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GUERRA FRIA

(1947-1991)

O contexto geopolítico da Guerra Fria é a divisão BIPOLAR do mundo após a


Segunda Guerra Mundial, ou seja, a geopolítica do mundo divida em dois blocos: o bloco
capitalista, no Ocidente, sobre a liderança hegemônica dos Estados Unidos; e o bloco
socialista, no Oriente, sobre a liderança hegemônica da União Soviética. O marco inicial
foi o discurso do presidente norteamericano, Henry S. Truman (1945-1953) sobre os
defender o mundo “livre” dos avanços do comunismo, formando a DOUTRINA TRUMAN, o
forte antagonismo entre os blocos e as ameaças comunistas.
O primeiro embate se deu no financiamento estadunidense
ao governo turco para impedir a livre navegação soviética nos
estreitos dos mares turcos.

O maior símbolo desse período foi o muro construído pela Alemanha Oriental
(socialista), em Berlim, o MURO DE BERLIM, para separar-se do ocidente capitalista.

A União Soviética na etapa final da Segunda Guerra Mundial anexou diversas


nações do leste europeu, como: Ucrânia, Belarus (Bielorrússia), os Países Bálticos
(Estônia, Letônia e Lituânia), Moldávia, partes da Finlândia, todas se tornaram
repúblicas soviéticas incorporadas à União Soviética. Outros países foram incorporados como Estados satélites
da União Soviética, formando a CORTINA DE FERRO, separando a Europa capitalista da União Soviética, eram
as repúblicas populares: Polônia, Bulgária, Romênia, Hungria, Alemanha Oriental, Albânia, Checoslováquia (esse
último país foi invadido e tomado pelas forças soviéticas após as reformas liberalizantes conhecidas como a
Primavera de Praga).

O termo Cortina de Ferro foi criado pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, para definir os países
invadidos pelo Exército Vermelho (soviético) no leste europeu.

Outra nação que inicialmente fez parte da Cortina de Ferro, mas rompeu com a URSS em 1948, se tornando
uma federação socialista não soviética, foi à Federação da Iugoslávia (Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Sérvia,
Macedônia do Norte, Eslovênia, Croácia), que sobre a liderança do general Josip Broz Tito, implantou o
SOCIALISMO DE MERCADO, em que as empresas públicas operavam como economia de mercado, ou seja, a
partir das leis do mundo capitalista.

O nome “Guerra Fria” se deve ao fato das duas potências nunca terem entrado em um confronto direto,
mas enfrentado de forma indireta, no desenvolvimento tecnológico, espacial, armamentista, propagandista e na
influência e financiamento de conflitos locais (como na Coreia, China, Vietnã e Cuba).

Instituições:

 1947 – Os Estados Unidos criou o Plano Marshall, que oferecia assistência econômica as nações
europeias nos pós-guerras.
 1949 – Como reação ao Plano Marshall, a União Soviética criou a COMECON (Conselho de Assistência
Econômica Mútua), para evitar a reunificação da Alemanha e que os países debaixo da influência
socialista recebessem ajuda dos Estados Unidos.
 1947 – O governo norteamericano criou a Lei de Segurança Nacional, com o Departamento de Defesa
Nacional (DOD), centralizando e fortalecendo as defesas internas militares do país.
 Órgãos de espionagem internacional: CIA (Agência Central de Inteligência) dos Estados Unidos (1947),
e a KGB (Comitê de Segurança do Estado da URSS), da União Soviética (1954).
 1949 – Criação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma organização de aliança
político-militar entre as nações principais do bloco capitalista.
 1955 – Criação do Pacto de Varsóvia, uma força militar entre as repúblicas socialistas soviéticas.
 1947 – Os soviéticos criaram a Cominform, que visava organizar e centralizar diversos partidos
comunistas, socialistas, socialdemocratas, operários em todo mundo, sujeitos ao Partido Comunista da
União Soviética.

