Você está na página 1de 2

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/18910/a-importancia-de-valorizar-as-mulheres-
desde-a-educacao-infantil

Publicado em NOVA ESCOLA 02 de Março | 2020

Para aprender sobre a prática

A importância de valorizar as
mulheres desde a Educação
Infantil
Além de aprender a respeitar e a conviver com as diferenças, as crianças
constroem noções mais claras sobre suas origens, olhando para a história
dos adultos que a cercam
Ingrid Yurie

Garoto, mãe e avó na EMEI Isabele Barbosa da Silva, em Campina Grande (PB). Foto: Renan
Carlos/Nova Escola

O Dia Internacional da Mulher se aproxima, e com ele a oportunidade de exaltar figuras femininas
corajosas, inteligentes e que marcaram a história do Brasil e do mundo. Mas é também uma chance de
mostrar que mulheres inspiradoras podem estar próximas às crianças, e que elas, anonimamente,
também atingem conquistas difíceis, produzem, são guardiãs de cultura e conhecimentos e têm seu
próprio valor.

"Precisamos ensinar as crianças a valorizar as mulheres desde bem cedo, trabalhando o respeito e a
igualdade. E podemos conseguir isso reconhecendo as mulheres importantes para as crianças, falando
sobre elas, de suas conquistas e histórias", diz Elizabeth Geralda Souza, diretora da EMEI Floramar, em
Belo Horizonte (MG), e autora de planos de atividades de Educação Infantil de NOVA ESCOLA sobre
histórias das famílias.

É nessa perspectiva que os educadores da EMEI Isabele Barbosa da Silva, em Campina Grande (PB),
que você está conhecendo nesta caixa, trabalham a valorização das mulheres que fazem parte da vida
das crianças que frequentam a escola.

Mas esse trabalho não precisa ser feito só no dia 8 de março. Valorizar os vínculos afetivos importantes
para os pequenos e mostrar caminhos para a igualdade entre homens e mulheres deve ser um
trabalho constante. "Tem que fazer parte do contexto diário da escola, mesmo que em pequenas
ações, em uma conversa, em uma brincadeira", diz a diretora.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), essa necessidade é explicitada no campo de experiências
O eu, o outro e o nós:

"É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir,
sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida [...] Ampliar o modo de perceber
a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que
nos constituem como seres humanos". (BNCC, p. 40)

Em sua experiência com o convívio entre as crianças pequenas, Elizabeth conta que conforme falam e
ouvem diferentes histórias e modos de viver, aos poucos, elas começam a reconhecer que a trajetória
do outro é parecida, mas não é igual, e vão aprendendo a respeitar essas diferenças.

Mas para que essa experiência seja significativa, vale atenção a alguns pontos, como respeitar as
crianças que não desejam compartilhar seus sentimentos e pensamentos, oferecer diferentes tipos de
linguagem e suportes para que elas se expressem, para além da oralidade, e cuidar para que as
crianças respeitem as falas dos colegas. É preciso, ainda, acolher os que preferirem apontar um
homem em vez de uma mulher para ocupar esse espaço de relevância, ou alguém que não seja da
família, como é muitas vezes o caso de crianças que vivem em abrigos.

Para Gina Vieira Ponte, professora de Língua Portuguesa na Secretaria de Estado de Educação do
Distrito Federal (SEEDF) que desenvolve trabalhos de Educação e valorização de mulheres desde 2014,
ouvir e reconhecer as histórias de mulheres próximas tem um papel crucial no desenvolvimento das
crianças porque isso dá a elas uma noção mais clara sobre suas origens.

Por um lado, isso significa que elas podem começar a se familiarizar com a noção de história antes de,
no Ensino Fundamental, estudar sobre eventos passados da humanidade. E, por outro, conhecer a
história de mulheres da família ou muito próximas, que vieram antes dela, permite que a criança
localize o seu lugar no mundo, e valorize o seu pertencimento àquela família e comunidade. "Nós
somos feitos de histórias, e elas são decisivas para nos entendermos e nos fortalecermos no mundo”,
diz Gina. “Por isso, quando as crianças conhecem o percurso das mulheres que admiram, elas
fortalecem a autoestima, o lugar social do qual fazem parte, e a comunidade de onde vêm. E saber de
onde se veio é preciso para ter muita clareza para onde se deseja ir".

Você também pode gostar