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COISAS DE MENINO/COISAS DE MENINA: A BORDAGEM DA DIVERSIDADE

SEXUAL E DE GÊNERO NOS PPP’S DAS ESCOLAS DO BELO JARDIM

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo refletir junto com as escolas do Belo Jardim a
necessidade de promover ações, alinhadas à proposta pedagógica, que combatam à exclusão
de gênero e sexualidade.

Esse estudo nasce a partir das reflexões nas aulas de Prática Pedagógica, nas quais
refletimos sobre o Projeto Político Pedagógico e a necessidade de apresentar nele as práticas
que atendam às necessidades das escolas, a partir de suas realidades. A construção de gênero e
sexualidade ocorre por meio de diversas experiências e atividades, influenciadas por
diferentes instâncias sociais e culturais, e pode ser de maneira evidente ou sutil, em um
processo que acontece de forma contínua e em constante evolução.

As discussões de gênero existem em diferentes esferas e vertentes públicas, pois


dentro desta temática existem várias pautas importantes a serem debatidas. Na educação por
exemplo, todos os dias é preciso lidar com pensamentos e ideias enraizadas pela sociedade,
que interferem na rotina escolar, afinal é na escola que os alunos passam grande parte de seu
tempo e constroem relações de convivência, onde aprendem sobre as diferenças entre si,
outros colegas e a como lidarem com isso. Nesse contexto, é preciso saber abordar e lidar com
os problemas que possam surgir em decorrência da desigualdade de gênero e do discurso
enraizado na sociedade, que diz existir “coisas para meninas” e “coisas para meninos”.

Desde a infância, é comum ouvir comentários como: rosa é para meninas e azul para
meninos; as garotas brincam de casinha e os garotos de futebol; meninas são sensíveis e os
meninos não choram... etc. Essas e outras frases repetidas diariamente fomentam um discurso
opressor e tóxico, que contribuem na criação de inseguranças e conflitos entre os alunos, já
que, dentro do ambiente escolar, esse discurso também se faz presente, sendo repetido pelos
estudantes e muitas vezes pela equipe escolar; isto acontece em todos os anos da educação,
sendo possível encontrar tal coisa sempre presente desde a Educação Infantil até o último ano
do Ensino Médio.

Tanto os meninos quanto as meninas sofrem com este discurso de diferentes maneiras.
Os garotos, acreditam fielmente que não podem fazer uma série de coisas, pois isso os
transformará automaticamente em uma garota (ou mudará sua orientação sexual, como alguns
insistem em pregar), portanto eles não podem chorar, usar certas cores, brincar de fazer
comida ou com bonecas, além de só poderem escolher uma profissão dos sonhos que seja
máscula e respeitável. Já as garotas, ficam impedidas de brincar de bola, devem ser sempre
caprichosas e organizadas, não podem correr e se sujar “como meninos”, devem amar brincar
de ser dona de casa e treinar desde cedo para a maternidade.

Logo o papel do PPP (Projeto Político Pedagógico) nesses casos, é definir a postura da
escola em relação a possíveis conflitos causados pelas diferenças de gênero, uma vez que,
como sugere a LDB (2021) “Este documento deve nortear todas as ações pedagógicas de cada
instituição e se mantém em permanente discussão e reformulação, na busca de alternativas
que possam viabilizar a melhoria da qualidade do ensino”. Portanto, cabe às instituições de
ensino, elaborarem e executarem democraticamente seus próprios Projetos Pedagógicos
(GOV, 2021), a fim de assumir uma postura mais preocupada com as questões de
desigualdade. Afinal esse discurso antiquado para a realidade atual que pode vir a ser
considerado sexista, contribuindo para que o bullying e a opressão ocorram de diferentes
maneiras, seja em relação a orientação sexual, pressão para que os alunos ajam de uma
determinada maneira, e até mesmo uma falsa ideia de superioridade de um gênero sob o outro.
O PPP se torna essencial para guiar a gestão no controle de danos.

2 OBJETIVOS

A seguir, apresentamos os objetivos do presente projeto.

2.2 Objetivo Geral

Refletir junto com as escolas do Belo Jardim a necessidade de promover ações,


alinhadas à proposta pedagógica, que combatam à exclusão de gênero e sexualidade.

2.3 Objetivos Específicos

 Investigar a ideia de gênero e sexualidade que pautam as ações das escolas da


rede municipal de ensino do Belo Jardim.
 Analisar o PPP das escolas, observando as possíveis ações que promovam a
igualdade de gênero e de sexualidade.
 Dialogar com a comunidade escolar sobre a importância de promover ações
que combatam a exclusão de gênero e sexualidade.
3 JUSTIFICATIVA

A ideia de falar sobre a diversidade de gênero nas escolas torna intimidador, sendo um
assunto de fundamental importância, onde reconhecemos o respeito à diversidade de nossa
sociedade e garantimos a igualdade e a inclusão de todos os estudantes. Onde alguns
estudantes acabam não se identificando com o gênero atribuído no nascimento, sendo a escola
a principal fonte de reconstrução do conhecimento, atuando como um lugar de reflexão e
compreensão entre alunos e professores, fortalecendo na formação de cidadãos capazes de
transformar suas atitudes em seu cotidiano, compreendendo e aceitando a diversidade de
gênero e promovendo respeito mútuo e enriquecendo a perspectiva social e cultural.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 O Que é Gênero

No momento atual, o termo gênero refere-se as características sociais, culturais e


comportamentais associando ao papel do ser humano homem ou mulher na sociedade. Essa
característica são construções sociais que variam que variam entre diferentes culturas não
apenas pela biológica. As relações de gênero e um ponto do processo político pedagógico que
se inicia no nascimento e prolonga por toda a vida, reforçando a desigualdade existente entre
homem e mulher principalmente em torno de quatro eixos: a sexualidade a reprodução e a
divisão sexual do trabalho e o âmbito público/ cidadania. Na sociedade frequentemente
atribuem valores e poderes ao gênero, resultando em desigualdade. Isso pode se manifestar
em diferença salarial, acesso a desigual a educação, violência de gênero etc. essa desigualdade
são muito as vezes sustentadas por normas culturais que a estão entranhados no convívio
social.

