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Principais correntes artísticas e literárias na segunda metade do

século XIX

Diante de um período histórico repleto de transformações sociais, políticas e económicas, o


mundo da arte revolucionou-se por completo, adaptando-se às características do século XIX.
Acontecimentos como a Segunda Revolução Industrial, revoluções liberais, quedas de
monarquias, evoluções científicas e o Manifesto do Partido Comunista explicitam o carácter
turbulento desta época. Tendo isso em conta, são evidentes as manifestações das novas
sensibilidades literárias e plásticas que refletem aquilo que mudou e expressam o novo estado
cultural e mental da sociedade na segunda metade do século.

Opondo-se à arte subjetiva, escapista e romântica que predominava o campo literário e


plástico no início do século, surge o realismo. Este movimento intelectual e artístico tenciona
representar, sem distorções da realidade, assuntos do quotidiano e críticas sociais. Ao
contrário do romantismo, que demonstrava uma visão utópica, fantasiosa e sentimental do
mundo e focava predominantemente nas emoções, através de amores trágicos e
acontecimentos dramáticos, o realismo pretende romper com o desprendimento da vida real.

Este movimento é extremamente influenciado pelo ideal positivista, visto que segue o triunfo
das ciências exatas e experimentais para melhor compreensão da sociedade. A arte pretende,
desta maneira, carregar nas suas obras um conteúdo completamente empírico. Esta fidelidade
à realidade, diferente do realismo do período Renascentista que representava principalmente
a natureza e os seus detalhes, limita-se a uma reprodução de factos. Naquele momento, os
factos diziam respeito, principalmente, às divergências sociais, ao labor dos trabalhadores, à
vida urbana e às imperfeições de uma sociedade hipócrita e das suas instituições. A classe
social mais criticada pelo realismo, pela predominante concentração da riqueza da sociedade,
foi a alta burguesia, que ocupava e controlava a maioria e os mais lucrativos negócios e viviam
com muito luxo, ostentação e poder. Por consequência desta hierarquia desproporcionada da
sociedade de classes, existia muita exploração, miséria e péssimas condições da classe
operária, sendo esta a questão mais explorada pelos artistas e escritores realistas.

Na pintura, a intenção é a documentação de cenários e momentos, ou seja, não existe


qualquer aperfeiçoamento daquilo que está a ser pintado. Na obra A Carruagem de Terceira
Classe, de Honoré Daumier, é exposta de forma clara e objetiva, as condições de vida do
operariado francês. Os pormenores como o mau estado das roupas, o cansaço nas expressões
faciais e corporais e o tamanho e a sujeira da carruagem, deixam claras as intenções de
demonstração da miséria desta classe social. Outro exemplo de pintura realista é a obra
Enterro de Ornans, de Gustave Coubert, um dos maiores nomes do realismo, onde é
representado um momento quotidiano: um simples funeral, com a presença de pessoas
comuns. Vemos através destas obras, a característica essencial nas pinturas realistas: a
representação da vida como ela realmente é. Víamos, assim, cenas da vida popular urbana ou
campestre e as atividades características destes locais e épocas, como a recolha de trigo, na
obra As Respigadoras, de Jean-François Millet e um regresso do mercado, na obra A Volta do
Mercado, do artista português Silva Porto. Normalmente nestas pinturas, por conterem maior
correspondência com a realidade, as situações eram experienciadas ou observadas
diretamente pelos autores. Se houvesse, por exemplo, uma representação da natureza, esta
era feita ao mesmo tempo em que o artista a observava, fugindo completamente de qualquer
idealização. Desta forma, os cenários, os costumes e os acontecimentos eram apresentados da
maneira mais minuciosa possível e a obra era feita de forma fluida, com a única preocupação
na exatidão da pintura e na perfeição do acabamento.

Já na escrita, o realismo tenciona substituir a utilidade de entretenimento e deleite intelectual


