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História A _ 11.º ano_vol.

3 – Unidade 5: Os caminhos da cultura

REALISMO

Durante a primeira metade do século XIX, enquanto se travava o embate entre


Neoclassicismo e Romantismo, o Realismo, força que iria dominar a arte na segunda
metade do século, começa lentamente a aparecer.

O homem europeu, diante da industrialização e aprendido a utilizar o conhecimento


científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza, se convenceu de que
precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões
subjetivas e emotivas da realidade.

Em certo sentido o realismo tinha sempre feito parte da arte ocidental. Durante a
Renascença, os artistas superaram as limitações técnicas e representavam a natureza
com a acuidade fotográfica.

O “novo” Realismo insistia na imitação precisa de percepções visuais sem alteração.


Também eram diferentes em seus temas, os artistas se limitavam a fatos do mundo
moderno à medida que os experimentavam pessoalmente; somente o que podiam ver ou
tocar era considerado real. Deuses, deusas e heróis da antiguidade estavam “fora”.
Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam “dentro”. Em tudo, de cor ao tema,
o Realismo trazia para a arte uma sensação de sobriedade silenciosa.

São características gerais:

 O cientificismo;
 A valorização do objeto;
 O sóbrio e o minucioso;
 A expressão da realidade e dos aspectos descritivos.

ARQUITETURA
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades
urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e
templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas,
escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.

Em 1850, Joseph Paxton construiu o Palácio de Cristal que abrigou a 1ª Feira Mundial
em Londres, demonstrou as possibilidades estéticas do uso do ferro fundido.

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da “Cidade
Luz”. Triunfo da engenharia moderna ostenta seu esqueleto de ferro e aço, sem alusões
a estilos arquitetônicos do passado.

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ESCULTURA
René-François-Auguste Rodin (1840-1917) foi um importante escultor francês. Desde
criança demonstrou grande interesse por esculturas. Aos 13 anos de idade, entrou para
uma academia de arte para aprender os princípios básicos das artes plásticas. Interessou-
se e estudou também, por conta própria, anatomia humana para utilizar os
conhecimentos na elaboração de suas esculturas. Aos 18 anos de idade, começou a
trabalhar como modelador e ornamentista. Especializou-se na elaboração de esculturas
em bronze.
Auguste Rodin não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário,
procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os
temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.
Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.

PINTURA
Características da pintura:

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 Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda


um fenômeno da natureza, ou seja, o pintor buscava representar o mundo de maneira
documental;
 Ao artista não cabe “melhorar” artisticamente a natureza, pois a beleza está na
realidade tal qual ela é;
 Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.
Temas da pintura:

 Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que
consideram injustas; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
 Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria
dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos
favorecidas – o povo, em resumo – tornaram-se assunto frequente da pintura realista.
Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam,
elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os
idealizados heróis da pintura romântica.
Principais pintores:

Gustave Courbet (1819-1877) homem de grande pragmatismo desafiou o gosto


convencional por pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a “pintura é
essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais existentes”. Sua
crença era “tudo que não aparece na retina está fora do domínio da pintura”. Foi
considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em suas telas
temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia
particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.

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Jean-François Millet (1814-1875) pintor romântico e um dos fundadores da Escola de


Barbzon na França rural. É conhecido como percursor do realismo, pelas suas
representações de trabalhadores rurais.Junto com Courbet, Millet foi um dos principais
representantes do realismo europeu surgido em meados do século XIX. Sua obra foi
uma resposta à estética romântica, de gostos um tanto orientais e exóticos, e deu forma à
realidade circundante, sobretudo a das classes trabalhadoras. Sensível observador da
vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação atávica
do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela
natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de
paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh.

SIMBOLISMO

Corrente artística de timbre espiritualista que floresce na França, nas décadas de 1880 e
1890, o simbolismo encontra expressão nas mais variadas expressões artísticas,
pensadas em estreita relação umas com as outras. O objetivo último das diferentes
modalidades artísticas é a expressão da vida interior, da “alma das coisas”, que a

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linguagem poética – mais do que qualquer outra – permite alcançar, por detrás das
aparências.