4.2 O Que é Sexualidade

A sexualidade está relacionada ao aspecto fundamental da identidade humana que envolve os


sentimentos desejo atrações, comportamento e relacionamento sexual. A sexualidade faz parte
da vida humana e influenciada por fatores como valores pessoas, biologia e experiência
individual. A sexualidade e uma parte importante da personalidade das pessoas,
desenvolvendo-se ao longo da vida por meio das relações com outros. Ela depende de
necessidades como o desejo de estar próximo, intimidade, expressão emocional, prazer,
carinho e amor.
4.3 Orientação sexual
A orientação sexual refere-se ao padrão de atração emocional, romântica e/ou sexual que uma
pessoa sente em relação aos outros. Algumas das orientações sexuais mais conhecidas
incluem heterossexualidade (atração por pessoas do sexo oposto), homossexualidade (atração
por pessoas do mesmo sexo) e bissexualidade (atração por pessoas de ambos os sexos).
Existem também outras orientações sexuais, como pansexualidade e assexualidade.
4.4 Diversidade Sexual
É importante reconhecer e respeitar a diversidade sexual, que abrange uma ampla variedade
de experiências e identidades. Promover a aceitação e a igualdade para todas as orientações
sexuais contribui para a construção de sociedades mais inclusivas e respeitosas . E importante
também destacar que orientação sexual se aplica mesmo a pessoa que não tem relações
sexuais, como a assexuadas. Além disso é incorreto o uso do termo “opção sexual”, pois a
sexualidade humana não é uma escolha. Assim como o heterossexual não escolheu sua
orientação sexual, o bissexual e o homossexual também não fizeram essa escolha.
4.5 Educação Sexual
A educação sexual e importante para fornecer informações que precisa sobre sexualidade,
saúde sexual, prevenção de doenças sexualmente transmissível, consentimento e
relacionamentos saudável. A educação sexual abre as portas para que as pessoas tomem a
decisões responsável sobre sua saúde sexual.
4.5 Como Elas Devem Ser Tratadas no PPP

 Deve- se tratar com igualdade incluindo estratégias para trazer o assunto para o
ambiente escola;
 Promover discussões sobre o assunto independente do gênero;
 Integrar abordagens inclusivas sobre educação sexual, conversas sobre o
reconhecimento;
 Oferecer informações sobre o tema e o respeito deve ser inserido;
 Criar ambientes onde os estudantes se sintam seguros para expressar sobre gênero ou
orientação sexual;
 Proporcionar formação para os professores sobre as questões de sexualidade e gênero;
 Estabelecer políticas escolares que proíbam a descriminação com base no assunto;
 Trazer temas relacionados a gênero e sexualidade nos currículos escolares de forma
interdisciplinar.

5 METODOLOGIA

Para realização desse projeto, pretendemos utilizar os questionários para levantarmos


os dados sobre a importância dessa discussão nas propostas pedagógicas das escolas.
Compreendemos que esse recurso é importante, pois, a escola é lugar onde formamos
cidadãos que tenham apreço pela liberdade e pela tolerância, sempre em igualdade de
condições para todos, como diz o Art. 2 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Esse método será aplicado aos/as gestores/as das escolas. Após esse levantamento,
pretendemos realizar, mediante a permissão dos/as gestores/as, a análise dos PPPs das escolas
para observarmos se essas discussões estão presentes nesse documento.

Após o levantamento dos dados, pretendemos realizar palestras com os/as gestores/as,
os/as professores e demais sujeitos envolvidos com a (re)formulação do PPP da escola.

Essa proposta será desenvolvida nas escolas da rede municipal do Belo Jardim. Esse
campo foi escolhido pela necessidade de intervir em posturas que não nos cabem mais como
sociedade, buscando trazer para a nossa realidade um âmbito escolar que proporcione um
ambiente inclusivo, que acolha e respeite a todos e todas com suas singularidades em formas
de expressões e comportamentos pessoal.

6 CRONOGRAMA

Atividade Novembro Mês (a Mês (a Mês (a


combinar) combinar) combinar)
Aproximação X
aos/às
gestores/as
Aplicação dos X
questionários
Análise dos X X
PPP’s
Reflexões nas X
escolas
Partilhas das X
experiências

7 AVALIAÇÃO
O presente projeto será avaliado coletivamente, a partir de questionários realizados
com todas as pessoas que forma envolvidas na sua realização em cada escola.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LBD. 9394/1996. Art. 2.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em:
13/11/2023

DIAZ, M.; CABRAL, F. Relações de Gênero. Disponível em:


http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/genero-1#:~:text=G%C3%AAnero%3A%20Refere
%2Dse%20%C3%A0s%20rela%C3%A7%C3%B5es,a%20sociedade%20e%20o%20tempo
Acesso em: 11/11/2023

GOV. Projeto Político Pedagógico. 2021. Disponível em:


https://www.gov.br/ines/pt-br/acesso-a-informacao-1/acoes-e-programas/programas-projetos-
e-acoes/projeto-politico-pedagogico-ppp. Acesso em: 03/11/2023

VEIGA, Ilma Passos da. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva. In:
VEIGA, Ilma Passos da (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção
possível. Campinas: Papirus, 1998. p.11-35.

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