pela de instrumento de análise e crítica social. São tratados temas até então evitados ou
aniquilados pela literatura romântica, como o adultério, a crítica à Igreja, a inveja e hipocrisia
da burguesia, as tensões sociais, políticas e económicas do mundo urbano, entre outras.
Substituindo o herói romântico e a centralização dos seus sentimentos, são apresentadas
pessoas erróneas e comuns, no seu quotidiano e nas suas vidas privadas. Tendo isso em conta,
as obras literárias realistas apresentam diálogos ocasionais, coloquiais e familiares, sem a
intervenção de situações que não aconteceriam na vida real, e por causa disso, possuem
tantas e longas descrições detalhadas. Por serem tratadas temáticas nunca abordadas
anteriormente, estas obras causaram grande choque na sociedade. O principal exemplo deste
impacto, foi a obra precursora do realismo na literatura, o romance Madame Bovary, de
Gustave Flaubert. Neste livro, a personagem Emma Bovary envolve-se com vários homens
enquanto casada, e também comete suicídio, e tratando-se de assuntos polémicos, ainda mais
naquela época, o autor francês foi acusado, em tribunal, principalmente pela possibilidade de
influência que a história poderia causar em outras mulheres e pelas aparentes ofensas à moral
pública e à religião. Outros exemplos marcantes da literatura realista são Os Maias, a obra de
Eça de Queiroz, que aborda o incesto, o adultério, e que em geral relata os problemas da alta
sociedade portuguesa, como a superficialidade, a decadência e o diletantismo, e também a
obra Oliver Twist, de Charles Dickens, que expõe a corrupção, o trabalho infantil e a miséria
presentes na sociedade inglesa. A abordagem a assuntos como estes tem como principal
finalidade o estímulo à mudança por parte das instituições, como o governo e a Igreja, e por
parte dos próprios humanos que cometem estes comportamentos altamente criticados.

A pintura e a escrita foram os instrumentos principais deste movimento artístico, contudo,


tanto a escultura quanto a arquitetura foram manifestações do realismo. Na escultura, existiu
a recriação do ser humano com muita precisão e pormenorização, e eram maioritariamente
tratados assuntos políticos e de relações humanas. Destacou-se neste âmbito o escultor
Auguste Rodin, que realizava as suas obras com muito naturalismo e aproximação à realidade.
As suas esculturas de figuras humanas assemelhavam-se tanto na questão da dimensão,
textura e proporção, que chegou a ser acusado de utilizar um molde de um modelo vivo.
Contudo, todas estas perfeições das obras de Rodin tencionavam expressar através da parte
exterior do corpo os sentimentos da figura. Esta característica é visível numa de suas principais
obras, O Pensador, onde aspetos como a inclinação da figura, a testa franzida e o apoio do
queixo na mão, expressam o processo e o trabalho de uma mente criativa e reflexiva.
Enquanto na arquitetura, a vertente realista serviu de apoio para a sociedade agora
maioritariamente industrializada e urbana, criando respostas para as novas necessidades.
Sendo assim, foram desenvolvidas diversas infraestruturas para o operariado e para a
burguesia, como fábricas, escolas e hospitais, retirando a relevância da criação de palácios e
igrejas, visto que não eram necessários para a realidade da época. Estas infraestruturas eram
construídas através dos materiais que surgiram ou ganharam mais utilidade na Segunda
Revolução Industrial, como o concreto armado e o ferro fundido, e podemos ver isso através
do maior símbolo da cidade de Paris, a Torre Eiffel, construída neste período, com ferro e aço,
e tornando-se uma das obras mais icónicas da arquitetura moderna e realista.

Paralelamente, contudo, contrastante ao realismo, surge o simbolismo e o mesmo é


popularizado, tendo a sua expressão mais forte de 1880 a 1890. Durante este período, fez-se
sentir na Europa um pessimismo e um desencanto face ao espírito positivista e aos ideais
burgueses. Estar constrangido aos factos concretos começou a ser limitativo. Com a
consolidação do capitalismo e face à industrialização parecia haver uma evolução significativa
da sociedade, o que leva a desigualdades sociais. Os artistas, tendo em conta as desigualdades
existentes, duvidavam do progresso e desconfiavam da realidade factual. Desta maneira, o
refúgio encontrado pelos mesmos era a representação da imperfeição, do subconsciente e da
profundidade das emoções. Sendo assim, opondo-se ao cientismo e retomando alguns ideais
romantistas, o simbolismo toma como tema os pensamentos, os sonhos, o sobrenatural e a
figura feminina, sendo esta explorada de formas contrastantes, como delicada e divina ou até
como prostituta e adúltera. É nítido que os artistas e escritores tornaram-se mais
introspetivos, inspirando-se numa realidade não visível e não física. Ao contrário do realismo,
os artistas do simbolismo dão às obras um significado espiritual e profundo. O objetivo da
pintura não é a representação exímia de objetos ou espaços, mas sim a expressão de ideias,
através das formas e cores. Neste movimento artístico, a pintura não é guiada pela lógica, mas
pelo mistério, pelo imaginário, inspirada por tempos bíblicos, mitos clássicos, idade média e
tempos primitivos. A abordagem é por vezes negativista e melancólica, por isso, são
transmitidos o medo e a frustração, como forma de contrariar a objetividade e o
perfecionismo. Paul Gauguin, uma figura importante do simbolismo, procurou por novos
temas para se libertar das limitações da cultura europeia. Assim, foi em busca do exótico e da
intensidade das cores, recorrendo ao amarelo, verde e violeta. Podemos verificar isto nas suas
obras Duas Mulheres Taitianas e Parau na te varua ino, onde vemos a exploração daquilo que
é até então invulgar e desconhecido. Outro artista, Ferdinand Hodler, aborda a morte através
do sono e recorre a mulheres que conheceu pessoalmente como inspiração, exemplificado nas
obras A Noite, Madame Valentine e Retrato de Louise- Delphine Duchosal. Um pintor bastante
importante para o simbolismo foi Gustave Moreau que começou como pintor realista, mas,
através do contacto com o romântico e espiritual, representou cenas bíblicas e as obras
clássicas. Este conseguiu através das cores e da luz, representar mulheres belas num ambiente
misterioso característico do simbolismo, como é observado na obra Júpiter e Sêmele.