No campo armamentista, os dois blocos passaram a investir em armamento pesado, especialmente no


desenvolvimento de tecnologia nuclear (Corrida Nuclear), com armas cada vez mais potentes, com potencial
destrutivo em massa, como as bombas atômicas e de hidrogênio e os mísseis balísticos (que seguiam caminhos

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pré-determinados). Muito do desenvolvimento da tecnologia nuclear causou tensões nos cenários geopolíticos, e
até mesmo resultou em desastres, como o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

No ambiente da propaganda, era comum o uso de charges, jornais, mídias, filmografia, desenhos animados,
visando a “demonização” do outro lado. Entre os anos de 1947-1957, o senador republicano Joseph McCarthy,
que estabeleceu uma política de perseguições a instituições trabalhistas e de esquerda, sobre o pretexto da
“iminente ameaça comunista”. As propagandas e as políticas de influencias e interferências internacionais geraram
a Guerra Psicológica.

No contexto de disputas tecnológicas ocorreu a Corrida Espacial:


 1957 – A URSS lançou o primeiro satélite, o Sputnik I.
 1957 – Primeiro ser vivo a ser enviada ao espaço, a cadelinha Laika, enviada pela URSS.
 1961 – Primeiro homem a viajar fora da órbita terrestre, o cosmonauta soviético, Iuri Gagarin.
 1969 – Primeira tripulação humana na Lua, enviado pelos Estados Unidos, sendo Neil
Armstrong, o primeiro humano a pisar na Lua.
 1969 – O desenvolvimento do primeiro sistema de internet, para fins de segurança internacional,
a ARPANET, pelos Estados Unidos.
 1971 – A primeira estação espacial, Salyut I, pela URSS. Os tripulantes morreram por falhas nas
válvulas.

Os países não-alinhados formaram o conjunto de países que não se enquadravam nem no bloco capitalista,
nem no bloco socialista, sendo conhecidos como Terceiro Mundo, os países neutros, e eram formados em
especial por países africanos e asiáticos no processo de descolonização.

REVOLUÇÃO CHINESA (1912-1949)

Os chineses ao longo da passagem do século XIX para o XX passaram a ser invadido por potências
estrangeiras, o que levou a formação de dois partidos: o Kuomitang, o KMT, ou seja, o Partido Nacionalista
(1905), e o Partido Comunista Chinês, o PCC (1921).

O líder nacionalista Sun Yat-sen, liderou um revolta nacionalista, liberal, burguesa e popular, pela deposição
da dinastia absolutista Qing e pela expulsão dos estrangeiros, entre 1911-1912, resultando na proclamação da
república chinesa (1912-1949). Em 1916, com a morte do ditador general Yuan Shikai, a China ficou dividida entre
os “senhores da guerra”, que eram compostos pelas elites agrícolas e militares, e tinham intenções separatistas.
Esse contexto gerou uma guerra civil, unindo socialistas e nacionalistas, em 1924, contando com o apoio de
interesses de potências estrangeiras (desde que mantivessem o regime de “portas abertas” ao mercado
estrangeiro), contra os “senhores da guerra”.

Entre 1925-1928 a China foi reunificada sobre a liderança do novo líder do Partido Kuomitang, Chiang Kai-
shek, e com o apoio dos comunistas. Changai, a principal cidade, foi tomada pelos comunistas, em 1927, no
contexto das expedições de reunificação chinesa. No poder, Chiang Kai-shek determinou o massacre dos
comunistas em Changai, realizando a partir daí os expurgos contra os comunistas.

Os comunistas chineses perderam o apoio dos soviéticos, devido às diferenças ideológicas; o PCC tinha como
versão de revolução predominante a ideia de Mao Tse-tung, de que a revolução deveria se dar a partir dos
camponeses, que eram a maioria da população chinesa.

A partir daí uma guerra civil entre comunistas e nacionalistas foi formada, como campanhas de cerco contra
os levantes agrários, e que resultaram, em 1934, a LONGA MARCHA, uma caminhada de 12 mil quilômetros
atravessando o país, empreendendo combates reunindo 100 mil combatentes, liderados por Mao Tse-tung. Os
Estados Unidos chegaram a financiar o governo nacionalista chinês a fim de pacificar o país e evitar a instalação do

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comunismo. O próprio governo soviético facilitou o processo de retirada de tropas da Manchúria, facilitando para o
Partido Kuomitang, e derrotar o PCC.

