Quando o Mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial era clara
a alteração nas relações internacionais.
No quadro de ruína do pós-guerra, apenas duas potências se
agigantavam: a URSS e os EUA.
A URSS estendeu a sua influência pelos países da Europa de leste
por vários motivos, levando à expansão do comunismo. No último ano do conflito, o Exército Vermelho atacou pelo Leste os países dominados pelos Nazis, libertando as respetivas populações, as quais se mostraram favoráveis à implantação do regime de tipo soviético. A expansão e extensão do comunismo levou a críticas das democracias da Europa ocidental e dos EUA. Daí Churchill ter proferido a célebre expressão “cortina de ferro” para qualificar o isolamento a que estavam os países da Europa de Leste.
No ano seguinte, o Presidente dos EUA, Harry Truman,
descreveu a divisão política do mundo em dois blocos com modos de vida distintos. De um lado, o bloco ocidental caracterizado pelas instituições livres e, por outro lado, o bloco oriental que, segundo o ocidente, é assegurado pelo terror e repressão. Truman desenvolveu a doutrina do containment que tem como objetivo auxiliar economicamente e financeiramente os países da Europa de modo a conter os avanços dos ideais comunistas (Plano Marshall).
No mesmo ano Jdanov, Secretário Geral do Partido Comunista da
URSS, acusou os EUA de serem imperialistas e antidemocráticos enquanto as tropas soviéticas implantavam “novas democracias”, sendo estas de partido único (partido comunista), que seriam forças antidemocráticas e imperialistas.
Menos de um ano passado sobre o fim da Segunda Guerra
Mundial, o alargamento da influência soviética desencadeava um novo medir de forças, desta vez entre o mundo comunista e o mundo capitalista. Em consequência, é fundada, em 1945, a Organização das Nações Unidas.
O aparecimento da ONU veio substituir a antiga SDN que
fracassou no que diz respeito aos problemas resultantes da Primeira Guerra Mundial e que levaram à ascensão das ditaduras e da Segunda Guerra Mundial. A ONU tem exército próprio, os capacetes azuis e, integra as principais potências mundiais. É composta por vários órgãos tendo um conselho de segurança onde estão os principais países do mundo.
Foram destacados blocos politicamente distintos. Por um lado,
os EUA, caracterizado pela democracia, pelo capitalismo e pela economia de mercado e, por outro lado a URSS que é monopartidária (regimes de partido único – comunismo), tem uma economia planificada e controlada pelo Estado. Em simultâneo, além das ajudas económicas, foram criadas coligações defensivas da parte de cada um dos blocos. Do lado dos EUA encontramos a NATO (Portugal foi um dos países fundadores da NATO, apesar de não ser uma democracia, era um regime anticomunista; por isso também beneficiou do Plano Marshall) e do lado da URSS foi criado o Pacto de Varsóvia. Enquanto do lado dos EUA temos o Plano Marshall, criado em 1947 por George Marshall, a URSS criou o COMECOM (organização de cooperação económica, científica e técnica entre os países do bloco de Leste que foi fundada em 1949 em resposta ao Plano Marshall). A URSS recusou o Plano Marshall e em 1949 estabeleceu um plano alternativo para ajudar os países do bloco soviético, este plano é o Plano Molotov que é gerido através do COMECOM. Para além disto a URSS criou, em 1947, o Kominform (Secretariado de Informação Comunista) que tinha como objetivo controlar os países comunistas, especialmente a partir do momento que estes aceitaram o Plano Molotov.
Os EUA sempre tiveram interesse em ajudar Portugal uma vez
que o arquipélago dos Açores lhes revelava importância. É o facto de Portugal ter os Açores que o torna tão importante na Guerra Fria. No arquipélago dos Açores encontrava-se uma base de força aérea que Portugal acabou por ceder aos americanos, a Base das Lajes. Assim, em caso de agitação na Europa durante o período da Guerra Fria, rapidamente, os EUA podiam ter acesso ao seu contingente militar permanente.
Apesar de termos beneficiado do Plano Marshall e da NATO, já
não foi tão fácil a adesão à ONU, uma vez que esta defende o direito dos povos à autodeterminação e, Portugal era, na altura, um regime de extrema direita. Portugal adere à ONU em 1955 por pressão dos aliados.
Designamos por Guerra Fria o clima de tensão internacional que
o mundo viveu desde os finais da Segunda Guerra Mundial até aos anos 80, motivado pela hostilidade entre dois polos com ideologias opostas: USA e URSS.
Daí resulta o conceito de bipolarismo / bipolaridade, isto é a
oposição entre dois polos que não chegando a tomar a forma de um confronto direto assumiu várias formas.
1º Propaganda política junto das populações defendendo um
determinado modo de vida e depreciando o outro.
2º Intromissão nas questões de política internacional
nomeadamente conflitos armados localizados em que cada uma das superpotências auxiliava uma determinada fação em detrimento de outra.
3º Corrida ao armamento. 4º Ações de espionagem sob inovações ligadas ao armamento e interferência em países terceiros (ex: Guerra do Vietname e Guerra da Coreia).
O clima de desconfiança e de competição entre os dois blocos
provocou ataques de propaganda e de espionagem, pois ambos os sistemas acreditavam que o adversário pretendia dominar o mundo. A Guerra Fria foi um período de grande espionagem entre o KGB e o FBI e CIA.
Na altura, quer o presidente dos EUA e da URSS tinham
convicções muito fortes e isso levou a que surgissem momentos de tensão. A alternância dos líderes fazia com que houvesse períodos de maior e menor tensão. A morte de Estaline, em 1953, possibilitou a ascendência de Nikita Kruchtchev na URSS que, juntamente com Eisenhower e, posteriormente John F. Kennedy nos EUA, fez com que os dois blocos adotassem uma nova política mais direcionada ao diálogo e, assim viveu-se um período designado de coexistência pacífica. Kruchtchev deslocou-se aos EUA em 1959 mostrando abertura política.
Outras razões para a diminuição da tensão foi o facto de cada um
dos blocos enfrentar problemas internos. Os EUA foram abalados, por exemplo, com a resistência das tropas vietnamitas que levaram à retirada dos americanos do Vietname, em 1968. Por sua vez, a URSS depara-se com a cisão, ou seja, término do Bloco Comunista devido à rutura da China que, segue o seu próprio caminho. Surgiu a República Popular da China através de um movimento revolucionário chefiado por Mao Tsé-Tung. Este movimento foi apoiado pela URSS que viu na China uma oportunidade de expandir o comunismo, contudo, enquanto na Rússia, a base de apoio é operária, na China a base de apoio é camponesa.
Apesar de um período de coexistência pacífica, aconteceram
alguns conflitos localizados em certas zonas do globo, tais como o levantamento do Muro de Berlim, a Crise dos Mísseis de Cuba e, a já referida, Guerra do Vietname.
A Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962 foi um momento de tensão
pois, em Cuba havia uma base de mísseis que podia destruir Washington.
Já no fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim em
1989, dá-se a extinção da RFA (República Federal Alemã) e da RDA (República Democrática Alemã) levando à unificação da Alemanha que acaba por ser o resultado da ação política de dois grandes protagonistas internacionais: Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov. Estas duas personalidades foram determinantes para a realização de tratados de desarmamento, para a aproximação entre o Leste e o ocidente e para uma melhoria da paz mundial. Alguns historiadores consideram que a partir da década de 90, pelo seu grau de desenvolvimento económico e militar (em oposição ao fraco desenvolvimento interno na Rússia) o mundo vai tornar-se unipolar, destacando os EUA como os polícias do mundo.