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EDUCAÇÃO SEXUAL

Educação Sexual: a escola e a família; A importância dos profissionais especializados em Educação Sexual;
A importância do apoio parental (…)

Com esta revisão da literatura pretendemos compreender em que medida a escola está preparada para
implementar a disciplina de Educação Sexual e a importância da colaboração de toda a comunidade escolar
(pais, professores, alunos) para o fazer. Importa compreender a relação entre a comunicação, a partilha de
informação e os conhecimentos com os comportamentos sexuais dos adolescentes. A par disto, queremos
saber a preparação por parte dos professores e das famílias, para abordar o tema, bem como a noção que os
adolescentes têm sobre a pertinência do mesmo.
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Educação Sexual: a escola e a família
De acordo com Neves e Ramos (2014) a Educação Sexual visa compreender as diferenças entre sociedades e
culturas ao nível da sexualidade, bem como a forma como os adolescentes vivem esta fase da vida
caracterizada por constantes mudanças psicológicas e sociais (relação com os pais, consumismo).
Ribeiro (2013) considera o factor histórico, uma vez que a sexualidade evoluiu, ao longo do tempo e em
diferentes contextos socioculturais, influenciando a forma como nos relacionamos e evidenciando a
associação da mesma à religião.
É importante saber que a família e a escola são as pedras basilares no que concerne à Educação Sexual
porque se complementam, o que nos remete para o envolvimento de toda a comunidade escolar (pais,
professores, educadores, pares) pela prevenção do risco e a promoção da saúde (Neves, & Ramos, 2014).
No entanto aquando dos seus estudos, Ribeiro (2013) percebeu que a abordagem da Educação Sexual nas
escolas, visa, ainda, contornos puramente biológicos, sem ter em conta as diferenças culturais e regionais
cujo peso conhecemos na forma como os adolescentes vivem a sexualidade. Na mesma linha teórica,
Aquino e Martelli (2012) dizem que, além de o tema ser leccionado apenas do ponto de vista biológico, é,
habitualmente, recorrendo a palestras realizadas por profissionais de saúde como médicos e enfermeiros,
que também são necessárias, mas que precisam de ser complementadas com a abordagem social e
psicológica, evitando a procura de respostas sobre a sexualidade e os afectos em meios menos adequados.
Sampaio (1990, citado por Reis e Vilar, 2004) propõe a mudança e a inovação, em contexto de Educação
Sexual, sendo que a primeira se refere à motivação dos professores e a segunda à necessidade que a escola
sente de mudar e integrar os professores no projeto.
Uma das coisas que impedem os professores de tomar iniciativas no que concerne à Educação Sexual
prende-se com o facto de terem demasiadas actividades no seu dia a dia escolar e pelo facto de a Educação
Sexual ser um assunto complexo (Reis, & Vilar, 2004).
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A importância dos profissionais especializados em Educação Sexual
Segundo a APF (s.d.) em cada escola, um professor coordenador da área da saúde deve dinamizar as
actividades relacionadas com a Educação Sexual, contudo, Ribeiro (2013) nos seus estudos, percebeu a falta
de formação dos professores para a concretização deste projecto.
Acontece que a maioria dos professores tem dificuldade, pelo receio em relação à compreensão dos pais ou
responsáveis, o que mostra a necessidade de investir em formação curricular para profissionais de
educação, no sentido de colmatar a falha (Aquino, & Martelli, 2012).
Por outro lado, os estudos de Ribeiro (2013) mostram que os professores estão disponíveis para se
empenhar na busca de respostas mais eficazes para dar aos alunos e prevenir crenças e tabus errados.
Reis e Vilar (2004), observaram, nas suas experiências de campo, que há professores que se sentem
confortáveis sobre o assunto, interessam-se pelo mesmo e têm conhecimentos para intervir.
Aquino e Martelli (2012) consideram importante debater a Educação Sexual na aula para adquirir
conhecimentos correctos e desmistificar preconceitos e crenças erradas, facilitando o esclarecimento de
dúvidas e a vivência da sexualidade de forma mais responsável.
No que concerne à tarefa dos pais, a APF (s.d.) sugere que façam perguntas aos seus educandos sobre o
professor responsável pela área da saúde e que tipo de projectos se dinamizam na mesma,
disponibilizando-se para participar nas atividades e debater os temas. A colaboração escola/pais, visa, de
acordo com Ribeiro (2013) a participação de toda a comunidade escolar (pais, professores e educadores) no
processo educativo correspondente à Educação Sexual, que já demonstrou ser favorável à orientação
educativa da sexualidade dos adolescentes.
A família é responsável pela transmissão dos deveres e direitos, no entanto, devemos ressalvar, segundo a
APF (s.d.) que as famílias são todas diferentes, o que as leva a abordar estas questões de forma diferente e
que nem todas abordam assuntos relacionados com Educação Sexual.
Pegando no conceito sobre sexualidade, da Organização Mundial de Saúde (OMS) “a sexualidade é uma
energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; integra-se no modo como nos
sentimos, movemos, tocamos e somos tocados. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos acções
e interacções, e por isso, influencia a nossa saúde física e mental. É com base nessa energia constante nas
nossas vidas que iremos construir atitudes mais ou menos positivas, flexíveis e tolerantes face a nós
próprios e face ao outro.” (OMS, s.d., citado por APF, s.d., p.6).
Os pais devem ter a noção de que a sexualidade está em qualquer meio de comunicação (internet, televisão,
revistas, etc), preparar-se para eventuais perguntas e perceber que o silêncio não é a melhor opção, mesmo
que o próprio adolescente não faça muitas referência ao assunto, pois podemos estar a deixa-lo correr
riscos desnecessários (APF, s.d.).
Se a escola estiver aberta ao diálogo, ajudará a família, e irá orientar o processo de partilha de informação,
d forma positiva para que ambas promovam comportamentos, posturas e valores correctos nos educandos
(Ribeiro, 2013).
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A importância do apoio parental
O apoio prestado pelos pais, verifica-se pela transmissão de valores em casa, com uma comunicação
saudável e facilitadora da aproximação e confiança entre pais e filhos estimulando a responsabilidade, que
pode ser aproveitada pelos meios de comunicação disponíveis (televisão, internet, entre outros) (Almeida,
& Centra, 2009; APF, s.d.). Uma das formas mais viáveis de o fazer, de acordo com a APF (s.d.) é
transformar os erros que se vão cometendo, em aprendizagens, vendo-os do ponto de vista positivo, pois é
mais fácil ouvir que podemos melhorar, do que ser punido.
De acordo com Andrade e Monteiro (2013) a OMS e o Ministério da Saúde, também proporcionam
informação para esclarecer as nossas dúvidas, e para que entendamos a Educação Sexual respeitando
valores e mantendo a noção do sexo como uma necessidade primária e uma energia que move o indivíduo.
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Obstáculos à implementação da Educação Sexual e a percepção dos adolescentes sobre a
importância do tema
Segundo a APF (s.d.) a adolescência, por ser um período de várias mudanças corporais e psicológicas, é
também uma boa fase para aprender algumas noções sobre reprodução humana e o que isso acarreta.
Para Neves e Ramos (2014), urge a intervenção em Educação Sexual nas escolas, pois alguns dos temas
mais em foco são a toxicodependência, a gravidez precoce e o aborto, sendo necessária, para isso, uma
equipa multidisciplinar formada por um psicólogo, um enfermeiro, um professor e um assistente social.
Muitas vezes, os pais, não concordam com a implementação da Educação Sexual, uns porque acreditam que
o tema levará a comportamentos inadequados, outros porque entendem que a questão da sexualidade deve
ser abordada apenas na intimidade do lar, embora, mesmo em casa, muitos deles não o façam (Neves, &
Ramos, 2014).
Quanto à percepção dos adolescentes acerca de comportamentos sexuais de risco, Neves e Ramos (2014)
dizem que a maioria já tem algumas noções e que, no topo das preocupações estão as DST, e na base a
gravidez não desejada, mesmo havendo relatos de situações em que a mesma aconteceu, mas não
demonstraram necessidade de espaços onde possam colocar as suas dúvidas, contudo, no caso de o espaço
existir, disponibilizam-se para o procurar.
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Em conclusão, podemos dizer que a implicação de toda a comunidade escolar é imprescindível para que se
possa exercer adequadamente Educação Sexual e que os professores estão disponíveis para adquirir
formação sobre o tema. A par disso, compreendemos a importância de uma boa comunicação entre os
adolescentes e a família, que influencia no que diz respeito aos comportamentos sexuais que os indivíduos
terão. Percebemos ainda que os adolescentes se disponibilizam a procurar a orientação necessária junto dos
profissionais competentes, ainda que nem sempre sintam essa necessidade.
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Palavras-chave: educação sexual; adolescência; família

