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A Guerra Fria

(1947 – 1991)
Prof. Kimon Speciale
Colégio Cruzeiro – Centro
Terceiro Ano – E.M.
Guerra Fria
• Guerra Fria: expressão que indica o estado de tensão permanente
em que o mundo viveu durante o período entre 1947-1991, decorrente
da divisão do mundo em dois blocos políticos-ideológicos antagônicos.

• A Guerra deixou na Europa um rastro de destruição: 40 milhões de


mortos, um quatrilhão de dólares perdidos no conflito, em um cenário
muito mais desolador do que em 1918, no fim da Primeira Guerra.
Campos haviam sido devastados e cidades inteiras foram destruídas.
Cortina de Ferro
• Países que foram libertados da dominação nazista pelo Exército
Vermelho, e que no pós-guerra passaram a serem governados pelos
respectivos Partidos Comunistas, apoiados fortemente pelo governo
soviético. Surgiram assim as Democracias Populares, expressão que
procurava disfarçar o caráter socialista de tipo soviético assumido
por esses países e marcado pela presença de um Estado forte,
centralizado, ditatorial e burocrático.

• Polônia (1945), Albânia (1946), Bulgária (1946), Romênia (1947),


Tchecoslováquia (1948), Alemanha Oriental (1949) e Hungria (1949).
Doutrina Truman
• A 12 de março de 1947, o presidente Harry Truman fez um violento
discurso no Congresso norte-americano, conclamando seu país e todo
o Ocidente a lutar contra o totalitarismo soviético. Esse fato marcou
o reconhecimento público das divergências existentes entre os EUA
e a União Soviética, e deu início à chamada Guerra Fria.

• Doutrina Truman – “dar apoio às pessoas livres que estão resistindo


a tentativas de subjugações por minorias armadas ou pressões
externas”. Ou seja, os EUA passariam a atuar em escala mundial,
como um pólo anti-soviético, de modo a conter a expansão do bloco
liderado por Moscou.
Plano Marshall (1948 – 52)
• Plano Marshall (1948-1952) – plano de ajuda econômica concebido
para recuperar a econômica européia abalada pela guerra, e, mais
ainda, consolidar uma economia tipicamente capitalista na Europa
Ocidental. Concedeu empréstimos e auxílios diversos a juros
irrisórios. 13.000.000.000 de dólares foram despejados nos países
Ocidentais.

• Desse modo, a URSS que ficou à margem do Plano lançou em 1949 seu
próprio programa de ajuda econômica para o Leste europeu
denominado Conselho para Mútua Assistência Econômica, ou
COMECON.
• Contanto, a primeira reação de Stalin ao Plano Marshall foi a criação
do KOMINFORM – Comitê de Informação dos Partidos Comunistas -,
em setembro de 1947. Organismo criado para transmitir a orientação
soviética aos partidos comunistas dos países do bloco socialista,
constituído também para substituir algumas funções da III
Internacional, dissolvida por Stalin como parte de seus compromissos
com as demais potências durante a guerra.
A Crise de Berlim
• Quando a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação, ficou
decidido que Berlim, sua capital, também seria objeto de partilha
entre França, Inglaterra, EUA e URSS. A cidade, entretanto estava
situada dentro da área de ocupação soviética.

• Em 1948, numa tentativa de controlar a inflação galopante da


Alemanha, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido criaram uma
"trizona" entre suas zonas de influência, para fazer valer nestes
territórios o Deutsche Mark (marco alemão). Stalin reprovou a ideia,
e, como contra-ataque, buscou reunificar Berlim sob sua influência,
decretando o bloqueio de Berlim Ocidental, cortando as comunicações
por via férrea e rodoviária entre a cidade e as regiões da Alemanha
ocupadas pelas potências capitalistas, numa violação dos acordos da
Conferência de Yalta.
• O bloqueio, que durou cerca de um ano, foi
contornado com a criação de um corredor aéreo
que conseguiu garantir o abastecimento do lado
ocidental da cidade. A crise acabou levando à
formação, em 1949, de dois novos países
formalmente independentes: República Federal da
Alemanha (Ocidental) e a República Democrática
Alemã (Oriental).

