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PROJETO ANCESTRALIDADE:

FAMÍLIAS, POVOS E REINOS

I. PÚBLICO: Crianças de 3, 4, 5 e 6 anos de idade da Educação Infantil da Escola


Municipal Moysés Kalil 2023.

II. DISCORRENDO UM POUCO SOBRE O TEMA

“A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o


bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal
gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse à renovação e
a vinda de novos e dos jovens. A educação é, também, onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não as
expulsar de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos,
e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender
alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez
disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum”
(ARENDT, 1972,p. 247).

A construção da identidade se dá por meio das interações da criança com o seu meio
social. Na Educação Infantil, a Escola é um universo social diferente de sua família,
favorecendo novas interações, ampliando desta maneira seus conhecimentos a
respeito de si e dos outros, A autoimagem também é construída a partir das relações
estabelecidas nos grupos em que a criança convive.

A escola tem o papel social de mostrar o mundo às crianças e aos jovens e, com
isso, dar continuidade a ele ao propiciar as crianças os conhecimentos culturais e
históricos produzidos pela humanidade e tidos como necessários de serem
apreendidos.

Um ambiente rico em interações, que acolha as particularidades de cada indivíduo,


promova o reconhecimento das diversidades, aceitando-as e respeitando-as ao
mesmo tempo em que contribui para a construção da unidade coletiva, favorece a
estruturação da identidade, bem como de uma autoimagem positiva.

Neste âmbito, este projeto tem como objetivo, o conhecimento global do ser humano:
conhecendo seu corpo, descobrindo que o indivíduo está presente em todas as
comunidades, relacionando-se com outros seres e com todo o ambiente onde vive e
identificando e analisando diferenças, conceitos, preconceitos, características,
valores das famílias e da sociedade a qual ele está inserido. Conhecendo também a
diversidade dos Povos Indígenas e dos Reinos Africanos com sua potência.

Considera-se que as situações educativas que a criança vive na escola e a maneira


como as educadoras tratam essas atuações são muito importantes na formação dos
conceitos de si mesmas.
Portanto, a construção de uma autoimagem positiva requer que, na escola, as
crianças tenham experiências em situações que lhes permita ganhar confiança em
suas capacidades e que sejam vistas como crianças com possibilidades de fazer e
não apenas receber “pronto”. Isso dá segurança, que é um elemento básico para
atrever-se a explorar novas situações, novas experiências.

Na infância, é natural que as crianças queiram saber tudo sobre ela e o outro, porque
é o período no qual ocorrem as descobertas. Cada característica física e familiar vai
aos poucos sendo desvendado pela curiosidade de conhecer a si mesma e os que
convivem conosco. O respeito a si mesmo parte do conhecimento do próprio corpo,
suas capacidades e limitações. Ao se conhecer, a criança torna-se capaz de
relacionar-se com os seres vivos, com o meio ambiente e com outras culturas.

A cada descoberta que as crianças fazem sobre o mundo em que vivem, os


conhecimentos serão agregados aos já existentes. Seu saber é seu sentir e
perceber. O contato com o diferente com uma intervenção pedagógica respeitosa e
positiva, dá oportunidade para as crianças terem a liberdade de se expressarem
através de diálogos, desenhos e outras maneiras criativas, partindo de sua
criatividade e conhecimento de mundo.

III. OBJETIVO GERAL


Proporcionar à criança a apropriação de sua identidade. Diferenciar diversas
estruturas familiares no mundo e os membros que a compõem, conhecer seus
antepassados. Desenvolver o hábito de cuidar de si mesmos, valorizar seu corpo,
sua saúde, sua vida, seu meio social e ambiental, estabelecer uma relação com a
sociedade, contato com a diversidade, empatia e respeito.
Possibilitar que a criança construa a sua identidade e autonomia, por meio das
brincadeiras, das interações socioculturais e da vivência de diferentes situações.
Desenvolver a independência, a autoconfiança e a autoestima participando das
atividades propostas, brincadeiras e da organização da rotina diária.
Promover a integração das crianças, a apropriação da escrita e valorização do seu
próprio nome, bem como no resgate da dignidade e da cidadania, através do
fortalecimento da identidade, da cultura e do restabelecimento da autoestima.
Na oportunidade trabalharemos com o Programa Leituras em Conexão,
desenvolvido no intuito de difundir projetos e ações de leitura e escrita nas escolas
municipais e instituições parceiras, o Programa busca fortalecer atividades já
existentes, além de incentivar a criação de outras práticas ao longo de toda trajetória
estudantil, do Ensino Infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA).