References:

 Almeida, A.C.C.H, & Centra, M.L. (2009). A família e a educação sexual dos filhos: implicações
para a enfermagem. Parentes experience with the sexual education of their children: implications
for nursing care. La familia y la educácion sexual de los hijos: implicaciones para la enfermaria.
SCIELO – Scientific Electronic Library Online. Acedido em 8 de Outubro, 2015, em
http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n1/a12v22n1.pdf
 Andrade, J.S.V, & Monteiro, M.M. (2013). A SEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS
ESCOLAS. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0823.pdf
 Aquino, C., & Martelli, A.C (2012). ESCOLA E EDUCAÇÃO SEXUAL: UMA RELAÇÃO
NECESSÁRIA. SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 11-12. Out. 2015
 Neves, R.C.F., & Ramos, S.I.V. (2014). EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS. EDUCAR PARA
PREVENIR – ESTUDO DE CASO. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS.
Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0756.pdf
 Pontos nos IS. A eduação sexual lá em casa. Para pais, mães e outras pessoas que exerçam
autoridade parental sobre as crianças e jovens. APF – Associação para o planeamento da família.
Out, 2015
Reis, M.H., & Vilar, D. (2004). A implementação da educação sexual na escola: atitudes dos
professores. SCIELO – Scientific Electronic Library Online. Acedido em 8 de Outubro, 2015, em
http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v22n4/v22n4a08.pdf
 Ribeiro, L.L.M.P. (2013). Escola, família e educação da sexualidade. Dissertação de Mestrado,
Escola Superior de Educação Almeida Garret, Portugal.

Author:

Maria Fontes

 03-12-2015
Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais (FCHS) Licenciatura em Psicologia pela Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de
Ciências Humanas e Sociais (FCHS) Dententora de Certificado de Competências Pedagógicas (CCP)
Contacto de email: mariafontespsic@gmail.com
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