Em janeiro de 1949, derrotado, Chiang Kai-shek se demitiu do governo, e os nacionalistas ainda resistiram até
agosto, até se refugiarem na ilha de Taiwan (Formosa), estabelecendo um governo da China Nacionalista. Em
outubro os comunistas estabeleceram a República Popular da China.

Mao Tse-tung governou a China continental até 1976, reprimindo as contrarrevoluções e nacionalizando os
meios produtivos do país. Ele governou por meio dos planos quinquenais. O primeiro plano investiu na
industrialização e no setor agrícola, com o apoio soviético.

O Segundo Plano Quinquenal lançou o programa Grande Salto para Frente que buscou desenvolver a
China em pouco tempo; os camponeses foram obrigados a se organizarem em imensas comunas populares. O
programa foi um fracasso e gerou uma grande fome.

Entre 1966-1976 se estabeleceu a REVOLUÇÃO CULTURAL CHINESA, que resultou no expurgo de


opositores, perseguições culturais a tudo que fosse “burguês”, e uma devoção a figura de Mao Tse-tung, com o
lançamento do Livro Vermelho, e da organização da juventude na Guarda Vermelha.

Em 1976 o controle da China se dividiu entre duas vertentes: a Camarilha dos Quatro, radicais, do outro
Deng Xiaoping que pregava a desmaoização, essa última vertente saiu vencedora e através das Quatro
modernizações, estabeleceu o socialismo de mercado, com as Zonas Econômicas Especiais (ZEE), com a
abertura economica do país ao capitalismo.

GUERRA DA COREIA (1950-1953)

No contexto da Segunda Guerra Mundial na disputa dos Aliados contra o Japão, as tropas soviéticas haviam
ocupado o norte da Península Coreana, enquanto que os Estados Unidos ocuparam o sul da Coreia,
estabelecendo o paralelo 38º Norte, como marco separatório entre as Coreias ocupadas, criando um governo
capitalista (no sul) e um governo comunista (no norte), cada um afirmando ser o legítimo governo.

Os norte-coreanos com apoio da China Comunista e da União Soviética invadiram a Coreia do Sul, em junho
de 1950; a ONU então passou a enviar tropas a fim de reestabelecer à ordem na península, sendo que a maioria
dos soldados da missão eram norteamericanos, e gerando avanços territoriais sobre a Coreia do Norte.

Em julho de 1953 as duas Coreias assinaram um armistício, uma trégua, porém


sem qualquer tratado de paz assinado entre elas, isso faz com que tecnicamente a
guerra ainda exista.

O socialismo norte-coreano é baseado na doutrina Juche, idealizado por Kim Il


Sung (avô do atual ditador Kim Jong-un).

REVOLUÇÃO CUBANA (1953-1959)

O contexto da ilha se deu com a Guerra Hispano-americana, em que os Estados Unidos lutaram pela
independência de Cuba contra o domínio espanhol; entre 1891 a 1903 a ilha foi ocupada pelos norte-americanos, e
que resultou na construção da Base militar de Guantánamo, em 1903; e na Emenda Platt, em 1901, que
impunha os interesses estadunidenses e as interferências políticas na ilha acima da autonomia do país. Cuba era
usada como fornecedora de gêneros tropicais e como espaços destinados aos cassinos.

Entre 1952 a 1959 uma ditadura militar pró Estados Unidos se instalou em Cuba, sobre o comando do militar
Fulgencio Batista.

A revolução teve início com a invasão do quartel de Moncada, em julho de 1953, contando com a
participação dos irmãos Fidel Castro e Raúl Castro, as ações dos revoltosos formaram a Movimento 26 de Julho
(M-26-7). Os revoltosos foram presos, mas, em 1955, foram soltos e exilados no México, lá se juntaram com o líder
revolucionário argentino, o médico Ernesto “Che” Guevara.