IV. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


● Diferenciar os vários tipos de família e os membros que a compõe;
● Conhecer seus antepassados;
● Conhecer o seu corpo como um todo e em partes;
● Desenvolver a linguagem oral;
● Identificar e reconhecer aspectos de seu próprio corpo;
● Respeito e valorização por si mesmo e pelos outros;
● Reconhecer suas preferências e as de seus colegas;
● Estimular nas crianças o gosto pelo fazer artístico levando-as à reflexão
sobre questões artísticas e estéticas de forma significativa;
● Estimular a criatividade da criança e auxiliar em seu desenvolvimento motor;

IV. ESTRATÉGIAS
Considerando que o momento da roda na rotina da educação infantil é um espaço
privilegiado e que remete o quanto da filosofia africana é presente no dia a dia das
crianças. O momento de encontro, de troca e escuta tem um valor da cosmovisão
africana como uma prática de movimento de circularidade. Na roda pode-se
problematizar as falas das crianças que em algum momento reproduz racismo e/ou
preconceitos. Além da roda de conversa, a musicalidade no universo pedagógico da
educação infantil tem um significado importantíssimo e remete às culturas indígena
e africana, potencializando a sensibilidade através da percepção auditiva e de outros
sentidos do próprio corpo. O período previsto para o desenvolvimento do projeto é
de aproximadamente 10 meses. Salientando que sendo este um projeto pode,
portanto, sofrer alterações já que a prioridade é com os envolvidos no processo, que
são as crianças.
A ação prática se desenvolverá seguindo o cronograma abaixo:
Mês de Fevereiro/ Março – Eu e minha família.
Mês de Março/ Abril/ Maio – Povos Indígenas.
Mês de Agosto/ Setembro/ Outubro/ Novembro – Reinos Africanos.

FÁMILIAS:
Fevereiro
-Livro Eu (Paulo Tati – Palavra Cantada)
-Carteira de Identidade
-Autorretrato
-Árvore Genealógica
Março
-Dia Internacional das Mulheres (Dandara - Malala - Carolina Maria de Jesus - Célia
Xakriabá - Glória Maria)

POVOS: (Povos Indígenas)


Março
-Alimentação: Tapioca (experimentando e vivenciando as variações da mandioca),
Alfabeto Indígena, Apresentação de alguns objetos utilizados na cultura indígena.
Experimentos com as tintas artesanais indígenas a partir dos elementos da natureza.
Grafismos indígenas
Abril
-Nome do Bairro Mantiqueira (Tupi) Livro O tupi que você fala, Visita de uma
comunidade indígena na escola.( ainda não definido qual)
Maio
"Festa da Família" - Livro Betina (Culminância Família: Teatro / Música / Dança)
Junho
Ênfase nos povos indígenas: Pataxó e Yanomami. Brincadeiras e confecção de
brinquedos indígenas.
Julho
"Festa Junina" - Dança da Tapioca
REINOS: (Reinos Africanos)

Agosto Biografia da escritora Madu Costa.- Livro: Meninas Negras. Confecção de


bonecas Abayomis. Visita da autora na escola para contação de histórias.

Setembro Vivência com o grupo Teatro Negro e Atitude. A importância dos griots na
história ancestral. Livros: Amoras, Meu crespo é de Rainha, Com qual penteado eu
vou?

Outubro Vivência com o escritor e arte-educador Tom Nascimento. Livro A história


do Tambor. Confecção de tambores com materiais recicláveis.