Esta corrente artística, afirma-se não só na pintura como também na literatura. O simbolismo
literário foca-se também numa realidade transcendente. A escrita é uma tentativa de conciliar
o real ao imaginário, salvando uma humanidade corrupta. Era destinada à elite, visto que era
de complexa interpretação e exigia um maior intelecto. Através da poesia, o simbolismo
recorre ao encanto das palavras, sendo assim, a rima e as sílabas perdem a relevância. Já a
linguagem na poesia é enigmática, vaga e deixa ao leitor o papel da interpretação. Recorre-se a
recursos expressivos como metáforas, comparações, onomatopeias, sinestesias, aliterações e
assonâncias para transmitir musicalidade e sensações, e a estrutura poética era
maioritariamente constituída por sonetos. No simbolismo existe influência romântica pelo
subjetivismo, pela irracionalidade e pelos temas melancólicos. A poesia de Gérard, de Nerval e
de Stéphane Mallarmé, escritores franceses, aborda os mistérios do mundo e do universo
pelas sensações e pelas palavras. A força desta escrita está naquilo que é deixado por dizer e
por imaginar.

Um período histórico que surge e contraria a perceção pessimista que o simbolismo tem dos
acontecimentos decorrentes do século XIX, é a Belle Époque. Este foi um período de alteração
da cultura na Europa, perante o final da Guerra Franco-Prussiana, em 1871. A sociedade
europeia situava-se numa relativa estabilidade e paz, simultaneamente a um período de
desenvolvimento económico das principais potências. As alterações culturais vieram
acompanhadas de uma nova forma de vivência e de pensar. Surgiram cabarés, que são
estabelecimentos de espetáculos e de convívio, o cinema, um estilo de dança, chamado
cancan, entre outras variadas inovações. Na pintura Dança no Moulin Rouge, de Henri de
Toulouse-Lautrec, é representada esta dança e este convívio comum da época. Na pintura
vemos o Moulin Rouge, um cabaré elegante e que ainda hoje existe. É observável que no salão
de dança os homens dialogam, com casacos escuros e cartola vestidos, já as mulheres exibem
chapéus extravagantes e plumas. No centro as figuras dançam e no fundo um empregado
serve bebidas aos senhores. Em geral, a Belle Époque culmina no desenvolvimento dos
transportes, da comunicação e na instauração da terceira república francesa. O otimismo, a
paz, o “bem-estar” económico do país e todas as inovações científicas e culturais fazem-nos
crer que esta era uma “Idade de Ouro”, onde a arte impressionista e a Arte Nova nasceram. A
música, a literatura, o teatro e as artes visuais ganharam reconhecimento e assumiram um
papel fundamental para os costumes da sociedade da época.

Durante a Belle Époque, surge o Impressionismo, como reação à pintura realista e naturalista.
Este movimento artístico e literário surge em Paris, em meados de 1870. Um grupo de jovens
artistas contrariou as técnicas de pintura realista ensinadas pela academia, que representa as
instituições vocacionadas para a educação, cultura e ciência. No entanto, a natureza e a figura
humana são temas ainda abordados nas obras impressionistas, à semelhança do estilo
refutado. A diferença é que, em vez do artista se focar na autenticidade do naturalismo, foca-
se nos aspetos formais e na estética, sendo esta a principal inovação. O conteúdo das obras é
baseado nas perceções quanto ao que observavam.