A poesia simbolista, de Gérard de Nerval (1808-1855) e Stéphane Mallarmé (1842-


1898) por exemplo, sonda os mistérios do mundo e o universo inconsciente por meio de
sugestões, do ritmo musical e do poder encantatório das palavras. Do mesmo modo, a
força da pintura reside no poder evocativo das imagens. O seu fim é dar expressão
visual ao que está oculto por meio da linha e da cor que, menos do que representar
diretamente a realidade, exprimem ideias.

Os princípios orientadores do simbolismo encontram suporte teórico nas formulações


do poeta Jean Moreás (1856-1910), autor do Manifesto do Simbolismo (1886), e no
Tratado do Verbo, escrito no mesmo ano por René Ghil (1862-1925). Nos termos de
Moreás, a arte deve ser pensada como fusão de elementos sensoriais e
espirituais. Reagindo à sociedade industrial, os simbolistas se refugiam em sua torre de
marfim, buscando uma beleza ideal e intocada. Desejando salvar o mundo do seu
materialismo extremado, identificam-se com a natureza e a religião (Ocultismo,
Espiritismo, Rosa-Cruz), buscando seus temas na Bíblia e na mitologia. Aproximam-se
também dos Pré-Rafaelitas ingleses.

É conhecida a frase de Maurice Denis: “Antes de representar um cavalo de batalha, uma


mulher nua ou uma anedota qualquer, um quadro é essencialmente uma superfície
recoberta de cores dispostas em uma ordem determinada.” A pintura não era cópia da
realidade, mas sim a sua transposição mágica, imaginativa e alegórica.

Em 1880, alguns escritores se manifestaram contra a falta de conteúdo espiritual da arte


naturalista e a crítica que lhe fizeram depressa chegou às artes plásticas. Criticavam o
objetivismo da realidade levado a cabo pelos realistas, impressionistas e pontilhistas.
Apontavam uma ausência de profundidade espiritual e de uma ideia fundamental nas
suas obras.Basearam-se nos estados emocionais e anímicos, angústias, sonhos e
fantasias, afastando a arte da representação da natureza.

É possível compreender o simbolismo como uma reação ao cientificismo que


acompanha o desenvolvimento da sociedade industrial da segunda metade do século 19.
Contra as associações frequentes entre arte, objeto e técnica, e as inclinações
naturalistas de parte da produção artística, os simbolistas sublinham um ideal estético
amparado na expressão poética e lírica.

O simbolismo surge paralelamente ao neoimpressionismo de Georges Seurat e de Paul


Signac, e se apresenta como mais uma tentativa de superação da pura visualidade
defendida pelo impressionismo. Só que, enquanto Seurat e Signac fundam a pintura
sobre leis científicas da visão, o simbolismo segue uma trilha espiritualista e
anticientífica: a arte não representa a realidade mas revela, através de símbolos, uma
realidade que escapa à consciência.

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Se o impressionismo fornece sensações visuais, o simbolismo almeja apreender valores


transcendentes – o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado – que se encontram situados
no polo oposto a razão analítica. A arte visa a retomar a paixão, o sonho, a fantasia e o
mistério, explorando um universo situado além das aparências sensíveis.

O simbolismo, ao contrário, mobiliza um imaginário povoado de símbolos religiosos, de


imagens tiradas da natureza, de fantasias oníricas, de figuras femininas, dos temas da
doença e da morte. A mulher, tema recorrente das obras simbolistas. Ao mesmo tempo
musa, deusa, ninfa, adúltera, cortesã e prostituta. É cisne e serpente. Estes sentimentos
contraditórios de sensualidade e ascetismo ganham em suas obras uma carga quase
mágica ou hipnótica.

A composição se organiza de modo linear, em primeiro plano, com a composição se


fechando em alvéolos ou em escorço. Como não se desenvolveu um estilo uniforme, é
difícil dar uma definição que englobe todos os quadros, trata-se por isso de um conjunto
de quadros elaborados por indivíduos distintos e de artistas que se demarcaram da
pintura objetivista materializando as emoções e estados de alma.

