções práticas existem, mas não são imediatas e não se pode afirmar

que são a solução para todos, já que muitas vezes, apesar de todos os esclarecimentos,

alguns enfrentam em sua vida alguns imprevistos, pois de que adianta o aluno ter acesso

ao conhecimento, a informação, mas não coloca-las em prática.

A Escola Normal Carmela Dutra investiu numa estratégia que visava a abraçar e

encaminhar a jovem gestante. Em 15 de agosto de 1995, foi inaugurada a Creche Fada

Joaninha pelo professor Geraldo Ribeiro, que na época dirigia a escola. O projeto foi

criado, pois muitas alunas abandonavam a escola por não terem com quem deixar seus

filhos.

Tal medida diminuiu bastante a evasão das alunas da escola. O desempenho das

alunas melhorou, pois estas se sentiram amadas e aceitas.

A creche, infelizmente, fechou por falta de infra-estrutura para a manutenção

tanto de material humano como de apoio financeiro, mas hoje em dia, em seu lugar está

o Carmelinha, que não só atende aos filhos das normalistas como a crianças da

comunidade, superando as expectativas previstas. As meninas fazem estágio lá, pois o

colégio passou a Instituto de Educação Carmela Dutra juntamente com Colégio de

Aplicação. Algumas destas alunas, ao mesmo tempo em que fazem estágio têm a

oportunidade de estarem próximos de seus filhos.


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O professor Geraldo Ribeiro foi diretor de 1991 a 2004. No seu período de gestão

tentou combater com este projeto a evasão escolar, segundo entrevista feita com a

coordenadora da E.N. Carmela Dutra em 19/10/2005.

No entanto, vemos que não basta a boa intenção isolada. É preciso que se faça

parcerias com diferentes instituições para que estas idéias sobrevivam, frutifiquem e

proporcionem à sociedade frutos saborosos.

A UNIVERCIDADE, disponibiliza a seus alunos o acompanhamento especial,

recurso que possibilita ao aluno que tenha que se afastar das aulas por algum motivo,

realizar atividades relacionadas à ementa do professor ao qual a turma que ele pertence,

estes alunos podem solicitar ajuda aos professores para realizarem as atividades, e ao

retornarem as aulas, não terão tanta dificuldade para acompanhar a turma e muitos

conseguem até mesmo realizar as provas, devido a esta atenção especial proporcionada.
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CONCLUSÃO

Hoje em dia, a mídia bombardeia os jovens com a exploração da sexualidade e

sensualidade, e estes a cada vez mais cedo iniciam sua vida sexual.

Cabe aos gestores articularem iniciativas para que haja o combate as DST’S/AIDS e

também a gravidez precoce, incluindo em sua rotina, oficinas voltadas à orientação sexual.

Tais medidas são realizadas em algumas instituições e mostram que algumas escolas estão

fazendo o seu papel social. O ideal seria que todas as escolas prestassem este atendimento, mas

não realizam, pois há escola que possui os PCN’S, mas não os utilizam em seus currículos, não

realizando as propostas contidas neles.

Quanto a gravidez na adolescência, se as instituições possuem ou não projetos ligados a

prevenção, alguma medida precisa ser tomada para ajudar as jovens parturientes a concluírem

seus estudos e impedindo-as de evadirem.

O que vemos hoje é um quadro diferente do idealizado; muitas meninas grávidas, muitos

jovens livres a praticarem relações sem prevenção, dispostos a contraírem uma doença e escolas

despreparadas para diminuir estes fatos em sua rotina, e quando possui, há sempre uma barreira

que impede estes projetos de serem estendidos.

Os gestores precisam procurar alternativas e parcerias para que aconteça a orientação

sexual e também conseguir alternativas para acompanhar as jovens mães e estas não

abandonarem a escola por motivo de gravidez.

Os alunos não precisam contar somente com o apoio da escola e da família, além disso, as

jovens mães precisam ter força de vontade para conseguirem alcançar seus objetivos, se estes

forem concluir seus estudos para estar em patamar de igualdade no mercado de trabalho

juntamente com jovens de sua idade.Expressa –se desta forma, por ter passado por experiência de

gravidez antes dos 18 anos, ao inicio do curso de pedagogia, se não fossem família, amigos e da
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instituição de ensino oferecerem condições e apoio não estaria alcançando mais este objetivo,

claro que não é fácil, conciliar filho, trabalho e estudo é tarefa bem difícil, mas se a pessoa tiver

estima acentuada e estiver pronta pra vencer, não há barreiras ou grau de dificuldades para

alcançar metas.

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