É comum nas pinturas vermos representados cafés, jardins, teatros, festas e margens de rios,
fazendo, assim, referência a elementos comuns e característicos da Belle Époque. Isso é visto
na pintura Camille e Jean na Colina, de Claude Monet, onde vemos representada uma colina e
uma figura feminina, cujo vestido se confunde com o céu, representando a natureza. Em
termos de técnicas de pintura, os impressionistas procuram captar a luz e as cores naturais.
Desta forma, a pintura não é realizada em ateliers, mas ao ar livre. No caso da pintura A Noite
Estrelada, do ilustre Vicent Van Gogh, o pintor representou a vista que tinha da sua cela (Saint-
Remy, em França). Numa carta que destinou ao irmão escreveu: “Através da janela com barras
de ferro eu posso ver um campo cercado de trigo (…) acima do qual, durante a manhã, eu vejo
o sol nascer com toda a sua glória.” Nesta pintura, Van Gogh utilizou cores escuras, atribuiu
uma emoção à natureza e à noite. Estas escolhas, e a árvore desenhada em primeiro plano,
simbolizam a profunda depressão em que o artista se encontrava. Acredita-se que a árvore
representada alcança o céu e está ligada à morte e ao eventual suicídio de Van Gogh. Nesta
corrente artística, as pinceladas eram pequenas, fortes e sobrepostas. Os contornos eram
diluídos e as formas eram subtis, como demonstrado também na pintura anteriormente
referida. A palete era colorida e o preto e cinzento foram descartados, ou seja, a luminosidade
ganhou destaque.

Na escultura, o impressionismo abrangeu inovações como a fusão da luz e das sombras, a


criação de estátuas possíveis de serem admiradas de vários ângulos e a ideia de obra
incompleta, comum do processo criativo do escultor. O escultor francês Auguste Rodin deixava
sempre algo para a imaginação do observador. Na obra A mão de Deus, parte da pedra
utilizada não era trabalhada para dar a entender que a figura estava a ganhar forma naquele
preciso momento.

Na literatura, o impressionismo representa o uso de uma linguagem concreta inspirada na


ciência, para narrar factos do quotidiano. Outros assuntos tratados são o erotismo, a
frustração, a ausência de comunicação, a morte e a exaustão. A escrita impressionista procura
abordar os diferentes estados mentais com rigor, da mesma maneira que a pintura procura
abordar os mais diferentes pormenores, como as mudanças da atmosfera e iluminação. A
literatura torna-se distinta, com uma sintaxe e ritmo próprios, dando bastante uso à metáfora
e sendo adotada por narradores e dramaturgos como Anton Tchecov e Hugo Von
Hofmnnsthal. Assim, a ética do ser humano, a experiência, a frustração e a própria existência
passaram a ser tópicos recorrentes.

A Arte Nova, também surgida na Belle Époque e ao contrário das restantes correntes artísticas,
unifica a vontade da existência de uma arte característica e particular daquele período
histórico, juntamente das evoluções do mundo industrial que se difundiram por toda a Europa
e por outras grandes potências económicas, como os Estados Unidos da América. Surge
também com o objetivo de introduzir a vertente estética num mundo que havia sido
praticamente dominado pela industrialização, e consequentemente, pelo mau gosto. Todavia,
ao invés de lutar contra a influência das máquinas no mundo artístico, como fez a sua maior
influenciadora, a corrente artística Arts&Crafts, a Arte Nova utiliza-as ao seu favor. Sendo
assim, é muito presente a utilização de materiais recentemente lançados pelo mercado
industrial, como o ferro, o vidro, o mármore, o betão e algumas madeiras exóticas,
tencionando explorar e procurar a beleza nestes objetos industrializados. Para além disso, é
explorado o aspeto naturalista, a curvatura das formas, a presença da figura feminina, a
valorização de formas orgânicas e fluídas e até a influência da arte japonesa.

A harmonia das construções era um fator essencial desta corrente artística modernista. Como
divulgou-se para a arquitetura, para a pintura e para o design de interiores, os projetos da Arte
Nova visavam uma obra de arte completa. Desta maneira, todos os elementos constituintes de
um determinado projeto, como a parte externa, interna e os móveis de uma casa da Alta
Burguesia, deveriam ser compatíveis. Estavam sempre presentes formas curvas e assimétricas,
através do repertório vegetalista, da representação do corpo da mulher, das superfícies
onduladas e entrelaçadas ou de animais frágeis e delicados.