Novembro
Dia da Consciência Negra (20 de novembro) Exposição\ Apresentação de um
trabalho por turma que foi desenvolvido ao longo do ano.

V. RECURSOS:
Espelho, lápis de escrever, lápis de cor, cola colorida, durex colorido, fita dupla
face,copo descartável, canela em pó, açafrão, urucum, americano cru, tela para
pintura, tinta guache, palito de picolé, pincel para pintura chato, colorset A4, caixa de
som, papel sulfite, barbante, fita larga, papel Kraft, cola branca, cola quente, pincéis
atômicos, pincéis coloridos para quadro branco, giz de cera cores de pele, lápis de
cores de pele, celular para fotografar e colocar música.

VI. RESULTADOS ESPERADOS


A avaliação será contínua ao longo do processo, levando-se em consideração, as
atividades desenvolvidas, a interação das crianças com as mesmas e com o grupo
e o desenvolvimento destes quanto aos objetivos propostos.
Com esta prática pedagógica esperamos que as crianças tenham uma maior
compreensão sobre a diversidade das famílias, dos povos indígenas e dos reinos
africanos, percebendo os vários detalhes, e que estes fazem com que sejamos
diferentes um dos outros além de conhecerem as diversas culturas e nossas origens.

VII. CULMINÂNCIA
Além da participação nas festividades da escola previstas para o mês de Março,
Julho e Novembro. Solicitar à gestão que seja realizado o convite à grupos indígenas
para visitarem à escola, formação para o grupo de professoras com o Teatro Negro
e Atitude, a escritora Madu Costa e com o artista Tom Nascimento.
Após apresentar o Projeto ”Ancestralidade: Famílias, Povos e Reinos” para Equipe
Pedagógica e Gestora da Escola Municipal Moysés Kalil, solicitar a inscrição para
participar do Circuito de Museus 2023, com interesse em percorrer com as turmas
de 4 e 5 anos (Appia Infância) o Circuito Território Negro.
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, H. A crise da educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo:
Perspectiva, 1972, p. 221-247.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.
BELO HORIZONTE (município). Secretaria Municipal de Educação. Proposições
Curriculares para a Educação Infantil: eixos estruturadores. Ana Cláudia Figueiredo
Brasil Silva Melo (org). Belo Horizonte, 2015. (Desafios da Formação, 2)
GOMES, Nilma Lino. Alguns Termos E Conceitos Presentes No Debate Sobre
Relações Raciais No Brasil: Uma Breve Discussão. História. Coleção para todos.
Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade – Brasília:
Ministério da Educação – 2015.
SANTANA, Patrícia Santana. Educação Infantil. Orientações e Ações para Educação
das Relações Étnico-Raciais Brasília: SECAD, 2006.

XI. ANEXOS
Comunidade Indígena:
Contato: CIMI indígenas 31 34811181

Madu Costa:
Pedagoga, arte educadora, escritora, cordelista, contadora de histórias. Artista de
vários livros que foram escolhidos pela rede no kit de Literatura Afro também nos kits
literários de 2022 para os estudantes da educação infantil.

Contato: @maducostaescritora 31 87234350

Teatro Negro e Atitude:


É um grupo dedicado à pesquisa de um teatro que beba das manifestações da cultura
popular brasileira de matriz africana.

Contato: 31 989431016 Marcus Carvalho


e-mail: teatronegroeatitude@yahoo.com.br

Tom Nascimento:
Artista, cantor, compositor e arte educador. Sabemos dos desafios para a efetivação
da lei 10.639/03 nas escolas para além do Dia da Consciência Negra, mas sim durante
o ano letivo e por isso o artista é um facilitador desta engrenagem há 18 anos. Através
do uso de linguagens artísticas, Tom e sua equipe leva para as escolas atividades
como: Palestra-show, vivência “Papo de Tambor”(formação para alunos e professoras
a partir do Livro A história do tambor), contação de histórias.

Contato: @tomnascimentooficial

Professoras: Débora e Isabela

Coordenação de turno: Cristina e Cássia

Coordenação Geral: Edvaldo

Direção: Geise e Maria Cristiany

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