Em 1956, um grupo de 82 rebeldes desembarcou de volta na ilha de


Cuba e se refugiaram na Sierra Maestra, em meio às florestas nas
montanhas, e com apoio da população camponesa local, usando táticas
de guerrilhas, com poucos homens, pouca ajuda de outros grupos

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rebeldes, com rádios piratas, os rebeldes foram tomando cidade após cidade, até chegar ao norte da ilha, na capital
Havana, em 1959.

A princípio a revolução NÃO se caracterizou como um movimento socialista, porém após 1962, o regime
cubano aderiu a URSS. A União Soviética, com interesses na proximidade geográfica de Cuba com os Estados
Unidos, passou a apoiar financeiramente o regime cubano. O regime cubano nacionalizou os meios produtivos,
popularizou o sistema de saúde, erradicou com o analfabetismo, através de um amplo sistema educacional público,
e realizou a reforma agrária. Ademais, o regime passou a sofrer diversos embargos como o único regime não
capitalista na América, por décadas. O colapso da União Soviética, em 1991, resultou no enfraquecimento do
regime de Cuba.

Treinados pela CIA um grupo de exilados cubanos contrarrevolucionários desembarcou em Cuba, na Invasão
da Baía dos Porcos, mas a missão fracassou.

Em 1962 aconteceu uma crise diplomática envolvendo a União Soviética e os Estados Unidos, envolvendo
Cuba, a Crise dos Mísseis, e quase resultou em um conflito nuclear em escala global.

GUERRA DO VIETNÃ (1955-1975)

Essa guerra aconteceu na Indochina (Vietnã, Camboja e Laos); o Vietnã estava dividido entre norte,
socialista, apoiado pela China e pela União Soviética, e que tinha como governante o líder revolucionário Ho Chi
Minh; já no Vietnã do sul, cujo governo recebia o apoio de nações capitalistas e anticomunistas; estavam
separados pelo paralelo 17º Norte.

No sul, se estabeleceu um exército guerrilheiro comunista, o Viet Cong, que lutavam pela unificação do país
em torno do socialismo. A guerra se expandiu para o Laos e o Camboja; no Camboja (chamado pelos socialistas de
Kampuchea), os comunistas se organizaram em torno do Quemer Vermelho, liderados por Pol Pot, que
buscavam formar uma sociedade totalmente agrícola. Já no Laos o socialismo era organizado pelo Pathet Lao.

Os Estados Unidos seguiram em uma política altamente combativa em relação ao espalhamento do


comunismo no mundo, e se envolveu intensamente nos conflitos, durante a década de 1960, especialmente no
governo do presidente John F. Kennedy. (que foi assassinado em 1963) O cenário vitorioso dos Estados Unidos
começou a mudar a partir dos ataques massivos dos vietcongues e norte-vietnamitas, conhecido como a Ofensiva
do Tet, em 1968.

Os elevados gastos militares, as enormes perdas, o numeroso envio de soldados, e as poucas chances de
vitórias, fez com que internamente o governo norte-americano passasse a enfrentar oposições da sociedade civil e
da mídia, fazendo surgir movimentos como a Contracultura, com o lema: “faça amor, não faça a guerra”, e com
movimentos artísticos e midiáticos de oposição a guerra; dessa forma, em 1969, o presidente Richard Nixon
passou a investir nas forças do Vietnã do Sul, e a retirar gradualmente as tropas norte-americanas, no processo
conhecido como a vietnamização. Em 1973 são assinados os Acordos de Paz de Paris, e os Estados Unidos
oficialmente deixaram o conflito, após uma longa derrota, e um enorme desgaste político interno e externo e o
trauma em uma geração inteira de cidadãos.

Em 1975, o Vietnã do Norte, após longas ofensivas, conquistou a capital do Vietnã do Sul, Saigon, unificando
o país sobre um regime socialista. Em 1975, Laos também se tornou socialista; e em 1979 o Camboja se tornou
socialista.

A Guerra do Vietnã foi à guerra mais fotografada do século XX, tendo imagens históricas; nessa guerra
também, os guerrilheiros obtinham vantagens nas matas vietnamitas, os combatentes usavam de campos minados,
muitos ainda não explodidos, até os dias de hoje. Os Estados Unidos usavam de técnicas como o agente laranja
envenenando as florestas para atingir os revolucionários.

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