Destacamos os artistas:

Paul Gauguin (1848-1903), depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com


os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887, entrou para a marinha
e mais tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos, tomou a decisão mais
importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de
viagens e boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das
vanguardas do século 20.
Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a
de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e
que pode ser considerado o fundador do grupo Nabis, que, mais do que um conceito
artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas
primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que
ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo,
como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras
sobre a superfície, quase decorativamente.

No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar
dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica
do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo
conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância
representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a
Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti,
mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique.

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ARTE NOVA
O Art Nouveau ou Arte Nova foi um movimento artístico que surgiu no final do século
XIX na Bélgica, fora do contexto em que normalmente surgem as vanguardas artísticas.
Vigorou entre 1880 e 1920, aproximadamente. Existia na sociedade em geral o desejo
de buscar um estilo que refletisse e acompanhasse as inovações da sociedade industrial.
A segunda metade do século XIX marcou uma mudança estética nas artes, a inspiração
na antiguidade vigorava desde o século XV, e as fórmulas baseadas no Renascimento
começam a dissipar-se dando lugar a Arte Nova, que se opunha ao historicismo e tinha
como tônica de seu discurso a originalidade, a qualidade e a volta ao artesanato.

A sociedade aceitou novos objetos, móveis, anúncios, tecidos, roupas, joias e acessórios
criados a partir de outras fontes: curvas assimétricas, formas botânicas, angulares, além
dos motivos florais.

Fosse chamado de “Jugendstil” (Estilo Jovem) na Alemanha, “Modernistas” na


Espanha, “Sezessionstil” na Áustria, “Stile Liberty” na Itália ou “Style Moderne” na
França, o Art Nouveau era facilmente reconhecível pelas linhas graciosas, exageradas e
espiraladas, traços alongados formando arabescos e entrelaçamentos de folhagens e
flores e graças a isso ficou conhecido também como “estilo floral”.
Principais características da Art Nouveau:
 Exuberância decorativa, formas ondulantes e elegantes;
 Era industrial quebra a autoridade das formas clássico- histórica;
 Arquitetura dos séculos XVIII ao XIX foi de revivescência;
 Novos materiais e tecnologias favorecem essa ruptura radical;

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 Formatos de folhagens e contornos sinuosos usados a exaustão, principalmente o


formato do lírio aquático;
 Orientado basicamente para o design;
 A decoração torna-se elaborada e exótica, as vezes mórbida;
 O sentido ascendente, entrelaçado e sugere o mover das árvores e das chamas;
 Com influências das gravuras japonesas, do barroco e do rococó francês.

ARTISTAS E OBRAS
Foi usado com a máxima de eficiência na arquitetura de Antonio Gaudí e do belga
Victor Horta, além de aparecer em design de interior por todo o período, em geral.

Na Espanha se destaca a Casa Milá, de Antoni Gaudi pela ausência de linhas retas e
planas, a construção parece moldado por algum material mole que depois seca. E as
aberturas arredondadas sem simetria dão a sensação de algo gasto pela erosão.

O belga Henry van de Velde – foi um dos maiores expoentes da arquitetura da Art
Noveau e pioneiro da Bauhaus.

Alfons Mucha, foi símbolo da Art Noveau em Praga, Republica Checa.

Hector Guimard, autor da edícula da estação do metrô Porta Dauphine em Paris.

O local onde a Art Nouveau foi mais elegante foi na Escócia, em uma escola de


Glasgow, principalmente pelo trabalho do arquiteto Mackintosh. A linha tinha um
caráter decorativo e linear, tensa e elegante.  Onde era desenvolvida uma ornamentação
simbólica, independente da função estrutural do objeto.
O pintor Gustav Klimt interpretou de maneira própria a Art Nouveau em seus quadros.
Outros artistas importantes, além dos citados: Aubrey Beardsley, René Lalique, Charles
Rennie, Louis Comfort Tiffany.

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O Palau de la Musica Orfeó Catalã, em Barcelona é um teatro maravilhoso, em estilo


Art Nouveau, projetado por Lluis Domènech i Montaner, um dos maiores representantes
do modernismo da Catalunha. Os vitrais do teto, as colunas estampadas do terraço, os
detalhes resumem a suntuosidade desse movimento artístico.

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