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▪ Estas conferências revelaram alguma tensão. Estaline queria estender a sua influência sobre
o Leste europeu, com base na legitimidade de ter libertado esses países do domínio nazi.
• A sovietização da Europa de Leste; “A Cortina de Ferro”, discurso de Churchill, em março
de 1946.
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1.2 - O tempo da Guerra Fria – a consolidação de um mundo bipolar
▪ A geopolítica do pós-guerra ficou marcada pelo antagonismo entre os EUA e a URSS.
▪ Em 1947, a doutrina Truman confirmava a fratura ▪ Entre 1945 e 1946, processo de sovietizaçao dos
ideológica entre os EUA e a URSS. Dava aos americanos países da Europa de Leste.
a liderança na política de contenção do expansionismo ▪ Em 1947, a URSS criava o KOMINFORM (Secretariado
soviético. de Informação Comunista) para coordenar a atuação
▪ O presidente Truman defendeu o auxílio económico à dos partidos comunistas nos países da Europa de Leste.
Europa como meio de conter o avanço do comunismo. ▪ A Doutrina Jdanov apresentou os princípios da
▪ Pretendeu reconstruir, em moldes capitalistas, as política oficial da URSS face ao Bloco Ocidental e
economias europeias devastadas pela guerra. conformava a divisão do mundo em dois campos
▪ A ajuda económica e financeira americana foi opostos.
organizada através do Plano Marshall e da Organização ▪ A URSS respondeu com o Plano Molotov, para auxiliar
para a Cooperação Económica Europeia (OECE). a reconstrução dos países da Europa Oriental,
▪ Junho de 1948, a Conferência de Londres proclama a politicamente alinhados com a União Soviética.
intenção de formara, na Alemanha, uma República ▪ O COMECON tinha o objetivo de fortalecer a
Federal, separada da zona de ocupação russa. cooperação e as relações económicas entre a URSS e os
▪ Em 1949, é criada a RFA – República Federal Alemã. países da Europa de Leste, segundo o modelo da
▪ Em 1949, é criada a NATO ou OTAN (Organização do economia soviética.
Tratado Atlântico Norte). ▪ Junho de 1948, as autoridades soviética dão início ao
Bloqueio de Berlim, que se prolonga até maio de 1949.
▪ Em 1949, é criada a RDA – República Democrática
Alemã.
▪ Em 1949, bomba atómica soviética.
▪ Em 1955, é criado o Pacto de Varsóvia.
▪ Em 1961, construção do muro de Berlim.
A GUERRA FRIA.
▪ O afrontamento entre as duas superpotências conheceu fases diversas, alternando períodos
de grande tensão com outro de relativa acalmia.
▪ É entre 1947 e 1955 que se consolidam os dois blocos e se estrutura o mundo bipolar. São
anos de grande intolerância em que comunistas e ocidentais desenvolvem intensas campanhas
ideológicas e iniciam a corrida ao armamento nuclear. A tensão cresce, mas a consciência dos
perigos de uma guerra atómica impede o confronto direto.
▪ No fim dos anos 40, surge a expressão Guerra Fria para designar a confrontação deste mundo
dividido.
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▪ A morte de Estaline (1953) e a subida ao poder de Kruchtchev (1953 - 1964) marcam a retoma
do diálogo entre as duas superpotências. Kruchtchev propõe ao Ocidente uma “coexistência
pacífica”, baseada na aceitação de um domínio conjunto do Mundo. Em 1959, o dirigente
soviético visita os Estados Unidos, num ambiente de cordialidade a aparente descontração.
No entanto, o afrontamento persiste. A coexistência pacífica não impede a construção do muro
de Berlim – símbolo máximo do bipolarismo - nem evita o receio de uma guerra nuclear quando
em 1962, os Americanos descobrem a instalação secreta de mísseis soviéticos na ilha de
Cuba.
▪ A gravidade da crise de Cuba abre as portas a um desanuviamento nas relações
internacionais. As duas superpotências estabelecem acordos para a limitação do arsenal nuclear
e intensificam as relações comerciais. Na Europa, as duas Alemanhas, reaproximam-se e, em
1975, os acordos de Helsínquia (celebrados na capital da Finlândia) consagram o respeito
recíproco entre os Estados europeus.
▪ No entanto, nos países do Terceiro (África, Ásia e América Central e do Sul), as duas
superpotências continuam a afrontar-se. A preocupação em conter o comunismo leva os Estados
Unidos à intervenção armada no Vietname, que se revela sangrenta e desastrosa.