No âmbito arquitetónico, são encontradas, principalmente na Europa, construções que se


destacam pela peculiaridade e utilização criativa das formas e da natureza. A entrada de
algumas estações de metro em Paris, construídas por Hector Guimard, exploram o ferro e o
vidro de forma a criar uma semelhança a elementos da natureza através de desenhos florais,
das curvaturas e da utilização da cor verde. Para além da função estética, também existiram
diversos fatores logísticos considerados, relativamente ao enquadramento funcional das
construções e ao melhor material para ocuparem menos espaço, mostrando a característica
também presente no realismo, que é a preocupação com a utilidade. Outra construção
impressionante da Arte Nova, é a Casa Míla, feita por Antoni Gaudi e localizada em Barcelona.
Neste edifício, destacam-se as suas formas ondulantes, diversas e diferentes no exterior, com
a utilização de pedra natural e azulejos brancos, e o seu interior repleto de pinturas de flores e
com estruturas que trazem similaridade a uma floresta, como o ferro retorcido e os pilares,
que se parecem com troncos de árvores. Existia grande liberdade criativa e representação de
movimento, sem preocupações com a simetria, e em geral, os arquitetos da Arte Nova
exploravam a exuberância e a individualidade das suas obras.

No que diz respeito aos elementos mais particulares, como móveis, louças e joalharia, a Arte
Nova mostrava-se muito inovadora. Um grande exemplo são os candeeiros de Louis Tiffany,
que através de pedaços de vidro unidos com chumbo e cobre, criava desenhos de animais e
plantas. As joias de René Lalique mostram referências não só à natureza, através de animais
como borboletas e abelhas, como também à figura feminina num estado melancólico e
inspirado na Idade Média. Em Portugal, houve destaque na cerâmica, através de pratos em
forma de alface ou couve e travessas em forma de peixe, criadas, principalmente, na sede
situada em Caldas da Rainha.
Finalmente, a pintura da Arte Nova diferencia-se das demais formas de expressão do mesmo
movimento artístico pela influência da arte japonesa. Esta influência surge da admiração
ocidental face a um estilo artístico japonês chamado Ukiyo-e, caracterizado pelos traços
espessos, a ousada utilização da cor e uma variedade de técnicas e superfícies. As estampas
japonesas florais, em geral, encantavam a Europa, e os pintores europeus implementaram
estas características nas suas obras, como podemos ver na pintura Gismonda, de Alphonse
Mucha.

A arte nova teve grande sucesso, foi divulgada pelas grandes exposições internacionais e
aplicada a qualquer objeto do quotidiano. As formas leves e graciosas transformaram-se em
moda, e esta popularidade fez com que existisse desgaste e cansaço deste estilo artístico.
Mesmo assim, deu importantes contributos para a Modernidade e marcou a Belle Époque.

Em suma, vemos que ao longo da segunda metade do século XIX, a população teve contacto
com uma diversidade de movimentos artísticos e literários, dos quais se destacaram o
Realismo, o Simbolismo, o Impressionismo e a Arte Nova. A verdade é que todos eles se
complementam e compartilham características, afinal, todos surgiram durante o mesmo
período histórico. Havia diferentes perceções e opiniões dos eventos turbulentos do século, e
estas eram refletidas na arte e nos diferentes estilos. O mundo tornou-se mais moderno,
industrializado, capitalista e científico. A expressão de opiniões, a crítica e a manifestação
daquilo que sentiam e queriam mudar, tornava-se mais forte do que nunca. Todos estes
fatores, em conjunto, contribuíram para a singularidade e variedade do campo artístico e
literário desta época.

Érica Frazão, Lourenço Rua e Maria Clara Marques – 11ºD


REALISMO

A Carruagem de Terceira Classe, de Honoré Daumier Enterro de Ornans, de Gustave Coubert As Respigadoras, de Jean-François Millet

A Volta do Mercado, de Silva Porto Torre Eiffel, no século XIX


O Pensador, de Auguste Rodin

SIMBOLISMO

A Noite, de Ferdinand Hodler

Duas Mulheres Taitianas, de Paul Gauguin Parau na te varua ino, de Paul Gauguin

Júpiter e Sêmele, de Gustave Moreau


Madame Valentine, de Ferdinand Hodler Retrato de Louise- Delphine Duchosal, de Ferdinand
Hodler
A Dança no Moulin Rouge, de Toulose-Lautrec

IMPRESSIONISMO

A Noite Estrelada, de Vicent Van Gogh


Camille e Jean na Colina, de Claude Monet
A Mão de Deus, de Auguste Rodin

ARTE NOVA

Estações de metro em Paris, por Hector Guimard

Casa Míla, por Antoni Gaudi

Obras de Louis Tiffany

Joias de René Lalique

Travessas em forma de peixe, da sede de Caldas da Rainha Gismonda, de Alphonse Mucha

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