• Berlim, entretanto, permaneceria como foco de


tensão ainda por muito tempo. Em 1961, o governo
da RDA fez erguer ali um longo muro de concreto
sobre a linha que dividia as zonas ocidental e
oriental da cidade. Nesse período, muitos alemães
orientais fugiam para o setor Ocidental de Berlim,
aproveitando as vias urbanas de comunicação. O
Muro, uma afronta aos direitos humanos, que foi
construído para impedir essas fugas permaneceu
em pé até 1989, como principal símbolo da Guerra
Fria.
“Terror Nuclear” (1940 – 50)
• Para conter os avanços soviéticos, não bastava a ajuda econômica, e
com a explosão da primeira bomba atômica soviética, em 1949, levou o
Ocidente a criar a Organização do Tratado do Atlântico Norte –
OTAN, um organismo de defesa coletiva, liderado pelos Estados
Unidos, e que contava com a participação dos países europeus do bloco
capitalista e do Canadá. Foi neste período que o acirramento do
anticomunismo fez surgir manifestações de intolerância nos Estados
Unidos, como o Macarthismo.
• O Macarthismo: Com o clima de medo provocado pela Guerra Fria,
acusações contra supostos inimigos do sistema democrático
multiplicaram-se pelos EUA. Em 1945, foi criado no Congresso o
Comitê de Atividades Antiamericanas, coordenado pelo senador
Joseph Macarthy. Em 1947, o órgão passou a investigar a vida pessoal
de intelectuais, artistas, líderes sindicais e até mesmo funcionários
do governo suspeitos de realizar atividades subversivas. Foi a época
das “listas negras”. As atividades do Comitê prosseguiram até que a
onda de escândalos atingiu figuras de destaque do Exército.
Finalmente, em dezembro de 1954, o Senado censurou publicamente o
senador Joseph Macarthy, que , desmoralizado, teve de encerrar sua
carreira política.
• A resposta soviética viria mais tarde, com a criação, em maio de 1955,
do Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental ou Pacto de
Varsóvia, um organismo de defesa semelhante à OTAN, integrado
pelos países do bloco socialista (com exceção da Iugoslávia), sob a
hegemonia da União Soviética. O Pacto de Varsóvia se extinguiria em
1990, com o fim da Guerra Fria.

• A OTAN permanece atuante até hoje, com a participação inclusive de


países pertencentes ao antigo bloco comunista, como: Hungria e
Polônia.
“Coexistência Pacífica” (1960-1970)
• A trégua de Panmunjon, assinada em 1953, reaproximou os dois
chefes de Estados soviético e norte-americano. Além disso, a morte
de Stalin e a eleição de um novo presidente norte-americano,
pareciam ter encerrado uma fase crítica entre as duas potências.
Nikita Kruschev e Dwight Einsenhower iniciaram uma fase onde as
relações entre os dois países partiriam do pressuposto de que a luta
entre os dois sistemas deveria ocorrer no campo econômico e não no
campo bélico.

• Em 1956, teve início na Hungria uma rebelião popular contra a


ocupação soviética. A resposta soviética foi uma violenta repressão
que acabou com os anseios de liberdade da população. (Sem a
participação norte-americana).
Conferência de Bandung
• Em abril de 1955, um grupo de cerca de 30 países africanos e
asiáticos, deu início à formação de um bloco não-alinhado (Terceiro
Mundo).

• Entre os participantes, havia ex-colônias recém emancipadas como a


Índia (1947) e a Indonésia (1945), e colônias em processo de
libertação, como a Costa do Ouro (Gana – 1957). Lá também estavam
a República Popular da China e o Japão.
• Em 1956, teve início na Hungria uma rebelião popular contra a
ocupação soviética. A resposta soviética foi uma violenta repressão
que acabou com os anseios de liberdade da população. (Sem a
participação norte-americana).

• Um momento que poderia gerar crise direta entre as superpotências


ocorreu no Canal de Suez, que foi nacionalizado pelo líder egípcio
Gamal Abdel Nasser em 1956. A medida levou à invasão do Egito por
Israel (criado em 1948), Inglaterra e França. Em represália,
Kruschev ameaçou bombardear Londres e Paris com bombas
atômicas, o que fez com que ingleses, franceses e israelenses se
retirassem. (EUA permaneceram externos ao conflito).
• Contanto, mesmo neste período de Deténte (Distensão) o conflito
entre as superpotências não havia cessado, como podemos ver durante
o governo Kennedy (1961-1963), onde a partir de 1959 os EUA
intervieram militarmente no Vietnã para evitar o avanço comunista, e
quando em 1962, os norte-americanos impuseram um bloqueio
aeronaval a Cuba, após descobrirem que mísseis soviéticos de ogiva
nuclear estavam sendo instalados na ilha. Conscientes do risco de uma
guerra nuclear, em 1963 os líderes das duas potências resolveram
instalar uma linha de comunicações via satélite entre Moscou e
Washington – o telefone vermelho.

• Durante o governo de Jimmy Carter, nos EUA, novas crises


localizadas ocorreram, principalmente a ascensão do Aiatolá Khomeini,
no Irã e a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas. À ausência de
resultados expressivos levaram à vitória de Ronald Reagan e a uma
“nova guerra fria”.
“Nova” Guerra Fria (anos 80)
• Reagan havia se destacado na época do Macarthismo como um
elemento que, por ser ator de cinema, contribui para denunciar ao FBI
uma série de colegas de profissão. Agora como presidente, Reagan
desferiu violentos discursos conta os “satânicos” comunistas e
mostrou-se disposto a enfrentá-los novamente. Isto foi observado na
ajuda econômica e militar fornecida aos afegãos e, principalmente na
América Central, com a cruzada contra a Nicarágua e os sandinistas,
que haviam deposto Somoza do poder. A invasão da ilha de Granada
teve efeito evidente na demonstração de força norte-americana,
servindo como um aviso para os nicaraguenses.
• No entanto, a maior surpresa ficou com a ascensão de Mikhail
Gorbachev na URSS, e sua política de Glasnost, associado à
Perestroika. O fato é que com as novas propostas soviéticas de
reduzir os orçamentos militares para atender aos imperativos do
desenvolvimento econômico, os americanos foram pegos de surpresa
com as propostas de destruição de mísseis e desarmamento
estabelecidos por Gorbachev.

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