▪ Entre 1975 e 1985, um novo período de confrontação vem quebrar o clima de desanuviamento.
Estimulados pela crise económica no Ocidente e pela derrota americana no Vietname, os
Soviéticos desenvolvem uma política agressiva e expansionista. Após a eleição de Ronald
Reagan, a América contra-ataca. O perigo das armas nucleares volta a aterrorizar o mundo. Só
em 1985, os Estados Unidos e a URSS retomam o diálogo e a via da concertação. Poucos anos
despois, com o desmoronamento soviético acabava a Guerra Fria uma nova ordem internacional
▪ Cada bloco levou a cabo campanhas ideológicas e de propaganda para exaltar a sua
superioridade; criaram-se a CIA e o KGB; instigou-se à perseguição e à denúncia.
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► A Guerra Fria teve várias fases:
A 1.ª fase iniciou-se em 1947 e acentuou-se entre os anos de 1948 e 1953:
- as duas potências assumem a clivagem ideológica, evidenciada na doutrina Truman e na
doutrina Jdanov;
- foi marcada pelo expansionismo soviético e pela “questão alemã” (o bloqueio de Berlim,
em 1948-1949;
- a formação da RFA, em 4 de maio de 1949;
- a formação da RDA, em 7 de outubro de 1949);
- os seus efeitos sentiram-se na Ásia, onde eclodiram guerras regionais (a guerra da Correia
entre 1950 e 1953, a guerra da Indochina (1954), que contaram com o apoio das duas
superpotências.
A 2.ª fase (1953/1955 a 1962), designada de “coexistência pacífica”:
- foi marcada pela construção do muro de Berlim (1961) e pela questão dos mísseis de Cuba
(1962);
- Kruchtchev, que sucedeu a Estaline, em 1953, tenta uma aproximação Ocidente,
simbolizada na visita que realiza, em 1959, aos EUA.
A 3.ª fase (1962 até 1975), designada como o período da Détente (apaziguamento ou
desanuviamento):
- foi marcada pela aproximação entre as duas superpotências, com vista a controlar o
armamento, tendo celebrado vários acordos (Tratado de não proliferação nuclear, em 1968;
Acordos SALT I – Contenção de armas nucleares, em 1972; a Conferência de Helsínquia, em
1975);
- eclodiram conflitos regionais com a presença direta e indireta das duas superpotências (no
Vietname), ou do apoio militar na América Latina (Nicarágua, Guatemala, S. Salvador).
A 4.ª fase, a partir de 1975 até 1981/1985;
- a URSS aproveitou o falhanço dos EUA na guerra do Vietname para reforçar posições em
África (por exemplo, ex-colónias portuguesas) e invadiu o Afeganistão, em 1979; -
intensificou-se a corrida aos armamentos e, a partir de 1981, os EUA, com o presidente
Reagan, lançaram o programa de defesa estratégico conhecido como “Guerra das
Estrelas”.
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quartas partes do Mundo alinhavam de uma forma ou de A URSS considerava-se a “pátria do socialismo” e impôs
outra, pelo bloco americano.
um modelo único e rígido, não admitindo desvios. Não
▪ As circunstâncias que contribuíram para este período de
prosperidade: hesitou em utilizar a força para manter a coesão do seu
• crescimento económico autossustentado, cerca de 30
bloco, como aconteceu na Hungria, em 1956, e na
anos de crescimento rápido e constante – os Trinta
Gloriosos; Checoslováquia, 1968.
• crescimento demográfico (ou baby-boom), com
Seguindo um modelo de economia planificada, os países
implicações no aumento da população ativa e do número
de consumidores; socialistas registaram um crescimento rápido nas duas
• aceleração dos progressos técnicos e tecnológicos, com
primeiras décadas do pós-guerra. Foi dada prioridade à
a criação de novas indústrias e de novos;
• produtos para consumo e aumento do ritmo de industrialização, sobretudo à indústria pesada,
produção;
fornecedora de material de guerra e que assegurava o
• aumento da concentração industrial e do número de
multinacionais com recursos suficientes para promover a poderio da União Soviética. Inversamente, a produção
investigação e o avanço tecnológico;
agrícola e as indústrias de consumo registaram um
• crescimento do setor terciário, estimulador de uma
maior qualificação da população ativa, do alargamento crescimento muito modesto. No decurso da década de 60,
das classes médias, da melhoria do nível de vida e do
o sistema económico socialista começou a evidenciar as
equilíbrio social.
