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https://novaescola.org.br/conteudo/21183/questoes-de-genero-
caminhos-para-abordar-o-assunto-em-sala-de-aula
Publicado em NOVA ESCOLA 07 de Abril | 2022
Diversidade e equidade
Questões de gênero:
caminhos para abordar o
assunto em sala de aula
Entenda como a temática pode (e deve) estar presente na
escola para construir uma sociedade mais diversa e com
mais equidade
Paula Salas
Confira a seguir três relatos de professores que fazem esse trabalho no Ensino
Fundamental.
Coletivo estudantil para debater e pensar em ações
Notícias de um grupo de homens que sequestrava e abusava sexualmente de
meninas nos arredores da escola assustaram um grupo de alunas dos Anos
Finais da EMEF Saint-Hilaire, em Porto Alegre (RS).
“Elas tinham medo de vir para a escola”, relata a professora Maria Gabriela
Souza, responsável pela biblioteca. Foi assim que surgiu o projeto Chama
Violeta, que teve como foco discutir a violência sexual contra adolescentes. A
iniciativa é realizada por um grupo de meninas que fazem parte do Grupo de
Mediador@s de leitura Luisa Marques.
Leia também: 4 passos para tornar a diversidade e a equidade social
protagonistas no processo de aprendizagem nas escolas
A professora conta que as alunas queriam fazer um projeto para alertar sobre
violência contra a mulher e pensaram em utilizar a literatura para tratar de
assuntos ligados às questões de gênero e educação sexual.
“Na escola, apostamos na leitura como forma de possibilitar o diálogo de temas
[considerados] delicados”, contextualiza a educadora que orienta o coletivo.
“Vivemos em uma sociedade machista, e não tem ninguém para falar que
nenhuma pessoa pode mexer em nosso corpo sem nosso consentimento, que
isso é errado”, diz a aluna Joana Dorneles, de 12 anos, uma das idealizadoras do
projeto.
Violência contra a Mulher: como falar, ouvir e acolher
Leia recomendações e caminhos para abrir o diálogo e ajudar a escola a ser um
ponto de apoio e acolhimento para todos
confira aqui
Ela lembra ainda de uma atividade que fez, no início do ano letivo, para falar da
importância da identidade. Ela propôs que toda a turma desenhasse um ratinho
a partir de orientações. “Cada um fez [um desenho ] diferente, apesar de ser o
mesmo comando. Eu levei as crianças a refletirem, olharem para si e se
reconhecerem melhor. Elas passaram a ver que cada um tem características,
desejos, vontades e tempos diferentes [e que é preciso respeitar todos].”
Quando há resistência das famílias
Mesmo no caso de questionamentos, é importante não deixar de lado o
assunto. Entenda o que pode ser feito nessas situações
Ainda que se tenha abertura com os estudantes, é possível que venham
questionamentos e resistência por parte das famílias. “Falar de Educação Sexual
virou político, da tal 'ideologia de gênero'. É bem difícil”, afirma Denize Groff,
professora de História na EMEF Maria Emília de Paula, em Sapiranga (RS).
Apesar disso, ela observa que os educadores têm respaldos legais, como a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) e outros documentos orientadores que
preveem esse trabalho. “Não estamos fazendo nada fora do que precisamos
abordar, são temas necessários, mas sofremos desse impasse”, aponta a
educadora. “Tem de conhecer as legislações nacionais e municipais para se
respaldar”, sugere o professor Leonardo.
Em casos mais graves, como situações de assédio moral contra professores que
abordam a temática, a professora e ativista Sayonara sugere procurar
ouvidorias e canais de denúncia.