▪ Os “Trinta Gloriosos” tiveram consequências no suas fragilidades.
aumento da produtividade, no crescimento significativo
Na década de 70, sob a orientação de Leonidas Brejenev,
da produção de bens e de serviços, no aumento do
volume das trocas internacionais e na afirmação da a burocracia reforça-se e alastra uma onda de corrupção
sociedade de consumo.
sem precedentes. Volta-se a dar prioridade ao complexo
▪ Durante o período de prosperidade, o aumento da
população, o desenvolvimento tecnológico e o aumento militar-industrial e à exploração dos recursos naturais
dos salários reais possibilitaram a criação de novos
(ouro, gás e petróleo da Sibéria). Os custos da exploração
hábitos de consumo. Instaurou-se e intensificou-se no
mundo capitalista a sociedade de consumo. do longínquo e gelado território siberiano revelam-se
A política económica e social das democracias
excessivos e os resultados ficam, novamente, aquém das
ocidentais:
▪ A prosperidade dos países capitalistas e das democracias expectativas.
ocidentais foi indissociável da ascensão ao poder de
As dificuldades soviéticas refletiram-se, de forma mais
governos cujas políticas procuraram garantir condições de
bem-estar e de qualidade de vida aos cidadãos dos seus ou menos grave, em todos os países-satélite. Embora não
países.
podendo dissociar-se da crise económica que, na década
▪ Neste contexto, a social-democracia e a democracia
cristã afirmaram-se na Europa. de 70, afetou o mundo industrializado, as dificuldades das
▪ A social-democracia foi a ideologia que, entre 1945 e
economias de direção central refletem sobretudo, as
1973, marcou a orientação política de muitos governos da
Europa (nomeadamente no Norte da Europa, com falhas do sistema, que se foram agravando ao longo das
destaque para o sueco Olof Palme, o alemão Willy Brandt
décadas. Inultrapassáveis, estes bloqueios económicos
e o inglês Clement Attlee) e constituiu-se com uma via
alternativa ao socialismo e ao capitalismo. Rejeitou a conduzirão à falência dos regimes comunistas europeus,
herança marxista e procurou reformar o capitalismo,
no fim dos anos 80.
mediante a negociação de reformas que asseguravam um
compromisso entre os assalariados, os sindicatos e o
patronato (patrões). Pretendia uma mais justa
distribuição da riqueza através da taxação (impostos) dos
rendimentos mais elevados.
▪ A democracia cristã, inspirada na doutrina social da
Igreja, trouxe para a ação política os valores cristãos.
Destaca-se o alemão Konrad Adenauer e o luxemburguês
Robert Schuman. Assume-se como uma política mais
conservadora e defensora de uma menor intervenção do
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Estado na economia e na sociedade (mais liberal).
Defende igualmente a promoção do bem-estar social,
num quadro mais liberal da economia de mercado. Aceita
a promoção da justiça social e da solidariedade como
funções do Estado, de forma menos interventiva.
A Afirmação do Estado-Providência:
▪ Os partidos europeus sociais-democratas e democratas-
cristãos contribuíram para a afirmação de um novo
modelo de Estado, mais intervencionista e atento às
necessidades dos cidadãos: O Estado-Providência.
▪ O Welfare State (Estado-Providência) foi implementado
na Europa, a partir de 1942, em Inglaterra, ainda em plena
guerra, com base no relatório de William Beveride. Entre
as medidas propostas, destacaram-se:
• a criação de um sistema de segurança social e de um
serviço nacional de saúde na Inglaterra.
▪ A adoção de medidas semelhantes generalizou-se nos
países democráticos da Europa capitalista, após a
Segunda-Guerra Mundial, contribuindo para a afirmação
do Estado-Providência.
▪ O modelo de Estado-Providência apresenta as seguintes
características:
• tem como objetivo promover sistemas públicos de
educação, de saúde e de segurança social, para criar uma
sociedade melhor e mais justa;
• cabe ao Estado assegurar, desde o nascimento até à
morte, o bem-estar económico e social dos cidadãos;
promover uma justa redistribuição da riqueza; garantir
um mínimo de rendimento e a igualdade de
oportunidades no acesso à segurança social e aos
cuidados fundamentais; taxar progressivamente os
rendimentos e proceder à sua redistribuição sob a forma
de apoios sociais aos mais desfavorecidos (subsídios de
desemprego, de invalidez, de velhice, de doença, de
abonos de família:
▪ O Estado tornou-se o garante do bem-estar social, o
dinamizador e o regulador da atividade económica.
▪ O modelo do Estado-Providência foi um fator de
crescimento económico durante os “Trinta Gloriosos”.